Plataforma 9 34 escrita por Safira Michaelis Black


Capítulo 5
De volta ao mundo real


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos leitores!
Então, esse é o último capítulo da fic. Espero que vocês gostem.
Boa leitura. ;D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/182232/chapter/5

Não fazia ideia de onde estava, só sei que quando abri os olhos uma luz incrivelmente branca e forte ofuscou meus olhos quando eu tentei abri-los. Eu estiquei meus braços e peguei o travesseiro incrivelmente macio que estava sob a minha cabeça e usei para cobri-la. Quando eu fiz isso senti uma coisa que segurava meu dedo médio.

Lentamente eu tirei o travesseiro de cima da minha cabeça e a luz foi ficando mais fraca, quando meus olhos se acostumaram percebi que estava dentro de um quarto de hospital.

– Finalmente a bela adormecida acordou.

Quando eu olhei para o lado havia uma médica segurando uma prancheta e andando na minha direção, ela tinha cabelos castanhos presos em um coque, usava óculos finos e parecia ter uns trinta e cinco anos, mais ou menos. Atrás dela havia três pessoas: minha mãe, meu pai e minha irmã.

– Então como está se sentindo? – perguntou a médica, que se sentou em uma cadeira que havia do meu lado.

– O que aconteceu? – eu perguntei.

Eu olhei melhor em volta, talvez procurando uma pista. Então percebi que era a única pessoa naquele quarto que tinha três camas, era incrível como um lugar conseguia se “branco demais”, chegava a me dar dor de cabeça. Quando olhei para a minha mão vi que segurava o meu dedo: era um tipo de “grampo” que se ligava á maquina que marcava os batimentos cardíacos.

Depois que eu terminei de revistar o lugar olhei para meus pais e para minha irmã, esperando que alguém me fizesse o favor de responder.

– Quando você pediu para a mamãe tirar aquela foto boba, – disse minha irmã. – você se esqueceu de parar, – essa última parte ela disse com um sorriso maldoso no rosto. – e bateu com essa sua cabeça dura na parede. Milagre a parede não ter rachado.

– Gracinha. – eu disse.

– Quer ver a foto. – ela fez uma cara que dizia que estava se divertindo.

– Quero. – de repente eu fiquei desesperada.

Enquanto ela revirava na bolsa da mamãe eu ficava cada vez mais ansiosa. Minha mente ainda estava bem confusa e eu não conseguia me lembrar exatamente o que acontece, só lembro de estar em King’s Cross e que ia tirar uma foto na plataforma 9 ¾, e depois mais nada. Ainda estava tudo muito confuso.

Assim que ela estendeu a câmera para mim eu a peguei com a mão meio tremula. Quando eu olhei já estava na foto. Eu estava com as mãos no meio carrinho que havia lá e estava na cara que eu perdi o equilíbrio, quando eu olhei para meu rosto percebi que minha testa estava grudada com a parede e meus olhos demonstravam claro espanto. Por um segundo eu pensava que ia ver... O que que eu queria ver?

– Quando chegarmos ao Brasil vou colocar isso na internet. – minha irmã disse.

– Mas não vai mesmo. – disse minha mãe que pegou a câmera das minhas mãos e claramente apagou essa foto.

Minha irmã ficou com cara de “quem comeu e não gostou”, mas eu conheço ela bem o bastante para dizer que ela não iria fazer realmente isso, ela é do tipo “ladra mas não morde”, por isso nem me preocupei.

Apesar de implicarmos muito uma com a outra, nós nos gostamos muito. Coisa de irmãs.

– Eu avisei que era má ideia. – disse meu pai. – Talvez a senhorita me escute da próxima vez.

– E então doutora. Ela pode ir embora? – perguntou minha mãe.

– Bem, – disse a doutora, pegando um raio-x que trazia em um envelope de baixo do braço e colocando ele contra a luz. – parece que não tem fraturas. Os exames estão o.k. – ela começou a folhear a prancheta. – E parece que não vai nascer nenhum galo. Ela ficara sob observação por mais um dia, e se não encontrarmos nada de errado poderá ir embora amanhã bem cedo.

– São boas noticias. – disse minha mãe.

