Plataforma 9 34 escrita por Safira Michaelis Black


Capítulo 4
Na sala da diretora




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Tenho certeza de que meu rosto estava vermelho, durante dois longos minutos o silencio reinou naquela sala. Eu não fazia a menor ideia do que dizer. E continuar com a mentira estava fora de questão, era obvio que a professora McGonagall já devia saber de tudo, ou pelo menos que eu era uma clandestina.

Ninguém mandou insistir na mentira, disse a voz na minha cabeça, e novamente eu a mandei calar a boca.

- E então? – disse a professora McGonagall, e eu ainda olhava para as minhas mãos que estavam sobre meus joelhos. – Estou esperando.

- Acho que a senhora já sabe, não é?

- Sim.

- Desculpa. – eu estava realmente desesperada. – Eu não queria mentir, eu juro. Se eu fiz uma coisa errada eu aceito qualquer punição. Mas... será que não teria como eu ficar?

Novamente, mais silencio.

- Receio que não.

- O que? – finalmente eu olhei para Minerva. – Mas... eu passei pela barreira. Isso não significa que eu seja...

- Lamento, mas a senhorita não é uma bruxa.

Eu tinha certeza disso, mas mesmo assim doeu ouvir.

- Lamento senhorita. Mas terei que apagar a sua memória.

- Espera. – meu desespero aumentava cada vez mais. – Eu compreendo que terei que ir embora, mas por que minhas memórias tem que ser alteradas?

- São as regras. Nenhum trouxa pode saber que a magia existe, e isso se aplica a senhorita.

- Posso só pedir uma coisa antes? Se não for muito abuso.

- O que?

- Posso falar com Molly, Lucy e Roxanne? Eu quero me desculpar com elas, e acho que seria melhor se elas ouvissem de mim, ao invés de por meio de terceiros.

- Eu realmente não devia fazer isso.

Por um segundo parecia que eu tinha visto um olhar de pena nos olhos de Minerva.

- Mas... está bem. Você terá que me esperar aqui enquanto eu as chamo. E enquanto isso é melhor você se trocar.

Com um aceno da varinha uma cortina de veludo vermelho, que mais parecia um provador de lojas de roupa, apareceu em um canto da sala. Eu peguei minha sacola de roupas e me dirigi a ele. Enquanto eu me despia ouvi a porta sendo fechada. Um minuto depois eu voltei a me sentar na cadeira que ficava de frente para a da diretora. Era estranho estar usando minhas roupas trouxas novamente, mesmo só tendo se passado algumas horas, por um segundo eu senti que realmente poderia pertencer aquele lugar, mas só estava me enganando.

De repente a porta estava sendo aberta, e quando olhei vi que Minerva estava sendo seguida por três meninas que pareciam mal humoradas.

- Oi gente. – eu disse, com certa dificuldade.

- Por que você mentiu? – Molly parecia a mais furiosa das três.

- Bem... é que...

- Você achou que ia conseguir mentir para sempre? – Roxanne parecia mais triste do que brava.

- Não é que... – eu não fazia ideia do que dizer.

- Então pra que tudo isso? – perguntou Lucy.

- Vocês não intendem.

- Não intendemos o que? – as três falaram ao mesmo tempo.

- Vocês nasceram nesse mundo. Vocês sabiam que um dia suas cartas de Hogwarts chegariam, vocês tinham certeza de que eram bruxas. Não tiveram que enfrentar a decepção não as receber. – eu estava falando cada vez mais rápido. – Eu realmente não queria mentir, mas essa era a única chance que eu ia ter na vida de ver Hogwarts de perto. Vocês não imaginam o quanto eu fiquei feliz de ter a certeza de que tudo isso era real. Quando eu atravessei a passagem eu pensava que foi por simples descuido, mas agora eu vejo que no fundo eu realmente queria tentar atravessa-la. – agora eu não conseguia mais parar. – E quando eu encontrei vocês eu fiquei mais feliz ainda. Não por vocês serem parentes de Harry Potter e Rony Weasley, no começo foi isso sim, mas porque eu vi o quanto vocês eram legais e divertidas. Vocês são boas amigas.

- Então você realmente nos considera suas amigas? – perguntou Lucy.

- É claro que sim. – quando minha visão começou a ficar embaçada eu percebi que estava chorando. – Eu juro que não queria ter mentido. Se vocês estão bravas comigo não é sem motivo, eu entendo perfeitamente. Mas... Será que não teria como vocês me perdoarem?

Eu abaixei o meu rosto e enjuguei as lágrimas que insistiam em cair. Elas ficaram quietas por um tempo, pensei que de fato elas não iriam me perdoar.

- Eu te perdoo. – disse Lucy.

- Eu também. – disse Roxanne.

Quando eu olhei para cima as duas estavam sorrindo. Então eu olhei para Molly.

- Fazer o que. – primeiro eu pensei que ela só disse isso para ficar do lado da irmã, mas quando ela sorriu vi que de fato ela também tinha me perdoado.

- Pessoal. – eu estava tão feliz que corri para abraça-las.

O abraço foi longo e bem reconfortante, eu me sentia completamente segura perto dessas meninas que eu acabara de conhecer. Quando o abraço acabou eu me virei para Minerva.

