Depois de cantarmos os parabéns, Frank liberou-nos por completo para devorar os doces e as guloseimas, mas agora Mikey já estava farto, já que sempre que Frank estava fora de vista ele roubava doces da mesa e escondia na jaqueta para ir comer no banheiro. Claro que aproveitei-me disso – assim como a maioria das pessoas ali – e pedi para que ele buscasse alguns para mim também. Ele virara nosso traficante de doces.

 Gerard continuava sentado ao meu lado, não o vira comer mais do que dois ou três brigadeiros que Mikey trouxera para ele.

 - Não está com fome? – perguntei a ele. Até que estava fácil fingir que nada havia acontecido.

 - Não – ele disse apenas, quase em um sussurro.

 Okay, eu conhecia aquele tom... ele estava envergonhado, não olhava para mim e não falava comigo, provavelmente com medo de ser repreendido de algum modo pelo beijo de momento atrás.

 Bem, minha função agora era fingir que estávamos bem, não era? Então fiz um gesto que o surpreendeu, com toda a certeza.

 Entrelacei nossas mãos e aconcheguei minha cabeça em seu ombro, senti automaticamente Gerard enrijecer, provavelmente surpreso com meu ato, mas logo ele relaxou novamente, afagando rapidamente minha mão que estava entrelaçada à sua.

 Diana tinha razão. Eu não devia deixar-me abater pelo o que Lindsey fizera, afinal, era justamente isso que ela queria, fazer com que Gerard e eu brigássemos para deixar o caminho livre para ela, então eu faria exatamente o contrário, seríamos um lindo casal feliz.

 Levantei minha cabeça do ombro de Gerard rapidamente.

 - Gee? – chamei baixinho, mas o suficiente para que ele ouvisse.

 - Sim? – ele olhou-me instantaneamente.

 Sem pensar duas vezes, selei nossos lábios, novamente sentindo Gerard enrijecer com a surpresa, sua mão apertou a minha com mais força, mas logo relaxou novamente, ele não devia estar entendo nada.

 Separei nossos lábios, encarando seus olhos verdes e confusos.

 Eu precisava fazer alguma coisa mais convincente para que ele percebesse que estava perdoado, se não ele apenas iria pensar que eu havia pirado de vez.

 - Eu vou ao banheiro – sorri para ele, esperando que ele entendesse o que estava querendo dizer com aquilo.

 Levantei-me rapidamente, afaguei seu cabelo, e fui até o corredor que levava ao banheiro, sem olhar para ninguém, não queria lembrar-me de nada para não correr o risco de perder a coragem.

 Entrei no banheiro e fechei a porta, trancando-a, encarei-me no espelho, até que não estava feia, apenas um pouco pálida demais.

 Em pouco segundos, ouvi a batida leve e rápida na porta.

 - Quem é? – perguntei, já sabendo a resposta.

 - Sou eu – Gerard disse do outro lado.

 Abri a porta rapidamente, encarando a sua expressão que misturava confusão e surpresa.

 Sim, ele não estava entendendo nada.

***

Gerard’s P.O.V.

 Eu esperava que Layla se mantivesse o mais longe possível de mim, mas para minha surpresa, ela sentou-se ao meu lado, para minha maior surpresa, ela pegou em minha mão, e para minha surpresa maior ainda, ela me beijou.

 Já estava começando a pensar que tudo não passasse de um joguinho de “Família Feliz” quando vi em seus olhos que ela realmente estava querendo isso.

 - Eu vou ao banheiro – ela sorriu para mim, levantando-se e afagando meu cabelo, afastando-se logo depois.

 Demorei alguns instantes para entender o que ela queria.

Oh droga! Ela quer que eu a siga!, pensei, incrédulo.

 Olhei em volta rapidamente, tentando achar Mikey, para variar ele estava atrás da mesa de doces.

 - Mikey! – chamei, ele olhou para mim rapidamente, aproximando-se.

 - O que é? – ele perguntou, engolindo um brigadeiro.

 - Cuide dos bebês um pouco – falei para ele, já me afastando dali e indo até o corredor que levava aos banheiros, não dando-lhe tempo de contestar.

 Bati na porta do banheiro rapidamente, estava ainda um pouco confuso.

 - Quem é? – ela perguntou.

 - Sou eu – revirei os olhos, quem mais ela pensava que seria?

 Layla abriu a porta rapidamente, encarando-me pálida, provavelmente ela decidira isso de última hora.

 - Então...? – incitei.

 Layla puxou-me rapidamente para dentro do banheiro, fechando a porta e trancando.

 - Layla... Não vamos brigar, okay... – tentei falar.

 - Cale a boca! – ela rosnou, mas pareceu ter algo mais em sua voz.

 - É sério, eu não quero brigar... – comecei, mas fui interrompido.

 Layla selou nossos lábios rapidamente, com urgência, pegando-me de surpresa. Precisei de uns cinco segundos para entender o que ela realmente estava querendo comigo naquele banheiro, principalmente quando ela começou a tirar minha jaqueta.

 - Lay, isso não é uma boa ideia... – falei entre o beijo, tentando impedir que ela tirasse minha jaqueta.

 Layla mordeu a ponta de meu lábio inferior, como que para que eu calasse a boca.

