In Love With The Hero escrita por Jungie


Capítulo 8
Telepatia


Notas iniciais do capítulo

Depois de quase um mês, uma mudança de estação e um feriado, estou de volta pra "destaenyzar" um pouco o Nyah porque sou dessas que prefere os ships mais "alternativos" (mas nada contra, até shippo TaeNy). :P
Enfim, eu demorei eras pra postar e esse capítulo é maior que a média, mas eu não tô lá muito satisfeita com ele. Bem, espero que vocês fiquem!



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- Taeyeon é estranha. – Comentou Jessica enquanto virava a página de uma revista de fofocas deitada na cama.


- Por que exatamente? – Sunny estava sentada na outra cama, se esticando para tentar pintar as unhas dos dedos do pé.


- Você não viu o que aconteceu três dias atrás? Resolvi tirar uma brincadeira com ela e pegá-la de surpresa e aí ela me olha como se eu tivesse, sei lá, matado o cachorrinho dela!


- Ah, Taeyeon é uma garota complicada – Sunny bufou ao acidentalmente borrar o esmalte e pintar quase todo o seu dedo mindinho de vermelho.


- Me pergunto como vocês conseguem viver sob o mesmo teto que ela e Yuri por tanto tempo. – Virou novamente a página.


- Yuri é como um garotinho da quarta série: pode lhe importunar o quanto for, mas uma hora irá cansar. Você está no caminho certo ao rejeitar suas cantadas, eventualmente ela para. E afinal de contas – sorriu. – ela já ama outra pessoa.


- Bom saber. Já me bastavam os velhos nojentos que me cantavam no bar. – Revirou os olhos.


- Às vezes ser tão bonita deve ser como uma maldição – Sunny deu uma risadinha. – Se algum ahjussi pervertido me cantasse por aí, não hesitaria em acertar um soco na fuça dele.


- Heh. Sexo frágil é o caramba! – Jessica fechou a revista, entediada de ler sobre o milésimo escândalo da família Kardashian e os casais que reatavam mais vezes do que trocavam de roupa. – Mas e a Taeyeon? Ela vai continuar me odiando pra todo o sempre?


- Ela não te odeia, Jessica. É que ficamos quase dois anos sem receber gente nova, Taeyeon deve ter se desacostumado um pouquinho.


- Ela é a líder, deveria ser a sua obrigação fazer-me sentir acolhida!


- Sica, ela não foi sempre assim – defendeu Sunny. – Taeyeon já foi uma adolescente comum; alegre, brincalhona, carinhosa. Só que as circunstâncias mudaram um pouco e elas acabaram mudando-a também.


- Para pior, imagino eu.


- Infelizmente – Sunny concordou com pesar em sua voz. – Taeyeon gosta de pensar que cresceu, mas ainda é uma garota imatura se fazendo de durona para esconder seus sentimentos.


Jessica surpreendeu-se com o quão apropriada achava que aquela descrição era para si mesma.


- E... que circunstâncias seriam essas? – Jessica tinha consciência de que era uma pergunta um tanto intrusiva, mas a curiosidade lhe dominava naquele momento.


- Coisas pessoais, Sica. Me desculpe, mas não posso ficar falando sobre essas coisas com qualquer um. Não que você seja qualquer uma, mas...


- Não esquenta, eu entendi – Jessica sorriu e assentiu com a cabeça. – Você está completamente certa. Foi indelicado da minha parte perguntar sobre isso.


Jessica ficou em silêncio enquanto Sunny concentrava-se em pintar a última unha do pé sem fazer bagunça, inconscientemente botando a língua para fora no processo.


- Se ela lhe provocar, não tente responder à altura. Quando perceber que você não tem nada contra ela, Taeyeon irá lhe tratar como qualquer uma de nós. – Disse Sunny após uma rápida comemoração por ter obtido sucesso em não sujar todo o dedo de esmalte.


- Mas eu tenho algo contra ela! – protestou.


- Guarde seu rancor e jogue-o fora. Você faz parte da nossa equipe agora e a última coisa que precisamos é de atritos! – Sunny alterou o tom com Jessica pela primeira vez desde que haviam se conhecido. – Tenha paciência com Taeyeon, ok? Ela só tem muita coisa em mente.


Mente?


Uma ideia logo passou pela cabeça de Jessica. Faria questão de ter uma conversinha com uma certa maknae.


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Jessica passou no mínimo uma hora contemplando diversas maneiras de sondar Seohyun. Pelo pouco que pode observar sobre a mais nova, era uma pessoa quieta, educada e discreta. Nunca iria lhe revelar o que se passa pela cabeça de suas unnies sem um bom motivo.


