Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 33
Fogo que queima e nunca se extingue


Notas iniciais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH
SOCOOOOOOOOORR
JAMES ME SEGURA
Ai mano essa notinha vai ser mt purpurina e flores e bagulhetes de artificio pois sto mt amor ♥3333
Quando eu comecei a escrever essa fanfic eu nunca ~NUNCA~ imaginei que pudesse ter uma repercussão tão grande cara. Ontem nós chegamos aos 500 reviews (ai nossa Lara euu ja tive mt mais q isso, nossa q besta vc) gente, eu nunca tive tanta review na minha vida, e o melhor ~HALLS PRETO DA QUESTÃO~ é que não é só um número cara, eu me orgulho de dizer que foram 500 reviews de pessoas maravilhosas que eu me sinto muito honrada em dizer que não são só um número e sim uma bando de doidas que eu amo, com suas reviews timidas ou totalmente sem noção, eu realmente amo vocês suas lindas!
Queria também agradecer a Lívia e a Mayara (to chamando pelo nome pq 3U P0550) lindas e sensuais que recomendaram a fanfic. Sério cara eu vou dizer q hj eu tive um dia de mulherzinha pq eu chorei aqui pq ai pode parecer besteira, mas eu realmente to muito feliz, e mt emocionada pelo carinho de vcs com a fanfic e pelo amor pelo Jimmy.
Ah cara sei lá. Eu queria agradecer uma por uma aqui mas ai eu correria o risco de esquecer alguém e a notinha ficaria muito grande.
Então, esse capitulo é de comemoração às 500 reviews da comizinha. Ah, a Lalis (beta desgraçada) disse q n era p ler tomando nada q pode correr o risco que vcs se engasgarem (na verdade é só frescura dela, mas como to boazinha hj, vamo lá)
Enfim, muito obrigada por tuuudo mesmo!
Vamos ao capitulo!
Espero que gostem!
Beeijos ♥



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Batidas suaves na porta eram o sinal que eu estava esperando.

- Ele já foi! – um sussurro rouco que eu já conhecia fez com que eu saltasse da cama animada. – Ouviu o que eu disse?

- Ouvi sim! Obrigada.

A porta imediatamente se abriu e os olhos escuros dele caíram sobre mim.

- Pra onde vai desse jeito? – entrou no quarto e me segurou pelos ombros. – Isso é um maiô?

- Sim, é um maiô – disse o afastando de mim com uma mão. – Hoje tem natação na escola.

Arqueou uma das sobrancelhas e cruzou os braços.

- Hoje é domingo, não tem aula. – Soltei o ar pelo nariz e continuei caminhando pelo meu quarto, peguei a mochila, coloquei uma toalha lá dentro. Vesti uma calça jeans e um moletom. Nesse instante ele se deu conta de onde eu estava indo – Você não está indo para a ponte não é?

- Não.

- Você está mentindo! Ficou maluca? O papai vai surtar se souber que você continua indo até lá!

Vesti a camiseta e joguei a mochila sobre as costas, depois me virei para ele.

- Ele não precisa saber.

- Se acha que eu vou acobertar essa sua maluquice está enganada! Você pode morrer!

- Oh pare com isso, sabe que sou a melhor nadadora nessa droga de cidade. – dei um empurrão nele. – Anda, sai do meu quarto.

- Sabe que não estou falando de nado Shannon!

Empacou na minha frente e me segurou pelos pulsos. Ele ainda não era maior do que eu, mas já estava quase do meu tamanho. Era estranho eu ser maior do que ele, mesmo considerando que era quatro anos mais velha, eu era mulher, uma aberração de tão grande. Puxei meus pulsos e o encarei irredutível.

- Você não pode me impedir.

- Eu tenho medo, se alguma coisa acontecer com você, vou me sentir culpado por não ter te impedido.

- Não fique. – se acontecesse alguma coisa a culpa seria só minha, não dele – Não vai acontecer nada comigo. Agora sai da minha frente.

Ele não se moveu um centímetro, seu olhar negro era assustador e impossível de ler.

- Tudo bem – soltou o ar se dando por vencido – Ele volta daqui à uma hora com o café da manhã, tente voltar antes disso, senão eu não vou te acobertar.

- Okay – dei um beijo na bochecha pálida dele e saí correndo. – Você é o melhor Joe!

- Por favor, Shay, tente não morrer.

