The Wizards War escrita por Anna Bassan


Capítulo 26
Descanso através de sonhos


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal !!!!!!!! Estou de volta ! =)
Me perdoem pela demora, estava enfrentando os vestibulares... E felizmente eu passei !!!!!!!! Estarei estudando na UVA e na Uerj !!!! E agr tive tempo para me dedicar a vocês e ao The WIzards' War ! (ESTAVA COM TANNNNTA SAUDADEEEE!!!)
Bem, depois novas alterações em seu corpo, Lydia consegue ter mais uma visão. A qual lhe mostrará que seu tempo, de tranquilidade e treinos, já está se esgotando... Mas será nossa Escolhida já está preparada para o seu Destino ?



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Azul... Tudo o que Lydia enxergava era uma imensidão azulada... “Estou no céu?” pensava consigo. Ao posicionar melhor seus olhos foscos, pôde avistar uma sombra distorcida no horizonte junto com formações rochosas. “Eu estou debaixo d’água? De um lago... Ou de um mar, talvez... Mas por que estou aqui?” Foi neste instante em que gritos ensurdecedores invadiram os sentidos de Lydia. Entre muitos deles, um se destacava. Junto a outros berros de dor e desespero, alguém implorava por ajuda. Sem hesitar, a jovem se jogou a nadar pelo o imenso horizonte, à procura do ser que suplicava pela salvação.

   Após minutos incertos, Lydia se depara com uma cidade submersa, constituída por corais e conchas imensas. Composta por centenas de lares, que mais pareciam cavernas feitas por corais, e por um castelo revestido de torres irregularmente tortas. Apesar da bela estrutura desregulada e da presença de desenhos em cada parede, aquele lugar parecia estar sem vida... Sem ruídos... Um lugar assombrado. Reparando bem, Lydia notou a quantidade de casas destruídas ao longo de seu percurso. Seguindo os rastros de destruição, pôde novamente ouvir os gritos, e também conseguiu ver os causadores do transtorno. Ela suspeitou de que fossem os demônios de Goddrick, mas na verdade, duas criaturas marinhas estavam ferindo seus próprios companheiros. Havia algo de errado com eles, Lydia podia sentir algo, ou alguém, deveria estar controlando-os. Agora ela sabia pelo o que realmente o povo abissal estava passando. Estavam sendo forçados a matar seus próprios semelhantes. E por um momento, imaginou se o mesmo acontecera com os arcanjos... Ou com Daniel...

   __ SOCORRO! Alguém... Por favor... Me AJUDE ! __ os gritos daquela sereia que tanto chamavam a atenção de Lydia, ecoavam dos lábios de um rosto muito familiar para ela.

   __ Ninguém virá, você sabe disso __ disse uma das criaturas, agarrando a sereia pelos cabelos contra o solo. __ Agora, diga. Onde está ele ?!

   “Ele?” perguntava Lydia. “Quem eles realmente pretendem achar?”

    A curiosidade emergia pela sua mente. Mas sabia que tinha que prestar mais atenção na situação da bela donzela indefesa. Além disso, Lydia se intrigou com criaturas ameaçadoras, nunca havia visto algo parecido. Tinham características humanas, porém continham corpos deformados de pele enrugada e incrustada com pedaços de conchas velhas. Estava imundo, quase impossível diferenciá-los se desprezar suas diferenças de tamanho. Entre eles, um se chamava a atenção de Lydia, o mais alto. Parecia ser o mais forte, porém não era ele que estava prestes a arrancar uma parte do cabelo da sereia. Ao que pôde entender o grandalhão de mais de dois metros era quem faria a seria sofrer se ela pensasse em recusar a responder. E foi exatamente isso que ele fez. Simplesmente a golpeou com um soco brutal na bochecha esquerda, fazendo-a perder seus sentidos por uns segundos.

   O coração de Lydia disparou, estava disposta a enfrentá-los. Não suportava assistir a aquele tipo de covardia. Porém, ela hesitou, ao notar que o interrogatório ainda ocorria.