E isso significava que sua estratégia deveria ser agressiva e chantagista.


Nos cinco dias que já havia passado naquela casa, Jessica havia notado que Seohyun sempre carregava um livro preto consigo. Tinha aparência velha e gasta, mas a maknae parecia ter grande afeição por ele. Decidiu que aquela seria a isca.


O momento era propício, já que todas as outras estavam ocupadas com alguma coisa. Sunny descansava em seu quarto, enquanto Hyoyeon fumava no quintal e Yuri estava importunando-a como de costume. Sooyoung estava trancada em seu quarto fazendo sabe-se lá o quê, e as irmãs Kim aproveitaram o carro recém-saído do conserto para uma ida ao supermercado. Após longos minutos de espera, Seohyun saiu do quarto para usar o banheiro.


- Boa tarde, Jessica-sshi! – cumprimentou Seohyun.


- Boa tarde, Seohyun! – respondeu Jessica casualmente.


Agora era a hora. Ao ouvir o barulho da porta trancando, Jessica rapidamente entrou no aposento andando na ponta dos pés e não teve dificuldades para achar o objeto que procurava: o livro estava logo em cima da única cama de casal do lugar, provavelmente Seohyun estava lendo-o agora há pouco.


Jessica observou o quarto antes de sair. Tinha um agradável cheiro de lavanda, mas era incrivelmente sóbrio considerando suas ocupantes. Os únicos objetos que traziam um pouco de cor àquele lugar eram o monitor do computador e um despertador, ambos rosa choque – tinha certeza que era coisa de Tiffany, já que havia aprendido nesses dias que a garota amava a cor.


Era arriscado ficar lá por muito tempo, então Jessica saiu de fininho e torceu para que Seohyun não tivesse saído do banheiro. Para sua sorte ainda não havia ninguém na sala de estar; andou rapidamente a passos largos até o sofá e sentou-se, escondendo o livro atrás de uma almofada.


Jessica sentia-se como um dos valentões de Jardim de Infância que costumava ver no pátio da escola quando ainda morava na Coréia, escondendo coisas dos alunos mais indefesos para conseguir seu dinheiro do lanche. Não se sentia lá muito orgulhosa de ter que chantagear a inocente Seohyun, mas um de seus grandes defeitos era ser guiada por sua curiosidade. Em retrospecto, talvez justamente esse defeito fosse uma das razões que lhe fez concordar em ser trazida para Seul.


Se havia alguém a ser culpada, Jessica defendia que esse alguém era Sunny. As respostas que a pequena havia lhe dado sobre a Kid Leader só serviram para atiçar ainda mais o seu interesse, ela não se contentava em ficar assim no escuro. Tinha uma estranha necessidade de saber o que havia tornado Taeyeon daquele jeito; e não para bancar a psicóloga e tentar ajudá-la, mas apenas para ter o prazer de saber. Jessica não tinha a menor intenção de manter um tratamento além das respostas ácidas e provocações.


Jessica foi tirada de seus pensamentos ao ouvir o barulho da porta do banheiro fechando e ver Seohyun passando pela sala de estar novamente. Observou-a de canto do olho até que estivesse fora de seu campo de visão. Não demorou muito para que a garota retornasse com a testa franzida e os dedos entrelaçados.


- Jessica-sshi, você viu alguém entrar no meu quarto enquanto eu fui ao banheiro? – perguntou Seohyun, preocupada.


- Não – Jessica deu de ombros. – Por quê?


- É que eu deixei uma coisa lá e agora ela não está mais – Seohyun franziu ainda mais a testa. – Isso é preocupante. Não só para mim que perdi algo de valor, mas pode significar que haja alguém com o gene da invisibilidade escondido entre nós e... – Seohyun gesticulava freneticamente. – Oh Deus, eu tenho que avisar Sooyoung imediatamente!


- Espera aí! – Jessica resolveu prosseguir com o plano antes que a paranoia de Seohyun estragasse tudo. Tirou o livro detrás da almofada e mostrou-o à maknae. – Por acaso é isto que você estava procurando? – sorriu inocentemente.


- J-Jessica-sshi! Isso é algo pessoal! O que você está fazendo com ele?! – Jessica esperava que Seohyun mostrasse indícios de raiva, mas viu apenas surpresa em sua expressão.


- Pessoal? Opa, é um diário?