– Mas receio dizer que terão que se retirar logo. O horário de visitas acaba em cinco minutos. – ela para mim e depois para meus pais. – Vou deixar vocês sozinhos enquanto isso. – e ela se dirigiu até a porta. – Qualquer coisa é só me chamar, estarei no final do corredor.

Assim que ela saiu minha mãe se sentou onde a médica estava antes e meu pai e minha irmã ficaram de pé.

– Eu fiquei desacordada por muito tempo?

– Por dois dias. – disse minha mãe.

– Mas a pancada realmente foi feia pelo que lembro. – disse meu pai. – É um milagre não ter acontecido nada de muito grave.

Isso que ele disse ficou martelando na minha cabeça: pelo que lembro.

E o pior era que eu não conseguia me lembrar de nada. Quando mais eu tentava mais minha cabeça começava a doer.

– Está tudo bem querida? – perguntou minha mãe quando eu levei minhas mãos até as têmporas.

– Minha cabeça está doendo muito.

– Não é pra menos. – disse minha irmã.

– Boba.

– Parem vocês duas. – minha mãe nos repreendeu. – Daqui a pouco teremos que ir, quando a médica chegar é só falar com ela que ela lhe dará um remédio para dor de cabeça.

– Tudo bem.

Mal terminei de falar e ouvi uma batida na porta que ainda estava aberta.

– Desculpe interromper. – era a médica.

Quando todos olharam para ela deu uma batidinha em seu relógio de pulso indicando que o tempo acabou.

– Ah! – exclamou minha mãe. – É claro. Desculpe por demorarmos. – educada como sempre.

– Tudo bem, afinal ela acabou de acordar, é completamente natural que queiram falar com ela. Mas sinto muito. Regras são regras.

Por um segundo eu pensei que ia lembrar alguma coisa. Era como se uma luz de compreensão estivesse brotando na minha cabeça, mas um manto escuro a cobria e a impedia de se expandir.

– Até mais querida. – disse minha mãe, dando um beijo na minha testa.

– Tchau filha. – disse meu pai.

– Até mais cabeçuda. – nem preciso falar que disse isso.

– Precisa de alguma coisa? – perguntou a médica.

– Acho... acho que não. – se você puder me ajudar a lembrar do que estou esquecendo eu agradeceria muito, pensei.

– Caso precise é só apertar esse botão bem aqui. – ela pegou um pequeno controle que havia na mesinha ao lado da minha cama e apontou para o botão vermelho. – Uma enfermeira virá o mais rápido possível.

– Obrigada.

E então ela foi embora.

Quando olhei com mais atenção percebi que perto desse controle que ela me mostrou estava a minha bolsa, então eu a peguei e procurei o meu celular dentro. Quando eu o achei comecei a procurar algum jogo legal para me distrair.

Foi ai que percebi uma coisa.

Não sei por que, mas eu estava indo até a galeria de fotos. No meu celular, quando vou olhar as fotos, a primeira que aparece é a última que eu tirei. Minha mão estava tremendo por algum motivo que eu desconhecia, e também estava suando, e esse aparelho irritante que não parava de fazer “Pip... pip... pip” deixou bem claro que meu coração tinha ficado ligeiramente mais rápido.

E quando eu finalmente cheguei na galeria de fotos ele acelerou ainda mais.

As três primeiras fotos eram de uma paisagem rural que eu jurava nunca ter visto na vida, mas que eram estranhamente familiares. Conforme eu ia vendo fotos mais antigas minha cabeça doía cada vez mais. Até que eu cheguei a uma foto que fez meu coração falhar.

Nela havia uma menina de cabelo castanho avermelhado e com algumas sardas, o fundo da foto parecia o interior de uma cabine de trem, quando eu era mais nova já havia viajado em alguns e deve ser por isso que eu sei, e ela estava com uma caixa muito engraçada nas mãos, quando eu dei zum vi que estava escrito “feijõezinhos de todos os sabores”.

Nessa ora aquela aquele manto escuro que me impedia de lembrar o que eu queria foi completamente destruído pela “luz de compreensão”, não acredito que eu realmente pensei nisso, que esquisito.

– Roxanne. – eu disse num sussurro.

