Eu pude jurar que, ao abrir os olhos pra confirmar, eu vi Josh na minha frente. Pisquei, apertando os olhos, e então encontrei Taylor, sorrindo pra mim.

Mas que droga era essa que tava acontecendo comigo?

Algumas semanas haviam se passado, e eu estava me encontrando bastante com Josh esses tempos. Taylor agora saia bastante com seus antigos amigos de Franklin, e a gente não se via mais com a mesma frequência de sempre.

No começo, eu senti um pouco a falta de vê-lo todo dia, como antes. Mas agora, ao me aproximar de Josh, parecia que tudo o que eu necessitava estava ali, com ele.

Peguei o telefone e disquei o número.

– Fala, Josh!

– E aí, Hay?

– Tudo beleza. O que nós vamos fazer hoje?

– Hummm. Quer vir aqui em casa assistir algum filme?

– Na hora! Já já tô aí - eu disse, desligando pra ir trocar de roupa. Não era a coisa mais divertida que houvesse pra fazer, mas encontrar com Josh já era praticamente minha rotina. Vesti um short e uma camiseta qualquer, então calcei meu tênis e saí de casa.

O trajeto da casa de Josh já era automático em minha cabeça. Ao chegar lá, nem bati na porta, fui logo entrando de cara.

– Ooolha quem chegou - ele disse, vindo me cumprimentar com um abraço como sempre fazia.

– E aí, o que vamos assistir?

– O Chamado. Espero que você não tenha medo.

– Tá brincado? Eu amo filme de terror.

Nós nos sentamos no sofá e ele deu play no filme. Quase no final do filme, na parte em que a Samara sai da tevê, eu tive uma ideia.

– MEU DEUS, JOSH - gritei, tentando parecer bem aterrorizada.

– O que foi? - ele perguntou, preocupado.

– ALI, JOSH, ALI - eu disse, abraçando-o e apontando pra um lugar qualquer. - JOSH, O QUE É AQUILO?

– AQUILO O QUÊ? - ele já gritava como eu. - AI MEU DEUS, O QUE FOI? O QUE TEM ALI?

Fiquei um tempo em silêncio. - Nada, seu trouxa. - eu disse, olhando pra ele com um sorriso sarcástico. Ele me olhou com a expressão amedrontada, se desfazendo assim que me encarou.

Então ele riu. - Nossa, você é demais, Hay. - eu me dei conta de que pelo fato de estarmos abraçados, nossos rostos estavam muito perto. Só percebi que estávamos tão próximos assim quando comecei a notar sua respiração em meu rosto.

Antes que eu pudesse sequer pensar, meus lábios e o de Josh se encontraram, e ele me deu um selinho. Ok, aquilo era MUITO errado.

Pude sentir que ele ia me beijar, então me afastei antes disso.

– O quê?

– Josh, eu namoro com o Taylor. Isso não é certo.

– Então me diz o que é que é certo. É certo você namorar com uma pessoa, mas só vê-la uma vez por semana, isso quando não ficam mais tempo sem se ver? É certo o fato de que duas pessoas que namoram preferem sair com seus amigos do que se verem? Não, não é certo. Sabe por que? Porque quando você ama uma pessoa, você sente falta dela. Você liga atrás dela, você combina de fazer alguma coisa com ela só pelo pretexto de vê-la. Você fica até doente sem aquela pessoa por muito tempo. Isso sim é amor, Hayley.

Eu fui tomada por completo pela verdade nas palavras dele. Me impressionou bastante que ele soubesse descrever o conceito de amor tão bem como se estivesse passando por aquilo.

Eu olhei pra baixo, pensando em tudo o que havia acontecido em minha vida ultimamente.

– Eu tô confusa.

– Não tem motivo, Hay. Ame quem te ama, quem te faz bem. Ame quem te procura, quem tem vontade de te ver todos os dias. – ele olhava no fundo dos meus olhos.

– Josh, eu não tô bem agora... Preciso ir pra casa. – eu disse, me levantando e saindo de seu apartamento. Ele não falou nada, mas pude sentir seus olhos em mim. Andei o caminho todo de volta, pensando no que havia acontecido na casa de Josh. Aquilo era tão errado e tão certo ao mesmo tempo.

Ao chegar em casa, tudo o que eu queria era me jogar na cama. Mas então ouvi vozes vindo do apartamento de Taylor, e não consegui resistir. Me escorei, com o ouvido pregado na porta. Pelo fato de falarem baixo, só pude ouvir algumas frases cortadas.

“...só pra ver se ela me procurava. Mas ela não dá a mínima.” Parecia a voz de Taylor.

“...não está completamente certo. E se ela fez a mesma coisa?” Agora parecia Jeremy.

Passei um tempo sem conseguir entender alguma frase.

“...do mesmo jeito de antes, mas tenho certeza que ela não.” Taylor.

“...pra vocês conversarem e se entenderem?” Jeremy.

“Acho melhor dar tempo ao tempo.” Dessa vez era Taylor novamente. Essa foi a única frase completa que eu entendi.

Mas que completa idiota eu era. Sem ânimo pra ficar de pé ali, entrei em meu apartamento, passando direto pro quarto sem ao menos tirar os tênis. Me joguei na cama, abraçando o travesseiro.

Comecei a pensar na possibilidade de Josh estar falando dele quando me disse “ame quem te procura”. Pensei na possibilidade de estar tão confusa por estar amando ele agora, e pensei no quanto eu me sentia bem ao lado dele. Mas então pensei em Taylor. Pensei no quão carinhoso ele sempre era comigo, sem ligar pro que iam dizer. Pensei em todas as promessas que tínhamos feito um ao outro.

Bem, ambos me faziam feliz, é verdade. Eu me sentia completa e segura quando eu estava com ambos, também é verdade. Ambos faziam eu me sentir uma pessoa diferente. Eu não conseguia pensar em Taylor sem sentir meu coração batendo forte e minhas mãos suando, e ao mesmo tempo quando pensava em Josh as mesmas reações me ocorriam.

Então eu senti uma lágrima percorrendo meu rosto ao surgir uma dúvida em minha cabeça, uma dúvida que eu mesma não consegui responder.

Seria possível estar completamente apaixonada por duas pessoas ao mesmo tempo?