Eu já corria porta afora quando ele gritou essa frase, um sorriso fraco brincou em meu rosto.

- Eu não tenho toda essa sorte – disse baixo para mim mesma enquanto corria feito uma louca pela rua ainda levemente nublada. O sol nem sequer tinha nascido.

Jimmy

- Senhor? – Algo cutucou minha bochecha e com dificuldade abri os olhos. Minha cabeça girava e meu estômago estava horrível. – Não pode deitar aqui senhor, é um lugar público. - Só então ajustei minha visão e analisei melhor aquela situação, um policial de bigode bem aparado, da guarda metropolitana me cutucava com a ponta do cassetete e me olhava com um olhar repressor. Ergui o tronco e tudo pareceu ainda pior, a pressão que meu estômago estava exercendo me fazia suar frio. – Se ponha de pé rapaz, onde estão seus documentos?

Soltei um grunhido e me levantei, onde eu estava mesmo? Meu corpo parecia pender de um lado para o outro. Enfiei a mão no bolso e tirei a carteira, o homem olhou e fez uma cara estranha.

- Qual o seu nome? – ele disse, mesmo com a minha identidade em mãos.

- James Sullivan.

- Isso é algum tipo de brincadeira? – agitou meus documentos em mãos.

- Não senhor – disse com uma careta, meu estômago estava prestes a pular da minha barriga e sair dançando La Bamba.

- Então vai me dizer que você realmente tem 45 anos rapaz?

Meus olhos então se abriram de espanto, não, eu não tinha 45 anos.

- Tenho sim senhor, acho que estou bem conservado para minha idade – disse segurando o riso até com a força do meu cu, se eu risse, ele podia achar que era tudo mentira – Pode, por favor, me dizer que dia é hoje? – perguntei e ele pareceu achar que eu realmente estava drogado.

O guarda ainda me olhava um pouco desconfiado, mas logo devolveu meus documentos.

- Hoje é dia 11 de julho. O quanto você bebeu ontem rapaz?

Um riso descontraído saiu da minha boca, o que foi um erro já que o policial permaneceu sério. Pigarreei tentando controlar o riso e respondi.

- Acho que bebi demais.

- Percebi – ele me olhou mais um pouco, eu devia estar verde – Está se sentindo bem?

- Sim, estou ótimo – abri um riso amarelo, quase prendendo a respiração, sentia a bile vir até minha boca devagar. – Pode só me dizer de que ano?

O homem a minha frente arregalou os olhos.

- 2026 meu caro, meu deus, que ano achou que era? Volte para casa rapaz, saia das minhas calçadas.

Confirmei com a cabeça, rapidamente virei para o lado e vomitei o pouco que tinha no meu estômago.

- Porra!

O policial abriu um meio sorriso e deu um cutucão na minha costela com o cassetete outra vez.

- Cuidado com a bebida rapaz – dei um sorriso torto, que acabou aparentando ser uma careta, e saí caminhando sabe lá deus pra onde, apenas por não poder ficar parado ali e correr o risco de ser enquadrado por outro policial.

Olhei em volta, era um lugar totalmente estranho pra mim, eu nem sequer sabia onde estava. Endireitei minha postura e me espreguicei, a mochila estava um pouco pesada, caminhei por quase dois quilômetros até avistar algo extremamente familiar. Uma ponte.

A cidade rodeada por três enormes lagos se fez familiar para mim outra vez, agora eu tinha certeza absoluta de onde estava. Caminhei rumo ao ancoradouro que há treze anos, ou semana passada, Shannon havia caído. Era muita sorte ter estado ali perto, Max já devia ter planejado isso, era um ótimo começo. A cidade estava relativamente fria, uma brisa cortante e forte batia contra a minha pele com força, eu precisava arranjar um lugar para ficar, e também precisava comer e mijar urgentemente. Talvez ali no ancoradouro eu pudesse me informar não só de um hotel como onde Allie estava. Isso se ainda estivesse ali.

- Posso ajudar senhor? – Caminhava meio zonzo, quando cheguei ao tal lugar, tudo parecia diferente. Os bancos, os quiosques, as pessoas, a única coisa que permanecia idêntica era a água, turva, parada e extremamente perigosa. Só me dei conta que o dono de um dos quiosques me chamava um pouco depois.

- Está falando comigo?

- Com você mesmo, está vagando de um lado para o outro há uns trinta minutos, está procurando alguma coisa?