 - Sério... Aqui não é um bom lugar... E tem a aposta... – tentei arranjar argumentos para que ela parasse.

 - Esqueça essa maldita aposta, Gerard Way! – ela bufou, separando-se de mim e revirando os olhos. – Eu sei que você também quer...

 Encarei os olhos de Layla, ela parecia ter tanta certeza do que falava... E, okay, ela tinha razão, eu queria mesmo.

 Passei minha mão por sua nuca e puxei-a novamente para mim, tocando meus lábios nos dela urgentemente, envolvendo meu braço em sua cintura e apertando seu corpo contra o meu.

 Layla levou sua mão para dentro de minha jaqueta e a tirou rapidamente, procurei por suas costas pelo fecho do bendito vestido que ela usava.

Onde está essa droga?, pensei.

 Layla passou suas mãos por minhas costas, colocando-as por dentro de minha camiseta, apertando suas unhas contra minha pele, causando-me um arrepio na espinha.

 Okay, eu nunca a tinha visto assim.

 Enquanto isso eu continuava procurando o maldito fecho do vestido de Layla, como essas coisas conseguem desaparecer nessas horas?

Droga! Deixa o fecho do vestido para depois!, rosnei em pensamento, parando de procurar aquela droga e focando-me em outras coisas.

 De repente, Layla parou, soltando-me sem nenhuma explicação visível.

 - O que houve? – perguntei, ofegante.

 - Não dá... – ela fez uma careta triste.

 - Como... como assim? – eu não estava acreditando.

 - Eu não sou assim... Eu não consigo fazer isso em um banheiro... Não enquanto existem pessoas lá fora que podem... ouvir – ela explicou-se.

 - Eu não acredito que você fez eu vir até aqui, teve todo esse esforço de fazer com que eu saísse de minha promessa para agora, simplesmente, desistir... – falei.

 - Desculpe – ela fez beicinho.

 Respirei fundo, tentando normalizar minha respiração e fazer meus pensamentos voltarem ao normal.

 - Tudo bem... – sorri para ela. – Não faz mal... Vamos... vamos voltar para a festa – eu ainda estava um tanto confuso.

 - Okay – ela disse apenas.

 Peguei minha jaqueta no chão e a vesti rapidamente, Layla destrancou a porta e voltamos juntos para a festa, evitei olhar para todos, não queria encarar olhares desconfiados.

 Mikey estava com papéis de brigadeiros sobre o colo enquanto conversava com Helie e Arth, provavelmente devorara tudo neste meio tempo.

 - Obrigado por cuidar deles – agradeci a ele.

 - De nada – ele respondeu, olhando-me com um olhar desconfiado, mas não perguntou mais nada, apenas saiu dali.

***

Diana’s P.O.V.

 Estava cuidando das crianças na cama elástica enquanto Frank ia buscar mais bebida no congelador, logo pude ver Layla e Gerard se beijando do outro lado da área de festas, de início pensei que era apenas parte do que eu dissera para Layla fazer, mas depois mudei minha opinião, quando vi Layla ir até o banheiro, Gerard pedir para Mikey cuidar dos bebês, e ir atrás dela.

 - Oh Deus – conti a risada.

 - O que houve? – Leticia perguntou-me, ela estava brincando com Alie.

 - Layla e Gerard... – falei.

 - Estão brigando? – ela encarou-me assustada.

 - Não... – ri. – Muito pelo contrário... Eles foram para o banheiro agora e... Bem, você pode imaginar o que devem estar fazendo.

 - Santo Deus! – ela riu também. – Nunca pensei que Layla fosse assim... Sempre achei que ela preferisse lugares, digamos, mais reservados.

 - Idem – continuei rindo.

 - Estão rindo do que? – Frank chegou até nós.

 - Layla e Gerard foram para o banheiro – falei rapidamente.

 - Brigar? – ela espantou-se.

 - Muito pelo contrário – Leticia riu.

 - Não entendi... – Frank ficou confuso.

 - O que um casal pode fazer no banheiro... juntos? – tentei fazer seu cérebro trabalhar.

 Ele pensou por alguns instantes e logo vi sua face clarear-se.

 - Não acredito que eles estão fazendo isso no banheiro da festa de um ano da nossa filha! – ele rosnou.

 - Cale a boca, Frank – revirei os olhos.

 Ele bufou, irritado e indignado. Leticia saiu dali com Alie, indo brincar com ela perto de algumas plantas que havia ali.

 Frank sorriu para mim, estranho...

 - Será que eles vão demorar lá dentro? – ele perguntou-me.

 - Oh, Frank! Não venha dizer-me que está pensando em inspirar-se neles e... e... Ir para p banheiro também – fiquei chocada.

 - Ora, por que eles podem e nós não? – ele sorriu maliciosamente para mim.

 - Não – fui dura.

 Frank olhou-me com uma carinha de gatinho órfão que ele sabia que eu não resistia. Maldito!

 - Frank... – mantive-me forte.

 - Droga... – ele bufou, saindo dali e indo até Alie.

 Lindo mesmo, o banheiro da festa de aniversário da minha filha estava virando um motel público e meu marido queria se “aproveitar” disso.