Glee Club X Zumbis escrita por RaeRae, Adla Queiroz


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Algumas coisas que vocês precisam saber: Kurt nunca foi estudar em Dalton Academy, Blaine sim pediu transferiu para McKinley e pouco tempo depois os dois começaram a namorar. Quinn e Finn reataram, mas Rachel não tentou voltar com Finnfantil. Carl (o dentista) e Lauren não existem.
Não acho que alguém vá acompanhar essa história (não, não estou fazendo charminho), mas se eu estiver errada, divirta-se!



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Há dois meses, meu pai, Hiram Berry, desapareceu. Ele trabalhava para o governo em um projeto secreto. Pai é um dos mais renomados cientistas no campo da regeneração celular e nos últimos tempos fez grandes avanços em suas pesquisas.


Por dois anos, papai e eu quase não tivemos contato com ele. Pai só vinha visitar uma vez a cada mês e sempre ficava menos de três dias. Em sua última visita estava muito nervoso, papai e ele estavam sempre sussurrando pelos cantos. Ele parecia cada dia mais agitado e só entendi o porquê no dia de sua partida, quando escutei uma conversa entre os dois.


— Hiram, tudo isso já foi longe demais, com os resultados que a vacina vem apresentando... — papai se interrompeu, cansado — está mais do que na hora de colocar um fim nesse projeto. — pela pequena fresta entreaberta da porta, pude vê-los conversando perto da cama.


— Eu sei. Venho dizendo isso há muito tempo. Mas sempre que tento abordar o assunto de forma direta eles falam que confiam no meu trabalho e que eu deveria ter mais fé em mim mesmo, se tento insistir...— Pai fez uma pausa e depois continuou com uma nota de desespero na voz — Leroy, começaram a fazer ameaças, e-eles ameaçaram você e nossa Estrelinha.


— Deus! — papai levou a mão à boca. — E se fossemos à imprensa?


— E dizer o quê? Que o governo desenvolveu uma vacina que transforma as pessoas em monstros comedores de carne humana? Em zumbis?


— Ugh... — engasguei. Não acreditava que pai acabara de dizer zumbis. Não podia ser. Isso só acontece em filmes. Pai e papai devem ter percebido que eu estava espionando e decidiram fazer uma pegadinha comigo, certo? Tem de ser isso, a alternativa é assustadora demais.


Notei papai vindo em minha direção. No meu atordoamento devo ter feito algum barulho, deletando minha localização. Sai correndo para o meu quarto e me joguei na cama chorando meus olhos pra fora.


— Isso não pode ser real. Todo mundo sabe o que acontece nos filmes de zumbi e o final raramente é feliz. Lembra-se da Alice? Toda vez que a coitada acha que encontrou um local seguro acontece alguma coisa e BANG, nos vemos no próximo filme. — Enquanto balbuciava coisas sem sentido meus pais devem ter entrado no quarto, porque a próxima coisa que senti foram braços fortes em minha volta me abraçando apertado, como se quisessem me proteger de todo o mal do mundo. Ficamos por um tempo em silêncio, meus dois papais perto de mim, até que pai perguntou:


— Estrelinha, o quanto você ouviu? — seu semblante parecia cansado e preocupado. Não respondi, mas seja lá o que viu em meu rosto foi resposta suficiente pra entender que ouvi a parte essencial, Zumbis.


Naquela noite, antes de partir, pai me explicou tudo. Precisei de um tempo pra me acalmar, mas eu sou Rachel Berry e quando a situação se complica mantenho a calma e o foco.


Pai falou que a cerca de 2 anos e 4 meses, um antigo professor da universidade entrou em contato oferecendo parceria em uma pesquisa revolucionária. Após conversar com papai e eu, já que se aceitasse seria obrigado a passar longos períodos de tempo longe de casa, aceitou o cargo. Quatro meses depois ele partia.


