The Black Angel escrita por Beilschbitch


Capítulo 14
E meu pai me põe em encrenca




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     Papai disse para eu e Henri subirmos e não descermos até ele autorizar. Olhei para Gerard, que estava surpreso e pude ler pavor em seus olhos. Henri deu um risinho baixo e me arrastou pelas escadas.

     - Helena, minha querida irmã, não se beija o namorado secreto no velório do próprio irmão.

     - Mas que namorado? – olhei-o como se ele estivesse bêbado.

     - O Gerard, ué!

     - Ele não é meu namorado! Muito menos secreto!

     - Aham. Me explique o beijo.

     - Aconteceu, Henri, senti vontade e acabei fazendo.

     - Você gosta dele. – não era uma pergunta.

     - Até demais. Acho que gostar é pouco. Eu sinto por ele um grande amor, é o que eu acho.

     - Você é mesmo minha irmã? – ele riu. Não pude deixar de abraçá-lo.

     Ficamos um período em silêncio; já havia passado um bom tempo que Gerard e meu pai estavam conversando.

     - Será que o pai matou Gerard?! – Henri brincou.

     - Pelo amor de Deus!

     Dali a pouco meu pai me chama:

     - Hellie! Desça aqui minha filha!

     Desci as escadas com certo medo, mas ao chegar na sala, meu pai e Gerard estavam de pé. Meu anjo me sorriu com os lábios cerrados. Meu pai também estava sorrindo.

     - Olá, novamente. – baixei os olhos.

     - Bem filha, o Gerard é um bom rapaz e...

     Dancei!

     - Semana que vem ele vai vir almoçar aqui em casa.

     Oi?

     - Porque? – Arregalei os olhos?

     - Ele nos ajudou muito, não acha? – papai piscou pra mim

     - Foi...

- Bem, vou resolver algumas coisas... Tchau, Gerard.

- Tchau – Meu anjo acenou com a mão.

Quando meu pai subiu as escadas, me virei para Gerard e o enchi de perguntas:

     - Mas que história é essa?

     - Ele me convidou, oras!

     - Porque?

     - Não faço ideia!

     - Que história estranha...

     - Somos estranhos, Helena.

*

          Eu e Henri decidimos faltar a escola durante uma semana, em memória de nosso irmão caçula. Por que ele tinha o feio costume de faltar as aulas com frequência. Ficar em casa limpando o quarto dele, me dava uma tristeza, outra saudade. Mas eu sabia que ele estava bem. Ou eu estava me enganando.

          Meu querido pai, que eu achava totalmente anticonstrangimento, remarcou o almoço para o próximo domingo. À medida que os dias passavam, meu coração ficava disparado. Um dia, vou acertar as contas com meu pai!

          No colégio, os professores nos tratavam com piedade desnecessária. Ia pra escola como eu sempre fui: Com Liesel, cortando ruas e pegando ônibus nas entranhas de Nova York. E todo dia, eu olhava para o prédio onde fui parar há algum tempo. Quando minha vida começou a ter graça.

*

          Hoje é domingo. Dia da maior vergonha que uma adolescente americana de dezessete anos poderia passar. Que Deus me ajude. Eis um cronograma do que fiz esta manhã:

          06:00: Acordei. Fiquei enrolando na cama até quinze para sete.

          6:45: Finalmente me levanto. Vou para cozinha preparar o café.

          07:10: Termino de tomar minha refeição matinal e vou para meu banheiro fazer minha higiene pessoal.

          08:00: Arrumo minha cama e acordo Henri (meu pai já se levantou).

          08:30: Toco algumas músicas na guitarra para relaxar.

          9:45: Entro em desespero. Meu pai já começa a fazer o Capeleti à Siciliana.

          10:30: A campainha de casa toca. Quase tenho um ataque cardíaco. Vou me arrumar em meu quarto.

          11:00 Estou no topo da escada. Meu irmão gêmeo está conversando com Gerard

          Respirando e vamos lá, um, dois e...


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