- Na verdade sim, será que pode me dar algumas informações? – O cara deu de ombros e pediu para que eu me aproximasse. – Trabalha aqui há muito tempo?

- Hum, não muito.

- Quanto tempo?

- Uns cinco anos talvez.

Esse cara não ia servir. Precisava de alguém um pouco mais velho.

- Tem alguém por aqui que trabalhe nesse ancoradouro há mais de 13 anos?

O homem pareceu pensar um pouco, comecei a bater o pé com ansiedade.

- Hum, não sei, não que eu saiba. Sobre o que era?

- Você conhece uma mulher chamada Alison Wade? Ela costumava frequentar aqui.

O homem negou com a cabeça.

- Passa muita gente por aqui, não tem como eu adivinhar só pelo nome. Sinto muito cara.

Depois disso saí caminhando mais um pouco, olhando em volta para ver se via alguém conhecido, mas nada me soava muito familiar. Me sentei em um banco depois de caminhar de um lado para o outro naquele lugar por quase uma hora. Talvez eu devesse ir logo descansar antes de procurar qualquer coisa, o que eu necessariamente nem fazia ideia do que era. Em que uma viagem ao futuro poderia me ser útil? Soltei o ar emburrado, eu devia ter ido ao passado, não para a droga daquele lugar.

- Mamãe eu quero algodão doce! – Uma mulher loira passou arrastando um menininho quase a força.

- Hoje não Tyler.

- Mas eu quero!

- Chega meu filho, o homem do algodão já está até indo embora. Outro dia te compro um.

Assim que os dois passaram por mim um lapso de uma lembrança me atingiu subitamente. “Eu quero aquele algodão doce por que ele vai ficar muito mais feliz na minha barriga!”.E se o cara do algodão doce ainda fosse o mesmo? Saí correndo em direção ao local que mãe e filho tinham acabado de sair, mesmo com o estômago vazio e as pernas meio bambas, era uma chance.

- HEY! – Gritei para um senhor que se movia vagarosamente para fora do local, eu corria tão desesperadamente e ele nem parecia com pressa. Devo ser um retardado mesmo.

- O senhor quer um algodão doce?

- Não! Que dizer, sim! – puxei algumas moedas do bolso e aguardei enquanto ele enrolava trêmulo o palitinho no açúcar cor de rosa que começava a virar um tufo doce. – também quero perguntar uma coisa para o senhor.

Ele ergueu as sobrancelhas brancas e olhou para mim.

- Pode perguntar filho.

- O senhor conhece Alison Wade?

Ele fez uma careta tentando pescar aquele nome na memória, mas logo um sorriso brincou na boca do velho, pude até ver que havia alguns dentes faltando, devia ser todo aquele açúcar.

- Oh sim, claro que a conheço – ele me entregou o algodão e eu o paguei. – Mas não a vejo há muito tempo. – Droga, ela havia se mudado, provavelmente para Huntington, nós devemos estar morando lá, sorri para mim mesmo, se eu pegasse um voo ainda hoje... – Ah, mas a menina dela vem aqui o tempo todo, principalmente aos domingos, bem cedinho.

- O QUÊ? – Eu falei assustado.

- É, a menina vem aqui sempre, pra nadar, o pai não deve gostar disso.

- Está falando da Shannon?

- Oh, essa mesma, adora um algodão doce, uma menina muito bonitinha, mas muito temperamental.

Meu deus o que minha filha vem fazer nadando justo aqui?

- Onde ela mora?

- Isso eu não sei, só a vejo aqui mesmo, não tenho muita intimidade.

- Onde posso encontrá-la?

- Aqui mesmo, pode vir por entre 5 ou 6 horas da manhã nos domingos.

Shannon. O que ela estaria fazendo aqui sem Allie? Ou sem mim? Isso é muito estranho, e por que ele se referiu só ao pai? Era eu ou o Samuel? Minha curiosidade ia acabar fazendo com que eu fosse atrás daquilo tudo.

Pedi ao homem do algodão doce que me indicasse algum hotel pelas redondezas, antes de ir atrás de qualquer coisa eu precisava me organizar. Só então me lembrei dos meus amigos, o que aconteceria se eu ligasse para eles? Max disse para que eu tentasse alterar as coisas o menor número de vezes possível, mas eu não sei se resistiria a ver o Haner com mais de quarenta e com uma barriga de cerveja. E eu mesmo? Onde diabos eu estava? Comecei a achar que eu devia ter ido para Califórnia, as coisas lá deviam estar mais fáceis para mim, além de que eu conhecia Huntington como a palma da minha mão. Madison era um labirinto para mim.

