A Casa De Klaus escrita por Bellah102


Capítulo 20
Capítulo 19 - Acordo


Notas iniciais do capítulo

Agora saberemos o que houve depois da noite no freezer... Enjoy...



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Elijah

            Eu estava tão furioso que se Klaus aparecesse na minha frente, eu o mataria. Até se minha mãe milagrosamente viva aparecesse a minha frente sorrindo, com os braços abertos para um abraço, eu a mataria. O ódio e a cólera borbulhavam dentro de mim com tanta intensidade que eu senti o estripador que Klaus queria que eu fosse desde o início. Escancarei a porta do laboratório com um soco e lá estava ele, mexendo petulantemente em um microscópico caríssimo.

            -Filho da mãe... – Sussurrei baixinho antes de me lançar contra ele. É claro que ele me parou antes que eu chegasse a ele, apenas colocando o braço a sua frente. – Eu disse para ficar longe dela seu cretino desgraçado!

            -Ora... – Ele disse virando-se para mim, com seu melhor sorriso de idiota – Ela magoou meu pequeno irmãozinho. Precisava pagar.

            -Nós não somos irmãos. Eu preferia morrer a ser irmão de uma lesma desgraçada e deturpada como você! Não é o filho de Klaus, é seu fantoche. Eu sou o filho dele e você deve ME obedecer. Deixe-a EM PAZ!

            -Não. – Discordou, fazendo que não lentamente como o retardado que era – Eu sou hipnotizado pelo seu galante pai e obedeço porque tenho amor à minha vida. Mas porque temeria você, escória dos Mikaelson?

            Pela primeira vez em toda a minha vida, eu não tinha argumentos para algo que Scott tinha dito. Mas mesmo se eu tivesse, eu não sentia a menor vontade de usá-los. E sem pensar, fiz. Havia um bisturi jogado ali do lado na bancada com descaso. Sem que ele percebesse eu o agarrei e enterrei em seu ombro, bem no seu ligamento com o braço. Scott gritou. E eu adorei cada segundo.

            -A questão, meu caro Scott – Puxei o instrumento para o lado com força, rasgando carne, ligamento, músculo e osso. O som foi incrível. – É que escória ou não, sou um Mikaelson. Um Original. – Eu disse puxando o bisturi para o outro lado com força. O barulho se repetiu e o braço caiu, como uma peça de brinquedo quebrado. Scott caiu no chão gritando – E gosto. De. Ser. Obedecido. – Grunhi entre dentes pegando seu braço do chão enquanto ele gritava, tapando o lugar onde o membro estivera, como um reflexo antigo e humano para estancar um sangramento que nunca viria. – Meu... Galante pai, como você tão eloquentemente colocou, nos ensina em suas aulas que logo este braço voltará para o seu corpo. Isso quer dizer que você, de algum modo continua conectado a ele, certo? – Ele levantou os olhos do chão. A dor e o ódio era tudo o que se via em seu olhar. Tudo o que eu sentira dele, desde os meus primeiros dias de vida, quando ele me espancava e me jogava em um canto qualquer como se eu fosse lixo. – Eu sempre tive a curiosidade de saber o que aconteceria se eu fizesse... ISSO!

            Com força, atentei o braço decepado contra meu joelho, quebrando-o como a um galho. A adrenalina não me permitiu sentir a dor no joelho, mas ela com certeza viria depois. Scott gritou, pondo fim à minha dúvida. Eu gargalhei, e duvidei que alguma vez no mundo, tivesse ouvido uma risada tão animalesca.

            -Interessante isso, não? Dor por Bluetooth.

            A porta se fechou levemente atrás de mim e virei-me para encontrar Klaus estarrecido, com Greta agarrada nele por trás, parecendo completamente aterrorizada. Pobre garota. Acreditava seriamente que ele a amava e que era eu quem tinha que temer.

            -O que significa isso Elijah?

            Ele perguntou, vendo  bisturi enterrado na carne de Scott e seu braço pendendo, flácido e quebrado em minhas mãos.

            -Bem, é muito simples senhor meu pai. Seu fiel servo a colocou em um freezer e a deixou lá para MORRER! E acabo de descobrir que posso quebrar esse braço sempre que quiser, e doerá em Scott.