Jessica fingiu folhear o livro e viu Seohyun lhe encarando de maneira ameaçadora e exalando ar de suas narinas feito um dragão. Achou melhor não brincar com a sorte, afinal a garota já havia passado por um longo treinamento e provavelmente sabia como chutar seu traseiro de mil e uma maneiras diferentes.


- Calma, calma! Não li nada, juro! – Jessica ergueu os braços. – Mas eu irei ler se você não me disser umas coisinhas.


- O que? – o olhar de Seohyun abrandou um pouco.


- Sua habilidade é muito interessante pra mim, sabe – Jessica aproximou-se lentamente ao perceber que era seguro prosseguir. – Então se você quiser seu diário de volta agora, eu gostaria de saber o que se passa pela cabeça de suas unnies.


- Eu não leio a mente das minhas unnies! – exclamou Seohyun, defensiva.


- Acha mesmo que vou cair nessa, Seohyun? – Jessica ergueu uma sobrancelha.


- Mesmo que eu supostamente tenha o feito, por que acha que eu iria contar pra você? São coisas pessoais!


- Porque eu tenho o seu diário na mão e não tenho medo de ler – provocou Jessica, abrindo em uma página qualquer.


- Pode ler, não faz diferença mesmo – suspirou em derrota. – O diário não é meu, é da minha mãe. Tenho-o guardado há anos, mas só agora me senti-me preparada para ler...


Peso na consciência era pouco para descrever o que Jessica sentia naquele momento.


- Ah – Jessica não sabia o que dizer, definitivamente não havia se preparado para isso. – Me desculpe, eu só queria... saber... é. – Desconcertada, esticou o braço para devolver o diário a Seohyun, que observou o objeto por alguns segundos.


- Hm... Venha comigo, Jessica-sshi.


Seohyun pegou o livro e entrou em seu quarto sendo seguida por uma Jessica apreensiva que estava pronta para levar um cascudo. Ou pior: um longo sermão que lhe faria sentir-se mais culpada e envergonhada do que já estava.


- Sente-se. – Ordenou Seohyun, apontando para a cama. Ela sentou-se na cadeira giratória da escrivaninha e trouxe-a para mais perto de Jessica.


- Eu realmente me sinto constrangida. Você não vai contar pra ninguém, vai? – Jessica sentou-se na cama de casal e olhava para o chão, incapaz de encarar a maknae nos olhos.


- Não! – Seohyun riu como se Jessica tivesse contado uma piada. – Já que você quer saber tanto o que se passa pela cabeça das minhas unnies, irei lhe contar. Afinal, uma primeira impressão às vezes não é o suficiente, não é?


Jessica permaneceu em silêncio e Seohyun perguntou:


- Por quem você quer que eu comece?


Taeyeon,” pensou imediatamente, mas deteve-se antes de articular seus pensamentos. “Não, muito óbvio. Aish, Jessica, não se esqueça de que ela pode ler sua mente. E provavelmente deve estar lendo-a neste instante. Saia da minha cabeça, Seohyun, se é que você está nela!”.


- E então? – Seohyun pacientemente encarava Jessica enquanto ela debatia mentalmente consigo mesma, sem dar indício algum de estar acompanhando a confusão na mente da outra.


- Ah, não sei. Qualquer uma.


- Pois bem, que tal começar com quem você tem mais intimidade? Talvez Sunny?


- É uma boa – concordou Jessica. Não havia pensado naquilo até o momento, mas Sunny devia ser uma das mentes mais interessantes de se vasculhar. Entusiasmou-se para ouvir o que Seohyun tinha para falar sobre ela, mesmo que não fosse o seu alvo principal.


- Sunny-unnie é uma das melhores pessoas que eu já conheci. À primeira vista você pode perceber que Tiffany unnie é como a mãe do grupo, mas eu acho que na verdade esse posto deveria ser dividido com Sunny – sorriu. – Nas vezes em que ouvi seus pensamentos ela demonstrava preocupação com todas nós, principalmente com Taeyeon. Confesso que li a mente dela algumas poucas vezes nesses últimos dias e ela anda se preocupando mais com você do que conosco.


- Sério? – Jessica estava surpresa e lisonjeada. – Heh, não sei o que eu fiz pra merecer tal tratamento.


- Acredito que Sunny unnie sinta-se responsável por você. Sabe, muitas de nós e dos outros que estiveram conosco durante esses anos estão aqui direta ou indiretamente por causa dela... Das visões dela, para ser mais exata. É natural esse sentimento de proteção dela para com os novatos, mas me parece que ela tem uma afeição especial por você.
Jessica sorriu para si mesma. Era reconfortante saber que havia alguém que genuinamente se importava com ela quando estava tão distante de seu lar.


