I Feel Pretty Unpretty escrita por GabanaF


Capítulo 5
Parte Cinco


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, como estão a semana de vocês? A minha vai tediosa como sempre, o que é bom, pois me dá tempo de sobra para escrever...
Mas enfim, esse capítulo é para morrer de tanta fofura, sério, eu me pergunto até hoje o que me deu para escrevê-lo. Não vou manter vocês presos aqui em cima, então bom capítulo!



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— Oi — disse alguém na janela, quase me matando do coração.

Virei-me com o maior cuidado possível para não cair do telhado e me deparei com Rachel. Ela engatinhava pelas telhas com um pavor no olhar. Tive que me controlar para não rir.

— Sua mãe falou que estava no seu quarto — disse Rachel ao finalmente chegar perto de mim e sentar-se. — Entrei e não tinha ninguém...

Acenei que entendera, interrompendo a garota sem querer. Mordi o lábio, me perguntando se Rachel estaria ali por causa da história de Lucy Caboosey, afinal Zizes não teria só posto minha foto no mural, também deveria ter contado para todos no Glee.

— Lauren é uma vadia — falou Rachel num murmúrio.

O vocabulário que Rachel usara (mesmo sendo comum para meninas como Santana) fora tão baixo para ela que soltei uma gargalhada, fazendo a pequena judia me encarar assustada.

— Mas é! — exclamou ela, indignada. — Ela não tinha direito de fazer aquilo com você, foi golpe baixo.

Suspirei, mas acabei concordando. Ironicamente, Rachel fora a única que aparecera depois da escola e de todo o boato ter se espalhado. Finn me levara em casa, sem mencionar o ocorrido até estacionar e dizer algo sobre carma. Praticamente chutei o garoto da porta da mansão Fabray. Santana me ligara, mas fora somente para me atazanar sobre Lucy.

Rachel era a única que havia aparecido para me apoiar. Ela poderia não ter dito muita coisa, mas ela tinha chamado Zizes de vadia, algo que jamais faria se fosse defender outra pessoa. Rachel era minha protetora, eu tinha que admitir, ainda que relutante.

— Obrigada — murmurei, olhando diretamente para a noite iluminada de Lima. — Por estar aqui.

Rachel se virou bruscamente e acabou por escorregar alguns centímetros. Totalmente apavorada, ela agarrou meu braço e eu a puxei para perto de mim, segurando-a firmemente nos meus braços. Os olhos castanhos e brilhantes de Rachel se encontraram com os meus e nós caímos na risada.

— Você quase me matou de susto — reclamou ela.

Eu? Você que estragou meu momento! — retruquei, fingindo irritação.

Ela bateu no meu ombro, rindo. Rachel tentou se soltar de mim, mas, por alguma razão desconhecida, não a deixei sair do meu aperto. Meu braço direito perpassava por sua cintura e o outro abraçava sua barriga. Por fim, então, ela parou de lutar e se aninhou no meu abraço.

— De nada — disse Rachel após uns minutos. — Você é bem mais que um rostinho bonito, sabe disso.

Senti meu rosto corar quando Rachel deitou a cabeça no meu ombro. Ninguém havia dito isso para mim. Todos que já tinham ficado comigo apenas me aceitavam por que eu era bonita. Talvez agora que Lucy Caboosey saíra ao público, me tratassem de forma diferente, mais humana.

Rachel e eu ficamos paradas em silêncio por um bom tempo. Havia algo que queria dizer a ela, mas eu não sabia o quê ou como. Era meio idiota sentir-se mais confortável com uma pessoa que aprendera a gostar em poucos dias do que com o namorado de longa data?

Pois era assim que eu me sentia. Talvez eu tivesse amado Finn no ano passado, mas a verdade era que eu estava usando o garoto para benefício próprio. E ele era tão bobo que sequer percebia que nossos amassos duram muito menos que o habitual.

E com Rachel... Era bom ficar com ela. Aquela baixinha poderia ser irritante, mas me fazia sentir bem comigo. Ela tinha trazido Lucy de volta, me fizera perceber o quanto eu mudara e me deixou fazer as pazes com aquele eu antigo. Eu não tinha mais vergonha de Lucy por causa de Rachel.

— Rachel... Podemos entrar? — sugeri quando ela se estremeceu nos meus braços, tendo uma idéia repentina. — Quero te mostrar algo.

Ela demorou vários minutos para se desgrudar de mim e voltar engatinhando para o quarto. Dei uma risada enquanto me colocava de pé e caminhava tranquilamente pelo telhado; os treinos cansativos das Cheerios funcionavam para alguma coisa, afinal. Realizei um salto gracioso ao entrar de volta no meu quarto, encontrando uma Rachel sentada na minha cama desconfortavelmente, me esperando.