Fiz check-in num hotel pouco luxuoso, mas bastante confortável, o único problema é que meus pés passavam um pouco da cama, típico. Comi uma tortilha bastante recheada o que um pouco mais tarde eu descobri que tinha sido uma péssima ideia, considerando que meu estômago ainda não estava bom o suficiente, e depois me sentei no chão do quarto com um par de baquetas em mãos para começar a raciocinar.

2013

Lali

- Pode me dizer por que diabos me arrastou com você? – ele sussurrou emburrado em meu ouvido.

- Max me pediu um favor e eu não podia vir desacompanhada.

- Sabe, eu acho que você gosta muito de mim, só não quer admitir. Podia trazer o Zacky ou o Johnny!

- Cala a porra da boca Haner.

- A gente vai fingir que é um casal então? – Uma loira esbarrou em mim, e imediatamente Brian me puxou para que eu andasse em sua frente.

- Não Brian, é só para ficarmos de olho na Catelyn!

- A magrela do Chanel? Ficou gamada nela?

- Não! Brian por que acha que eu quero foder qualquer mulher que passa na minha frente? Eu não sou você okay? E sai de trás de mim! – o empurrei emburrada e ele segurou minha mão.

Um pouco em seguida avistei Max e Lyn, ela parecia muito próxima, segurava a mão dele e ele a observava com o olhar mais esquisitamente nerd do mundo, se é que isso era possível.

- Tem certeza que quer interromper? Eles parecem que estão num momento tão lindo – Brian disse rindo em meu ouvido.

- Tenho, ela é perigosa Brian. – o puxei pelo braço e logo chegamos junto à mesa onde os dois estavam.

- Hey! – Brian disse com uma voz muito engraçada e chamou a atenção dos dois, Max suspirou aliviado e se levantou para nos cumprimentar.

- Lyn se lembra da Lali e do Brian?

O momento que se seguiu foi aterrorizante, ela abriu um sorriso de tubarão e cumprimentou Brian, a mim ela deu um tchauzinho no ar e depois falou entre dentes.

- Como eu poderia me esquecer? – depois se virou para Max – Pensei que essa noite seríamos apenas nós dois.

- Eu sei, mas Brian insistiu para vir assim que soube do bar. – Syn me encarou com um olhar absurdo, mas não disse nada.

A noite seguiu muito estranha, pedimos algumas bebidas, mas a tal Lyn parecia irritada o tempo inteiro, vez ou outra me lançava um olhar ameaçador. Meu celular vibrou no bolso e o puxei rapidamente, era um sms de Max.

“Ela é doida, como me livro dela?”

Eu não fazia a menor idéia, antes que eu pudesse responder, Lyn me chamou.

- Lali, será que pode ir ao banheiro comigo?

- Ahm, claro.

Saí logo atrás dela e entramos no banheiro, havia uma mulher em uma das cabines. Catelyn puxou um batom da bolsa e começou a retocar a maquiagem. Eu não tinha maquiagem alguma comigo, então fiquei ali de pé feito a estátua da liberdade. Ela demorava muito só para passar a droga do batom. Assim que a mulher da cabine saiu ficamos sozinhas no banheiro, esperei que ela falasse alguma coisa, mas ela apenas caminhou até a porta e fechou o trinco.

Okay, era agora que eu devia gritar.

- O que você quer com o Max? – Ela disse extremamente calma.

- N-nada, ele é só meu amigo.

- Hum, entendo, e o que você quer se metendo comigo garota?

- O quê? – Ela se aproximou muito rápido de mim, um sorriso sarcástico preenchia seu rosto.

- Não entende do que estou falando? – Puxou o celular da mão, procurou algo nele e depois o banheiro foi preenchido com o som da minha própria voz.

“-Olha Max, eu não quero que pense que eu sou uma maluca que fica ouvindo atrás das portas nem nada, mas ainda a pouco quando eu fui ao banheiro, ela estava lá e conversava em russo com alguém....

- O que ela disse? Ela falou de mim?

- Sim, como sabe? Ela estava falando em russo, eu não compreendi muito bem, meu russo não é muito bom, mas...

- Mas o que?