   __ Anda queridinha... Onde está o Escolhido ? Foi ele que te libertou não foi ? Onde ele está ? __ perguntou novamente o mais baixo, mas a sereia continuou calada. __ Ou você prefere que o meu amigo aqui tente te convencer novamente ?

   __ Tuck, você sabe que eu nunca falarei... E, Vince, você nunca foi capaz de matar um simples dourado... O que fizeram com vocês ? __ disse a sereia indefesa, com toda a sua bravura transbordando pela voz levemente roca.

   Agora tudo estava confirmado para Lydia, eles a queriam, e estavam de fato sendo controlados pelo Goddrick. Bem nem tudo, a ruiva ainda não conseguiu entender o por quê de eles estarem perguntando tudo aquilo para a sereia.

   Percebendo que sua vítima ainda não havia mudado de ideia, Tuck acena com a cabeça para Vince, que rapidamente ergue seu arpão em direção a garganta da sereia.

   __ Não... Vince, você jamais faria isso.__ a voz da sereia ficava cada vez mais trêmula. __ Tuck... Me escute. Vocês estão sendo controlados... Apenas... Por favor, tentem se lembrar... __ já sem esperanças, a sereia fecha seus olhos e respira fundo, ela sabia o que estava para acontecer.

   __ Chegou a sua hora de dormir. __ disse Tuck, enquanto observava Vince a sorrir de prazer em de se posicionar para atacar. __ Adeus, você falhou com o Lorde Supremo.

   Sem hesitar, Lydia pegou impulso sob o coral em que se escondia para alcançar o arpão de Vince. Mas antes de alcançá-lo, uma criatura de cauda imensa ataca Vince de frente e agarra Tuck com a cauda. Em questão de segundos, a criatura os conduziu a um abismo à uns vinte metros de distância da sereia. Mesmo sabendo que a abissal já estava fora de perigo, Lydia foi até ela, para ajudá-la a se reerguer. E até para obter algumas respostas:

   __ Seu nome é Scarlett, não é? Zeth está tão preocupado com você... __ antes que pudesse fazer mais perguntas, a bela criatura a interrompe.

   __ Você...O que você faz aqui ?! Aberração, saia logo daqui !

   Por um segundo, o corpo de Lydia tremeu e se congelou, nunca passou por um momento como esse. Jamais conseguiria pensar que aquela sereia pudesse reconhecê-la tão facilmente. Ela nem ao menos questionou o fato da Escolhida ser uma garota. Entretanto, antes que começasse a fazer milhares de perguntas sobre isso, Scarlett a interrompe mais uma vez:

   __ O que você está esperando ?! Vá ! Você não po... __ alguém se intromete na conversa, mas muito distante dali, como se fosse alguém que estivesse fora da água.

   __ O que você está fazendo ? Lydia, saia daqui ! __ a jovem reconheceria essa voz em qualquer lugar.

   Respiração ofegante e coração acelerado, era assim que o corpo de Lydia reagia quando escutava aquela voz. Uma voz roca e sedutora, que a hipnotizava tão facilmente quanto o olhar certeiro de uma serpente a sua presa, manipulando suas ações delicadamente até o instante de devorá-la.

   __ Oreon ?! Oreon, é você ?! __ não sabia se o certo seria conter seus gritos ou não, assim como o sorriso que lutava para se manifestar em seus lábios, só sentia que deveria encontrá-lo a todo custo.

   Em questão de segundos, o cenário em sua volta se transformou completamente. Não avistava mais a sereia e nem a cidade submersa, agora percebera que não estava mais debaixo d’água, Lydia estava em uma praia. E nela estava instalada um acampamento rodeado de demônios. E ela, acima de tudo, estava cara a cara com seu Protetor. Embora estivesse parada ali, no meio de tantos inimigos, apenas ele a enxergava.

    Sem se preocupar, a jovem o abraça com todas as forças. Enquanto ele permanecia com os olhos rubros esbugalhados da surpresa que ele presenciara. E eles permaneceram naquela posição, ambos queriam acreditar de tudo o que estava acontecendo. Contudo, Lydia se depara com o estado deplorável de seu parceiro, acorrentado e repleto de cortes profundos pelo corpo.