- Tiffany-unnie também se importa bastante com todas nós e principalmente com Taeyeon unnie e Yoona, mas isso é óbvio. Ela claramente demonstra isso em suas ações. – Seohyun pausou e aproximou sua cadeira de Jessica. – O que ninguém sabe é que ela largaria tudo para ficar nos Estados Unidos se tivesse a chance. Não entendo a obsessão dela com essa ideia, mas sei que tem a ver com seus pais biológicos... Mas shh! Isso é um segredo! – Seohyun encostou o dedo indicador nos lábios. – Eu só estou lhe falando isso porque, sabe... talvez você possa ajudá-la com isso...


- É, talvez eu possa – disse Jessica sem muito entusiasmo.


- Tiffany ficou bastante animada quando soube de você. Deviam se aproximar, acho que se dariam bem.


- Anotado. Próxima? – Jessica já se sentia um pouco impaciente. Lembrou-se de que a qualquer minuto Tiffany, Yoona e Taeyeon voltariam e a conversa teria de ser interrompida.


- Hmm... Yoona e Hyoyeon unnie realmente não tem muita coisa a esconder, mas acho que gostaria de saber que Yoona gostou de você.


- Ótimo! Três gostam de mim, duas aparentemente não se importam, uma me odeia e a outra quer me comer – Jessica balançou a cabeça e Seohyun corou levemente com a linguagem utilizada pela mais velha. – Apesar de eu ter sido uma babaca com você, qual sua posição sobre mim?


- Ah... Tivemos um começo não muito bom, mas acho que você é uma boa pessoa, Jessica-sshi.


- Ah, perfeito! Quatro pessoas que não me odeiam em um grupo de oito, isso deve ser um recorde.


Seohyun apenas observava Jessica calada.


- Hã, pode prosseguir. Meu momento de reflexão e de autocongratulação acabou.


- Bem, Sooyoung unnie... desde um certo incidente, ela meio que se isolou.


- Um certo incidente com uma certa pessoa que você certamente não irá me revelar, certo? – Jessica sorriu irônica. – Oh Deus, como eu odeio ser curiosa.


- Você saberá tudo no momento apropriado, Jessica-sshi.


- Ah, claro. Espero pacientemente por este momento. – Revirou os olhos.


- Sooyoung, Yuri e Hyoyeon antigamente eram como unha e carne. Riam, faziam piadinhas e zombavam de todo mundo... Até que depois desse tal incidente, a Sooyoung se distanciou de todo mundo de repente e parou de ser a fonte de alegria da casa. Agora ela já está melhor, mas ainda continua um pouco isolada. Passa horas sozinha no quarto ouvindo música, e nesses últimos dias anda planejando estratégias de batalha. Isso quando ela não está treinando sozinha.


- Uau. Deve ter sido um incidente e tanto.


- E Yuri unnie, ela...


- Eu realmente não quero saber o que se passa pela cabeça daquela abusada – cortou Jessica. – Mas espere aí, Sunny me disse que ela estava apaixonada por alguém. Quero ter algo com o que chantageá-la na próxima vez que me cantar.


- Me desculpe, Jessica-sshi, mas eu não conto coisas pessoais.


- Você me contou sobre a Tiffany.


- Aquela foi uma exceção! – defendeu-se Seohyun.


- Tá, tá. Faça como quiser. – Cruzou os braços como uma criança mimada.


- Já que você não quer ouvir sobre Yuri unnie, eu irei me retirar. Tenho algumas coisas a fazer agora. Foi um prazer conversar com você, Jessica-sshi!


Jessica puxou a cadeira de Seohyun e segurou a mais nova pelos ombros, mantendo-a imóvel e a impedindo de se levantar. Não podia deixar que todo o seu plano medíocre fosse em vão.


- Não está se esquecendo de alguém? – Jessica levantou uma sobrancelha.


- Hã... eu? – respondeu Seohyun inocentemente.


- Não! O que você tem pra me falar sobre Taeyeon?


- Já imaginava que não iria deixá-la passar em branco – suspirou. – Taeyeon-sshi... já faz muito tempo desde a última vez que li sua mente. Estava cheia de mágoa, rancor. Isso já faz dois anos, ela nunca foi a mesma desde então. – Seohyun olhava para as próprias mãos que repousavam sobre suas coxas. – Jessica-sshi, não quero falar sobre ela. Me desculpe.


