I Feel Pretty Unpretty escrita por GabanaF


Capítulo 3
Parte Três


Notas iniciais do capítulo

Oi galera, como vocês estão? Bem, eu espero, por que eu também tô indo legal.
Como eu sempre posto quinta-feira, e agora é de madrugada E quinta-feira, já que estou acordada, pensei em postar logo para vocês :D
Agradeço também aos reviews que vocês tem me mandado, sério, fazem meu dia, muito obrigada *_*
E agora vamos a mais uma parte dessa fic, vejo vocês lá embaixo!



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— Rachel foi muito legal com você hoje — murmurou Finn quando voltávamos da escola no fim do dia em sua camionete velha.

Concordei com a cabeça, sequer ouvindo o que o garoto falou depois. Eu ainda conseguia sentir o cheiro do cabelo de Rachel nas minhas roupas. As minhas mãos queriam voltar a acariciar as costas daquela baixinha, apertá-las nos meus braços novamente. E a única coisa que eu queria saber era por que. Por que diabos Rachel Berry tinha tanto efeito sobre mim, por que ela era a única que conseguia quebrar a barreira que havia no meu coração, como ela me deixava tão frágil em questão de segundos.

Finn parou na frente da minha casa, se despedindo apenas me dando um beijo na testa. Presumi que ele ainda estivesse com raiva por eu estar ajudando Rachel e seu nariz quebrado, mas não me importei. Acenei para ele quando a camionete arrancou, correndo logo para dentro de casa.

Gritei para minha mãe que já tinha chegado, sem saber se ela estava ou não. A pior coisa de ter uma mãe divorciada e empregada é ficar sozinha por um tempo indeterminado dentro de casa, e estar só dentro da mansão Fabray era particularmente assustador.

Hoje, no entanto, isso me afetou mais que o normal. Subir as escadas para ir ao meu quarto nunca tinha sido um ritual demorado até minha mente começar a pregar peças em mim e eu ver sombras por qualquer lugar que passasse.

Engoli em seco e fechei a porta do quarto audivelmente, afastando uma possível assombração. Liguei meu aparelho de som numa rádio qualquer e caí na cama, pensando.

Rachel Berry tinha me abraçado. Essa informação continuava a martelar minha cabeça, por que nunca, nem nos meus pesadelos mais macabros, eu abraçaria Rachel Berry. Parecia irreal. Algo que jamais poderia acontecer. Éramos extremos, a garota drama e a que não tinha sentimentos.

Contudo, foi esse mesmo extremo que nos uniu na apresentação, durante os ensaios e antes, quando eu estava ajudando ela com a plástica. No fim, Rachel tinha um lado meu, um lado que eu tentara esquecer assim que coloquei os pés nessa cidade maldita, que tinha voltado quando engravidei, mas que eu aprendera a colocar no lugar mais escuro do meu coração durante o verão passado e no começo do ano.

E Rachel trazia essas lembranças de volta. Eu não sabia como ou por que, ela simplesmente tinha a chave dos meus sentimentos e me fazia senti-los à flor da pele, especialmente quando estava perto dela. Rachel Berry era uma peça complicada do quebra-cabeça que era minha vida. A única peça complicada, para falar a verdade.

Um barulho vindo do andar de baixo atrapalhou meu devaneio sobre Rachel. Sentei-me, assustada. O aparelho de som tocava o sucesso novo de Lady Gaga que íamos apresentar no final da semana. Engoli em seco, querendo chamar por minha mãe, imaginando que seria ela que havia finalmente chegado. No entanto, permaneci quieta.

Não se ouviu mais nada por longos minutos, apenas Born This Way na rádio. Suspirei aliviada, voltando a deitar na cama. E então, uma voz se sobrepôs à de Gaga, também cantora... Joan Jett. Demorou algum tempo para eu notar que na verdade era meu celular e não um ladrão com um ótimo gosto musical no meu quarto. Ainda em choque, peguei o telefone e vi o número de Rachel no visor.

— Oi, Rachel — cumprimentei sorrindo, mesmo sabendo que ela não veria.

O doutor acabou de me mandar cópias da foto de como ficarei com seu nariz! — exclamou ela rapidamente, com a mesma animação do dia em que me informara nosso mash up.

— Que ótimo! — respondi, tentando manter o mesmo nível de excitação que ela.

Então era real. Rachel Berry iria fazer uma plástica no nariz, estava pronta para isso, mais pronta ainda com o projeto de como ficaria. Eu deveria estar feliz por ela, certo? Certo? Não fora eu que sugerira que ela usasse meu nariz como molde? Não fora eu que a levara ao cirurgião para que tudo ficasse nos conformes?