- Eu compreendi uma coisa.

- O quê?

- Ela pretende te matar.”

- Sabe Whisper, ouvir atrás da porta e fazer mexerico é uma coisa muito feia.

- Como conseguiu isso?

- Eu tenho escutas naquela casa inteira.

- Você é maluca!

Num súbito uma mão fria agarrou minha garganta, o corpo dela fez força sobre o meu e me empurrou, fazendo com que eu chocasse com a parede de azulejos.

- Não me chame de maluca – A senti puxar com agressividade a manga esquerda da minha blusa e a rasgar – Pelo menos eu não tenho nenhuma dessas no braço.

- Como... Como você...?

- Como eu sei? Ah por favor, acha que eu não pego a ficha de cada um que se aproxima do meu cordeirinho? Não posso deixar que ninguém roube meu jantar.

- E o que você vai fazer? Me matar? Ele já sabe que você não presta!

- Não me importa que ele saiba, importa que ele permaneça na minha coleira até eu conseguir o que eu quero.

- E o que você quer?

Empurrou-me com mais força, pressionando meu pescoço com o cotovelo, logo avistei uma lâmina prateada.

- Acha mesmo que vou falar isso para uma fofoqueira como você.

- Vai me matar? – eu estava tremendo mais do que deveria, até um tempo atrás tudo o que eu queria era morrer, por que eu estava com tanto medo? Catelyn abriu um sorriso macabro e selou meus lábios nos seus, uma lágrima desceu involuntária pelo meu rosto, eu estava com muito medo.

- Você é bonitinha demais pra eu te matar assim, então eu vou te dar um aviso único, querida – o aço da lâmina encostou levemente no meu peito, ela deslizou a ponta pelo meu seio e depois a pressionou com força sobre o meu braço esquerdo. – Você vai cair fora, está me ouvindo? Pare de chorar, anda, me escuta. Vai sumir de perto do Turner, aproveita que seus amiguinhos vão para Califórnia e dá o fora com eles. Eu tenho grampo em todo lugar, se eu souber que ainda anda atrás do Max eu te acho no inferno e te mato a sangue frio! Está entendendo garota?

- Não vou deixar que o mate!

- Quem disse que eu vou matá-lo?

- Não vai?

- Não se ele cooperar. Viu? Não é tão ruim quanto parece. Pode ficar tranquila, ninguém morre pelas minhas mãos sem merecer.

- Você é maluca! – as lágrimas já rolavam frias pelo meu rosto.

- Cala a boca, aproveita que eu estou boazinha hoje. Estamos de acordo? – não me movi um centímetro e ela foi mais incisiva – responde caralho! Estamos de acordo?

Senti a lâmina penetrando na minha pela e então sibilei um “sim” em meio ao choro.

- Ótimo – e então ela deslizou a lâmina pelo meu braço abrindo um corte razoavelmente grande, soltei um grito de dor!

- O que está fazendo? – disse assim que ela largou meu corpo e pressionei a ferida em meu braço.

- Eu vou sair do banheiro agora e daqui a alguns minutos vai ligar pro seu amiguinho guitarrista, chorando muito, e vai levá-lo daqui com você pra um hospital ou uma farmácia, não quero mais ninguém interrompendo minha noite com o Max. – Solucei baixinho, eu tinha me esquecido daquela dor. – Se ele perguntar alguma coisa, basta dizer que se cortou, assim como fez alguns anos atrás, julgando pelas cicatrizes no seu braço, ele não vai questionar. Ah, acho bom fazer isso logo, ou então vai perder sangue até morrer.

Catelyn então guardou a lâmina e saiu caminhando porta afora. Eu soluçava forte, de dor, medo, incapaz de fazer algo. Puxei o celular com a mão direita, suja do sangue do braço machucado e disquei o primeiro número das chamadas recentes.

- Lali? Cadê você? A Catelyn voltou e você...

- Eu estou no banheiro – disse soluçando – Me leva embora, por favor? Vem rápido.

Desliguei e menos de um minuto depois ele apareceu.

- Puta que pariu! – Ele gritou assustado ao me ver envolta de uma poça de sangue, já enfraquecida pelo sangue que começava a perder. – O que aconteceu? – Disse já puxando um punhado de papel toalha envolvendo a ferida.

- Me tira logo daqui, depois eu respondo.

Me pegou no colo, com uma força que eu nem sabia que ele tinha, e me carregou pela porta dos fundos até o carro.