— Você conhece rock, Rachel? — perguntei, passando por ela e indo em direção da minha prateleira cheia de CDs e discos antigos.

— Eu escuto de vez em quando — ela admitiu. — Meu pai Leroy tem os discos originais dos Beatles e papai comprou recentemente o Rock Band deles. Meus pais me obrigam a jogar. Na maioria das vezes, sou o cara do baixo.

Esqueci um pouco o CD que estava procurando para me virar boquiaberta para Rachel.

— Seus pais gostam de Beatles? — Respirei fundo, tentando me recuperar do choque. Minha prateleira só ficaria completa com a coletânea dos garotos de Liverpool, coisa que minha mãe se recusava terminantemente a me dar. — Tudo bem, eu posso viver com isso. Mas o Rock Band? Ah, cara...

Soltei um suspiro de frustração. Rachel riu.

— Você pode ir à minha casa jogar... Eles vivem reclamando que falta o baterista.

— Hiram me odeia — falei meio sentida, voltando minha atenção à prateleira.

— Pois ele vai ter que acostumar com sua presença lá em casa, é o que eu digo — Rachel disse baixinho, presumindo que talvez eu não fosse ouvir.

Fiquei quieta alguns segundos, remoendo o que Rachel tinha acabado de falar. Isso significava que ela me considerava sua melhor amiga? Da última vez que aquilo tinha acontecido, não deu muito certo, pois eu estava determinada a fazer Rachel se sentir mal para que ela escrevesse uma boa música para as Regionais.

As coisas tinham mudado muito em menos de um mês. Rachel era meu amuleto, minha protetora. Eu me sentia bem perto dela e queria que ela pudesse se sentir bem perto de mim também. E não importava o que aconteceria, eu iria lutar para estar perto de Rachel e protegê-la até o fim.

— Ah, achei! — exclamei animada após alguns minutos ao pegar na prateleira de baixo o CD que queria e indo rapidamente colocá-lo no CD Player. — Rachel, caso nunca tenha ouvido, essa banda chama-se Oasis. Preste atenção na letra, por favor.

Rachel assentiu, se aprumando na cama. Revirei os olhos. Procurei a música que queria e apertei o play, me colocando na frente da garota. Balancei a cabeça no ritmo da introdução e deixei que Liam começasse a cantar.

Today is gonna be the day

That they're gonna throw it back to you

By now you should've somehow

Realized what you gotta do

I don't believe that anybody

Feels the way I do about you now

Rachel sorriu, corando fortemente. Sentei-me ao lado dela, começando a cantar junto com Liam, finalmente descobrindo o que eu queria dizer a ela.

Backbeat, the word was on the street

That the fire in your heart is out

I'm sure you've heard it all before

But you never really had a doubt

I don't believe that anybody

Feels the way I do about you now

Eu não sabia que Rachel podia sorrir tanto. Era a única coisa que ela fazia enquanto eu procurava pela mão dela, encostada pacificamente em seu colo. Beijei o topo da cabeça dela para continuar a cantar.

And all the roads we have to walk are winding

And all the lights that lead us there are blinding

There are many things that I would like to say to you

But I don't know how

Passei meus braços ao redor de Rachel, deixando que ela se recostasse em meu ombro enquanto balançávamos no ritmo e eu continuava a cantar a música no ouvido dela.

Because maybe

You’re gonna be the one that saves me

And after all

You’re my wonderwall

Eu não sabia como Rachel tinha agüentado tanto tempo sem derramar uma lágrima, mas quando o último verso tinha terminado, seus olhos marejavam. Senti o rosto de Rachel ficar quente no meu ombro. Dei uma risadinha sem graça, mas na verdade meu estado emocional estava um pouco pior que o dela, afinal eu era que estava se declarando.

Today was gonna be the day

But they'll never throw it back to you

By now you should've somehow

Realized what you're not to do

I don't believe that anybody

Feels the way I do about you now

Rachel se agarrou em mim tão inesperadamente que assustei um pouco. Ela me abraçara pela frente, enfiando seu rosto em meu peito, onde pude sentir sua respiração ofegante e soluços fracos. Englobei-a, aconchegando Rachel perto de mim, continuando a canção.

