Sábado de manhã, eu havia saído do hospital no dia anterior, minha cabeça latejava um pouco por causa dos remédios. Eu estava sozinha em casa, quando o interfone tocou, corri para atender.

– Pronto – falei, colocando o interfone no ouvido.

– Senhorita Leticia? - perguntou o porteiro.

– Não, aqui é a Layla – corrigi.

– Ah, desculpe incomodar, mas é que tem um homem aqui que quer falar com sua prima – ele informou.

Estranho, nós não conhecíamos ninguém aqui.

– Qual o nome? - perguntei.

– Gerard Way – ele respondeu, após falar com alguém.

Quase deixei o interfone cair, era ele! Gerard! Exitei um pouco, estava com medo de ter outro desmaio quando o visse, mas finalmente respondi:

– Okay, pode mandar subir – respondi e desliguei o interfone.

Fui para a sala para esperar a campainha tocar, só então percebi que estava de pijama ainda. Corri para o quarto, mas quando abri meu guarda roupas a campainha tocou.

– Droga! – xinguei.

Fechei o guarda roupas e corri novamente para a sala, parei diante da porta e respirei fundo, olhei pelo olho mágico. Ele estava lá.

Ele usava uma calça jeans preta, uma camiseta azul escuro, uma jaqueta jeans escura e um coturno também preto. Ele era realmente lindo, e eu aqui, desse jeito, com um pijama de flanela xadrez, meias soquete branca e cabelo arrepiado.

Respirei novamente e então abri a porta lentamente. Nossos olhos se encontraram, ficamos alguns instantes nos encarando, feito dois idiotas, voltamos ao mundo real ao mesmo tempo, ele deu um leve sorriso.

– Olá – ele falou, sua voz era magnífica, parecia-me familiar, mas não me lembrava de onde a havia ouvido.

– Oi – respondi, sorrindo timidamente.

– Prazer, - ele disse estendendo a mão para mim – sou Gerard.

– Olá, Gerard! – sorri, pegando sua mão. – Meu nome é Layla.

Ele apenas sorriu, porque provavelmente já sabia meu nome, do mesmo modo que eu já sabia o seu.

– Pode entrar, Leticia vai chegar logo – sorri.

Ele entrou e eu fechei a porta, gesticulei para que ele sentasse no sofá, ele o fez. Ficamos em um silêncio torturante por alguns instantes, resolvi puxar assunto, mas ele foi mais rápido.

– Como está? - ele perguntou.

– Ah, estou bem agora, obrigada por perguntar – sorri. – E obrigada pela ajuda naquele dia, eu não sei o que aconteceu direito, mas Leticia me explicou que você ajudou.

– Não fiz nada de mais, qualquer outra pessoa teria feito o mesmo – ele sorriu.

Não sei por que, mas suas palavras me causaram um arrepio e Brendon veio à minha mente. Ele estava com minhas amigas e eu quando tudo aconteceu, porque ele não ajudou?

Aquilo era ridículo, ele faria um show naquele dia, e eu estava sendo egoísta, ele não tinha obrigação de ter me ajudado, isso tudo era coisa de minha cabeça para tentar encontrar uma explicação para Gerard ter me ajudado.

– E os exames? - ele perguntou.

– Não acusaram nada, tudo indica que foi apenas uma queda de pressão mesmo – sorri.

– Isso é bom – ele sorriu.

Dei uma leve risada e ele me acompanhou, nós realmente estávamos sem assunto.

Quando eu estava pensando no que falar, a porta do apartamento abriu, era Diana. Ela fechou a porta e só então percebeu que havia mais alguém ali, ela nos encarou e depois deu um leve sorriso malicioso, senti o rubor vindo ao meu rosto.

– Olá – ela falou.

– Oi – eu e Gerard respondemos juntos.

Ela não disse mais nada, apenas se encaminhou para a cozinha.

Assim que ficamos sozinhos, Gerard falou:

– Você já pode sair? - ele perguntou.

– Sim – sorri.

– Hum – ele balançou a cabeça em concordância. – E... Você vai sair hoje à noite?

Eu estava tremendo.

– Não – respondi, quase gaguejando.

– E... E... – ele gaguejou.