            Scott tentou alcançar o braço durante minha distração, mas lhe dei um tapa no rosto com a própria mão. A hilariedade da cena me fez sorrir. Klaus me observou e a Scott, pesando a veracidade da cena. Pela primeira vez vi em seus olhos a ponta de algo que desde pequeno desejara, mas nunca pensara em algum dia receber. Me atrevi a pensar que aquela expressão no rosto de Klaus era... Orgulho.

            -É espantoso... A única coisa maior do que o seu desejo por sangue é o seu amor por essa única garota.

            Entreguei a ele seu braço, e olhei fundo nos olhos vermelhos do Original.

            -Controle seu servo ou eu o farei. E a deixe FORA disso, entendeu?

            Nessie

            O mundo era confuso. E frio. Essa era a pior parte de todas. Era como se o calor nunca tivesse existido, fosse apenas um sonho bom. Especialmente o calor confortável de certo par de braços. Esse era o que parecia mais irreal, afinal, se o calor nem ao menos existia naquele mundo, como poderia haver uma criatura tão quente. Eu me sentia um Windows 97. Pouca memória, e muito lenta. Qual era o meu nome? Eu não sabia responder. Minha idade? Não tinha a mais vaga lembrança que fosse. Onde eu estava? Boa pergunta.

            Demorou algum tempo para perceber que não estava sozinha. Passos cruzavam a sala onde estava.

            -Ela está congelando...

            Disse infeliz uma voz forte com um fortíssimo sotaque de algum país do Norte, cujo nome me fugia.

            -Eu sei.

            Respondeu uma voz mais sulista, porém não menos infeliz.

            -Não há nada que possamos fazer...

            Disse uma terceira voz, igualmente desgostosa. Depois disso as vozes ficaram quietas, como se observassem um túmulo. Espere, mas e se fosse o MEU túmulo? Meu túmulo? Testei as palavras na minha mente várias vezes, mas ainda assim não faziam sentido. Eu estava morta? Eu não me lembrava de ter morrido. Tampouco me lembrava de ter nascido, então isso não contava como critério para avaliação. Mas será que eu podia mesmo estar morta? Isso explicaria o frio. Cadáveres eram frios certo? Embaixo da terra era frio... Ou devia ser pelo menos. Não! Aquilo não fazia sentido. Se o calor não existia, as pessoas eram frias por natureza e então, pela lógica, ficavam quentes quando morriam, certo? Espere, mas então o par de braços de que me lembrava eram... De algum tipo de fantasma?

            Muito estranho... Ouvi um barulho diferente que me distraiu da minha divgação acerca da temperatura do mundo. Uma porta de madeira se abriu gemendo, e fechou com igual volume. Havia uma nova voz entre as outras três, dessa vez masculina.

            -Como ela está?

            Perguntou, ofegante.

            -Melhor, eu acho. Ainda com frio.

            Disse a terceira voz de antes. Será que estavam falando de mim? Bem, se estavam, estavam certos. Eu ainda estava com frio. A nova voz não falou mais que as outras tinham falado antes e eu fiquei no escuro, perdida em memórias desconexas com pessoas frias como eu, mas cujo amor era mais quente do que a morte.

            -Acha que ela consegue engolir?

            Perguntou a voz com sotaque nortenho.

            -Com a garganta inchada desse jeito? Eu duvido muito Rose.

            Rechaçou a segunda voz.

            -Talvez ajude.

            Ponderou a terceira calmamente. Ouvi o som de um risinho animado e da porta rangendo para se abrir e se fechar.

            -Ela não vai desistir tão cedo...

            Suspirou a voz sulista, bocejando. Parecia muito cansada.

            -Só está preocupada. Todas estamos. Mas não há o que fazer. Deixe que ela se sinta útil pelo menos.

            Seguiu-se um silêncio curto, mas a segunda voz não parecia querer sossegar tão cedo, apesar do aparente cansaço.

            -Porque ela? Quero dizer, não faz sentido mandar Scott trancá-la em um freezer para morrer logo depois de entregar Lizzie para ela. É como se ela fosse o bode expiatório dos pecados de alguém. Não há o menor sentido nisso... E só...

            -Elena... – Interrompeu a terceira voz calmamente. – Ela vai ficar bem. Klaus pode ou não ter uma razão para isso, mas não importa. O que importa é que Meredith pensou no freezer a tempo. Ela vai ficar bem.