- Pressione o papel no braço, não tira! – o papel já havia virado uma massa avermelhada, não estava estancando nada, mas não o contrariei, ele prendeu o cinto em mim e sentou ao volante logo em seguida.

Depois disso tudo virou apenas um borrão falho em minha mente, alternava entre estar acordada e desacordada. Quando finalmente acordei já haviam suturado meu braço.

Brian estava de pé do outro lado do quarto, que era dividido com mais uma dúzia de pessoas, de lá onde estava pude ver a ruga em sua testa. Assim que ele notou que eu já estava de olhos abertos caminhou rapidamente até mim.

- Como se sente?

- Como se estivesse drogada – abri um risinho, mas ele permaneceu sério.

- O que aconteceu Whisper?

A Catelyn é uma bandida perigosa do exterior e lésbica que vai matar o Max e rasgou meu braço para que eu parecesse doida! Liga pro FBI, pra ONU, pro Exército que essa louca vai jogar uma bomba na cidade!

- Eu me cortei.

- Por que fez isso?

- Eu não sei – virei o rosto para o lado – me desculpa.

- Não precisa pedir desculpas para mim. Eu vi suas cicatrizes antigas, é por isso que não usa roupas sem manga? – Confirmei com a cabeça envergonhada – O outro cara fez isso com você?

- Não, eu mesma fiz.

- Por causa dele?

- Por que eu não consegui aguentar.

- Aguentar o que?

- Tudo.

Ele não disse mais nada, passou um longo instante me encarando, os olhos na cor de avelã já não eram incisivos, mas não pareciam ter pena, pareciam sei lá, doces?

- Anda, vamos sair daqui, o médico já te deu alta, estava só te esperando acordar.

Confirmei com a cabeça e ele me ajudou a levantar, eu estava bem grogue por causa da anestesia.

O hotel não era muito longe dali do hospital, já era tarde, talvez umas três ou quatro da manhã.

- Está entregue. – Abriu a porta, já consertada, do meu quarto e fez sinal para que eu entrasse, ele entrou logo atrás de mim. – Precisa de ajuda com alguma coisa, posse te ajudar a tomar banho se quiser.

- Haha não! – Me sentei na cama, meu braço ainda estava sob o efeito da anestesia, eu ainda não teria problemas com água. Brian fechou a porta e continuou me olhando com o mesmo olhar estranho de antes. – Fala logo Brian.

- Falar o que?

- Você quer falar alguma coisa.

- Eu não quero falar nada. Eu só estou um pouco preocupado, você se cortou por minha culpa? É por causa do que aconteceu com a Michelle? Porque se for...

- Não Brian, não é culpa sua, nem da Michelle, é coisa minha – UMA MALUCA RASGOU MEU BRAÇO SEU VIADO, ACHA MESMO QUE VOU ME CORTAR POR CAUSA DE UMA BICHA COMO VOCÊ? – Não tem nada a ver com você, juro.

Ele caminhou até mim e se sentou ao meu lado.

- Você não me contou sua história toda não é? – abaixei os olhos – Não precisa se envergonhar, não é sua obrigação, mas eu gosto de você Lali, mas do que seria certo eu gostar, eu me preocupo com você. Não se corte outra vez, por favor.

- Não vai acontecer de novo, prometo.

- Se tiver vontade de fazer isso outra vez você me liga antes, e a gente procura outra solução. Okay?

- Okay.

- Temos um pacto?

- Sim. – que gay é esse cara.

- Agora me dá um beijo.

- Nem vem.

- É assim que se sela pactos com o diabo, minha querida.

- Você não é diabo.

- Claro que sou, anda, vem aqui.

Me puxou para mais perto e seus olhos pareciam queimar contra os meus, diferente do que eu esperava ele apenas me deu um selinho. Um longo, demorado e torturante selinho. Naquele instante meu corpo inteiro passou por um frenesi estranho, e num breve instante em que a mão dele segurou em minha nuca senti meu peito disparar. Não, eu não podia deixar aquilo acontecer.

Ele separou o beijo e continuou olhando para mim.

- Eu vou indo – ele se levantou enquanto falava – Amanhã vamos visitar a filha do Jimmy, se quiser vir com a gente, saímos às 11h. – Apenas confirmei com a cabeça me recuperando do que eu acabara de sentir. – Boa noite Lali.

