Capítulo 3.

Violet desceu as escadas de sua casa e caminhou rápido em direção a cozinha, estava faminta. Encontrou Moira, - empregada da casa- tirando um bolo de chocolate do forno. Violet ficou com água na boca.

– Bom dia meu amor. - Vivien veio em sua direção dando um beijo terno em sua testa. – Dormiu bem em sua nova cama? - Violet assentiu. – ahaam, estava tão cansada que apaguei sem nem sentir nada. - Confessou.

– Moira, me dá um pedaço bem grande desse bolo de chocolate? Estou morrendo de fome. -Vivien riu da fome incomum de sua filha.

– Mas é claro senhorita Violet, é pra já. - Moira tirou o bolo da forma e cortou um pedaço para Violet, pegou um pouco de coca também -que adolescentes sempre gostavam- e colocou na bancada em frente a menina. – Pronto. - Sorriu.

Violet estava começando a gostar do fato de ter uma empregada para cozinhar coisas gostosas a hora que ela quisesse. Sorriu e começou a comer. Ouviu barulho de passos na escada e viu seu pai Ben descendo os degraus todo arrumado. Ficou curiosa para saber o motivo de tudo isso.

– Querida, você podia me ajudar a arrumar a gola dessa camisa?- Ben levantou o pescoço para Vivien que sorriu com seu marido todo enrolado para se arrumar, que por sinal, estava lindo todo engomado. Arrumou a gola de sua camisa e lhe deu um selinho nos lábios.

– Onde meu marido vai todo arrumado? - Riu.

–É pai, o senhor tá um arraso vestido desse jeito, vai aonde? - Violet perguntou enquanto mastigava o bolo. – Não vou a lugar nenhum Vi, é que hoje começam minhas novas consultas, e o dia está cheio de novos pacientes, não posso fazer feio.- Ben disse enquanto pegava o garfo da mão de Violet e lhe roubava um pedaço de seu bolo. Moira observava a cena em família e ria de toda essa diversão deles.

– E posso saber quem será seu primeiro paciente? - Violet perguntou.

– eu. - Ouviu uma voz já conhecida atrás de si. Se virou e deu de cara com Tate encostado no batente da porta lhe dando um sorriso. Ela sorriu surpresa.

– Oi Tate, nós já podemos subir para o meu consultório. - Ben o cumprimentou. – Com licença queridas. - Ben deu espaço para Tate passar e subiu logo depois dele em direção ao consultório. Violet ficou surpresa em saber que o menino aparentemente normal de seu colégio, não era tão “normal’ assim, e ela gostou disso.

[...]

Tate se despediu de Ben quando sua sessão terminou e viu uma porta entreaberta no corredor enquanto caminhava, sua curiosidade falou mais alto e ele olhou por entre a porta, se deparou com uma cena um tanto quanto diferente do que ele achava sobre a menina de cabelos loiros, ela se cortava.

– Você está fazendo errado. – Violet deu um pulo de susto quando ouviu a voz de Tate se sobressair no silencio da casa.- Você deve cortar verticalmente, se está tentando se matar. Assim eles não conseguem costurar.

– O que você está fazendo aqui?? - Violet falou indignada, que garoto intrometido, pensou.

– Uma dica, se você está tentando se matar, você devia tentar trancar a porta. - Tate disse puxando a maçaneta fechando a porta. Violet se virou de volta pro espelho e encarou seu reflexo por alguns segundos. Voltou-se para a porta do banheiro e a abriu saindo de lá, Tate caminhava em direção as escadas indo embora. Violet teve a súbita vontade de conhecer mais o garoto com cara de anjo que tinha problemas psquiátricos.

– Hey! Tate! - Chamou. Tate parou de andar no segundo degrau e se virou. – Sim?- Ficou surpreso pela menina não ter ficado brava com seu conselho. Estranho.

– Você não gostaria de me ensinar mais táticas de suicídio? Você parece entender bem do assunto. - Tate sorriu com seu pedido e começou a fazer seu percurso de volta pelas escadas. Violet temia que ele a achasse uma louca e apenas a ignorasse e fosse embora para sua casa, mas para sua surpresa ele aceitou o convite e os dois caminharam juntos para o seu quarto.

[...]

– Tá vendo esse aqui? -Tate apontava para a marca de uma linha fina em seu pulso, um dos vários cortes que ele fez.- Eu fiz quando meu pai me deixou, eu tinha 10 anos, eu acho. - Fez uma cara pensativa.

– Esse aqui. – Violet apontava para uma marca igual em seu pulso. - Fiz na semana passada, primeiro dia no meu novo colégio, foi uma droga. - Confessou.

– Eu sei, você estuda no mesmo colégio que eu. Westfield huh? Odeio aquele lugar. - Tate rolou os olhos. – Só tem as mesmas pessoas de sempre, os mesmas coisas de sempre. - Violet assentiu, Tate era tão parecido com ela, que ela mal podia acreditar que ele realmente existisse.

– Se bem que de uns tempos pra cá, as pessoas que frequentam lá melhoraram e muito. - Tate e Violet se entreolharam, mas o contato visual dos dois foi interrompido por Vivian que batia na porta.

– Violet? - Chamou.

– Oi, mãe. - Violet praguejava mentalmente por sua mãe interromper seu momento com Tate.

– Venha jantar querida, e ah, Tate? Acho melhor você ir embora, sua mãe me ligou e pediu para chama-lo. Violet e Tate se olharam. – Ok Sra. Harmon. - Tate se virou para Violet. – Até mais Violet. - Saiu pelo corredor saindo de sua visão. Vivien olhou para sua filha e sorriu.

– Parece que tem um clima de romance aqui ou é impressão minha?- Riu quando Violet ganhou um tom avermelhado a suas bochechas. – Rá! Eu sabia. Minha filhinha está crescendo, awnn.- Violet rolou os olhos e tacou uma almofada de sua cama bem no rosto de sua mãe. – Cala boca mãe, eu acabei de conhecer o garoto e você já está inventando coisas. - Bufou.

– Ahaam filha. - Vivien ainda ria de Violet, ela achava tão fofo romances adolescentes. – De qualquer forma, venha jantar, seu pai está morrendo de fome e não vai ficar nada feliz se nós demorarmos muito. - Passou o braço pelos ombros de Violet enquanto desciam em direção a sala de jantar, em mais um momento familiar em seu mais novo lar.

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