Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 31
Para definir seu caminho sem escolher um lado


Notas iniciais do capítulo

Olááá´´aa. Me desculpem meeeeeesmo pela demora tão grande DD: eu estava precisando de um tempo pra formatar (?) meu cérebro. Tava precisando descansar, assistir umas coisas, e ler meu livro lindo e perfeito ♥33 eu particularmente acho q quando eu estou lendo algum livro me sinto obrigada a escrever feito gente, então acho q em termos de gramática e etc o cap ta até razoável
VEI
NA
BOA
Eu nunca recebi tantas ameaças de morte na minha vida!! Eu e o Jimmy estamos em uma fortaleza secreta rodeada de guerreiros Dothraki nos protegendo, pois sto com medo.
AI MEL DELSSSSS EU RECEBI RECOMENDAÇÃOOOO ~viu, mesmo com vcs querendo minha cabecinha ainda tem quem me ame~ Queria agradecer a Little J, Jessica sua linda, confessa q vc ta me amando, pq n é possivel!! Muito obrigada sua lindona, sinta-se abraçada por mim e pelo Maiquinho das pipoca s2
Esse capitulo é todo seu sua linda!
Não vou mais enrolar.
Espero que gostem!
Boa Leitura
Beeijos



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- Ah, eu quase me esqueci, pessoal essa aqui é a Catelyn, uma nova amiga que eu fiz. – Foi a única maneira que eu encontrei de definir a minha relação com ela, mas ela não era necessariamente uma amiga, ainda mais considerando que eu tinha uma porção de motivos pra desconfiar das intenções dela. Mas é como dizem, “mantenha seu amigos perto e seu inimigos ainda mais”, claro que ainda era cedo pra dizer que Lyn era uma inimiga.

Ela sorriu amigavelmente para os rapazes e notei Johnny piscando para ela, ela sorriu e olhou um pouco corada nas bochechas, sorri de volta e meu olhar acabou encontrando o rosto de outra pessoa, a expressão dela era de irritação?

- Lali? Está tudo bem? – Ela olhou espantada pra mim, provavelmente não devia ter notado que eu a observava.

- Ah está sim – mordeu o lábio inferior e olhou para Brian, a expressão dele mudara pouco desde que chegara, mas eu não o culpava, eu havia sido um grande filho da puta, e sinceramente começava a achar que se ele tivesse me esmurrado quando chegou ali, o clima entre nós dois estaria um pouco melhor agora. Logo em seguida os olhos escuros de Lali encontraram os meus, havia alguma perturbação neles que eu não conseguia ler – Max, ahm, será que eu posso falar com você um minuto?

Olhei para Brian, era óbvio que Lali era a protegida dele, ele parecia um lobo rodeando um cordeirinho, era visível que ele tinha alguma espécie de afeto por ela, e como eu havia sujado a relação dele com Michelle era natural que ele também não quisesse que eu me aproximasse dela. Mas Lali era uma pessoa muito agradável, lembrava um pouco o jeito da Alison, eu simplesmente não conseguia manter muita distância. Respondi a pergunta da morena com um breve aceno de cabeça, logo me levantei e pedi que ela me acompanhasse. Entrei de volta dentro da casa e indiquei o escritório para ela, entrei depois dela e fechei a porta.

- O que aconteceu Lali?

Torcia a ponta da camiseta e encarava os pés, provavelmente tentando encontrar uma maneira de dizer o que queria. Até que ela se aproximou de mim e me puxou para que eu me distanciasse da porta.

- Há quanto tempo conhece essa Catelyn? – ela disse quase cochichando.

- Ahm, não sei, acho que há um mês, por quê?

- Olha, eu não sei que tipo de relação vocês dois tem, mas eu fiquei um pouco preocupada, quer dizer, ahm...

Eu sorri um pouco da situação dela, ela estava querendo dizer que estava preocupada comigo?

- Aonde você quer chegar? – Eu disse arqueando uma das sobrancelhas e sem tirar o sorriso do rosto, porém a garota parecia ainda mais perturbada.