   __ O que eles fizeram com você ? Por que eles fariam isso ? Você está tão... __ ela não teve coragem suficiente para finalizar sua frase.

   __ Isso não importa agora. Você tem que fugir, não é seguro aqui. Mesmo estando apenas em minha mente, você não está segura. Ele conseguirá te ver se continuarmos conversando... Apenas vá ! __ disse enquanto olhava para os lados.

   __ Co-como assim na sua mente ? Não vê ? Eu já estou aqui, eu vou cumprir o meu destino, Oreon. E vou salvá-lo !

   Sem poder usar as mãos imobilizadas, Oreon encosta sua testa gentilmente na dela para chamá-la mais para perto dele, e diz:

   __ A única que não vê é você... Isto não é real Lydia. Nós estamos apenas nos comunicando, através de nossos sonhos... Porém, isso não quer dizer que outros não podem se comunicar, ou nos observar também. E o Goddrick é capaz disso, acredite.

   __ Não pode ser... E-eu... Eu não posso ainda estar em Cammelot... __ disse Lydia, se negando em acreditar na severa verdade de Oreon.

   __ Escuta, eu também adoraria que isto não fosse um sonho. Desde a última vez que nos vimos, o meu desejo de poder observá-la aumenta dia após dia... __ disse Oreon, enquanto suas bochechas pálidas se tornavam mais quentes e rosadas. __ Mas você tem que acordar, afinal, é você quem acabou invadindo a minha mente.

   Naquele instante, uma brisa fria os separa, trazendo consigo um  sentimento de medo que causou um arrepio em todo o corpo de Lydia. Algo não desejável está se aproximando, era Goddrick.

   __ Ele não pode ver você ! Não deixarei que ele te encontre. Vá agora ! __ exclama Oreon, para ter certeza de que sua súplica seria ouvida.

   __ Mas como eu faço isso ?! __ pergunta, ainda trêmula.

   __ Apenas se concentre em lembrar do que realmente está acontecendo na realidade ! Agora !

   __ Não! Não posso te deixar aqui...

   Desesperado ao ver o monstro se aproximar, Oreon afasta sua cabeça e a chuta para longe dele. A garota perde o equilíbrio e cai de costas na areia, e naquele momento ela descobre em como voltar a realidade. A chave para a solução estava em suas costas, que doíam constantemente devido a queda, e com a dor lhe veio a memória do que acontecia no presente. Já sabendo em como acordar daquele sonho, Lydia voltou seus olhos para Oreon. E o observou discutindo com o que supostamente parecia ser Goddrick. Sua vista começou a embaçar e tudo o que enxergava não passava de uma escuridão nebulosa.

   __ Eu vou te salvar, Oreon... Estou te devendo isso... Eu prometo. __ disse ao fechar os olhos, esperando de o conselho do Protetor tenha funcionado.

   Porém, Lydia nunca foi do tipo paciente, então ela decidiu abrir seus olhos.

   Um clarão de luz embaçou sua vista, e em um piscar de olhos avistou seu corpo deitado na cama de seu quarto, em Cammelot. Piscou seus olhos mais uma vez, e então, conseguiu acordar para a realidade.

   __ Ah... __ suspirou __ Mas o quê... O que eu... Fiz ?

   Lydia se levantou e sentiu uma leve dor nas suas costas, além de um inesperado desequilíbrio. Suas asas já estavam lá, completamente encardidas pelo seu sangue, assim como uma boa parte de sua cama. Elas eram enormes, e pesadas. Que a envolvem dos ombros até seus tornozelos, sem contar o seu comprimento quando abertas. Além disso, notou que usava apenas sua calça marrom escura e que, de sua cintura para cima, estava revestida de talas, para não poder interromper o crescimento de suas asas. E estava sem seu Winx. Mas depois de uma bela olhada, o avistou sob um criado mudo.

   Sem entender seus mecanismos, Lydia as abriu por impulso, e acabou quebrando o vaso que estava em cima do pequeno criado mudo ao lado da cama. Desajeitada, tentou pegar os cacos do vaso, mas sentiu novas pontadas de dor em suas costas e se levantou, derrubando consigo as cortinas azuis que protegiam o quarto dos os raios fortes de sol daquela manhã. Caída, e sem vontade de se levantar sem causar outros danos, Lydia deixa o leito da cama macia envolver suas penas.