Então por que eu não conseguia ficar animada com aquela idéia? Por que ter uma Rachel Berry preservada com aquele nariz enorme e judio parecia ser tão mais importante? O que estava acontecendo comigo por causa daquela garota?

Hm, será que eu posso ir à sua casa? — indagou Rachel tímida. — Realmente queria que você fosse a primeira a ver como irá ficar.

Ah, Rachel Berry e sua capacidade de me deixar sem palavras, pensei aborrecida. Por outro lado, tê-la em casa naquele momento era o que eu realmente precisava para, ahm, esquecê-la, eu acho — ou esquecer os possíveis ladrões e assombrações que rondavam a mansão Fabray.

— É... Claro — falei. — À vontade, Rachel.


Ter Rachel pela primeira vez na minha casa foi estranho. Minha mãe não se importou muito com nossa conversa ou com a judia que tinha dois pais, só ofereceu que ela jantasse conosco. Fiquei surpresa, pois Judy Fabray não seria tão receptiva se o projeto que eu tinha de pai estivesse ali. Mais uma vez, notei que ela era apenas uma projeção do que Russel era.

As fotos de Rachel com meu nariz ficaram... Ela definitivamente tinha ficado bonita, mas pensar que eu jamais veria uma Rachel com um nariz enorme e sonhos para a Broadway outra vez me deixou particularmente triste. Sentimentos confusos faziam minha cabeça de novo por que eu estava numa situação paradoxal. Estava ajudando Rachel a se tornar algo que eu não queria que ela se tornasse, era somente uma coisa a mais com que eu tinha que me preocupar.

— O que está fazendo é terrível — disse Finn antes da reunião do Glee no dia seguinte.

Enfiei os livros de História Americana na prateleira de cima do armário, controlando minha raiva. Finn era mesmo um idiota contraditório. Ele elogiara Rachel dizendo que estava sendo legal comigo e agora me dizia que o que eu estava fazendo com a baixinha judia era horrível. Se eu não precisasse tanto dele para ganhar minha coroa...

— Tenho um nariz bonito. Rachel pediu ajuda e estou ajudando — respondi num suspiro exausto. — E mais uma vez estamos discutindo por causa dela. Eu que sou sua namorada.

Peguei meu livro de Física Avançada com excessiva brutalidade. Não que eu pudesse tirar alguma vantagem de ser namorada dele (além da minha futura coroa de rainha do baile), mas a questão era que ele estava se importando com Rachel mais do que eu — e que ironicamente estava acontecendo comigo a mesma coisa.

Mas Finn era um idiota. Rachel era demais para ele, disso eu tenho certeza, desde o dia em que ela pôs os olhos nele. Eu estava ajudando ela a reparar nisso na semana das Regionais, e agora o problema era o próprio Finn Hudson, que não agüentava ver que Rachel estava feliz sem ele, mesmo tendo uma namorada e uma campanha arrasadora para rei do baile.

— Não tem nada a ver com isso — ele retrucou estupidamente. — Mr. Schue está nos ajudando a nos aceitarmos — revirei os olhos; aquela história de aceitação estava começando a me irritar —, e você está ajudando ela a fazer o exato oposto. Não é legal.

Claro, Finn Hudson tinha que terminar um argumento muito bem montado com um “não é legal”, senão ele não seria Finn Hudson. Aquele garoto começava a me dar nos nervos.


Sorriu diante do espelho. A mãe observava orgulhosa atrás dela, segurando um paninho para deter as lágrimas. Revirou os olhos ao ver a reação da mulher.

— Mãe, por favor — pediu manhosa.

— Você está linda, Lucy, linda — respondeu a mulher, limpando os olhos com o pano. — Seu pai está orgulhoso de você.

E ela também estava orgulhosa de si. Roupas compradas cinco meses antes folgavam nela espetacularmente. Ela emagrecera bastante, seus prêmios na equipe de natação lotaram uma prateleira em seu quarto, estava mais feliz que nunca. Também estava no balé, mais por obrigação para com sua mãe do que por vontade própria.

Mas não importava, por que ninguém na escola a incomodava mais. Tornara-se uma heroína dentre o time de natação e agora tinha amigos. Amigos. Que ligavam para ela quando não tinham companhia para ir ao cinema, que iam à sua casa para jogar videogame, que tiravam sarro dos namorados de sua irmã com ela. Tinha amigos.

— Estou aqui, querida! — o pai apareceu no quarto. Estava animado e carregava uma garrafa de champanhe. Mãe e filha o encaravam, esperando uma explicação para tudo aquilo. — Fui promovido! Ganhei um aumento bem gorducho!