- Eu ouvi uma coisa ainda agora... – ela me puxou um pouco mais para perto – Ela por acaso é russa?

- Eu não sei, nunca perguntei nada disso a ela – meu sorriso se desfez, estava começando a me assustar.

- Olha Max, eu não quero que pense que eu sou uma maluca que fica ouvindo atrás das portas nem nada, mas ainda a pouco quando eu fui ao banheiro, ela estava lá e conversava em russo com alguém...

- O que ela disse? Ela falou de mim? – dessa vez eu que estava cochichando.

- Sim, como sabe? – apenas balancei a cabeça de um lado para o outro mostrando que aquilo não importava e pedi que ela prosseguisse – Ela estava falando em russo, eu não compreendi muito bem, meu russo não é muito bom, mas... – ela pereceu tomar fôlego.

- Mas o que?

- Eu compreendi uma coisa.

- O quê?

- Ela pretende te matar.

Soltei Lali e a encarei perplexo. Era isso? Lyn era mais perigosa do que eu imaginava? Merda! E eu pretendia sair com ela!

- Você tem certeza disso Lali?

- Eu não sei Max – ela agitou as mãos nervosa, eu a conheci há algumas horas atrás e agora estávamos compartilhando um grande segredo, acho que eu fazia amizades com muita facilidade.

- Meu deus!

- Por que isso Max? Você fez alguma coisa?

- Eu não fiz nada de errado, se é o que está pensando. É por causa da minha... – não terminei de falar, se ela soubesse poderia acabar sobrando para ela – da minha invenção. – respirei fundo e passei os dedos com força por entre os cabelos, arrepiando todos os fios. Os governos de outros países começavam a voltar os olhos para mim. Eu havia sido informado a respeito disso, é claro que uma máquina do tempo despertaria o interesse deles. Mas eu ainda tinha um pouco de tempo, pelas perguntas que ela me fizera outro dia ela não sabia ao certo o que eu tinha criado, ou se sabia, precisava de uma confirmação.

- Max você precisa se distanciar dessa mulher!

- Não, eu preciso saber o que ela quer. Você é que precisa manter distância Lali, vai que alguém desconfia que você sabe de alguma coisa? Precisa ter cuidado.

- Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem. Se preocupe com você, Max.

Matt

Johnny estava incrivelmente mais idiota do que o normal, acho que era a companhia do Turner que deixava ele meio assim, mas eu gostava daqueles momentos, a nova turnê ia começar dali a algumas semanas e esse seria um dos poucos momentos de real lazer que a banda teria. Zacky estava contando alguma história a respeito da nossa última viagem ao Oriente Médio quando meu celular tocou. Me levantei calmamente e atendi.

- Hey buddy, o que é?

- Matt – a voz do cabeçudo soava meio esquisita do outro lado, bem arrastada e um tanto ofegante para quem ia apenas dar uma volta com a filha. – Por favor, escuta isso sem parecer que é um desastre okay?

- O que aconteceu Jimmy? – disse sério enquanto me afastava um pouco mais para que Brian não ouvisse.

- Resumindo? A Shannon caiu de uma ponte em um lago, eu pulei atrás e nós dois quase morremos.

- O QUÊ? – não consegui evitar o grito, mas ao ver que o pessoal na mesa já me encarava, imediatamente baixei o tom – Ficou maluco Sullivan?

- Eu já estou bem – ele deu um longo suspiro e puxou o ar – Ou quase, mas não precisa se preocupar. Eu estou no hospital com a Allie, será que pode vir aqui, e trazer o Turner? Sem trazer toda a comitiva com você, se for possível.

Suspirei fundo e passei a mão pelo rosto, aquela sempre havia sido uma das minhas principais funções: acobertar o James. Ele sabia que eu faria tudo sem dar sermão nele e quase sempre ele recorria a mim quando queria se livrar da fúria do Haner. Eu sempre aceitava tudo o que ele fazia, acho que nesse sentido nós dois éramos muito parecidos, sempre que alguém fazia algo absurdo eu e ele apenas nos entreolhávamos e dávamos de ombros.