   Depois de um grande suspiro, Lydia prende sua atenção aos desenhos quase invisíveis do teto. O que estava desenhado ? Não sabia ao certo, estavam um pouco borrados, não dava para entender muito bem... Possuíam sempre uma mesmo formato, de algo que Lydia não conseguia identificar, composta por diverso símbolos ao redor.

   __ Seja quem for que desenhou tudo isso... Parece que ele não as fez para a decoração deste quarto. __ foi então que se recordou da magnífica habilidade de Zeth em desenhar sua amada. __ Zeth, você fez isto ? Mas, então... Você já esteve por aqui antes ? Ou será tudo imaginação minha ?

   __ Por que a jovem tão curiosa não prefere perguntar tudo isso à ele de uma vez ? __ disse uma voz ecoando pelo quarto.

   Surpresa, Lydia apóia seus cotovelos sob a cama para olhar para porta, de onde a voz havia surgido. Antes que pudesse fazer mais perguntas, dessa vez sobre a voz, foi interrompida, como de costume.

   __ Sabia que alguns sábios aconselham as pessoas a conterem sua curiosidade ? Digamos que ela, às vezes, pode nos levar a caminhos em que nós possamos nos arrepender facilmente.

   Dessa vez, conseguiu localizar o dono da voz antes que mudasse de lugar novamente. Ele estava bem atrás dela, pronto para surpreendê-la mais uma vez.

   __ Merlin... Nossa, seria melhor bater antes de abrir também, sabia ?

   __ Você realmente se surpreende muito facilmente Lydia. Devia ficar mais atenta com os seus instintos. Eles sim lhe levarão para onde você pretende chegar. __ disse o sábio sem conter a risada ao ver o susto que ela levou. __ Mas você está certa, cara Escolhida. Eu devia ter anunciado minha entrada. Entretanto, fiquei mais instigado com o barulho que fez poucos minutos atrás.

   __ Ah, então o senhor segue os caminhos que sua curiosidade oferece e eu tenho que ser cautelosa. __ disse a ruiva em tom de ironia para Merlin.

   __ É por quê essa é a maior característica de um Mago. __ a responde sorridente.

   Os dois riram da situação por um segundos. Mas Lydia logo pretendeu esclarecer suas outras dúvidas:

   __ Merlin, eu tive... Tive uma sonho, eu acho. Mas ele parecia tão real. Eu primeiro vi o caos que esse Goddrick instalou no reino dos abissais, e foi horrível, não havia vida lá... E de repente eu estava na costa daquele território e, frente a frente com o meu Protetor. Eu tentei tirá-lo de lá, mas ele me disse algo que eu estava apenas...

   __ Invadindo a mente dele, eu suponho. __ o Mago a interrompe.

   __ Exato... E é isso que eu não entendo. Eu estava sonhando e depois eu entrei na mente dele ? Como e por quê ?

  __ Na verdade Lydia, você conseguiu mais uma vez observar um futuro não muito próximo e, por um algum motivo ele o fez o pensar em seu Protetor. Pelo visto, essa foi a primeira vez que conseguiu estabelecer tal conexão.

   Foi então que Lydia se lembrou do quanto aquela cena de salvamento de Scarlett se parecia com a sua daquela noite em vários demônios a atacaram durante a viagem à Cammelot. Assim como o misterioso abissal de cauda comprida, Oreon chegou na hora certa e a salvou. E rapidamente sumiu de sua vista, assim como os demônios. “Então quando eu vi a Scarlett ser salva e me lembrei dele... E inconscientemente, desejei vê-lo ?” Pensou consigo, agora tudo parecia ter um pouco mais de sentido.

   __ Contudo, você deve se lembrar de que há outros métodos de alguém se conectar na mente dos outros, e isso às vezes pode ser um grande perigo para vocês. __ ele continuou.

   __ Assim como Goddrick fez... E isso é realmente possível ? Então eu posso me encontrar com ele em qualquer tempo e lugar ? __ perguntou instigada.

