Quando cheguei em casa minha avó estava tirando a xícara de café da mesa.Mal percebi,mas já estava escurecendo.

-Vó,me desculpe pelo atraso é que eu fui pra casa de um amigo e esqueci o telefone...-comecei me desculpando quando ela levantou suas mãos num gesto para eu parar de falar.

-Não precisa se explicar, na sua idade é normal sair com os amigos,mas você precisa me avisar senão posso pensar que algo aconteceu com você.

-Prometo que isso não vai se repitir!-eu disse feliz por minha vó ser tão compreensiva.-Bom vou pro meu quarto tentar descansar.

-Está bem,mas quando quiser me contar o que realmente aconteceu estarei aqui te esperando.-ela disse sem siquer olhar para mim.Como ela sabia que algo havia acontecido?

-O que?-eu disse disfarçando o nervosismo.

-Justin ,eu o conheço muito bem para saber quando você está mentindo para mim.Além disso você está com uma cara como de quem acabou de ver um fantasma.

Não dava para mentir,pelo menos não para ela que me conhecia tão bem.Alem disso ela merecia saber a verdade.

-Olha vó ,por mais que eu queira te contar acho que você não acreditaria em mim.

Dessa vez ela me olhou nervosa e isso me assustou um pouco.

-Por que?O que aconteceu ,Justin!-ela disse quase que em um grito e nesse momento soube que tinha que falar.

Contei a ela tudo o que havia acontecido,só não falei do objeto brilhante que havia explodido naquele grito abafado que ainda ecoava em minha cabeça .Na verdade não contei nem a Taylor e Sam sobre isso.Achei que não era importante comparado ao que acontecera.

Quando terminei minha vó se levantou com o olhar vago,foi pro quarto e fechou a porta.Não sabia como reagir áquilo;por que ela não disse nada?Será que acha que eu enlouqueci?Bom nessas circunstâncias até eu achava que estava louco.

Fui pro quarto descansar e como estava um dia abafado abri a cortina e vi Taylor em seu quarto cheio de caixas .Ela não demonstrou ter me visto,mas continou desembrulhando suas coisas.Havia me esquecido que a janela do meu quarto era na mesma altura que a do quarto da casa ao lado;não sei o porquê,mas fiquei feliz!Gostava de falar com ela ,mas aquela não parecia uma hora muito boa pra isso.Fechei a cortina de volta para evitar que ela me visse.

Quando deitei fiquei pensando no que que eu deveria fazer a respeito disso?Não consegui pensar em nenhuma resposta,porque logo adormeci

....

Na aula de literatura me sentei com Taylor novamente,o que foi legal,mas nenhum de nós estava a fim de discutir sobre "Moby Dick".

-Então, conseguiu achar alguma explicação?-Taylor perguntou com cara de sono.

-Não sei, talvez ....ah quem eu quero enganar!Taylor, há algo estranho acontecendo não só por aquela onda,mas pela sua janela desenhada , por termos voltado já na nossa rua...quer dizer estavamos muito longe de casa quando entramos no beco .Além disso eu não te contei,mas vi algo enquanto procurava por Sam debaixo da água...algo brilhante ,mas não conseguia ver o que era e quando cheguei perto ele expludiu com um grito como se alguém tivesse morrido.De alguma forma percebi que foi isso que me levou a achar Sam e a tira-lo da água e quando o achei expludiu.Sei que parece loucura,mas deve haver alguma conecção.-eu praticamente vomitava as palavras ,porque saiu tudo de uma vez..Taylor me olhava com muita cautela e para minha surpresa ela acreditou em mim.

-Também acho que algo estranho está acontecendo, Justin, e já faz um tempo que eu sei disso-ela falava como se estivesse desabafando então não quis interromper.-Quer dizer ,não foi a primeira vez que eu desenhei algo que se tornou realidade.Há uns cinco meses meu avô morreu de infarte.E eu chorei muito e fiquei nervosa e,como já havia dito,sempre que fico nervosa eu desenho ,então comecei a desenhar a rua da casa de meu vô que é no sul dos EUA e de repente tudo ficou claro e aos poucos se tornou realmente a rua da casa de meu avô e continuou acontecendo então percebi que quando estava desesperada ,desejava muito algo e desenhava ,o desenho se tornava real e foi o que aconteceu com a janela lá no beco.

Sinceramente,eu não sabia o que dizer com tudo o que ela havia me contado,mas sim eu acreditava nela,bom depois do que aconteceu no beco acho que acredito até que Elvis não morreu!