Deu um beijo na minha testa e depois saiu. Deitei-me na cama e simplesmente não consegui dormir, tive medo de sonhar com a maluca da Catelyn fazendo algo com o Max, ou pior, tive medo de sonhar com o Brian. O único problema é que esses dois pensamentos não me deram trégua, mesmo acordada.

Allie

- Olha rapazes, por favor, tenham cuidado, ela ainda está um pouco assustada – Olhei em volta – Leana não veio com vocês né?

- Não, Michelle ficou com ela – Zacky disse com um risinho. – Você detonou a cara dela, acho que ela não sai em público tão cedo.

- Ótimo, quem sabe ela aprende a não se meter com minha família.

- Ui, nossa, fiquei até com medo, agora cadê meu abraço? – Zacky me puxou e me deu um abraço de urso, apertado e gostoso que fez toda a minha coluna estalar. – Estava com saudade Wade!

- Eu também estava V.

Fui apresentada a nova amiga dos rapazes, Lali Whisper, uma moça bronzeada de traços delicados, tinha um sorriso tímido e um curativo no braço que não quis perguntar sobre o que era para não parecer muito bisbilhoteira. Max trouxera o X-Box e rapidamente uma roda foi formada na sala, Matt e Max pareceram criar um novo laço de amizade, ainda mais quando se tratava de vídeo games, estavam jogando Resident Evil, ao que me parece. Lali, Brian e Zacky aparentemente eram menos Geeks que os outros e acabaram se juntando a mim e Samuel no quintal, enquanto fazíamos o almoço e bebíamos um pouco.

Eu estava fazendo um grande esforço para não demonstrar minha preocupação. Nem sequer conseguia dormir direito nos últimos dias. Max dizia que os relatórios mostravam que estava tudo bem, mas eu odiava ficar tendo que receber só breves notícias ao invés de participar da coisa toda.

- MAMÃE! – uma coisinha saltitante saiu correndo por meio dos arbustos com algo em mãos. – Podemos ficar com ele?

Tinha folhas enganchadas no cabelo e o vestido estava sujo de terra, mas o pior era o diabo do bicho que ela tinha no colo.

- Meu deus Shay! Onde achou isso? Te mordeu? Anda me dá isso aqui.

- Não, é meu filho! – Ela correu para o lado de Brian com o bicho no colo.

- O que é isso menina? – Brian se esticou sorrindo muito tentando ver a coisa ruiva e peluda que Shannon tinha nos braços.

- É meu cachorro.

- Isso não é um cachorro criança – Ele gargalhou alto e fez com que Zacky se levantasse para ver o que era.

- Uma raposa! Isso é uma raposa Shannon, não pode criar em casa.

- Ninguém te perguntou baleia!

- SHANNON! – A repreendi tentando conter o riso, enquanto Zacky resmungava algo inaudível, que fez Lali se engasgar com o refrigerante de tanto rir.

Brian pegou o bicho em mãos e o examinou.

- É um filhote de raposa, provavelmente a mãe dele deve estar procurando por ele. Shannon meu amor, por que não deixa o Wolfie aqui ir embora?

- Mas eu quero ele – disse com voz manhosa. – Eu quero muito.

- Posso te fazer uma proposta?

A menina pareceu hesitar um pouco e olhou desconfiada para mim, eu praticamente só via a sujeira nela e pensava no trabalho que ia dar pra tirar aquilo do seu cabelo.

- Pode.

- A gente deixa o Wolfie aqui voltar pra mamãe dele e depois, eu e o gigante, vamos procurar um cachorrinho pra você.

Opa, palavras erradas.

- EU NÃO QUERO! O gigante não é mais meu amigo! – puxou a raposa das mãos de Brian e saiu pisando duro para a outra extremidade do jardim.

- O que foi que eu disse? – ele me olhou confuso.

- É culpa da McFadden. – falei emburrada e caminhei até Shannon, ela não chorava, apenas olhava fixo para a grama enquanto passava a mão quase com violência na pobre raposinha.

- Hey, me dá esse filhotinho aqui.

- Não! Você vai mandar ele ir embora.

- Vou não, vou ficar aqui com você – ela olhou com os olhinhos azuis cheios de mágoa para mim e me estendeu o filhotinho. Era felpudinho e quase não tinha dentes, era muito pequeno. Não queria nem saber como eram os dentes da mãe dele. – Shay meu amor, precisamos conversar.