   __ Nada que um amadurecimento dos seus poderes não possa realizar. __ afirma Merlin às expectativas de Lydia. __ Afinal, vocês são parceiros nesta vida e existência. Para cumprirem seu destino, precisam confiar e lutar lado a lado.

   Por um instante, as bochechas de Lydia coraram involuntariamente. Não conseguia entender o motivo dessas ações e pensamentos sobre Oreon. Talvez tudo não passasse de um instinto que lhe foi dado desde o nascimento pelo Diário de Flameu. Entretanto, ela não conseguia obter a resposta por essa ser simplesmente o único mistério sobre o qual não consegue perguntar a ninguém.

   __ Se não se importa que eu diga, eu lhe aconselharia a se trocar antes que seus fiéis amigos e preocupem em achar que dormirá por mais um dia inteiro.

   Lydia se levanta e pergunta:

   __ Estive descansando por quantos dias Merlin ?

   __ Cinco dias minha jovem. __ ele se aproxima ao ver o olhar de culpa de Lydia. __ Mas não se preocupe, todos nós pudemos ver a dor que sentiu. E eles entenderam o quanto foi importante o seu descanso.

   __ Eu apaguei durante muito tempo, senhor. E agora eu sei o quanto que os abissais precisam de nossa ajuda. Não podemos apenas nos recusar a ajudar enquanto eles são forçados a obedecerem a Goddrick !

   __ Eu compreendo seus sentimentos e digo... Eles são muito nobres. Entretanto, não tenho certeza de que conseguirá o quer, por enquanto.

   __ Nem todos pensam como o Rei, senhor... Principalmente um guerreiro em particular. __ terminou sussurrando. __ Bem, já que eu não tenho escolha... Irei ao encontro de todos em menos de dez minutos.

   Merlin concorda e anda em direção a porta. Antes de sair, decide dar mais um conselho:

   __ Ah, Lydia... Se eu fosse você, eu não demoraria muito com os seus amigos. E sim mais tempo para aprender coisas novas ao lado de Daniel. Até breve, águia curiosa.

   Lydia sorri com o novo apelido após a saída de Merlin. E logo se concentra e um novo e inusitado desafio:

   __ Como é que eu vou poder vestir alguma coisa com essas asas ?! Elas não caberiam em roupa alguma !

   No mesmo instante, as vestimentas de Daniel invadiram sua mente. Ele basicamente usava uma armadura prateada que cobria totalmente seu peitoral e suas costas, constituída por duas largas ombreiras metálicas. Porém o que realmente a instigava era o fato daquelas asas estarem sempre tão confortavelmente livres naquela armadura. E essa pergunta lhe traria a resposta que precisava.

   Sem ao menos se importar que apenas usava umas faixas da cintura para cima além da calça velha, Lydia calçou suas botas de cano longo, pendurou seu Winx no pescoço e se equipou com suas armas, disposta a encontrar suas novas vestimentas. Correndo pelos corredores e de escada a baixo, Lydia alcançou Merlin e o chamou:

   __ Com sua licença, Merlin. Eu tenho umas perguntas para você. E... Elas são, em parte, sobre o meu pai.

   __ Isso parece ser... Interessante, bela águia. __ disse o Mago, retribuindo-lhe com um sorriso carismático. __ Quais são suas perguntas, Lydia ? Suponho que elas sejam realmente urgentes. Urgentes o suficiente para fazer com que uma moça saia de seus aposentos sem roupas... Adequadas.

   Lydia riu alto de sua situação realmente constrangedora. Porém, ela não se importava com o fato de se expor daquele jeito. Além do mais, ela nunca teve a oportunidade de se sentir ou se comportar como uma verdadeira donzela, assim como qualquer garota de sua idade. Às vezes ela se pegava pensando em como sua vida seria se pudesse ser normal... Podendo conviver com muitas pessoas sem culpa, talvez em um pequeno e pacato vilarejo, com vários amigos e ao lado de uma família normal...

   Depois de uns instantes presa em seus pensamentos, Lydia começa o seu leve interrogatório:

   __ Não se preocupe, Merlin. Eu apenas quero saber como Daniel conseguia se vestir com asas deste tamanho. Você sabe de como ele conseguia se vestir ?