O governo estava tentando criar uma vacina que tornasse seus soldados mais fortes, rápidos e com cura acelerada. Os primeiros testes foram um sucesso, conseguindo alcançar dois dos três objetivos (força e cura). Até que um dia houve um acidente no treino de campo que resultou na morte de um dos soldados que participavam do experimento. Todos ficaram abalados e decidiram encerrar o expediente mais cedo, ninguém contava com os eventos subsequentes. Naquela noite, o grupo de quatro médicos que ficara com o corpo para avaliações foi quase todo massacrado. Ao que parece, o soldado não estava tão morto quanto se pensava. A câmera de segurança mostrou que quatro horas depois de seu falecimentos o soldado despertou com uma fome violenta de carne humana e uma outra coisinha. Um dos médicos, uma mulher negra de 36 anos, Dr. Helen Harris, conseguiu escapar apenas com uma mordida no braço. Depois de sair da sala isolou-a (todas as salas possuem portas altamente resistentes e janelas feitas de vidro à prova de balas) garantindo tempo suficiente para que reforços chegassem e controlassem o morto-vivo.


A Dr. Helen foi mantida em observação, já que ninguém sabia se a mordida teria algum efeito colateral. Mais tarde essa medida mostrou-se inteligente. A doutora começou a apresentar sintomas preocupantes, sua temperatura caiu para 33°C, batimento cardíaco e outras funções também diminuíram, dentro de uma hora ela se encontrava no mesmo estado do soldado morto-vivo. Testes feitos depois, mostraram que assim que a circulação de sangue e oxigênio param completamente é desencadeado no cérebro uma reação química que trás os infectados de volta a vida, porém, desprovidos de toda e qualquer consciência. O corpo começa a sofrer processo de deterioração e o individuo lança-se numa busca desenfreada para aplacar duas necessidades físicas básicas: fome e libido, exatamente nesta ordem. O vírus só pode ser transmitido pela saliva, não se encontra em qualquer outro fluido corporal e a única forma de matar um infectado, quer dizer, matar definitivamente é atacando o cérebro.


Pai partiu pouco tempo depois de encerrar seu relato. Na manhã seguinte, encontrei papai na cozinha tomando café e declarei que precisávamos nos preparar.


— Preparar pra que Estrelinha? — perguntou não acompanhando meu raciocínio.


— Papai, não é obvio? Temos um apocalipse zumbi em potencial nas mãos — peguei um copo de suco de laranja na geladeira e vi que ele revirava os olhos. Continuei — temos que nos preparar para sobreviver e proteger as pessoas que amamos — ele percebeu que eu falava sério.


— Tudo bem, Estrelinha, o que tem em mente?


— Precisamos de suprimentos, como comida-enlatada e água, além de armas — fechei os olhos e encolhi os ombros, preparando-me pro que estava por vir. Ele não decepcionou.


— RACHEL BARBRA BERRY, você não está indo pegar em armas, mocinha. Seu pai me mataria se soubesse que eu deixei nossa princesa perto de uma abominação dessas. O quê você tá pensando garo — foi ai que interrompi, porque, Ei, puxei isso de divagar e disparar mil palavras por segundo de alguém da família. Te dou um doce se adivinhar de quem estou falando.


— Tempos desesperados pedem medidas desesperadas — afirmei — não vou pegar uma arma por diversão, mas porque essa pode ser a única variável a decidir se vou viver ou morrer num futuro próximo — tentei fazê-lo compreender.


— Rachel, sei que você é naturalmente uma rainha do drama, mas você não acha que está exagerando só um pouquinho? É muito provável que nada disso seja necessário. Temos o exército dos Estados Unidos, acho que eles podem dar conta de alguns zumbis.


— O senhor quer arriscar? Vai mesmo colocar a minha vida nas mãos de um exército que não conseguiu nem ganhar do Vietnã?— papai ficou pensativo por um segundo e depois respondeu.


— Tem razão Estrela, vamos começar a nos preparar.


— Papai, só mais uma coisa — falei devagar.


— Sim?


— Será que posso contar pro Noah? — pedi baixinho.


Aproximando-se de mim, ele colocou uma mão reconfortante no meu ombro, suspirou e com uma voz triste, continuou — Estrela, sei que é difícil manter tudo em segredo, mas nossa segurança depende disso, se eles descobrirem que seu pai nos contou e que estamos espalhando por aí, só Deus sabe o que poderiam fazer conosco.


— Eu sei papai, mas isso é tão injusto — falei inconformada — ele e os outros também deveriam ter a chance de se preparar. — Noah e eu nos tornamos grandes amigos depois do meu término com Finn. Acho que ele se sentiu culpado por ter sido a causa da nossa separação. Mas já deixamos tudo isso pra trás e agora somos como irmãos.


— Estrelinha... — papai começou de coração partido por me ver triste.