And all the roads we have to walk are winding

And all the lights that lead us there are blinding

There are many things that I would like to say to you

But I don't know how

Ouvi Rachel soltar uma risada fraca no meu pescoço, fazendo os pelos da minha nuca se eriçar. Era estranho, ela que deveria estar me acalmando, não o contrário. De qualquer maneira, ficar perto de Rachel — muito perto, daquela maneira — era ótimo.

I said maybe

You’re gonna be the one that saves me

And after all

You’re my wonderwall

Deixei que a música tocasse sem minha voz, pois achava que Rachel precisava muito mais de mim falando do que cantando. Liam terminou brilhantemente a música e então Rachel levantou o rosto, tão próximo do meu que pude ver meu reflexo em seus olhos.

— Você é minha protetora, Rachel, obrigada por tudo — eu disse um tanto rápido, desviando o olhar logo depois.

— Mas... — Rachel respirou fundo, ainda ofegante por causa das lágrimas — eu não fiz nada... Eu não sou sua protetora...

— Fazemos um pequeno trato, ok? — Ela balançou a cabeça, parecendo perdida. — Beleza. Depois do baile, eu vou terminar com o Finn, e mesmo que ele lhe implore de joelhos ou, sei lá, te beije no palco nas Nacionais, você não vai voltar com ele, tudo bem?

Aquela idéia tinha saído da minha cabeça naquele momento. Depois de tudo que Rachel fizera por mim, eu não poderia deixá-la ficar com Finn, não por que eu gostasse dele, e sim por que, nunca, em um milhão de anos, ele vai merecê-la. Rachel Berry era boa demais para ele, boa demais para qualquer um da McKinley High. Eu não poderia deixá-la estragar sua vida permanecendo em Lima para sempre com aquele idiota, Rachel pertencia à Broadway, aquele era o lugar dela.

— P-por que... Por que você vai terminar com o Finn? — perguntou Rachel, franzindo a testa, confusa.

— Não acho que nós combinamos mais — inventei, dando de ombros. — É somente para o baile. Mas Rachel... — coloquei as mãos da garota dentre as minhas, ela me fitou profusamente — ele irá correndo atrás de você quando eu disser que acabou. Não fique com ele, por favor. Finn é do interior, ele vai arruinar todos os seus sonhos.

Rachel engoliu em seco, soltando suas mãos das minhas e levantando do meu colo. Ela sentou-se do outro lado da cama, a expressão muito perturbada.

— Você não pertence a essa cidade, Rachel, e você não pode me odiar por tentar ajudá-la a seguir seu próprio caminho — repeti as palavras daquele desastroso dia no auditório na semana das Regionais, achando que teria algum efeito sobre a garota.

Os soluços de Rachel se intensificavam. O corpo dela sacudia todo e por mais que aquilo me matasse, sabia que não deveria me aproximar, não até ela falar algo.

— Tudo bem — disse ela. O tom doloroso que ela usava parecia ter me atravessado no meio do coração com uma faca. Rachel enxugou as lágrimas e se virou para mim com um sorriso tristonho. — Você é minha protetora também, não é? É por isso que está fazendo isso por mim, certo?

— Sim, Rachel — respondi como se estivesse falando com uma garota de três anos de idade. — Por que nós somos melhores que Finn Hudson, por isso.

Ela revirou os olhos, voltando a colocar aquele sorriso enorme que iluminaria toda a cidade de Lima no rosto.

***

— Você vai fazer isso, não vai? — perguntei apressada para Kurt no outro dia, desesperada. — Me diz que sim.

— Quinn, nós estamos no shopping, Rachel e Puck vão chegar agorinha, então é óbvio que vou fazer. Já está tudo pronto.

Kurt revirou os olhos, tomando um gole de seu milk-shake. Esfreguei as mãos, nervosamente. Rachel tinha dormido na minha casa na noite anterior por ter ficado ouvindo meus rocks até tarde da noite. Tinha me oferecido para levá-la em casa, porém, inexplicavelmente, Hiram liberou sua filha a passar a noite comigo.

Minha mãe ajeitou um colchão empoeirado no chão do meu quarto para Rachel, e sinceramente eu não podia esperar coisa melhor. Parecia que a mesma química que eu e Hiram tínhamos, Judy possuía com Rachel. Mas eu não me importei. Ficar conversando com aquela baixinha irritante sobre musicais e rock era a melhor coisa que eu tinha feito em muito tempo.

Hoje de manhã, passei na casa de Rachel primeiro para que ela pudesse trocar de roupa e fomos para o colégio juntas, também. Era estranho, eu estava andando mais com ela do que com meu próprio namorado. Finn, no entanto, teve um momento fofo e completamente não idiota ao me mostrar que tinha guardado a foto de Lucy na carteira para me mostrar e dizer que era a primeira vez que via a verdadeira eu.