            Repetiu por fim, frisando o significado de suas palavras. Ouvi uma respiração funda.

            -Desculpe Bon... Você tem razão... Eu me preocupo demais. É coisa de Jenna. Acho que está passando para mim...

            -Falando em Jenna – Interrompeu a voz masculina, que também soava nortenha, porém seu sotaque era mais fraco – Como está a menina?

            -Impaciente – Respondeu a terceira voz, pacificadora. – Pedimos a Jenna para que não a trouxesse aqui, mas ela não quer aceitar isso muito bem. Ela quer ver Nessie agora.

            Algo que ela disse mexeu com a minha cabeça. Eu não lembrei de início, mas meu corpo pareceu reagir ao nome dito. Sim... Meu nome era Renesmee. Nessie, também. Isso era bem claro agora. E meus pais eram as duas pessoas frias das minhas fracas memórias. Eles me deram o nome diferente que eu carregava com tanto orgulho. Claro como água... Como podia ter me esquecido deles, mesmo por um segundo que fosse? A porta tornou a se abrir e se fechar. Mas agora eu tinha uma pista.

            -Não esquentei demais. Não queremos nenhum choque térmico, não é? – Perguntou a voz britânica que quase não conseguia esconder a empolgação. Isso! Lembrei da palavra. Britânica. Ouvi os passos da voz se aproximando. – Alguém pode me ajudar? Ela vai acabar engasgando. – Passos leves ecoaram no chão, mas fora isso o silêncio foi completo e absoluto como se todos estivessem segurando a respiração. Mãos gentis seguraram meus ombros e me ajudaram a sentar, quentes como a morte. Quando me tocou, meus ombros eram as únicas coisas que eu sentia, o que doía um pouco, mas não muito. Já havia passado por pior. Um bafo quente se aproximou do meu rosto. Era ali que estava afinal! Algo quente tocou meus lábios. – Vamos Nessie, faça um esforçinho... É bom para você...

            Bem, se minha boca estava ali, a garganta não podia estar muito longe... Com muito esforço engoli o líquido quente e doce pressionado contra meus lábios enregelados. A  bebida desceu queimando pelo esôfago abaixo, e o barulho que fiz ao engolir foi assustador. Doeu um pouco mas então logo parou. Estar quente por dentro era um alívio. Não era a morte, percebi, mas sim a vida, voltando para onde deveria estar. E o par de braços na minha memória esbanjava vida.

            -Isso, muito bem. Vejam gente, eu não disse?!

            Disse a voz britânica animada. Rose! Claro! Jamais poderia me esquecer daquele tom de voz.

            -Ela é forte.

            Disse Elijah, atrás de mim. Era ele quem apoiava meus ombros enquanto eu bebia avidamente da caneca de chocolate quente a minha frente. Se eu tivesse forças, mandaria que não me tocasse, mas não tinha. Certamente Jake não se incomodaria com um momento de fraqueza. Sim. O par de braços tinha nome. Jacob. Jake, para os próximos. Amor, para mim. Era bom sentir as memórias voltando para mim.

            -Não dê demais Rose. – Alertou Bonnie – Ela está sem nada no estômago.

            Imediatamente a caneca se afastou. Eu queria pedir mais, mas meus lábios tornaram a ser gelados e rígidos. Mas não tinha problema. Dentro de mim, aquele calor gostoso se espalhava pelos meus órgãos adentro. Eu respirei fundo e não doeu tanto quando doía no freezer. Um tremou percorreu meu corpo só de pensar naquele lugar. Todos pareceram perceber.

            -Ela está tremendo de novo...

            Gemeu Elena.

            -Foi alguma coisa que eu fiz?

            Perguntou Rose assustada.

            -Você não fez nada. – Assegurou Bonnie – Só... Vamos trocar a água das garrafas.

            Elas reviraram algo ao meu redor – tecido, pelo som – e eu senti plástico morno roçar minha pele.

            -Você pode deitá-la agora.