   Surpreso com o tipo de pergunta, o Mago também ri da situação constrangedora.

   __ Bem, já que essa é a sua pergunta... Eu creio que tenho a resposta ideal.

   Merlin a guiou até um imenso porão, onde guardavam as armaduras e armas usadas em batalhas. Apesar de ser um porão, não aparentava ser como os outros. Não era um lugar coberto de poeira e memórias esquecidas, trancafiadas em baús degradantes. O porão funcionava como um depósito em perfeitas condições, parecia estar sempre em manutenção e limpo. “Deve precisar de umas vinte pessoas para manter este lugar sempre limpo e organizado...” pensou Lydia. As armaduras estavam expostas rente as paredes, por trás de enormes vidraças transparentes, sempre emolduradas com o escudo de Cammelot no centro.

   __ Uau... Merlin...__ disse sem fôlego, olhando ao redor do porão. __ Todas essas armaduras... Tudo isso é... Incrível.

   __ Como você pode ver Lydia, estes são os modelos das armaduras usadas pelo nosso exército com o passar das eras.__ responde Merlin, enquanto ele abaixava uma tocha, que funcionava como uma alavanca.__ Assim como essas armas.

  Depois de acionar a alavanca, o teto decorado por belos candelabros começou a descer. Ao olhar para cima, Lydia notou que aquele “teto” era, na verdade, uma imensa mesa para guardar armas. Tinha armas de todos os tipos, de espadas à estacas irregulares.

   __ Parece que o Rei tem um incrível hobby em cuidar e aprimorar esse arsenal. __ disse Lydia.

   __ Já que você o acha incrível, por que não desce até aqui para ver mais de perto ? __ pergunta Merlin ironicamente.

   Não era por causa de alguma falta de interesse da parte de Lydia, o problema era a entrada estreita que dificultava a se mover devido as mudanças repentinas de seu corpo. A ruiva percebeu o sarcasmo do Mago, e não demorou para retribuir-lo com uma resposta:

   __ Sinto muitíssimo Merlin... Mas infelizmente, como pode ver, estou tendo dificuldades maiores do que a sua aparente compreensão. __ disse a jovem enquanto se esforçava em espremer suas asas para descer os últimos degraus da escada do porão.

   O sábio a respondeu com um sorriso. Ele entendia, mais do que qualquer um, que apesar do duro fardo que o Diário de Flameu tinha concebido a Lydia, ela não é apenas a Escolhida. Ela também é uma jovem com sentimentos, como qualquer outra... Até mesmo a Lydia precisava se esquecer de suas responsabilidades e agir como uma pessoa normal de vez em quando, retrucando ou sorrindo como acabou de fazer. Essa capacidade de Merlin em entendê-la era o que Lydia mais admirava, afinal, aquele Mago era como ela.

   __ Não é tão difícil quanto parece. Você nunca observou um pássaro ? Pense como um, Lydia. __ aconselhou o velho ainda com um sorriso estampado no rosto.

   __ Mas Merlin, mesmo que eu tente, eu não consigo. Elas são tão grandes e pesadas. Até parecem que têm vontade própria.

   __ Apenas tente, filhote de águia.

   Rindo ao notar o quanto estava sendo infantil pelos olhos de Merlin, Lydia o obedece. E se concentrou inteiramente em suas asas, fechou os olhos e franziu o rosto. Apenas ouvia seu coração bater junto com uma estranha pulsação, que surgia do interior de suas asas. Sem precisar de muito esforço, Lydia finalmente consegue dobrá-las.