Jessica estava pronta para insistir quando a porta se abriu, revelando uma Tiffany sorridente como de costume.


- Jessica! – exclamou Tiffany, surpresa com a presença da americana em seu quarto. – Está fazendo amizade com Seobaby? Confesso que não achei que se dariam bem logo de cara! Eu acho ótimo que vocês se enturmem, sabia? Seohyun praticamente só fala comigo e com Yoona! Deveria fazer mais amizades, Seohyun-sshi. – Tiffany apertou uma das bochechas de Seohyun.


- Oi Tiffany, eu já estava de saída – Jessica levantou-se. – Seohyun é uma menina adorável, tivemos uma conversa bem interessante.


- Mesmo? Sobre o que falaram? – Tiffany tirou as sandálias cor de rosa que estava calçando e deitou-se de bruços na cama, apoiando a cabeça em suas mãos.


- Ah, ela me contou um pouquinho sobre vocês – Jessica riu ao ver os olhos de Seohyun se arregalarem. – Foi de grande ajuda, sabe? Às vezes eu sou muito densa pra captar a personalidade de alguém, então foi bom ela ter me falado isso antes que eu fizesse algum comentário que me levasse a merecer um soco na cara. Agora, se me permitem – soltou um bocejo exagerado. – Eu preciso do meu cochilo da tarde.


- Claro, claro. Até o jantar, Jessica! – Tiffany acenou juntamente com Seohyun.


O que você falou de mim, Seo?”, foi o que Jessica ouviu Tiffany dizer após encostar a porta. Deu uma risada silenciosa e cumprimentou Yoona, que estava jogada no sofá degustando alegremente uma barra de chocolate enquanto se entretinha com um programa de variedades. Retornou então ao quarto que já estava se acostumando a chamar de seu; precisava, afinal, dedicar mais algumas horas ao seu hobby preferido.


Porém pensou melhor. Se já havia entrado na onda de bancar a Sherlock, podia muito bem continuar e arrancar mais algumas informações de Sunny. Que se danem as horas de sono, sua curiosidade era mais importante.


- Sunny, eu... – Jessica parou ao ver que a pessoa deitada na cama de casal não era a baixinha de cabelos curtos que esperava encontrar, e sim a que gostaria de evitar. Com seu fone de ouvido avantajado estourando em agressivos riffs de guitarra e sua expressão amarga de sempre, Taeyeon seguiu-a com o olhar. Jessica franziu a testa e sentou em sua própria cama, arrumando as revistas que estavam espalhadas sobre ela.


- Incomodada com algo, Jung? – Taeyeon tirou o fone de ouvido e deixou-o pendurado ao redor de seu pescoço.


- Por que se importa agora?


- Só fiz uma pergunta. – Botou o fone de ouvido novamente. – A propósito, Sunny acabou de entrar no banheiro. Parece que foi tomar banho. Vai por mim, ela vai demorar.


- Que saco... – murmurou.


- Mas para a sua sorte, aqui tem uma pessoa muito legal que pela primeira vez está com saco pra falar com você.


- Hah, tá brincando, né? – Jessica decidiu enfiar-se debaixo das cobertas mesmo que o clima não estivesse frio.


- Tô. Acho que eu não sou muito legal – deu de ombros. – Mas estou tentando ser porque Sunny me obrigou.


- Não estou interessada na sua falsa simpatia. – Jessica virou para o outro lado e se acomodou.


- Eu não entendo. Quando eu sou rude, você me odeia e com razão. Quando eu tento ser gentil, você ainda não gosta de mim.


- Isso é tudo culpa sua. Desde o primeiro dia em que nos conhecemos eu já tenho uma grande antipatia por você, não tem mais volta. – Disse ainda virada, encarando a parede.


- Ótimo! Assim não vou precisar fingir que eu estou feliz em ter você aqui.


- Que bom. – Jessica puxou o lençol e cobriu sua cabeça.


Silêncio. Os únicos sons que se ouviam no quarto vinham do banheiro; o barulho da água do chuveiro caindo no chão intercalava-se com a voz de Sunny, que cantava empolgada alguma música pop coreana desconhecida por Jessica.


- Então quer dizer que estava conversando com Seohyun agora há pouco? – Taeyeon decidiu quebrar o silêncio, para a surpresa de Jessica.


- Eu não sei se as coisas mudaram aqui na Coréia, mas lá no ocidente isso geralmente quer dizer “quero dormir e não estou com vontade de conversar” – Jessica botou a mão para fora e apontou para o lençol sobre o seu rosto, sua voz abafada por ele.


