A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 7
Capítulo 6 - A Casa de Klaus


Notas iniciais do capítulo

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O caminhão começou a tremer mais aproximadamente uma meia-hora depois e começamos a subir e descer sem parar, fazendo curvas fechadas a torto e a direita que me jogavam de um lado para o outro dentro do caminhão. Perguntei-me aonde estávamos indo e quem era o famoso Niklaus de quem Scott tanto falara, mas não tive coragem de perguntar aos dois na cabine. Mais umas duas ou três horas se passaram e o terreno voltou a ser plano, mas soube que não era a estrada, porque o cheiro de grama atingiu minhas narinas. Mais algumas horas no escuro da carroceria se passaram e com uma sacudidela o caminhão estacionou. Eu pisquei atordoada, nem percebi que estivera cochilando havia metade do percurso no mesmo estágio de letargia que havia me levado até ali.

Segurei Caçadora com força contra o peito, encolhendo-me contra a parede, quando ouvi as trancas se abrirem. A luz me fez piscar e por alguns segundos não pude ver nada não ser o sol direto nos meus olhos acostumados à escuridão. Quando consegui finalmente enxergar vi o desprezível rosto de Scott à minha frente retorcido em um sorriso maldoso de escárnio.

-Bem vinda ao lar, bastarda.

-Vamos, deixe-a em paz, Scott – Disse o garoto europeu balançando tudo ao pular para dentro da carroceria – Você tem mais a fazer. – Ele estendeu a mão para me ajudar a levantar e aceitei-a, levando Caçadora comigo. Provavelmente estava tão tonta do balanço do caminhão que não conseguiria por-me em pé nem segurando nas paredes metálicas ao nosso redor. – Tudo bem, não vamos contar a Klaus que você tentou fugir.

Ele disse a mim.

-Fale por você.

Respondeu Scott com o mesmo sorriso, equilibrando duas das minhas caixas em cada braço.

-Não vamos.

Frisou o garoto fazendo cara feia para o vampiro. Eu podia ver algo além da rivalidade entre os dois. O europeu estava claramente no comando, o que era bom, porque ele parecia gostar de mim. Ele me ajudou a descer e eu finalmente pude olhar em volta. Bem, havia uma montanha, que mais parecia um despenhadeiro à direita e à frente havia dois castelos, tudo isso cercado por árvores. Aquilo tudo era uma clareira pelo menos três vezes maior que a florida que meus pais gostavam de me levar para brincar quando criança. O primeiro dos dois castelos era literalmente um castelo feito de gigantescos tijolos negros e madeira entalhada. Trepadeiras fortes subiam pelas paredes, dando a impressão de que eram mãos vindas da terra para puxar o castelo para o inferno. Era uma visão animadora. Tinha seis torres, três de cada lado e uma inscrição em ferro acima das portas tinha os seguintes dizeres: Si autem mortuum est, duo possunt servare secreta.

Virada de costas para a montanha havia o outro castelo, que tinha colunas a frente da grande porta de madeira escura, o que se assemelhava a uma faculdade e não a um castelo, apesar de ser tão grande quanto o outro. Esperando com a calma de um lorde à frente do primeiro castelo, um homem nos seus dourados 40 anos estava parado com um sorriso leve, mas jovial, e as mãos cruzadas pacientemente atrás das costas. O garoto me conduziu até ele, sorrindo encorajador, mas pedindo desculpas com o olhar ao mesmo tempo.

-Ah, Renesmee! Até que enfim chegou, minha criança!

Disse o vampiro quando estávamos a uma distância em que podíamos ouvi-lo, abrindo um caloroso - porém visivelmente falso – sorriso. Seus cabelos louro-escuros eram cortados curtos, deixando os olhos azuis brilhantes à mostra, que tinham um ar maroto, porém fugaz. Mas espere ai... Eu conhecia aquela voz.

-Tudo correu sem imprevisto Elijah?

-Sem imprevistos – Respondeu o jovem de feições euroupeias. Elijah. Bonito nome para um seqüestrador mestiço de aparentes 17 anos. – Renesmee foi uma perfeita dama.

Fiquei vermelha ao lembrar-me das palavras de noite passada.

-Isso é verdade, Renesmee?

Ao ouvir a pergunta em um tom professoral, uma lâmpada negra de acendeu no fundo da minha mente. O Professor. Engasguei.

-Nessie.

Respondi, quase engolindo a própria língua. Tentei dar um passo atrás instintivamente, mas a mão de Elijah em minhas costas me impedia.

-Estranho... – Ele disse – Tinha certeza de que ela falava inglês.