Se você quer muito fazer algo, não há nenhum motivo para alguém impedir, seja algo bom ou ruim, é a sua escolha, eu não tenho que julgá-lo. De qualquer modo será você que terá que arcar com as consequências disso.

Jimmy e eu aprontávamos muito juntos e odiávamos todas aquelas pessoas falando como se não soubéssemos que estávamos agindo errado, então para não sermos exatamente como aqueles que nos irritavam, nós apenas encorajávamos qualquer tipo de vontade súbita que viesse a cabeça de quem quer que fosse. As maluquices de Jimmy sempre me deixavam meio preocupado, porque às vezes ele passava muito do limite, mas eu não brigava com ele, no máximo dava uns murros e o mandava parar de ser estúpido, mas apenas quando se tratava da saúde dele, com o resto ele podia fazer o que quisesse, desde que não acabasse demais consigo próprio.

Eu conheço meu amigo, eu sei quando as coisas não vão bem, ele já odeia quando Brian começa a se preocupar demais, eu não me dou ao direito de jogar minhas preocupações sobre ele também, não gostaria que ele se sentisse abandonado, ou desencorajado por todo mundo. Eu era o equilíbrio da balança, mesmo que internamente eu quisesse evitar a qualquer custo que ele fizesse tanta besteira, eu tinha que fazer o papel do amigo legal. Mas ultimamente não tem sido tão difícil, Jimmy me parecia um tanto melhor, a não ser pela última paranóia com o garoto Ilejay, o resto estava normal, então me sentia um pouco mais tranqüilo para acobertar suas “travessuras”.

- Tudo bem, eu vou ver o que posso fazer, tente não morrer até eu chegar okay?

- Okay bro, valeu, você é o melhor.

Abri um sorriso.

- Tente não se meter em nenhuma outra encrenca até eu chegar okay?

Assim que eu me despedi de Jimmy, notei que Brian me olhava com a pior cara do mundo, o humor dele não estava lá muito bom ultimamente.

- Quem era? – ele perguntou, mas provavelmente já sabendo a resposta.

- Jimmy – disse fazendo pouco caso. Dei o gole restante para acabar o meu copo de cerveja e ergui o tom de voz para que todos olhassem para mim – Ei filhos da puta, acho que está na hora de voltarem para hotel.

- Por quê? – Max falou em um tom um pouco ofendido atrás de mim, ele e Lali se juntaram a nós mais uma vez.

- Porque eu preciso que me acompanhe até onde Jimmy e Allie estão – notei Brian erguendo uma sobrancelha desconfiado – Vengeance, você que bebeu menos, leva esses filhos da puta e as donzelas de volta, e Haner para de me olhar com essa cara okay?

- Não posso, minha cara infelizmente é uma só – dei de ombros tentando não me contagiar com o humor péssimo dele.

- O que aconteceu Matt? – Max perguntou

- Algo relacionado a sua sobrinha, Jimmy pediu pra que eu te levasse até onde eles.

Max balançou a cabeça.

- Tudo bem, vou só chamar o Sam...

- Ele saiu já faz algumas horas – Leana disse sem tirar os olhos do copo da bebida que tomava.

- Como sabe disso? – Brian disse ríspido.

- Eu o vi saindo, feito uma bala.

- E ele não me falou nada? – Max parecia irritado – Ah esse Samuel não toma jeito mesmo.

Os caras logo se levantaram da mesa e com um pouco de relutância foram embora, a amiga do Max foi logo em seguida, mas Leana não quis ir de jeito nenhum, ela me encarou como se soubesse o que estava acontecendo, por medo de que ela acabasse falando demais acabei deixando que ela viesse comigo.

Quando estávamos a caminho eu contei toda a verdade para Max, que Jimmy e a garota tinham passado mal depois de quase terem se afogado, ele começou a gritar feito um louco dentro do carro e depois pisou no acelerador me xingando por não ter dito nada antes. Leana no banco de trás apenas tinha os olhos arregalados de susto, mas não falou muito.

