The Black Angel escrita por Beilschbitch
Uma sala de espelhos. Havia uma penumbra. Acho que estava dançando balé. E de preto. De preto? Belas sapatilhas negras enfeitavam meus brancos pés. A roupa que eu vestia era uma saia armada preta com uns pedaços de pano vermelho. O collant era tomara-que-caia de seda preta, decorado no decote com uma renda preta. Meus cabelos escuros estavam armados para trás, com minha habitual franja mais curta que o normal.
Eu dançava que parecia flutuar, na pontinha dos pés. Parecia uma bailarina de verdade, dessas raras de ver. Dançava tão concentrada, com apenas uma música suave no fundo, que parecia mais o ruído de uma pena ao tocar o chão.
Mas assim que me viro para o espelho, vejo um rapaz. Lindo, parecia um anjo. Embora jovem, tinha os cabelos brancos, um pouco dourados, e os olhos verde-azulados.
Me aproximei dele, ligeiramente, correndo (na sapatilha de ponta!). Assim, que fico de frente a ele, o rapaz me entrega um botão de rosa.
De repente, a sala de espelhos explode, jogando cacos em cima de nós dois. Dei um grito e caí da cama.
Acordei a casa toda, isto é, meu pai e meu irmão gêmeo. Meu estimado papai escancarou a porta com uma shinai na mão, seguido do meu irmão, pronto para bater no possível tarado que me atacasse dormindo.
Ao me ver abarrotada no chão, meu pai suspirou aliviado e me ajudou a me levantar-
- Helena, Helena... O que foi isso? – Meu irmão perguntou sarcástico.
- Pesadelo, eu acho. – respondi no mesmo tom.
-Acho melhor vocês voltarem para cama – Declarou o senhor Alexander Lee Morgan.
- Concordo - Meu irmão estava com cara de pão dormido.
Sentei na cama enquanto eles saíam. Meu pai apagou a luz e me desejou boa-noite. Esperei ouvir o barulho dos interruptores dos outros quartos e peguei meu notebook, ligando-o imediatamente. Sempre achei que ele fosse um aparelho super rápido, agora pareceu mais lento do que aqueles computadores dinossauros. Graças a Deus a Internet daqui de casa era o contrário disso. A conexão pegou logo e fui logo ao Google, procurando sites de significado de sonhos.
Fiquei decepcionada ao ver os resultados. A maioria dos significados tinha haver com ganho de dinheiro, filhos chegando, promoção no trabalho, enfim, eles traduziam o que a pessoa inconscientemente quer ouvir.
A única coisa que salvou o Google da minha reclamação foi um site simples, na verdade um blog, com fundo preto e uma pequena descrição do autor. O 4º item da lista era com sonhos sobre a gente desenvolvendo habilidades excepcionais. Dizia que era um desejo oculto de fazê-lo.
Pensei um pouco. Quando eu era pequena, fazia balé. Eu não era tão ruim, mas a dança não chamava muito a minha atenção. Abaixo do item vinha uma linha em negrito:
“Se vier seguido de acidente, significa que é medo de praticar a habilidade”.
“Coisa estranha” – pensei. Até que fazia sentido. Desliguei o aparelho e fui dormir. Ou melhor, tentar dormir. O sonho me deixou alerta, não conseguia conciliar com o sono. Eram três e meia e faltavam apenas duas horas para meu verdadeiro despertar, e precisava descansar.
Peguei remédios para gripe em algum canto da bolsa de remédios e os engoli rapidamente. Sei que essa prática não é muito saudável, mas a situação pedia medidas desesperadas.
Logo senti o efeito, e fui me deixando levar pelas ondas cerebrais. Em 15 minutos, eu dormia.
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