A Vilã Morre No Final . escrita por Liz03


Capítulo 10
10) Faça um esboço de como você quer que fique




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Abri os olhos, fechei, a claridade doía, quem ligou tantas luzes? Tentei mais uma vez. Mas onde eu estava?

- Tomás? -Era voz da minha mãe? - Filho, como você se sente?

Virei a cabeça aos poucos, uma dor fina atingiu meu pescoço, a imagem estava embaçada, mas era a minha mãe mesmo. Espremi os olhos para enxergar melhor.

- Mãe...- Eu queria dizer qualquer coisa mas não sabia o que mesmo tendo muito a falar - O que...?

- Calma, meu anjo, você e a Luiza foram assaltados...

- Luiza? - Tentei me levantar de vez, opção errada, minhas costas gritaram de um jeito que até minha cabeça latejou

-...Ela está bem , não se preocupe- Ela me fez deitar, passou a mão no meu cabelo e ficou assim por um bom tempo - Aqueles marginais...- Ela hesitou por um momento e continuou alisando meu cabelo - Machucaram você por ter defendido a moça - Beijou minha testa - Ah!A Sofia ficou tão preocupada,tadinha...

- Sofia! Cadê ela? - Me mexi bruscamente mais uma vez, escolha errada

- Calma, calma - Acariciou meu rosto - Ela está na escola e vai ficar muito feliz em saber que você acordou

De repente o sono me atingiu, simplesmente sem defesa, eu ainda tentei argumentar: Só mais cinco minutinhos...Nada disso, fim de papo. Quando acordei alguém estava tocando cada um dos dedos de uma das minhas mãos, pela musiquinha que acompanhava eu deduzi que a cantora era uma baixinha de 06 anos com olhinhos de gato.

- Bom dia- Eu disse ainda de olhos fechados

- Tomás! – Ela me abraçou.

O médico me liberou uma semana depois, voltei para casa e segui a recomendação de ficar em repouso. A Luiza veio logo me visitar, até faltou o emprego.

- Oi – Ela disse depois de bater na porta e abrir um pouquinho, espiando por uma fenda – Posso entrar?

- Entra- Me ajeitei na cama – E aí? Como você está?

- Eu estou bem – Ela sentou na beirada da cama – Graças a você

- A mim? – Eu ia dizer que não foi nada, mas me lembrei que eu não fazia idéia do que tinha acontecido, eu só me lembrava de ter apanhado e depois disso a cena pulava para o hospital- Ei...O que aconteceu depois que eu apaguei?

- Ah...- Ela se ajeitou mais uma vez, Luiza não parecia nada a vontade, na verdade pairava uma incerteza – O médico aconselhou a gente a não falar disso enquanto você estava no hospital, para você não ficar meio nervoso nem nada...Mas depois que você desmaiou uma mulher chegou e atirou em um dos assaltantes e eles foram embora – Ela me encarou por alguns segundos para checar se eu não queria dizer algo, ou se eu não estava tendo um treco, não estava, logo ela prosseguiu – Ela ajudou a colocar você no carro dela e fomos para o hospital, aliás ela foi em alta velocidade, e quando o médico disse que você ia ficar bem ela simplesmente foi embora, nem consegui agradecer ou perguntar o nome dela

Ponderei as informações por um tempo, olhei para minhas mãos.

- Como ela era? – Foi a única coisa que eu consegui perguntar

- Ela era um pouco mais alta que eu, cabelo castanho... – Ela pensou um pouco – Ah! Tinha olhos bem verdes, mas eu não olhei muito porque ela parecia muito irritada...

Alguém disse olhos verdes? Aí já é demais...

- Você falou que ela dirigiu – Agora eu estava mais agitado – Qual era o carro?

- Ah, sei lá Tomás, não reparei nisso

- OK... – Balancei as mãos impaciente – E a cor, você lembra?

- Parece que era amarelo ...mas nem sei bem de tão nervosa que eu tava e também...

- Amarelo?! -  Eu nem deixei ela terminar a frase

- É acho que era isso, por  que ?

- Você disse olhos verdes, não é? – Nem deu tempo que ela respondesse – E ela atirou, não foi?