Então eu olhei as três fotos seguintes e as imagens eram todas dentro da mesma cabine de trem. Quando eu ia olhar as outras fotos... parei no mesmo instante. Eu finalmente consegui lembrar. Eu realmente fui para Hogwarts, eu conheci Molly, Lucy e Roxanne Weasley, eu vi Rúbeo Hagrid e a professora Minerva McGonagall. Os detalhes ainda estavam confusos, mas eu lembro que Minerva apagou as minhas memórias. E foi por um único motivo.

– Trouxas não podem saber da existência da magia. – eu falei para mim mesma.

E com um peso enorme no coração e com uma lágrima escorrendo do meu olho, voltei para a primeira foto que apareceu e, uma a uma, eu fui apagando elas. Nem tive vontade de olhar, porque senão meu coração ia começar a doer também.

E fui contando, 5... 6... 7... 8... 9...

Quando eu cheguei na décima quarta foto finalmente olhei para ver se tinha apagado todas. E foi o pior erro que cometi.

Havia mais uma foto.

E essa com toda a certeza seria a mais difícil de apagar, nessa foto estavam eu, Molly e Lucy com os rostos juntos e sorrindo.

– Vocês realmente foram e sempre serão boas amigas. – eu disse, sussurrando novamente.

Eu devo ter ficado admirando aquela foto por cinco minutos. A única coisa que me impediu de manter aquela foto no celular era o fato de que qualquer um poderia ver se pegasse ele. Se fosse meus pais ou minha irmã iam perguntar quem eram elas, e eu teria que mentir. Mas a última viagem de trem que eu fiz eu tinha doze anos, e eles estavam comigo.

Eu realmente não tinha escolha.

Eu dei uma última olhada na foto, e com muita dificuldade eu apertei o botão “apagar”. Quando eu verifiquei se finalmente acabou percebi que eu tinha esquecido um detalhe, quer dizer, eu já apaguei varias fotos de uma vez do meu celular antes, que meus movimentos eram quase naturais, mas meu cérebro se esqueceu de que esse celular fazia uma pergunta que era muito útil, mas que agora realmente me irritava.

“Tem certeza de que deseja apagar essa foto?”

Nem tenho como descrever o quanto o botão “Não” parecia tentador. Eu estava quase apertando ele quando meu cérebro falou mais alto, e dessa vez eu escutei, e apertei o botão “Sim”.

Assim que eu fiz isso eu coloquei meu celular de volta na bolsa e deitei de lado. Não estava com um pingo de sono. Novamente eu pude sentir uma lágrima descendo pelo meu rosto.

Esse dia foi longo para nós duas, disse a voz na minha cabeça, eu vou descansar e acho melhor você fazer o mesmo.

Dessa vez eu não a mandei calar a boca, ela tinha razão. E com mais algumas lágrimas escorrendo eu fechei os olhos e minutos depois cai no sono, então tudo ficou preto e, novamente, eu estava em Hogwarts. Só que era coisa da minha cabeça, dessa vez era certeza. Então eu ouvi uma voz ao fundo, enquanto corria na direção de Molly, Lucy e Roxanne, e era uma voz que parecia que ficou gasta com o passar do tempo, mas que transbordava de sabedoria, e mesmo nunca a tendo ouvido antes eu tinha certeza, era a voz de Dumbledore.

“É claro que é coisa da sua cabeça. Mas só porque esta na sua cabeça não significa que não seja real”.



Uma enfermeira caminhava pelo corredor e decidiu entrar no quarto onde Jennifer dormia tranquila. Ela pegou um pequeno controle e começou a ajustar a posição da cama de forma que ficasse confortável. Foi até a janela e fechou as cortinas.

Quando se aproximou da menina adormecida ouviu palavras saírem de seus lábios.

– Era real.

Tendo certeza de que se tratava de um sonho a enfermeira se retirou dos aposentos, sem realmente compreender o significado do que acabara de ouvir.



~~ Fim ~~



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bem, é isso.
Desculpe se essa fic é pequena, tenho certeza de que vocês esperavam uma coisa maior. Mas inicialmente eu tinha pensado em uma One Shot, só que as ideias foram acumulando e deu no que deu. Mas espero sinceramente que vocês tenham gostado do mesmo jeito.
Agradeço a todos que leram essa fic, e espero nos encontrarmos em outras que já foram feitas ou ainda estão por vir.
Até a próxima.