O som de metal rangindo pairava no ar daquela manhã, enquanto o moreno virava de um lado para o outro na cama, tentando ignorar aquele barulho irritante. O rapaz havia ido dormir já fazia horas, porém seu precioso e sagrado sono estava sendo atrapalhado logo no final dele, e isso o irritava profundamente.

O moreno então irritado, abriu seus olhos, procurando pelo causador de sua pertubação, e eventualmente, viu uma pequena garotinha envolvida no lençol, no canto do quarto mechendo em algo que ele não saberia dizer o que era.

— Eu juro que eu gostava mais, de quando as garotas me acordavam com um beijo de bom-dia, ou um café da manhã na cama mesmo. — A pequena virou seus olhos para trás, observando o moreno se levantar da cama, vestindo apenas a cueca em seu corpo, o que logo fez Arme desviar o rosto, corada.

— Idiota... — A pequena garotinha começara a recolher a bagunça que fizera no chão, para então jogar em sua sacola os objetos.

— Ah, eu sinto saudade dos apelidos carinhosos também. Como é que era mesmo... — Sieghart ficou um tempo apoiado na parede, enquanto deixava a calça que ele estava botando cair e ficar pendurada no meio de suas pernas. — Se me lembro uma me chamava de moreninho fofo, a mais nova, teve outra também que me chamava de... acho que era algum cara famoso que ela conhecia, Ashton Kutcher, algum viado assim. Mas a que eu mais gostava, era o apelido da minha última namorada. Ela costumava a me chamar de Senpai hentai, de uma forma tão fofa...

Arme ficou observando a cena do moreno apoiado na parede, viajando em seus pensamentos e com a calça pendendo em suas pernas, e não sabia se devia rir ou chorar.



A criatura se arrastava pela plantação ainda intacta apesar do apocalipse. Em seu interior, uma fome crescia cada vez mais a cada instante, em que se dava conta de quê precisa por quê precisava devorar um pouco de carne.

A mesma estava na cidade, um dia atrás apenas, procurando por comida, vagando pelas ruas em meio aos outros predadores, apenas esperando algum desavisado vir ao seu campo de visão, para correr de encontro a ele, e devorar cada pedacinho que pudesse abocanhar.

E foi aí mesmo, que viu duas presas deliciosas, em cima de um veículo estranho, indo em outra direção. Não pensou duas vezes, e decidiu correr para segui-lás, acompanhando seu rastro pelos sons e cheiro.



Arme e Sieghart já estavam montados na moto agora, o rapaz vestido de suas roupas imundas, e Arme suja com seus trapos piores ainda. A condição dos dois era lamentável, e mesmo naquele maldiro hotel não haviam conseguido tomar um banho, ou lavar as roupas ao menos, o que era deprimente.

O moreno deu partida na moto, e seguiu pela estrada como já haviam feito várias vezes, dessa vez silencioso, pois tinham um objetivo em mente, que era chegar em East Hill.

O barulho que vinha do motor, era o único que invadia os ouvidos de ambos naquele dia, em que se puseram a caminho da cidade. Eles nunca haviam ido ao local, porém tinham um breve conhecimento da cidade antes do apocalipse. Era mais voltada para esportes, e apesar de não ser uma capital ou coisa parecida, os moradores se dedicavam bastante ao treinamento.

Sieghart estava pensando a respeito de que tipo de mulheres eles encontrariam quando chegassem lá, quando fora interrompido por um tapa de Arme.

— Foi o quê? Pensei alto de mais? — Disse ele, enquanto olhava por cima do ombro pra Arme.

— O quê? Não... só, para a moto por um instante por favor. — Arme estava dispersa, sua mente pensando em outras coisas, o que despertou a curiosidade de Sieg, enquanto ele encostava a moto.

— Algum plano de me matar no meio da estrada e depois praticar necrofilia? Eu vi bem como você olhava para aquele zumbi ontem. — Sieg não citou o nome de Lass, mas mesmo assim Arme se manteve indiferente.

— Não está ouvindo? Esse barulho... Sieg, estamos perto de um rio. — Os olhos da pequena brilharam por um instante, enquanto falava isso.