- Foi, foi, por que todas essas perguntas?

- Sabe dizer se ela é aquela que dançou comigo no bar do Bili?

- Hum...- Ela murmurou alguma coisa que eu não ouvi  - Podia até ser – Mais alguns murmúrios – Mas nem dá pra ter certeza,ai também pra que tudo isso Tomás? O que tem essa mulher?

- Ela é a Capitã Cortez! – Eu disse isso mais para mim do que para Luiza, afinal ela não fazia idéia do que esse nome representava

Depois ela tentou conversar comigo, saber como eu estava e etc, quem disse que eu conseguia parar de imaginar a cena: Emiliane Cortez atirando , me colocando no carro, saindo do hospital. Era improvável, mas real.

Eu já estava fisicamente recuperado, embora ainda precisasse ir de vez em quando fazer radiografias da cabeça e de algumas vértebras, só prevenção. Mas eu não conseguia esquecer uns certos olhos verdes me espionando, na verdade, tive pesadelos com isso.

Os dias escorreram pelas semanas que diluíram meu resto de férias. Era o dia de voltar para o batalhão. Vesti uma camisa amarela e uma calça jeans , juntamente com um all star surrado, arrumei minha mochila.Sinceramente ? Eu andava distraído demais nos últimos dias, alarmado você sabe o  porquê. Peguei um ônibus, desci no terminal e peguei outro ônibus. Andei um pouco até o meu destino. Entrei no batalhão, cumprimentei meus conhecidos e colegas, dos 4 colegas de quarto 2 desistiram (sempre muitos desistiam).

- E aí Toloi? – Entrei no quarto cumprimentando-o

- Tomás! – Ele levantou do beliche e apertou minha mão, seguido de um abraço e tapinhas nas costas – Como está?

- Bem – Eu pensei em dizer tudo que aconteceu, mas a verdade é que nem eu podia relatar, com certeza, o que havia ocorrido nessas férias.

Eu e meu amigo japa ficamos conversando por um bom tempo, eu evitei ter que falar muito das minhas férias, e tentei explicar os machucados no rosto com um resposta verdadeira mas incompleta: Assalto.Eu estava com uma mistura explosiva dentro de mim, ansioso e temeroso, nervoso e assustado, eu queria ver a Capitã Cortez, agradecer – me certificar de que era ela mesmo- e ao mesmo tempo eu não queria vê-la nunca mais.

Mas o fato de duas semanas inteiras terem se passado e a Capitã não ter aparecido aguçou minha curiosidade, os outros calouros falavam de doença, alguns de dias a mais de folga,enfim, o fato  é que ela não apareceu e o Sargento Teixeira coordenou o treinamento sozinho, nitidamente emburrado.

Era um dia muito quente, aqueles que o mormaço faz você passar mal, nós estávamos fazendo um circuito com obstáculos. Eu estava correndo quando vi alguém se aproximar a passos firmes e rápidos do Sargento. Não pude evitar, confesso: Não foi movimento pensando, foi instintivo, eu apenas parei bruscamente. Fincado na terra e olhando para a pessoa que agora discutia com o Sargento Teixeira, eles ainda estavam conversando quando ela levantou o olhar e , inevitavelmente, percebeu meus olhos indiscretos ( e inapropriados).

- O que a mocinha pensa que está olhando? – Foi o Sargento que gritou.

Eu tentei balbuciar alguma coisa, não conseguindo, voltei a correr. Ela, imediatamente, foi embora.


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Notas finais do capítulo

Oi, os comentários que eu tenho são poucos mas são de uma gentileza ímpar.
Agora, você. Que lê. Toda.Essa.Desgraça. E não se dignifica. A dizer nem "oi sua besta, até que não está tão ruim....". Caaara, eu vou dizer o que vai lhe acontecer, seus dedos vão cair e você não vai conseguir clicar mais em fic nenhuma e me diga como. Como?. Você limpará o seu nariz?
Comenta fi da peste aushauhs , sério comenta aí, nem dói...eu juro....5 segundos da sua vida que vai me deixar mega feliz...