Quando chegamos vi apenas Samuel. Max já foi logo interrogando o rapaz, que parecia tão aborrecido quanto ele.

- Por que caralhos não me avisou o que tinha acontecido Sam? Você estava na porra da minha casa, caralho!

- Eu nem pensei cara, só sai correndo, e você estava bêbado!

- Eu não estava tão bêbado assim – Samuel revirou os olhos fazendo pouco caso da afirmação do outro – E como ela está?

- Um pouco melhor, a lesão nos órgãos não foi tão grave, mas a cardiomegalia deu uma piorada nas coisas. – Só então ele notou a minha presença e lançou um olhar breve a mim e a Leana – o Jimmy está bem, um pouco exausto, mas já até fugiu da enfermeira, Allie está com ele, já devem estar vindo.

Confirmei com a cabeça e me sentei ao lado de Max, Leana permaneceu de pé encarando Sam.

- O que foi? – ele disse meio irritado. Eu me lembrava pouco de quando ele morava em Orange County com a gente, mas ele sempre teve um gênio muito forte, e se desentendera com Jimmy várias vezes depois que Alison apareceu. Era apenas um rapaz franzino e magricela naquela época, mas hoje estava mais encorpado e mais imponente, seria quase irreconhecível se seu rosto não fosse extremamente marcante, os olhos escuros e a pele esbranquiçada da família Jones não era algo muito fácil de se esquecer. Fiquei me perguntando o que teria feito Leana fitá-lo daquele jeito.

- Será que eu posso ver a menina? – Ela não podia estar sendo tão estúpida! A puxei pelo pulso com um pouco de força.

- Leana pelo amor de deus, se senta aqui, não vai criar confusão logo agora vai? – Ela ás vezes não tinha muita noção das coisas que fazia, por causa disso quase sempre acabava metendo os pés pelas mãos. Normalmente Valary era o freio dela, Val na verdade era o freio de todos nós, mas quando Val não estava eu e Jimmy tentávamos conte-la. O fato é que, ás vezes Lea pensava como uma criança.

- Eu não quero confusão com ninguém Matt – ela se sentou ao meu lado fazendo bico – Eu só queria... só queria ver.

- Isso você tem que perguntar pra Alison - Sam enfim respondeu.

- Pra quê? Eu pensei que você fosse o pai da menina.

Samuel fez cara de poucos amigos e virou o rosto emburrado, repreendi Leana mais uma vez, mas agora apenas com o olhar. Faço alguma idéia do que Jimmy pensaria dessa idéia de Leana querer ver a garota, e uma coisa eu tenho certeza: É alguma merda.

Jimmy

- Nem pensar! – Allie agitou negativamente a cabeça tentando dar ênfase na negação, mas quanto mais ela negava, mais eu tinha certeza de que era aquilo que eu deveria fazer. Era aquilo que eu precisava para entender minha situação, voltar no tempo, evitar que Shannon caísse, e ainda poderia buscar o que aconteceu comigo.

Ela disse que me salvou, que evitou que eu morresse, então por que é que as vezes eu me sentia fora de tudo aquilo? Era como se uma parte faltasse, algo que não encaixava, e eu sabia que voltando no tempo eu podia encontrar o que eu procurava. Só aquela idéia já era o suficiente para me deixar eufórico.

- Por que não? É uma ótima idéia Alison! Eu posso evitar que ela cai na água!

- Não Jimmy! Não precisa fazer isso, a médica disse que ela vai ficar bem, não vou deixar que se arrisque. – Eu não conseguia entender, será que Allie não enxergava? Evitaria que a criança passasse por toda essa dor.

- Allie pelo amor de deus! A menina quase morreu! Se eu voltar no tempo eu posso...

- JÁ DISSE QUE NÃO, CARALHO! VOCÊ NÃO PODE VOLTAR! E VOCÊ NÃO VAI!