-Você falou pra alguém?Além de mim?-perguntei com cautela.

-Fala sério Justin!Quem acreditaria em mim?

-É você tem razão.Ah ,e ...sinto muito pelo seu avô.-eu disse com um olhar compreensivo.

-Ta tudo bem.Não vou dizer que já superei ou que vou superar ,porque sei que nunca vou.Então:Aprendi a conviver com isso.-Taylor disse com tamanha tranquilidade que resolvi não dizer mais nada .

Deu o sinal do intervalo e peguei meu dinheiro para comprar o lanche.Taylor e eu estavamos saindo quando fomos abordados por Sam.

–E ai, alguém tem explicações ou informações reconfortantes?-perguntou ansioso pela resposta.

-Não,chegamos a conclusão de que algo estranho está acontecendo,mas não sabemos o que é.-disse Taylor mais pra si mesma do que pra nós.

-Foi o que pensei-disse Sam tristonho.

-Bom não sei vocês ,mas eu vou comprar meu lanche.-disse Taylor correndo para não pegar fila.Depois de alguns segundos de silêncio,os segundos mais longos e mais constrangedores da minha vida,Sam disse:

-Qual é Justin,você é inteligente,deve saber o que está acontecendo.

-Sam,eu juro que eu não sei,confesso que odeio não saber algo,mas é a verdade.-eu disse com honestidade e Sam também percebeu isso então olhou para baixo.

-Estou com medo...acha que ficamos loucos?-ele disse com o olhar triste.

-Não Sam,não estamos loucos ,disso eu tenho certeza.

Ele ia dizer algo quando Robert e seus amigos idiotas chamaram nossa atenção.

-Ei,olhem só!São os dois manés !-ele disse derrubando o chapéu de mágico da cabeça de Sam.

-Ah,era só o que faltava!-Sam disse indignado pegando de volta seu chapéu e o colocando na cabeça.

-Venham aqui garotinhas!hahahaha-disse Robert pegando na gola de nossas camisas e nos levantando.Não se assuste, não somos tão magros assim,ele é que era forte demais.Eu e Sam tentavamos atingi-lo,mas nenhum conseguia acertar Robert que nos levava para o banheiro feminino.Antes de entrar ele olhou para os lados para certificar-se de que nenhum professor passava e nos levou banheiro a dentro.Nunca tinha ido no banheiro das meninas,mas imaginava que era mais limpo e organizdo do que o dos meninos,mas,apesar da parede rosa,o teto estava cheio de papel molhado grudado e o banheiro fedia a defecação de cavalo com vómito de doente.Era horrivel!Robert empurrou a porta de um dos boxes e nos jogou lá dentro.

-Agora sim vocês estão no banheiro certo,garotinhas!HAHAHAHA-ele riu e seus amigos riram também.Sua risada não era maléfica ,apesar do rosto cheio de cicatrizes ,era mais...irritante.Pegou em nossas golas novamente e antes que colocasse a cabeça de um de nós dentro do vaso uma voz feminina o interrompeu.

-Achava que você era homem,mas vejo que me enganei.-Taylor estava em pé logo atrás de nós com os braços cruzados.

Robert virou comigo e Sam ainda empuleirados em suas mãos como bonecos e viu quem era que estava interrompendo sua diversão.Quando viu que era Taylor ficou boquiaberto.

-Da pra você soltar os meus amigos?-ela disse determinada e fiquei grato pelo que ela estava fazendo.

-Ah eles são seus amigos?Desculpe, eu não sabia!-disse Robert ironicamente jogando eu e Sam no chão.Ele e seus amigos sairam rindo do banheiro,mas sabia que Robert tinha ficado bravo por não ter concluido sua brincadeira e iria se vingar.

Taylor nos ajudou a levantar.Estava meio incomodado porque nós três estavamos no mesmo box e estava um pouco aperatdo.

-Obrigado-eu e Sam dissemos ao mesmo tempo.

-Não há de que.Vamos antes que nos atrasemos para a aula.

-Ta certo -disse Sam encostando sem querer na válvula de descarga e fazendo com que funcionasse.Mas não foi o som de descarga que ouvimos quando ele apertou a valvula.Foi o som de um estouro e de repente tudo começou a rodar.

-O que está acontecendo?-gritou Taylor por cima do som da descarga.

-Não sei!-respondi no mesmo tom alto sentindo minha perna sendo sugada para dentro do vaso e logo meu corpo e o corpo de Sam e Taylor também estavam sendo sugados.Não resistimos e fomos puxados para dentro do vaso .