 - Tá, desculpa por fazer um esforço pra tentar me dar bem com você.


- Agora sou eu quem não entendo – Jessica descobriu apenas o rosto e virou-se para a líder. – Você acabou de dizer que não quer fingir que gosta de mim e ainda tenta puxar conversa quando eu não quero que me encham o saco? – ergueu uma sobrancelha.


- Olha, deixa pra lá. Esquece que eu falei qualquer coisa com você hoje e volta a dormir, vai.


- Thank you very much! – resmungou.


Jessica soltou um grunhido irritado e acomodou-se pela última vez antes de fechar os olhos e esperar que o sono viesse lhe visitar. Quando ouviu ao longe mais riffs de guitarra e baterias nervosas, comemorou mentalmente. Já podia descansar sabendo que Taeyeon a deixaria em paz no momento.


O que Jessica não havia visto, porém, foi o olhar da Kid Leader repousar sobre ela talvez alguns minutos a mais que o necessário.


Taeyeon sacudiu a cabeça e voltou a atenção para sua música, aquela era uma de suas preferidas afinal. Fechou os olhos e encostou a cabeça na parede, deixando-se entorpecer por baixos hipnotizantes e envolventes solos de guitarra. Ficou assim por uns bons minutos até seu MP3 player lhe surpreender com uma música de Lady Gaga que Taeyeon juraria até a morte que tinha parado em sua playlist apenas por acidente.


A líder riu baixinho para si mesma e olhou de relance a garota que já havia adormecido. Jessica certamente tinha cara de quem gostava desse tipo de música, ainda mais tendo morado nos Estados Unidos. Logo o que deveria ser apenas um simples vislumbre transformou-se em mais uma sessão de observação à americana.


Era algo que Taeyeon simplesmente não conseguia controlar; apesar de tudo, Jessica ainda possuía uma beleza estonteante que era capaz de fazer qualquer um virar a cabeça para olhá-la. Estava hipnotizada pela figura pacífica e vulnerável da garota, tão diferente da Jessica sarcástica e defensiva que parecia ter prazer em confrontá-la a todo momento.


Talvez, no fundo, quisesse aproximar-se de Jessica. Mas Taeyeon não se permitia aproximar de qualquer um que não fosse suas sete companheiras. Não depois do que acontecera dois anos atrás.


- Olhando o quê, Taengoo?


Taeyeon assustou-se com a repentina aparição de Sunny em seu campo de vista, involuntariamente encolhendo os ombros e arregalando os olhos. A baixinha riu com a reação da amiga e deitou-se de bruços a seu lado.


- Hã... nada em particular... – Taeyeon desviou o olhar.


- Acho que Jessica não iria gostar de saber que você a chamou de nada.


- Do que você tá falando? – Taeyeon arqueou uma sobrancelha.


- De que você estava tão fissurada em olhá-la dormindo que nem percebeu que eu lhe chamei umas três vezes – Sunny deu um fraco peteleco na testa de Taeyeon. – Ou que eu posso ouvir daqui que você está escutando Lady Gaga.


Taeyeon franziu a testa e bufou, rapidamente tirando o seu MP3 player do bolso para trocar de música.


- Ela te intriga, não é? – Sunny aproximou-se de Taeyeon. – É por isso que você a repele, porque tem medo de se aproximar demais assim como aconteceu com...


- Sunny, chega – cortou Taeyeon com rispidez. – Que tal você me deixar sozinha por um instante?


- Você só anda sozinha esses dias! – Sunny fez beicinho. – Mesmo que você esteja uma chata, eu sinto falta da minha Taengoo.


- Tudo bem... – Taeyeon afastou-se um pouco para a beira da cama e estendeu um braço, sinalizando para que Sunny deitasse a seu lado. – Vem aqui, vamos dormir abraçadas como nos velhos tempos.


Sunny sorriu e se aconchegou ao lado de Taeyeon, encaixando sua cabeça em seu ombro. Podia ouvir uma suave melodia vinda dos fones de ouvido, diferente do rock pesado que a líder costumava ouvir. Taeyeon afagou os cabelos de Sunny e fechou os olhos, esperando sonhar com qualquer coisa que lhe tirasse a mente daquela maldita americana.


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Notas finais do capítulo

Por mais que eu ache que esse capítulo não seja o suficiente pra que vocês me perdoem por ficar tanto tempo sem atualizar... peço um milhão de desculpas a vocês. i_i