Allie olhou para Shannon do outro lado do vidro rapidamente e depois saiu pisando duro. Assim que ela se distanciou deixei meus ombros caírem, ela não podia ser tão injusta, ou podia? Olhei para a garotinha desacordada do outro lado do vidro, a enfermeira começava a retirar alguns dos tubos, respiratórios, mediu a pressão dela e checou o aparelho que controlava os batimentos. Eu ainda tentava entender o que aconteceu com ela para que ela se jogasse na água daquela forma, eu realmente estava tentando não jogar a culpa de tudo aquilo sobre mim mesmo, mas era inevitável. Ela estava daquele jeito por minha culpa, por culpa dos meus genes, era o meu problema que estava fazendo com que a dor dela se prolongasse. Acho que o mínimo que eu podia fazer era tentar amenizar as dores que eram causadas por mim, por que Allie não enxergava isso?

 A enfermeira olhou pra mim, provavelmente recordou que eu também deveria estar numa cama repousando, mas antes que ela saísse para me obrigar a ficar olhando pra um teto eu saí rapidamente dali. Fiquei aliviado ao ver que Matt já havia chegado.

- Hey dude, como está? – ele se levantou e me examinou com cuidado.

- Não tão bem quanto gostaria, mas melhor do que já estive – eu disse com um meio sorriso – Obrigada por vir.

- Fazer o que, se além de vocalista eu também faço bico de babá de marmanjo? – dei um soco de leve no braço dele e sorri.

- Hey Sullivan, notícias da Shay? – Max estava ali, o cabelo estava todo para o alto e tinha uma careta estranha no rosto.

- Acabei de ver a enfermeira tirando alguns tubos, acho que isso é algo bom.

- E como aconteceu?

- Foi muito rápido, mas acho que ela ficou muito tempo observando a água e acabou pendendo pra frente. Eu não sei explicar direito, pulei logo em seguida.

- Foi muito corajoso – sorri para ele e notei que Matt também sorria, ele também tinha um filho, acho que entendeu o que eu havia feito. Eu começava a me sentir diferente, Matt talvez pudesse ver isso, era como se algo em mim tivesse amadurecido, ou melhor, aflorado.

- Valeu Max – naquele instante me lembrei de uma das razões de querê-lo ali – Hey Turner!

- O quê?

- Eu preciso da sua ajuda com uma coisa – eu o puxei para um canto e falei das minhas intenções, o rosto dele se manteve pensativo, preocupado, mas não parecia irritado.

- Oh meu deus, você sabe de tudo então? – concordei com a cabeça – olha Jimmy não sei se Allie vai concordar, você voltando no tempo coloca em risco todo o trabalho que ela teve pra te salvar. – Fiz uma careta de irritação, já prestes a contrargumentar – Mas...

- Mas o que?

Eu preciso de alguém disposto a fazer novos testes, e se você se oferecer...

- Eu me ofereço! – disse afoito e ele sorriu.

- Olha, eu vou conversar a respeito com a Allie, posso ligar pra você amanhã?

- Claro! Eu quero ajudar a Shannon!

- Hum – Max franziu o cenho – Não sei se isso vai ser possível, mas eu vou ver okay? Espere um pouco, logo mais eu falo com você.

Confirmei com a cabeça e me sentei ao lado dele eufórico, isso tinha que dar certo. Mesmo que Allie não deixasse, eu queria muito aquilo, ela não podia me impedir.

Mais tarde senti um calafrio percorrendo meu corpo, só então me dei conta de que ainda usava roupas úmidas, eu precisava me aquecer. Pedi licença e saí do hospital, sentei na pequena escadaria de uma das saídas laterais e peguei um charuto que eu guardava no bolso.

- Ah mais que merda! – o charuto estava encharcado, óbvio. Soltei um palavrão e o chutei para longe, soltei um suspiro longo, eu estava um lixo. Meu corpo inteiro parecia se contrair de dor e exaustão.

- Quer um? – ergui a cabeça e olhei para aquela figura diante de mim, cerrei os olhos um pouco confuso.