- Eu não quero um cachorro, eu quero uma rasopa.

- Raposa – a corrigi.

- Tanto faz.

- Não é por isso que você está chateada, é por causa do Jimmy não é?

- Ele não é mais meu amigo.

- Vai mesmo acreditar naquela bruxa? Prefere acreditar nela do que em mim?

- Eu não quero ir embora, não quero que o papai tenha um filho de verdade.

- Shannon olha pra mim – puxei seu queixo, e agora seus olhos estavam marejados – O Jimmy te ama, ele nunca faria algo que você não quisesse.

- Ele não é meu pai, é?

- Uma coisa de cada vez, ta bom? – ela confirmou com a cabeça – Aquela mulher, que falou com você, se chama Leana, ela costumava ser namorada do gigante, ela ficou chateada por ele ter virado nosso amigo e por isso disse aquelas coisas más, mas não quer dizer que aquilo tudo era verdade.

- Ele não vai levar a gente embora?

- Não meu amor, não se você não quiser ir.

- Eu não quero.

- Tudo bem então – a puxei para o meu colo e beijei uma das poucas áreas do rosto dela que não estava suja. – Promete que vai tentar perdoar o gigante?

- Prometo.

- Isso é bom.

- É verdade que eu não sou filha de verdade do papai?

- É claro que não meu amor, o Sam te ama, e o amor dele é de verdade. É claro que você é de verdade meu amor, se não fosse você era invisível.

Ela soltou uma risadinha.

- E o gigante?

- Bom meu amor, agora chegamos num assunto que é um pouco difícil de explicar.

- Que assunto?

- O gigante também é seu pai de verdade.

2026

Jimmy

Eu realmente esperava que aquele velho não estivesse curtindo com a minha cara, eu acordei tão cedo que nem o restaurante do hotel estava aberto pro café. Estava um pouco escuro e frio, me enrolei no moletom, pus os óculos de grau e coloquei um gorro preto e velho na cabeça. Passei em uma cafeteria no caminho e comprei um café sem açúcar e borbulhando de quente. Olhei no relógio de pulso, 05h30min da manhã, quantos anos ela devia estar? 16? 17? O que aconteceu com os adolescentes que dormiam até tarde? Acabaram no apocalipse de 2012?

Fiz o trajeto até o ancoradouro caminhando e chutando o ar emburrado, eu tinha problemas sérios em acordar cedo, acho que meu bom humor só aparecia depois das 10h da manhã. Tinha que valer a pena tudo aquilo, eu precisava ir atrás do que acontecera comigo, Shannon era a única pista que eu tinha, isso se o velho desdentado do algodão doce não estivesse me trollando.

Cheguei ao ancoradouro e a maioria dos quiosques estava fechada, tinha alguns poucos malucos fazendo Cooper na calçada, quem diabos faz Cooper a essa hora da manhã num frio desses? Ali de longe eu vi o carrinho do algodão. Olhei ao redor procurando por alguém que me soasse familiar, por alguma menina com traços da Alison, mas não vi nada, só uma dupla de quarentonas piscando pra mim. Respirei fundo e puxei o zíper do casaco até a garganta, a proximidade com a água deixava o clima ainda mais gelado.

Caminhei até o homem do algodão doce.

- Hey rapaz, você de novo por aqui?

- É, estou procurando pela menina Wade, como disse que ela estaria por aqui eu resolvi aparecer, mas acho que dei pouca sorte.

- Pouca sorte? Imagina, ela já está aqui!

- Está? – girei em torno de mim mesmo correndo os olhos pelo local. – Onde?

Calmamente ele segurou meu rosto e o girou para encarar em uma direção exata. Meu peito automaticamente disparou quando meus olhos a encontraram.

- ELA VAI MORRER! – eu gritei e quase saí correndo, mas o velho me segurou pelos ombros exibindo um sorriso.

- Calma, rapaz, é só a rotina dela.

 Senti meu coração parar assim que uma garota esguia de maiô azul marinho saltou graciosamente do parapeito da ponte em direção à morte, ou melhor, em direção à água. Meu peito só voltou a bater quando vi a garota submergir nadando a uma extrema velocidade em direção à margem.

Merda. Era óbvio que ela tinha meus genes.


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Notas finais do capítulo

Qualquer comentário é bem vindo!
Espero que tenham gostado
Shannon me beja sua gata
Beeijos *u*