— Não. — interrompi de novo (é melhor não fazer disso um hábito, pode ser o fim do mundo, mas ele ainda é meu papai) — Eu entendo, ok? Só estou realmente chateada. — de repente tive uma ideia. Se esse fosse um daqueles desenhos animados nesse momento teria uma lâmpada gigante sobre minha cabeça — E se trouxéssemos Noah pra treinar conosco, mas não disséssemos o verdadeiro motivo? Eu posso falar que é pra quando me mudar pra NovaYork. Aquela é uma cidade grande e uma garota precisa saber se defender. Afirmo que estou convidando porque vai ser mais divertido do que aprender sozinha, ele vai acreditar e também vai adorar aprender a lutar, atirar e desenvolver estratégias — pela expressão em seu rosto percebi que papai ainda estava incerto. Era hora de usar armamento pesado: olhos de cachorrinho e voz de choro — por favor, papai... sniff...sniff.


— Ok, Estrela — YUP finalmente ele cedeu. Como se houvesse alguma chance que não.


Durante uma semana aprontamos o porão, tirei de lá minhas fotos e prêmios, e dei adeus ao santuário Rachel Berry. Armazenamos comida, roupas, água engarrafada, conseguimos um gerador (foi instalado fora da casa), alguns aparelhos como walkie-talkies e um rádio, pilhas, lanternas, bebidas (essas papai não viu, mas se enfrentaremos um apocalipse, vamos precisar), suprimentos médicos, dois colchões e alguns sacos de dormir, armas e munições. Depois disso conversei com Noah que logo aceitou se inscrever nas aulas comigo (tive que deixar o balé, mas foi por um bem maior). Estabelecemo-nos em uma rotina.


No mês seguinte pai não apareceu no dia planejado, tentamos contatá-lo, mas não tivemos sucesso. Papai e eu começamos a nos preocupar. Mas duas semanas depois chegou uma carta do pai. Ele dizia que estava bem, mas que não poderia manter contato por um tempo. A carta não explicava muito, mas sabíamos que era verdadeira devido a um código que meus pais criaram. Era algo realmente simples, pai só precisava, de maneira sutil, escrever algo que só ele e papai saberiam.


Depois disso Noah, papai e eu voltamos à rotina de treinamento que havíamos estabelecido.



Tempo atual


Estávamos na sala do coro. Sr. Shue, como sempre, tentando reviver seus dias de glória através de nós. Era tudo muito chato e repetitivo, e isso deve significar algo se está vindo de mim. Mas, sendo sincera, eu mudei muito desde aquela primeira noite quando meus pais me contaram sobre o projeto. Ganhei novas prioridades e todo mundo percebeu as diferenças, começando pelo meu guarda-roupa. Deixei as saias de lado por serem pouco práticas. Calças jeans protegem bem mais em uma luta. Continuei usando suéteres, mas sem animais. Bichinhos fofos já não combinavam com minha nova personalidade. Também deixei de aceitar toda a merda que jogavam em cima de mim e fiz meu ponto muito claro quando dei uma joelha entre as pernas do Karofsky. Não me interpretem mal, ainda sou Rachel Berry e não gosto de usar de violência, não queria ter chegado tão longe, mas ele disse uma coisa sobre os meus pais que... bem, basta dizer que a joelhada ficou barato. Mas onde minha mudança foi mais visível foi no Glee Club. Eu ainda era a capitã e ainda me preocupava em ajudar nas tarefas, mas como tenho outras coisas pra me preocupar acabei relaxando e delegando mais, agora até dividia meus solos. Tudo isso fez com que o resto do New Directions pegasse menos no meu pé (ou talvez tenha sido a joelhada no Karofsky). Além disso, comecei uma amizade inesperada com o membro mais quieto do grupo, Mike Chang, e como consequência me aproximei da Tina. Nós não somos amigas do tipo que pintam as unhas dos pés da outra, mas temos uma relação legal.


Há apenas duas pessoas que pareceram não gostar muito do meu novo eu, Mercedes e Quinn. A blondie até entendo, porque não importa o que eu faça acho que ela nunca vai gostar de mim, mas a Mercedes?! Essa eu realmente não saquei, ela devia estar feliz, pois agora tem mais tempo e espaço sob os holofotes, porém tudo o que ela faz é ficar cada dia mais antagônica a mim. Quer saber? Foda-se, problema dela.