Ele disse avaliativo. Forcei minha língua a sair da garganta e voltar para seu devido lugar e tomei fôlego.

-Eu falo. – Disse suspirando. – Falo sim. Nessie, gosto que me chame de Nessie. Sim, correu tudo bem.

Disse, com o máximo de dignidade que pude reunir depois do choque. É claro que tudo tinha corrido bem. Eu estava a quilômetros de casa, presa com o monstro dos meus pesadelos, seqüestrada por pessoas que eram capazes de tirar a minha virgindade apenas por diversão. É claro que tudo correra bem. Para eles. O Professor fez que sim sorrindo.

-Certo. Entendo. Então seja bem vinda a minha casa, senhorita. Bem-Vinda a Casa de Klaus.

Klaus era o professor. O mandante do meu seqüestro, e segundo Scott meu proprietário, era o temível Professor que assombrava meus piores pesadelos. Tremi, mordi o lábio e minha mão voou para o meu amuleto sob a camiseta. Os olhos do vampiro passearam pela minha mão sem entender, curiosos e azuis.

-Elijah lhe mostrará tudo. Se precisarem de mim, estou no laboratório.

Ele apontou para as árvores à nossa esquerda. Olhei novamente assustada. Tinha certeza de só ter visto árvores naquela direção na ultima vez que olhara. Mas quando olhei novamente, vi um prédio quadrado e branco. Tinha janelas laminadas, que eram a única parte da construção visível e não totalmente carcomida pelas trepadeiras e plantas parasitas que vivam das trepadeiras. Klaus andou lenta e altivamente naquela direção enquanto Elijah me conduzia porta adentro.

-Tenho que ter medo dele?

Perguntei.

-Medo? Fique longe dele o máximo que puder e continuará viva até ano que vem.

O castelo se era assustador por fora, era o completo oposto por dentro. Se por fora era escuro, sujo, tenebroso e antigo, por dentro era iluminado, limpo que chegava a brilhar e bem decorado ao extremo. Ao entrarmos, um tapete vermelho Ferrari com bordas douradas amaciou nossos passos. Ladeando as pesadas portas de madeira, dois pastores alemães imortalizados em pedra olhavam a frente com uma expressão concentrada. Acima de nós, no meio da espaçosa sala, um lustre de cristais gigantesco e elaborado pairava. À frente havia dois buracos no chão de madeira clara, um de cada lado do tapete... Seria certo dizer buracos? De qualquer jeito, os “buracos” tinham escadas até o nível do chão onde haviam dos dois lados, TV’s de 52 polegadas, HD como pude perceber pela imagem de Piratas do Caribe que um casal estava assistindo, deitados e abraçados em um sofá de couro preto.

Nas paredes, três portas de madeira enfeitavam dos dois lados, ladeados por mais estátuas de cães de diversas raças e grandes quadros de aparência profunda e cara, o tipo de coisa que tia Alice adoraria pendurar em cima da nossa lareira. Mais a frente dos buracos, uma escada de mármore em espiral levava ao andar de cima. Atrás dela haviam duas portas duplas brancas, uma de cada lado, com janelas redondas no meio, como portas de cozinhas de restaurantes chiques. Não pude deixar de perceber como tudo naquele castelo parecia simétrico.

-Aqui é o hall. Todas as TVs são em HD, e têm TV a cabo. Não se preocupe, Klaus não paga nada, não vai ter que trabalhar. O sofá é de couro artificial, se é que se importa com isso. As portas dos lados levam aos quartos nas torres, mas isso não importa para você, o seu é subindo a escada branca. Número 9. – Disse tirando do bolso do jeans uma chave com um chaveiro com o numero 9 em ferro. Ele continuou me guiando e passamos pela porta branca da esquerda, e encontramos uma cozinha incrível, com eletrodomésticos de última geração, tudo em inox, armários e mesas com tampo de mármore negro sobre madeira branca. Klaus parecia mesmo apreciar mármore e madeira. – A cozinha. Scott abastece a cada mês, mas não espere que ele cozinhe. Se quiser sobreviver, tem que aprender cozinhar ou comer cereal e sangue para sempre.

Um cheiro adocicado e metálico atingiu minhas narinas e fez minha garganta gritar e o estômago roncar. Virei-me para a fonte do cheiro, uma porta de frigorífico no canto da sala.

-O que tem lá?

Perguntei, salivando sem querer. Antes que ele abrisse a porta eu percebi. No frigorífico havia o sonho de todo o vampiro carnívoro. Sacos de sangue estavam por toda a parte nas prateleiras, etiquetados com todos os tipos conhecidos. Fui compelida à frente por um instinto ancestral, mas deu um passo atrás cobrindo a boca, abraçando Caçadora com força.