- Desde quando você fuma?

- Eu não tenho tanto costume quanto você, mas aqui é uma cidade fria e eu sou um pouco...

- Filho da puta? – completei a frase com um meio sorriso, mais para mim mesmo do que para ele.

- Eu ia dizer um pouco estressado, mas acho que filho da puta também serve. – ele deu de ombros – Os filhos da puta também precisam se esquentar e controlar a raiva. Os cigarros ás vezes ajudam.

Peguei o cigarro que ele me ofereceu e o coloquei nos lábios, tateei os bolsos procurando pelo meu isqueiro e logo acendi o cigarro, ele se esticou um pouco e também acendi o dele. Dei uma baforada longa e senti o calor queimar minha garganta aos poucos, fechei os olhos e degustei o sabor amargo brincando dentro da minha boca.

- Valeu Sam.

Samuel sorriu e coçou de leve a cabeça.

- Eu devo um pedido de desculpas decente a você, aquele que Allie me obrigou a dizer não foi nem um pouco sincero. Cheguei feito um maluco batendo em você, sem nem dar chance para se defender, sendo que na verdade você só quis ajudar. Me desculpe.

Abri melhor os olhos e o fitei surpreso.

- Eu.. eu estou surpreso pra caralho, não esperava um pedido sincero de desculpas de você, Samuel.

- Por que? Eu não sou tão malvado assim, eu só – Sam fitava os próprios pés, com os cotovelos apoiados nos joelhos – Eu só sinto muita raiva de você, você é burro demais pra ter tanta coisa boa, é como dar algo valioso para uma criança destruidora. Isso me irrita muito! Mas, não impede que eu reconheça quando estou errado, eu não sou tão repugnante quanto pensa. Eu dei todo o meu amor e meu carinho pra sua família, acho que não sobrou muito pra ser legal com você.

- Entendo, mas eu nunca pedi para que fizesse isso, eu podia muito bem ter cuidado delas desde o início.

- Ah podia? E o que diria a sua filha quando chegasse drogado, bêbado ou caso ela te encontrasse tentando se matar? – desviei os olhos envergonhado, ele tinha razão – Não seja mal agradecido James.

- Obrigada – minha voz saiu quase como um fio, era difícil demais conversar normalmente com ele. Ele estava tentando ser amigável, meu dever era retribuir aquela trégua, não sabia quanto tempo ela ia durar. – Então, quer dizer que somos melhores amigos agora? – eu disse dando outra baforada no cigarro, já esperando uma negação como resposta.

- Mas é claro que não! Eu ainda acho que você vai sempre encontrar um jeito de meter os pés pelas mãos e fuder tudo, tenho muito medo que machuque a Shannon, mas... – Samuel fez uma pausa hesitante – isso não quer dizer que você também não pode acertar de vez em quando. Eu sei que esses dias eu tenho andado uma pilha, queria poder deixar elas duas pra você de um jeito amigável, sem que isso machucasse ninguém, mas eu estou saindo machucado mais do que qualquer outro. Tenta ver meu lado, é muito difícil pra mim. Eu as amo, e você – ele sorriu meio sarcástico – você é a desgraça em pessoa Sullivan. Eu tenho medo que as machuque e também não quero perdê-las, eu dediquei tanto a elas. Eu sei que nenhuma delas me pertence, mas é difícil pra mim.

Eu não sabia ao certo o que dizer, mas eu compreendia perfeitamente tudo o que ele estava me dizendo, eu me senti da mesma forma, o vendo possuir tudo que na verdade deveria ser meu, eu senti esse misto de egoísmo, inveja e preocupação também.

- Eu entendo, sinto muito por isso. – Não havia muito que eu pudesse dizer, eu realmente lamentava por aquilo, mas eu nunca abriria mão das duas para ele.

Nós dois não tínhamos mais nenhum assunto, terminamos o cigarro e entramos no hospital novamente. Nenhum de nós jogou confeti para o ar dando pulinhos de alegria, mas ao menos um limite de respeito foi estabelecido entre nós, éramos dois adultos, não havia motivos para agirmos como duas crianças brigando por um brinquedo.