— Sei, e.... não me diga que pretende tomar banho né? — Sieghart ainda encarava Arme confuso, quando a mesma se limitou a cruzar os braços, e deixar o moreno contemplar o estado deplorável que ela se encontrava. — Ok, talvez você precise de um banho, mas com uma condição apenas.

— Sieg não me peça nada vergonhoso, por favor... — A garota corou no mesmo instante, pensando no quê um pervetido como Sieghart poderia desejar dela num instante como esse.

— Nada de mais, apenas vai lavar minhas roupas. — Sieghart deu mais um de seus sorrisos marotos, enquanto Arme não sabia se ficava aliviada, ou irritada. Porém apenas concordou com a cabeça, e então abraçou a cintura do moreno, com cuidado para não apertar, enquanto ele adentrava na estrada em meio a plantação, em direção ao barulho d'água .



O predador seguia seu caminho pela estrada. Assim que chegou no lugar onde estavam as duas presas, ambas já se viam em cima do mesmo veículo estranho, e prontas para partir, de forma que era inconcebível correr atrás, lento da forma que era, mas como ele já não pensava mais, e seguia apenas seus instintos, partiu atrás dos dois, porém escondido atrás da plantação.

A criatura em pouco tempo foi deixada para trás, apesar de correr na velocidade mais rápida que lhe era permitida, e por isso teve de confiar apenas em seus ouvidos, para seguir o som que eles deixavam ao andar.

Estava de passagem por um trecho da estrada, quando notou um desviou para o interior. Já havia um tempo que ele havi perdido o som deles, e não sabia para que lado devia seguir, e muito menos se devia confiar em seu olfato para lhe guiar. Entretanto, seus instintos carnívoros o levaram para a estrada que adentrava as plantações, e por lá, ele seguiu.



Arme já estava nua, e tocando com a pontinha de seus pés a água, sentindo o calafrio percorrer seu corpo, por estar tão gelada, e por não sentir isso faz tanto tempo. Impulsivamente então, a garota pulou no rio, enquanto deixava se afundar com um sorriso no rosto.

Enquanto isso, atrás de uns arbustos, Sieg tentava obtêr alguma visão boa do acontecimento inédito que estava rolando lá em baixo. O moreno estava ali desde o instante que Arme o deixara, mesmo que a pequena tenha pedido pra ele não espiar, porém tudo que o rapaz conseguiu foi um vislumbre das costas, e das nádegas da pequena.

"Vamos lá, saia de baixo da água pirralha, eu nunca tive a chance de ver o seus dotes, mostre pro tio Sieghart vai, só precisa levantar..."

Sieg se mantinha imóvel, e apesar de Arme ter emergido, a mesma deixava apenas o pescoço para cima de fora, enquanto seu rosto exibia um sorriso satisfatório. Sieg dizia a sí mesmo que daqui a pouco o sorriso seria dele, até ouvir atrás de sí alguns barulhos.

"Não vai ser um zumbi, não vai ser um zumbi, não vai ser um zumbi..."

Sieg se virou, e então viu, o zumbi, enqunto um semblante de decepção invadia o seu rosto. O zumbi então, se atirou na direção de Sieghart, que teve de se jogar na direção dele também, caso contrario iria rolar pelo barranco com ele, e dar de cara com Arme lá em baixo, e isso seria vergonhoso de mais, até para ele.

"Espiando garotinhas Sieghart? Até que ponto você chegou hein!"

Sieg rolou alguns metros, enquanto se engalfinhava com a criatura, tentando manter sua boca afastada de seu corpo. Era felizmente um zumbi mais fraco que o de costume, e provavelmente não teria problemas em enfrentá-lo.



O predador, estava seguindo seu caminho, agora já no fim da estrada, quando ouviu sons de uma luta. Se virou então, procurando os indicíos dela, e correndo na direção de onde estava, e então encontrou o que procurava.

No chão em sua frente, um pedaço de carne se debatia, de encontro á um pedaço de carne podre. Seu instinto lhe dizia para se jogar contra o pedaço de carne, e devorá-lo por completo, mas decidiu esperar, não queria ter de partilhar comida com outro.

O predador então, deu algumas voltas, ao redor da cena, ainda se mantendo atrás dos arbustos, esperando o momento certo, para reclamar o seu prêmio. Observou o moreno erguer algum tipo de lâmina, na altura do pescoço do zumbi, e a medida que ele se aproximava, ela enterrava em sua carne, e o sangue escorria diretamente para o corpo de sua presa.

