Aos poucos foi abrindo os olhos, seu peito doía mais que tudo. O lugar que deveria ser um hospital aos poucos ia tomando forma, via tudo embaçado, sentia-se tonto...

– É normal, você acabou de sair de uma operação – Sorriu a enfermeira, não conseguia distinguir direito seu rosto.

– Qualquer coisa chame, o doutor logo vira falar com você – Então a jovem saiu do quarto.

Estava com alguns aparelhos ligados ao seu corpo, se pudesse suspirava, mais ainda se sentia fraco. Logo uma mulher entrou com um sorriso radiante, mesmo fraco já podia saber quem era.

– E-eu... Sabe como eu tenho pavor de sangue e-então... – Ela caminhou meio vermelha e agarrou a mão do rapaz... Tudo acabou bem...

Era realmente... O que eles pensavam...

Depois de um tempo conversando ao menos tentado, conversar com Miku, que além de tudo era sua esposa, Len sentia-se meio febril, não deveria ser nada. Um homem de jaleco branco entrou no quarto, obviamente deveria ser o medico.

– Bem senhor... Kagamine... – Ele falava com um sorriso animador – Nunca vi ninguém responder tão bem ao tratamento e se recuperar tão rápido. Dentre alguns dias logo terá alta – Miku sorria radiante, mas Len se perguntava por que ainda se sentia estranho, como se nada tivesse mudado... Tentou ignorar aquilo.

Será que o transplante realmente funcionara? Afinal, não poderia ter certeza até fazer mais exames para o coração, então resolveu deixar esses pensamentos de lado e continuar a conversar com sua esposa...

Mais tarde, Miku teve que ir embora, deixando Len sozinho no quarto, mas por alguma razão, ele não se sentia assim, na verdade, ele sentia que alguém estava o observando.

De noite, Len se mexia e remexia, nunca teve uma noite tão tuim quanto aquela. No final acabou acordando.

Ficou horas refletindo o porquê daqueles pesadelos, será consequência da cirurgia? Ou apenas mais um dia ruim? Sentiu seu coração apertar, uma dor insuportável. Mas afinal, não era para isso ter parado? Decidiu apenas fingir que não estava acontecendo, e ir beber água.

Levantou-se, mas uma imagem veio-lhe a mente, e consequentemente caiu para trás, derrubando a cômoda do lado da cama.

Ouviam-se pessoas dos quartos ao lado reclamando de todo o barulho, e Len sabia que se não parasse algum médico viria dar-lhe algum sonífero, não queria, pois sabia que tinha o risco de ter uma parada cardíaca, e então Miku iria ficar triste, iria chorar.

Lembrou que tinha que beber água, então, silenciosamente, abriu a porta do quarto, e foi para o corredor, quanto mais ele andava mais imagens perturbadoras lhe viam a mente, eram corredores sujos de sangue e uma menina, na qual, Len jugou ser uma camponesa.

De repente as imagens pararam e notara que havia chegado até a cozinha. Bebeu um monte de água e quando finalmente acabou, lembrou-se que não sabia o caminho de volta para o quarto, sentou no chão duro, desconfortável e frio, e por lá adormeceu.

Acordou naturalmente, sentindo-se bem melhor, no mesmo instante seus olhos pousaram sobre o de sua esposa que estava outra vez com um sorriso radiante.

– Bom dia – Meio que cantarolou

– Bom dia – Respondeu Len ainda fraco

– Como... Como vim parar na cama?

– Como assim? – A azulada olhava-o curiosa.

– Eu acabei dormindo na cozinha... – Miku riu

– Não senhor, você passou a noite inteira dormindo, eu perguntei as enfermeiras.

– Certo... – Respondeu ainda não convencido. Passou um bom tempo conversando com ela, mas as imagens do dia anterior não saiam de sua mente. Todo aquele sangue, gritos... O que estaria acontecendo?

Foi retirado de seus pensamentos ao ver o medico entrar no quarto.

– Bem, senhor Kagamine, você terá alta amanhã mesmo – Miku sorriu animada, mas Len logo respondeu:

– O que? Não! E as alucinações que tive? Não contam? – O medico que tinha um olhar meio cansado, talvez anos de trabalho, agora o olhava curioso.

– Como assim alucinações?

– Enquanto eu estava no corredor ontem... Eu... Eu... – Não poderia contar sobre o que viu achariam que ele era um psicopata ou algo do tipo. – Vi uma menina...

– Bem... Posso garantir que passou a noite inteira no quarto, deveria ser um sonho, pois não é fácil se recuperar de uma operação, além do mais, se realmente tivesse saído, poderia ser um das crianças aqui internadas, elas costumam às vezes tentar fugir, por medo, coisas do tipo. – Não... Não era uma criança, era uma mulher, com vestes de uma camponesa e era bem real, poderia provar...

O medico logo saiu do quarto deixando o casal a sós...

– Por que não me contou?

– Não... Não era nada... – Tentou acalma-la, mas o que estaria realmente acontecendo?