Estava sonhando com ir dar uma volta no meu carro novo, quando senti meu celular vibrar. Tirei do bolso disfarçadamente, tentando não chamar a atenção do Sr. Shue, vi no visor quem era e aí dane-se a discrição.


— Pai ? — atendi andando em direção a porta e chamando a atenção de todos na sala — é você mesmo?


— Rachel, me escute — ele parecia agitado. Devia ser algo importante, ele e papai nunca me chamam pelo meu primeiro nome, é sempre Estrela ou Estrelinha — onde você está?


— Na escola. — respondi prontamente, senti que não podíamos perder tempo.


— Noah está aí?


— Sim, todo o ND está aqui.


— Ótimo. Rachel, chegou a hora — desde que ouvi sua primeira palavra já sabia o que estava por vir, mas tentei me convencer que não era verdade. Posso ter contado com essa possibilidade, mas num caso como esse quem está realmente preparado? Ainda sou só uma criança, tenho 16 anos caramba! Não estou pronta pra enfrentar zumbis, muito menos pra ser responsável pela vida das pessoas naquela sala. Fiquei aterrorizada — Deus! Não posso fazer isso — falei levando a mão que não segurava o telefone aos olhos. Só queria fazer tudo isso desaparecer. Pai deve ter ouvido já que começou a me encorajar.


— Claro que pode Estrela. Você é a pessoa mais forte que eu já conheci, é corajosa e se preocupa com os outros. Lembra o que você me disse na última vez que nos falamos? — claro que lembrava, tinha sido quase um mês depois que a carta havia chegado. Papai e eu estávamos na sala com potes de sorvete assistindo Funny Girl. Seria o aniversário de casamento dos meus pais e esse sempre foi nosso programa em família favorito (pelo menos o de papai Leroy e meu) quando o celular tocou, era o pai. Ele queria dizer que não tinha esquecido da data e que amava muito a nós dois. Conversamos um pouco (papai ligou no viva-voz) e contamos a ele sobre nossos preparativos. No começo pai não ficou muito animado com a ideia da Estrelinha dele no meio de lutas e armas, mas ele acabou entendendo.


— Eu disse que se o mundo se tornasse um lugar sombrio e perigoso eu precisaria estar pronta pra proteger meus amigos e minha família e dar a vocês a esperança de que ficaremos bem.


— E você está pronta Estrelinha. Eu acredito em você.


“Vamos torcer pra que o senhor esteja certo pai”, pensei. — Quando o senhor chega aqui? Já está a caminho de casa, certo? Já falou com o papai?


— Sim, acabei de falar com ele. — houve um suspiro do outro lado da linha — Rachel, eu preciso te contar uma coisa.


Droga, lá vem o nome de novo. Eu realmente estou começando a odiar esse nome. — Sim pai?


— Fui infectado.


Ok, por que está tudo ficando escuro e estou caindo? Ops, parei de cair. De quem são esses braços me agarrando por trás? Não importa, eles são bons e esse peitoral forte também é, e esse calor... Nossa! Esse lugar é muito bom...


— Princesa? — uma voz forte e masculina chamou. Senti o lugar contra qual estava apoiada reverberar com aquele timbre.


 Noah, é claro! Já deveria saber. Meu bro ultimamente está sempre aqui pra me pegar.


— Princesa, você tá me ouvindo? — houve uma pausa antes dele voltar a falar — Ela parece bem, senhor Hiram. Acho que só ficou um pouco tonta.


Olhei pra cima e percebi que ele estava com o celular no ouvido. Isso é que é um herói, pegou a garota e ainda salvou o celular, ou melhor, salvou a garota e ainda pegou o celular. Celular? — PAI! — fiquei sobre os meus próprios pés e arranquei o celular de Noah.


— Pai, você ainda tá aí?


— Estou sim, Estrela, mas tenho que ir.


— Pai, não...


— Desculpe Estrelinha, não tenho mais tempo. Eu te amo, fique forte. — houve um barulho e depois a linha ficou muda. Meu pai tinha partido e não ia voltar. Tudo que eu queria era me jogar no chão e chorar até deixar de existir, mas tinha trabalho a fazer e se eu estava sofrendo papai devia estar devastado. Eu precisava ser forte pra ele, entrei na sala de coral, eu precisava ser forte pra eles.


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Notas finais do capítulo

Gostou? Devo continuar?