            Disse Rose a Elijah, antes do barulho de abrir e fechar portas. Com cuidado ele pousou meu corpo inerte sobre a cama. Mas não se afastou. Eu podia sentir sua respiração logo ali ao lado. As vezes ela se entrecortava por soluços silenciosos. Eu não sabia o que pensar. Segundo Scott, as horas horríveis naquele freezer foram conseqüência de magoá-lo. Parecia mais do que óbvio que ele mandara Scott atrás de mim. Então porque chorar? Remorso?

            -Ele não vai mais machucar você – Ele disse, mais para si mesmo do que para mim – Eu prometo.

            Completou tocando levemente meu rosto.  Lamentei minha falta de força para lhe dar um tapa. Ele logo retirou a mão dali e pelos passos se recolheu ao canto do cômodo. As meninas, para a minha felicidade, logo voltaram. Elas não pareceram reparar nas lágrimas de Elijah e se repararam não disseram nada. O plástico de antes voltou a tocar minha pele, agora mais quente, e confortável.

            -Pronto, pronto querida... Agora vai melhorar...

            Disse Rose carinhosamente como uma mãe, tranqüilizando-me. Perdi-me no calor confortável ao meu redor e logo adormeci.

            Quando lentamente recobrei a consciência, pude piscar os olhos. Era quase manhã e a luz entrava pela janela, tímida como uma donzela. A primeira coisa que fiz foi verificar os movimentos dos dedos. Ainda estavam frios, mas eu podia movê-los e eles não doíam tanto quando antes. Verifiquei meus dedos dos pés e lá estavam eles, todos os 10. Sorri e encontrei com as mãos garrafas plásticas cheias de água quente. Muito engenhoso. Bocejei e olhei ao redor do meu quarto, procurando algum rosto amigo com quem compartilhar a alegria do meu retorno à vida, quente como deveria ser.

            Mas só encontrei Elijah, com o olhar baixo e triste que levou um chute. Bem, ele era um cão. E eu lhe dera um baita chute.

            -Não vai olhar? – Perguntei, fria como antes estivera. – Culpa? Remorso? Onde estão as meninas?

            Ele se retraiu como se eu tivesse batido nele.

            -Para falar a verdade, sim. – Ele disse em voz baixa, como se tivesse medo de levantar a voz. – Eu devia saber que Scott não te deixaria em paz. – Ele suspirou – Enfim, elas precisavam dormir. Logo devem estar de volta.

            Fiz que sim.

            -E porque VOCÊ não foi embora?

            -Precisamos conversar.

            -Não tenho nada para conversar com você!

            Rebati, arisca.

            -Tem sim. Eu...

            Suspirei irritada.

            -Mandou Scott lá para me matar.

            -O QUE? NÃO! Porque diz isso?

            -Acho que ficou nas entrelinhas quando Scott disse “Magoou os sentimentos do pequeno Mikaelson.”

            Aquelas palavras trouxeram sensações e lembranças horríveis de volta. A dor, o frio, o cheiro da poça vermelha no chão...

            -Nessie, você está... Chorando?

            Abri os olhos, voltando para o presente onde Elijah estava prestes a tocar meu rosto.

            -Não me toque!

            Ele se retraiu novamente como se eu tivesse realmente batido em sua mão do jeito que queria.

            -Eu sei o que está pensando, que Scott fez isso para me ver feliz, mas essa não é a verdade. Ele gosta de me fazer infeliz mais do que a todos os outros. Ele te machucou para me atingir.

            -E porque ele faria isso? Você é mais especial do que todos para Scott?

            Ele respirou fundo e engoliu em seco, como se falasse, cara a cara com um Volturi.

            -Eu sou... Um... Projeto de Klaus. Sou... Importante, de certo modo. Mas ele precisa que eu seja... Bem, um estripador. Eu nunca quis e nunca fui o que ele queria que eu fosse. Nunca tinha sido, na verdade. Até ontem.

            -O... O que aconteceu ontem?

            Perguntei, temendo a segurança de alguém próximo. Não podia perder ninguém, não podia. Mas um estripador em uma casa repleta de criaturas de sangue quente e pulsante jamais seria uma boa idéia, sob circunstancia alguma.

            -Eu... Fiquei furioso. Pelo que ele fez com você. E fui atrás dele. E Klaus viu. Logo, ele vai pensar que...

            -Para você virar um estripador ele tem que... Me machucar.

            Eu disse, espantada. Então agora eu era um botão “aperte e vire um estripador”? Uma ferramenta qualquer e não um ser humano com o direito de ser saudável?