Tinha sido bonitinho, é claro, mas ele ter dito isso para mim um dia depois dos pôsteres terem sido distribuídos nos corredores cortou alguns pontos. Felizmente, a tentativa de Lauren para denegrir e acabar com minha reputação e campanha para rainha do baile não deu certo. As garotas diziam que eu era um exemplo a ser seguido, alguém que conseguiu superar tudo e tornar a maravilhosa Quinn Fabray que sou agora. No final, eu e Lauren meio que ficamos amigas — eu acho.

Mordi o lábio, rodando os olhos pelo shopping, preocupada. Eu não podia chamar Rachel para a tal Barbravenção que Kurt faria, então ele tinha escalado Puck para o serviço, visto que ele era judeu, e pela lógica do garoto, muito mais importante que minha conexão mágica existia entre eu e ela há menos de uma semana.

Era ótimo isso, na verdade. Rachel não desconfiaria de nada, acharia que aquilo fora idéia de Kurt e Puck ou do Glee (e eu esperava muito que Finn não levasse todo o crédito por isso), desistiria da cirurgia e voltaria ser a sonhadora Rachel Berry com um nariz enorme — a minha Rachel, de acordo com Kurt.

— Ela tá vindo — sussurrou Kurt no meu ouvido, jogando o copo de milk-shake na lixeira ao lado dele e me empurrando. — Fique aqui em cima quando tudo começar, não deixe ela te ver.

Corri para o outro lado, lançando um olhar afável na direção que Rachel e Puck vinham. Ela parecia brigar com o garoto por ter-lhe trazido no shopping, achando uma bobagem tudo aquilo. Escondi-me dentre alguns clientes de uma lanchonete e fiquei observando a cena.

Puck desceu correndo as escadas enquanto Kurt conversava com Rachel. O semblante dele passava total confiança e inspiração, e o discurso (que eu tinha obrigado ele a falar para mim) deveria ser comovente para a baixinha.

Kurt parou de falar por um momento enquanto Rachel dava as costas para ele, olhando diretamente na direção onde eu estava. Ele ficou aterrorizado por um instante e puxou o braço de Rachel, tomando a atenção dela por uns segundos até Puck soltar a música.

Confesso que fiquei com um pouco de medo. Rachel teria me visto ali? Ela teria percebido minha cabeleira loura no meio daquela multidão? Não... Era impossível. De qualquer maneira, sorri quando os clientes da lanchonete se sobressaltaram assustados quando Barbra Streisand, de um DJ que eu não decorara o nome, começou a tocar. Eles se olharam estupefatos e seguiram o barulho, que vinha do saguão do andar de baixo do shopping.

Decidi que era seguro sair do meu esconderijo quando vi Kurt e Rachel descerem a escada rolante no ritmo da música, cercados de dançarinos, dos quais eu ainda não tinha idéia de como o garoto os tinha arranjado. Dependurei-me na barra no andar de cima, observando uma Rachel sorridente e impressionada com a apresentação.

Vi Santana e Sam dançando juntos, mesmo ela sequer tendo terminado com ele para ficar com Karofsky. Vi Mike e Tina dançando entre a multidão, convidando-os a participar do pequeno show. Sorri com Artie e Brittany dançando loucamente, a garota empurrando-o para todos os lados. Meus olhos reviraram quando encontrei Finn incentivando Rachel a participar da roda, porém meu ânimo melhorou quase que imediatamente, pois Kurt a tirara do garoto, a fazendo sorrir de um jeito que só um melhor amigo conseguiria.

O número estava indo perfeitamente bem. Talvez não fizesse Rachel mudar de idéia, mas a tinha feito sorrir, e aquilo me trazia uma estranha paz. Quando Kurt abraçou Rachel ao término da canção e todos no shopping aplaudiam maravilhados, minha vontade era de descer a escada rolante aos pulos e estar lá com ela também.

Kurt olhou por cima do ombro de Rachel discretamente, piscando para mim. Naquela hora, todas as minhas dúvidas sobre se ela ia ou não fazer a plástica estava acabadas. Naquela hora, senti que todos os medos irracionais meus e de Rachel tivessem ido embora.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Mandem reviews gente, por que esse é o penúltimo capítulo - eu acho, além do epílogo que estou pretendendo escrever.
Ah sim, a música é Wonderwall, do Oasis. E sim, o RockBand dos Beatles é algo desejado tanto por Quinn quanto por mim.
Vejo vocês na próxima quinta!



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