- Agora estou pronta professora McGonagall.

- Pronta? – disse Lucy. – Pronta pra que?

Eu me virei para elas, novamente sem graça. Parece que a Minerva deixou todas as partes ruins para eu explicar.

- Para ter minha memória apagada.

- Como assim!? – gritou Molly. – Professora, eu acho que isso não é necessário. Eu tenho certeza de que a Jennifer não vai contar nada a ninguém e...

- Senhorita Weasley, por favor. O seu pai trabalha no Ministério e a senhorita é monitora. A senhorita, mais do que qualquer aluno dessa escola sabe que nenhum trouxa pode saber sobre a existência da magia. Sem exceções.

- Está tudo bem pessoal.

- Mas eu ainda não entendo uma coisa. – disse Roxanne. – Só bruxos podem passar pela plataforma, certo? Então isso não quer dizer que a Jennifer...?

- Infelizmente, - disse Minerva. – outros trouxas já passaram pela barreira antes.

- Mas isso é impossível. – disse Molly.

- Não completamente. – disse Minerva, se levantando de seu lugar e indo a nossa direção. – Vejam bem, depois que madame Rowling recebeu permissão para publicar as histórias de Harry Potter, muitas pessoas, em geral jovens, acreditaram que as histórias eram reais, e não uma simples invenção dela. Depois da publicação do segundo livro, houve muitas ocorrências de pessoas que realmente tentaram passar pela plataforma, e um número extremamente pequeno teve êxito.

- Mas como? – eu perguntei.

- Ainda não sabemos ao certo. Mas eu acho que é pela grande fé que eles têm nas histórias. Eles não têm sangue bruxo, mas em minha opinião, eles têm um coração de bruxo.

- Mas eu conheço muitas pessoas que acreditam nas histórias. Então não devia ser mais frequente o número de pessoas que passam pela barreira?

- Bem sim. Mas quando a situação começou a ficar mais critica o feitiço que protege a barreira foi reforçado. Para ser sincera, você é a primeira trouxa em cinco anos que conseguiu passar pela barreira. Você realmente deve ter uma fé muito grande nas histórias.

- Eu acho que tenho. – eu não pude evitar dar um sorriso de satisfação. - Mas e os meus pais? Eu estou desaparecida há horas. Eles já não devem ter chamado a policia ou algo assim?

- Os Obliviadores já cuidaram disso. Eles não vão se lembrar de que você passou pela passagem, as memorias deles foram alteradas.

Menos mal. Pelo menos vai ter que me poupar o trabalho de explicar onde estava, que eu, sinceramente, não ia lembrar.

- Mesmo assim ela ainda vai ter as memorias apagadas? – perguntou Lucy.

- Regras são regras.

- Tudo bem meninas. Não é pelo fato de que eu esquecer que realmente estive em Hogwarts, que eu vou deixar de acreditar nela e na magia. A proposito, - eu tinha uma última pergunta. – Fred e Tiago entraram para a Grifinória?

- Sim. – disse Roxanne. – E a Victoire e a Dominique são da Corvinal.

- Uma última dúvida. – eu me virei para Minerva. – Pelo que eu sei das histórias, Victoire entrou em Hogwarts nesse ano. Então por que ela aparenta ter treze, quatorze anos? E como J.K. Rowling sabia o que iria acontece no futuro?

- Conhece Sibila Trelawney?

- Sim. Ela é a professora de Adivinhação.

- Ela e madame Rowling são amigas. E no final dos anos 80’, ela teve outro daqueles ataques de clarividência e acabou revelando partes do futuro do senhor Potter. Depois disso ela procurou Dumbledore e ela contou a ela sobre o que o futuro guardava para o senhor Potter. Ele a manteve informada sobre tudo que se passava em Hogwarts e ela começou a escrever os livros, somente por volta de 94 que o Ministério lhe deu permissão para publica-los.

- Mas as datas não estão batendo.

- É claro que ela teve que mudar algumas coisas. Não seria muito sensato colocar as datas exatas sobre fatos que ainda não aconteceram.

Demorou um pouco para eu digerir tudo isso.

- Não temos mais tempo para conversar. Esta na hora.

- Tudo bem.

Nós voltamos para a mesa onde eu sentei novamente na cadeira em frente a da diretora, mas ela permaneceu em pé e pegou a varinha. Eu senti uma mão no meu ombro e vi que as meninas estavam todas perto de mim. Eu já estava com saudades delas. Voltei minha atenção para Minerva e fechei meus olhos.

- Obliviate.

De repente eu senti um turbilhão dos últimos acontecimentos rodando na minha cabeça. Elas começaram a ficar meio turvas e embaçadas, parecia que eu estava vendo uma das pinturas de Picasso, só que com uma bela dose de dor de cabeça.

Então tudo ficou completamente preto.



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Notas finais do capítulo

Oi pessoal. Então, essa era a minha ideia original. Quando vocês disseram que esperavam que ela fosse uma bruxa eu pensei em mudar, mas ai eu percebi que eu não tinha uma base para essa história e se eu forçasse uma ideia provavelmente ia ficar ruim. Mas espero que tenham gostado mesmo assim.
Ainda mereço reviews?