Nesse momento ouvimos Diana cantando na cozinha, na verdade ela quase gritava. Mas não era um musica realmente, era uma mensagem subliminar. Ela criou uma melodia totalmente ridícula e gritava “This is Love! Lá lá lá lá! This is Love! Lá lá lá lá! Let’s go out tonight? Yeah! She wants! You have to invite! Lá lá lá! This is love!” e a musica continuava com outros milhares de “Lá lá lá”.

Eu e Gerard nos entre olhamos, nos dois segurávamos o riso. Ela era loca! Eu a mataria quando ele fosse embora.

– Bom, continuando... – disse Gerard. – Quer sair hoje?

Diana gritou na cozinha, eu realmente a mataria.

– Ah, claro – sorri.

Ele também sorriu, ficamos esperando por mais alguns minutos até que Leticia chegou, deixei-os sozinhos e fui me vestir, coloquei um short e uma blusa branca. Quando voltei à sala, Gerard já estava indo embora, nos despedimos rapidamente.

– O que ele queria com você? - perguntei para Leticia assim que ele saiu.

– Apenas me entregar minha pulseira que eu havia esquecido em seu carro – ela respondeu.

– Como ele sabia que era sua?

– Ah, ele deve ter me visto usando – ela respondeu nervosa.

Ela estava me escondendo algo.

– Ele podia ter deixado comigo, não precisava ter lhe esperado chegar – falei.

– Layla, deixa se ele quis esperar, não faz diferença – ela estava ainda mais nervosa.

Dei de ombros e fui para meu quarto. Deitei em minha cama e fiquei pensando no que eles poderiam ter falado, será que Leticia estava gostando dele? Isso era estranho, afinal, qual o motivo de todo esse nervosismo? Porque ela me esconderia coisas relacionadas a ele?

Balancei minha cabeça para espantar esses pensamentos, não entendia o porquê disso me incomodar. Se eles estivessem afim um do outro, eu tinha que ficar feliz, não é?

Virei-me para o outro lado e fechei meus olhos, tentaria descansar um pouco. Logo adormeci.

*

Layla’s Dream – On

Eu estava correndo de alguém, ou alguma coisa. Apenas sabia que tinha que fugir. Corri o máximo que pude, mas eu não aguentava mais. Eu estava em uma rua escura, não havia nada ali além de escuridão e muros altos.

Parei e olhei em volta, estava sozinha. O perigo se fora?

Nesse momento ouvi uma voz em meus ouvidos, mas não havia ninguém ali.

– Layla – a voz disse.

Era uma voz masculina, mas doce.

– Quem está aí? – falei.

– Venha comigo – chamou a voz. – Preciso falar com você.

– Fale! – gritei.

Um longo momento de silêncio, aquilo era irritante.

– Acorde – sussurrou a voz.

– O que? – perguntei.

– Você precisa acordar! – ela falou, mais irritada.

Senti um forte tranco em meu corpo e de repente, não vi mais nada.

Layla’s Drem – Off

*

Abri os olhos, estava dia ainda.

– Mais um pesadelo – falei, me levantando.

Nesse momento lembrei que eu tinha um compromisso. Olhei no relógio, eram seis e quarenta da noite, eu já devia estar me arrumando há muito tempo. Gerard viria me buscar as oito horas.

Corri para meu guarda roupas e joguei todas as roupas sobre a cama. Por fim, escolhi uma blusa vermelha com mangas caídas sobre os ombros, uma saia preta cintura alta com o comprimento até metade da coxa, e um sapato meia pata, de salto fino, preto.

Como maquiagem, usei uma base clarinha no rosto. Nos olhos passei uma sombra preta e esfumacei, depois passei um lápis e um rímel pretos. Na boca passei um batom rosa retrô.

Eu estava pronta, eram sete e meia quando fui para a sala. Leticia e Diana, que estavam assistindo televisão, me olharam de cima a baixo, só então lembrei que não havia às avisado de que eu iria sair.

– Onde você vai? – perguntou Leticia.

– Vou sair com uma pessoa – falei.

– Gerard... – sussurrou maliciosamente, Diana.

Leticia me olhou interrogativa, como se questionasse o que Diana havia dito. Apenas balancei a cabeça em sinal de concordância.

Nesse momento, a campainha tocou.