Já haviam passados alguns dias, depois da vitória da grifinória, e depois do incidente com Malfoy. Eu vinha evitando-o. Talvez porque eu não soubesse o que lhe dizer. Não podia ajudá-lo. Mas sua família, por pior que fosse, corria perigo. Hogwarts também.

Eu voltava mais tarde à meu dormitório aquela noite. Tive uma longa conversa com a professora Sprout, e corria pelos corredores, afinal já passara do toque de recolher.

Congelei. Snape vinha virando à esquerda, seguindo para o corredor onde eu estava. Então lembrei onde eu estava. No corredor do 7º andar, em frente à sala precisa.

“Preciso de um lugar para me esconder. Preciso de um lugar para me esconder. Preciso de um lugar pra me esconder.” Repeti três vezes. Já escutava os barulhos dos passos de Snape, quando a porta se materializou e eu entrei na sala.

A sala estava escura. Não conseguia enxergar nada.

–Lumus!

Vi alguém ao fundo da sala ao lado de um armário negro, com entalhes na madeira. Não precisava ver direito quem era.

Apaguei imediatamente a varinha, e me escondi, por trás de outro armário.

–Não adianta Granger, eu já te vi. – Malfoy disse.

A sala se clareou. Olhei em volta, vi vários armários velhos, livros proibidos, e até mesmo produtos das gemialidades Weasley. Malfoy andava em minha direção. Agarrei a fechadura da porta e tentei abri-la, mas parecia emperrada.

– Alohomora!

– vejo que não gosta de minha companhia – Malfoy disse. –não é Granger?

–Draco, eu não posso... Eu... – não soube como continuar, então fiz a coisa mais estúpida que já fiz em toda a minha vida.

Eu desmaiei.

Pois sim, pode parecer estranho, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça, fingir que eu desmaiei. Meu plano era acordar depois fingindo que não sabia de nada, que não havia escutado nada, que não tinha visto nada. Na hora me pareceu a coisa mais esperta a fazer.

–Hermione! – escutei Malfoy gritar quando caí. Por sinal eu tinha fingido bem.

Depois de alguns segundos, a luz que vinha do centro da sala escureceu um pouco, e pude notar que havia alguém à minha frente. Alguém mais alto que Malfoy. Droga! Ele havia chamado algum professor. Não tinha pensado nisso.

–Afaste-se idiota! – ouvi a voz de Snape. Porque tudo dá errado pra mim? Droga! – o que fez com ela? Como ela entrou aqui? Ela viu... algo? – Congelei. Então Snape se juntara a Malfoy afinal, Harry sempre teve razão. Senti o olhar do professor recair sobre mim.

–É claro que não! Essa idiota entrou aqui e eu quase a acertei com um estupefaça, e ela desmaiou. - ouvi Draco.

–Bem, não será necessário levá-la à enfermaria. Ela está acordada. – Snape disse, e me deu um chute forte no joelho. Não consegui reprimir um gemido de dor.

Me levantei cambaleando, com a varinha em mãos. Snape apontava a dele em minha direção.

E então Malfoy fez algo que eu nunca imaginei que ele faria. Ele se colocou entre mim e Snape, com a varinha em mãos. Snape o encarava, mas não como sempre fazia. Havia um fraco medo em seu olhar.

–Saia do caminho Draco. – Snape gritou.

–Ela não sabe de nada, não viu nada. Não precisa matá-la. Dumbledore desconfiará. – Malfoy disse. –Granger vá embora.
Quase que imediatamente me encontrei correndo porta afora, em direção à sala comunal da grifinória, tentando esquecer tudo que passara.