- Onde está Leana? – Sam disse assim que chegamos de volta ao corredor. Allie já havia se juntado a eles e lançou um olhar ameaçador para nós dois, eu apenas balancei a cabeça mostrando que não fazia a menor idéia do que ele estava falando.

- Leana está aqui? – Allie disse tentando controlar a voz.

Sam não respondeu, Matt e Max dobraram o corredor em que estávamos cada um assoprando um copinho de café e sorrindo, pareciam duas velhas.

- Onde está a Leana? – Samuel se dirigiu aos dois. Matt e Max se entreolharam.

- Eu não sei, ela disse que ia ao banheiro, depois nós fomos pegar café.

- Porra – Sam quase cuspiu as palavras – eu sei onde ela deve estar.

Allie quase pulou da cadeira, seguimos Sam até o quarto onde Shannon estava e uma pequena confusão já tinha se iniciado lá. Um burburinho de enfermeiras foi ouvido direto do quarto, discutiam em voz baixa, mas os sons de seus diálogos se misturavam a agudos gritos histéricos.

Uma enfermeira puxava Leana quase a força para fora do quarto, os olhos dela se encontraram brevemente com os meus e pareciam implorar perdão. Sem entender olhei novamente para dentro do quarto, Shannon estava acordada, os gritos agudos eram dela, se misturavam ao choro e ao som irritante do aparelho que media os batimentos, quando entramos no quarto Allie foi ao seu encontro, mas não era por ela que a menina chamava.

- O que aconteceu Shay? – Allie estava quase aos prantos também, o choro da menina a deixava extremamente perturbada.

- Eu quero meu pai – ela chorava ainda mais forte, soluçava, os olhos azuis tinham contornos avermelhados. Dei um passo a frente para ir abraçá-la, mas os braços dela se abriram na direção de Sam, quase implorando para que ele a abraçasse no colo e a acalentasse. Ele a abraçou sem nem hesitar, naquele instante os olhos azuis da menina encararam os meus, ela piscou um pouco e depois afundou o rosto no ombro de Sam. Senti uma dor muito forte, mas dessa vez não era uma das dores que eu estava acostumado a sentir.

Girei nos calcanhares rapidamente e saí do quarto, não agüentaria ver aquilo por muito tempo. Na saída me choquei com Leana, ela fitava de fora o que acontecia dentro do quarto. Num acesso súbito de raiva a puxei pelo braço, quase afundando minhas unhas nele.

- O que você fez com ela? – eu disse entre dentes. Leana tinha os olhos espantados e cheios de lágrimas, meu corpo inteiro dava sinais de que ela havia feito merda, ela sempre fazia. Não que fosse má nem nada, ela só era muito estúpida. Continuou soluçando alto, sem dizer uma única palavra – Anda caralho, responde!

- Me desculpa. – disse com a voz muito embargada.

- O QUE VOCÊ FEZ? – A sacolejei quase não conseguindo conter minha irritação.

Ela deu mais um soluço alto.

- Eu disse que o pai de verdade dela era você.


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Notas finais do capítulo

Olha eu aqui. Eu sei que não tem o que vcs queriam nesse capítulo, mas eu juro que no próximo tem e que ele virá mais rápido que de costume pra compensar meu atraso.
Ah, eu vou pedir um favorzinho para vcs, mas apenas para as que gostam da história com rostos reais, quem curte mais ficar com as imagens dos personagens só na própria mente não liguem para isto aqui okay? Quem quiser, por favor, poderia dar uma olhadinha boa nesse rosto aqui, olhar bem os detalhes dele e guardar? Em breve ele será revelado p vcs https://p.twimg.com/AzkJBO4CIAEHUNP.jpg Mas se alguém quiser chutar, hm.
Enfim, espero que tenham gostado.
Qualquer comentário é bem vindo.
Beeijos suas lindas ♥