-Feche. Feche a porta Elijah, rápido, por favor, feche.

Eu disse andando de costas até encontrar uma das mesas e puxar uma das cadeiras, sentando-me e colocando a cabeça entre as pernas. Ele fechou a porta, confuso e o cheiro desvaneceu devagar. Não podia me aproximar daquele lugar nunca mais, principalmente com fome como eu estava. Não podia esquecer quem eu era ou de onde vinha.

-O que foi? O que aconteceu? Você está bem?

-Não posso tomar esse tipo de sangue.

Eu disse, endireitando minha coluna.

-Mas temos todos aqui... É algum tipo raro? Scott pode...

-Não! Eu não bebo sangue humano.

Disse esfregando as têmporas. Depois de passar a vida toda como vegetariana, só aquele cheiro já era capaz de me deixar com ressaca.

-Como... Você nunca? Mas... Você parece... Saudável... Como conseguiu sobreviver sem sangue esse tempo todo?

-Não disse que não tomava, disse que não tomava sangue humano. Sou vegetariana. Eu e minha família tomamos sangue animal.

Ele me olhou interrogativo. Levantei os olhos para encará-lo. Sua expressão era de extrema curiosidade. Suspirei, pousando Caçadora no meu colo.

-Pergunte, eu sei que você quer.

-Funciona?! – Ele perguntou de pronto – Quero dizer, acaba mesmo com a sede.

-Sustenta, se é o que quer saber. Eu nunca tomei sangue humano, mas sei que é melhor. A questão é que não gostamos de ferir pessoas, e mesmo se tivermos os sacos, mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer. Meus pais me ensinaram desde pequena que humanos são amigos e animais são comida.

-Com pais, você quer dizer, seu pai e sua madrasta?

Uni as sobrancelhas.

-Não. Meu pai e minha mãe. Meu pai nunca amaria outra mulher. Eu sei disso.

Ele me olhou como se eu fosse o último exemplar vivo de tigre-dentes-de-sabre na história do mundo. Mais do que nunca me senti uma completa aberração da natureza.

-Não é educado encarar uma dama assim.

Disse, encarnando Sansa Stark de Guerra de Tronos, levantando o queixo com altivez.

-Lamento dizer, Renesmee...

-Nessie.

Frisei em tom de reprimenda.

-Lamento dizer, Nessie, mas mentiram para você. Todo mestiço mata a mãe para nascer. Esse é o preço.

-Então minha mãe devia estar presa por roubo porque ela não pagou esse “preço”. – Disse fazendo o sinal de aspas com as mãos – Eu ainda me lembro do dia que nasci. Lembro de sair que meu pai em colocou no colo dela. Lembro do seu rosto humano e de como a mordi, estava morrendo de fome. Meu pai brigou comigo e me levou da sala. Alguns dias depois minha mãe estava transformada. Sem morte. Eu quero dizer... Quase.

Elijah puxou uma cadeira do outro lado da mesa, apoiando a cabeça entre as mãos com o olhar perdido em algum lugar que eu não podia chegar.

-Quer dizer que Klaus mentiu? Mentiu para mim? Havia mesmo um jeito de salvar a minha mãe? Ela poderia estar aqui? Viva e respirando?

Ele perguntou cheio de fúria que não parecia ser direcionada a mim.

-Não usaria as palavras viva e respirando para descrever um vampiro, mas sim.

Elijah bateu com o punho na mesa e se levantou tão rápido que não tive tempo de nada, e saiu a passos largos da cozinha, deixando as portas duplas baterem atrás de si. Lancei um último olhar para o freezer e o segui através das portas brancas. O Hall agora estava completamente deserto, Elijah havia desaparecido, e até o casal que assistia a um filme em uma das televisões saiam pelas portas da frente.

-Elijah? Elijah!

Nenhuma resposta. Eu devia saber que nada aconteceria. O tour havia acabado. Subi as escadas que Elijah havia indicado para o meu quarto. Se não podia fugir, tinha que achar um lugar para dormir. No segundo andar não havia nada de muito especial, mais seis portas simétricas de cada lado com cães ao lado das portas, vigilantes. Mas dessa vez cada uma trazia um número e um pequeno quadro branco daqueles que se escreve com canetinha, com uma canetinha pendurada. Antes que pudesse procurar minha, a número 09, me distraí com a incrível vista da janela, iluminada com o nascer do sol mais lindo que já tinha visto em toda minha vida. A luz do sol nascente me tocou com carinho. Por fim olhei em volta e encontrei o numero 09, logo ao lado da janela. 


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