A presa estava a alguns instantes de vencer a luta, quando o predador notou algo que não havia visto ainda, jogado no chão acasionalmente, e após ver aquilo, se decidiu.

Caminhou lentamente para fora dos arbustos, enquanto via a face de surpresa do moreno,que ainda lutava com o zumbi.

E então, atacou.




— Aaaaaaaaaaaaaaah! — Arme parou no mesmo instante, enquanto ouvia o grito do moreno lá em cima.

— Sieghart?! SIEGHART!? — A pequena estava lavando as roupas, porém no mesmo instante, saiu do rio, enquanto se envolvia com o blazer que estava lavando, e apenas isso.

A pequena subiu até a margém, desesperada e aguardando pelo pior, e a cena que viu, não seria menos chocante.

Um corpo ensanguentado estava atirado ao chão, exibindo marcas de inúmeras mordidas, e além disso, um corte no pescoço. Mas adiante, e atrás disso, Sieghart estava sentado no chão, e em seu colo, uma criatura de pelos brancos mordia um biscoito que o moreno lhe dava.

— Sieghart, o que você está fazendo com esse husky siberiano? — A pequena não sabia dizer se estava mais surpresa por terem sido atacados ali, ou por Sieghart aparentar ser amigo dos animais agora.

— Husky não, lobo, e ele tem nome, pode chamá-lo de Senoharff. — Sieg brincava com o lobo, enquanto o mesmo tentava morder o pedaço de biscoito e Sieg puxava na última hora, até que ele finalmente conseguiu pegar.

— Mas que raios de nome é Senoharff?! Pelo amor de Deus, não vê como essa situação é ridícula? Desde quando você virou algum tipo de Pocahontas ou sei lá. — Arme deixou-se cair no chão ajoelhada, enquanto insistia de quê dentre todos os humanos na face da terra, o mais estranho sobrou pra ela.

— Senoharff é o nome de um lendário guerreiro viking possuídor de donzelas. Ou ao menos é como esse lobo fez parecer. E ah, deixe as comparações engraçadas pra mim, você não sabe fazer isso. — Sieg agora afagava a pelugem macia do seu lobo, enquanto o mesmo lhe lambia o sangue que estava sob o seu pescoço.

— Sieg, isso é... muito... — Arme tentava entender quais eram as chances de um Husky siberiano surgir do nada e ficar amigo do Sieghart, mas não conseguia compreender.

— Ele nascer pra ser meu lobo, e só isso, somos tipo almas gêmeas, ele até pensa como eu. — Disse Sieg, enquanto afagava ainda mais a pelugem macia de seu "lobo" .

— Ah, mas isso não, e posso provar. Ele é apenas um cachorro, e segue seus instintos. — Arme se levantou, e pegou a sacola que estava no chão, tirando de dentro dela um biscoito, e estendendo na direção do cachorro. — Vem cá Senny, pega esse biscoitinho vai.

— O que raios você está tentando fazer? — Sieghart dizia, enquanto Senoharff saia de seu colo, indo em direção á Arme. — Primeiro, não chame ele dessa forma gay, e segundo, se você me oferecesse um biscoito eu também levantaria, não tem nada de mais.

Arme ignorava as palavras de Sieghart, enquanto ela mesma se encantava com a criatura. Senny mordera o biscoito de leve, para então puxar da mão dela, e engolir ele, não sem antes lamber os dedos de Arme. A pequena então se ajoelhou, para fazer carinho no cachorro, enquanto o mesmo abaixava sua cabeça, e deitava no chão. Arme estava destraída, encantada com ele, que não notou quando o mesmo fora se arrastando de leve para frente, enfiando seu focinho sob o blazer que ela vestia.

— Se-Senny, ai n-não! Ahhn! Pa-para! — Arme afastou o cachorro, enquanto rolava para longe dele, e observava a face risonha de Sieghart.

— Bom garoto Senoharff, bom garoto.



Bônus:

...teve outra também que me chamava de... acho que era algum cara famoso que ela conhecia, Ashton Kutcher, algum viado assim...

Bitch, Please.