            -Me desculpe. – Ele disse cautelosamente uma vez, vendo que eu não reagia – Me desculpe. Mil vezes me desculpe. Eu não queria meter você nisso, mas... Não é o fim do mundo...

            -NÃO DO SEU! Ele vai me usar como UM BOTÃO VERMELHO!

            -Eu sei.  – Ele disse calmamente – Mas tem um jeito.

            -Um jeito?

            Ele fez que sim.

            -Se estivermos sempre juntos, Klaus não vai ter como te castigar, porque tudo o que ele não quer é parecer injusto para às suas Sobrenaturalidades. Pela lógica ele só vai machucar você se estiver sozinha e indefesa.

            -Não vejo a menor lógica nisso! Todos saberiam se ele mandasse Scott atrás de mim!

            -Eu vejo a lógica. Eu conheço Klaus. Estou com ele há muito tempo. Só finja que entende e espere até que eu chegue no final.

            Fiz que sim rigidamente, deixando que ele continuasse.

            -Então a solução seria fingirmos...

            Completei sua frase mentalmente algumas vezes e não gostei de nenhuma das palavras que se encaixariam ali.

            -Ah não...

            -Sim.

            -Elijah, eu...

            -É para a sua proteção. Eu prometo que nunca mais te beijo. Vai ser uma mentira completa.

            O que fazer? Se tratava-se da minha proteção, pela qual meio mundo parecia zelar, eu deveria dizer sim na hora. Mas aquilo não parecia certo, nem para Elijah, nem para Jake, há milhares de quilômetros de nós, me casa. Para os dois lados aquilo parecia cruel, afinal, Elijah também gostava de mim, de um jeito que eu jamais seria capaz de gostar dele.

            -Não seria usar você como um escudo?

            -Não importa. É isso, ou você como mártir.

            Fiz que não.

            -Eu não sei Elijah, preciso de um tempo para pensar.

            Ele anuiu.

            -Quer que eu saia?     

            -Seria bom.

            Depois de hesitar por alguns segundos ele levantou-se e foi até a porta, de ombros caídos, arrastando os pés no carpete macio. Antes de fechar a porta, ele parou no meio do caminho e me encarou tristemente.

            -Só... Pensa com carinho, OK? Não quero que ele te machuque de novo.

            Então ele fechou a porta e tudo voltou a ficar melancolicamente frio.

            Demoraram uns dois dias até que decidissem que eu estava bem e lúcida o bastante para que Lizzie viesse me ver. Mas enfim, ao tardar do terceiro dia, lá estava a minha menina comigo. A primeira coisa que ela fez quando chegou foi tocar meu rosto, preocupada, no segundo seguinte ao que Jenna deixou-a no meu colo e se foi, sob o pretexto de dar alguma aula (mas que eu sabia significar dar uns amassos em Alaric, seu namorado).

            -Sim, eu estou bem.

            Respondi com a voz ainda rouca. Uma gripe é o mínimo que acontece quando se passa uma noite em um freezer. Mas eu ia superar. Lizzie analisou-me com seus olhinhos azuis, mostrando todo o medo que ela sentira quando estava longe.

            -Pronto, pronto Lizzie. Eu já estou com você.

            Eu disse, acariciando seu rostinho. Ainda com os olhinhos torturados, ela voltou a estender a mão para o meu rosto. Eu não sabia o que ela queria perguntar.

            -O que foi?

            Seu olhar se prendeu ao meu por alguns segundos, sérios. Foi como se eu pudesse ver a alma dela. Como se eu tivesse, por algum segundo louco, trocado de poderes com Aro, e tivesse invadido todos os pensamentos infantis de Lizzie. Eu vi a mim mesma, vi borboletas, cor de rosa, azul, roxo, vi Jenna, Elena, Rose, Caroline e Meredith. E quando percebi, estava olhando nos olhos azuis de Lizzie novamente, e agora eles sorriam.

            E eu não me sentia mais gripada. Eu me sentia bem.


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Notas finais do capítulo

When you hear the sound of thunder don't you get too scared. Just grab you're thunder buddy, and sing this magic words: FUCK YOU THUNDER! You can suck my dick! FUCK YOU THUNDER, because you just God's farts, pr...