   __ Obrigada... __ ela agradece ao descer os últimos degraus.

   __ Sem mais delongas, vou lhe apresentar o que precisa ser visto. __ diz o Mago, guindo-a para a quarta “vitrine” da parede direita do porão. Lydia soube de imediato de que aquela era a resposta de sua pergunta. Além disso, se sentiu extremamente emocionada ou notar que aquilo estava sendo guardado tão cuidadosamente. __ Eu não fiz com o Rei guardasse a armadura de Daniel por ele ser seu pai. Afinal, Arthur não estava pronto para descobrir sobre tudo isso... Esta armadura está aqui para que o Rei se lembrasse do corajoso guerreiro que, uma vez, salvou a Rainha Genebra de uma dolorosa e infortuna morte. __ os olhos da jovem o fitavam, e sua mente, é claro, já estava preparando milhares de perguntas. Merlin tinha consciência disso, logo voltou a falar para interrompê-la. __ Mas, você não deveria perguntar sobre este fato à um simples Mago, como eu. Seria mais prudente perguntar para as pessoas certas. Seus mestres estavam presentes neste memorável acontecimento.

   __ Eu entendo, Merlin. __ disse Lydia, tentando de tirar a sua curiosidade na história de seus pais. Pais, Lydia nunca imaginou que tal coisa existisse em sua vida... Mesmo ao notar do quanto se sentia feliz com seus novos pensamentos, sabia que não era a hora para se preocupar com eles.

   As mãos de Merlin atravessam o vidro e retiram a armadura. Ele aponta para a parte de trás da roupa e explica:

   __ Está vendo estas fendas ? __ diz o velho apontando para duas grossas aberturas. __ Suas asas sairão por estas fendas. Elas são feitas sobre medida. Basta você conter suas asas dentro de si e depois deixá-las sair. Simples assim.

   __ Merlin, eu precisarei roupas como esta o mais rápido possível.

   __ Eu sei, Lydia. E não se preocupe, elas estarão em suas mãos amanhã mesmo. Desde que concorde em tirar suas medidas imediatamente. __ disse Merlin por fim.

   Lydia concorda no mesmo instante. Precisava mais do que tudo estar pronta para ajudar os abissais. “Talvez já esteja na hora do meu Destino se cruzar com o de Goddrick... Eu não posso mais esperar. Já está na hora... Chegou a minha hora de partir, em busca do meu Destino.” Isso, era tudo no que ela conseguia pensar agora. O tempo já está se esgotando.

   Enquanto isso, no acampamento de Goddrick...

   O acampamento permanecia em absoluto silêncio. Ninguém tinha pretextos para reclamar ou espernear. Todos entendiam que ninguém deveria intervir. Seu líder estava punindo o traidor. E apenas ele tinha o direito de gritar e implorar por piedade.

   __ Arghhh !!! __ berra Oreon, enquanto se esforçava para permanecer de pé durante as chibatadas de Goddrick.

   __ Diga, Oreon ! Diga de uma vez por todas ! Com quem você estava conversando ?! __ disse sadicamente, sem conter o sorriso torto e macabro.

   Nada. Orson não dizia uma palavra se quer. O Líder perdeu a paciência. E, enquanto ria compulsivamente, mais cinco chibatadas cravavam o chicote espinhoso nas costas do suposto traidor. A dor era a única motivação que Oreon tinha para gerar sons. Nada de palavras, apenas gritos de angústia.

   Cansado da espera por uma mudança de seu servo. Goddrick decide armar mais uma de suas armadilhas:

   __ Você realmente não vai falar não é ? __ diz o sínico enquanto puxava os cabelos de Oreon, para que ele olhasse em seus olhos.

   No mesmo instante, Oreon lhe retribui o olhar como resposta. Ele sabia e tinha certeza de que não poderia nunca dizer a verdade. Em troca de sua resposta, Goddrick conta sua nova mirabolante ideia:

   __ Já que é assim...O pequeno corvo não se importará se eu, por acaso, convidar essa pessoa misteriosa a conhecer a nosso acampamento. Não é, Oreon ?

   Agora Oreon, tinha certeza. Ainda não está na hora de seu Destino se entrelaçar com o de Lydia.


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Notas finais do capítulo

E então ? O que acharão ? Quem está com razão ? Lydia ou Oreon ? E o que será que Goddrick está tramando ?!
Será que o tão esperado encontro entre Lydia e Goddrick está mais próximo do que todos pensam ?
Não se preocupem, todas essas respostas serem respondidas!
MAS TUDO TEM SEU TEMPO...
O que acontecerá no próximo capítulo ?!
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BJOSSSS ;*



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