Seu queixo caiu. A vida que tinha era ótima, nunca lhe faltava o que pedia, não podia reclamar de nada. E agora com um aumento... Poderia pedir ao pai a única coisa que ainda lhe incomodava em seu rosto, a única coisa que ainda lhe fazia acordar à noite com garotos lhe zoando por isso.


— É, talvez eu não goste da lição dessa semana — retorqui inquieta, batendo a porta do meu armário, sem esperar por Finn e indo logo para a sala do coral.

— Eu adoro essa lição — ouvi Finn dizer ao correr atrás de mim, tentando me acompanhar para sua apresentação no Glee.

Quando cheguei, Rachel estava sentada na primeira fileira. Ela sorriu para mim e eu retribuí, percebendo que meu sorriso para a garota era mais sincero do que qualquer um que eu já tinha dado com Finn. No entanto, tive que sentar ao lado do garoto até que Mr. Schue dissesse que ele poderia apresentar junto com Mike.

Acenei positivamente para Mike antes de ele começar a dançar. Santana me lançou um olhar do tipo, “não acredito que você ainda joga Pokémon”. Quase fiz um gesto obsceno a ela se Mr. Schuester não estivesse olhando em minha direção.

De qualquer maneira, a apresentação de Finn e Mike tinha sido interessante. Mike não tentou cantar nenhuma vez, mas Finn dançou (ou tentou, melhor dizendo) muito. Ele estava me divertindo muito com seus movimentos bizarros na fraca tentativa de imitar Mike. Ao término, Mr. Schue elogiou os dois e o garoto perguntou se sua dança havia melhorado, o que estragou o bom clima da sala.

— Mr. Schuester? — chamou Rachel quebrando o silêncio constrangedor. — Posso ter sua atenção, por favor?

— Toda sua — respondeu o professor enquanto Finn sentava ao meu lado e eu tive que fazer a namorada apoiadora e beijá-lo.

Rachel se postou a frente da turma e logo afastei Finn de mim. Escutá-la era o melhor a se fazer.

— Assim, como vocês sabem, eu tive algumas consultas em um médico especializado em rinoplastia — informou ela rapidamente, segurando as fotos de sua experiência nos braços como se fosse ouro.

— Sim, sabemos — interrompeu Tina. — É só sobre isso que temos falado. E achamos que é uma péssima idéia.

— Olha só quem fala, olhos azuis — murmurou Rachel, revirando os olhos.

— Admito, sim. Não gosto dos meus olhos às vezes. O formato, a cor. Mas seu ódio interno, Rachel, me ajudou a ver a luz.

— Eu me amo — disse a outra, indignada.

— Pelo jeito não o bastante.

Minha cabeça ardeu instantaneamente. Não veio nenhuma lembrança à minha mente, contudo, além de não consegui ouvir mais Tina e sua preleção sobre gostar de si mesma.

O paradoxo dentro de mim crescia e crescia. Aquela semana inteira falando sobre aceitação e eu ali, uma criança que não tinha se aceitado e que agora dizia o mesmo à outra garota. Vi-me perdida naquele mar. Rachel era linda daquela maneira, por que eu fora ajudá-la com aquela maldita consulta? A oportunidade perfeita para ser contra àquilo tudo estava bem na minha frente, mas por que eu não conseguia dizer o quanto ela era linda?

Ela distribuiu as fotos que havia levado para mim na noite anterior. A expressão de horror dos garotos foi geral. Puck comentou algo sobre meninas que não são mais gostosas depois de plásticas no nariz e meu namorado que super apóia a mim quando preciso ficou extremamente desgostoso ao ver sua cópia da foto. O resto dos outros não falava nada, estavam contrariados demais para expressar seus sentimentos.

Parecia que eu queria vomitar. Meu semblante deveria estar péssimo, pois por dentro estava enojada. Rachel ia mesmo fazer aquilo, ninguém conseguiria mudar aquela cabeça dura. A culpa era minha. Nunca pensei que doeria tanto ter que concordar com Finn.

— Rachel, não faça isso — Finn disse quando todos se calaram ao notar que a decisão de Rachel estava tomada. — Você é linda.

Ironicamente, os olhos castanhos da judia não procuraram Finn. Eles vieram em minha direção. Desviei o olhar, querendo socar meu namorado. Eu deveria ter dito. Ele não sabia nada sobre querer ser bonita ou aceita, nenhuma daquelas pessoas sabiam. Era minha única conexão com Rachel, e agora Finn Hudson estragara.


— Ei — ouvi a voz de Rachel tímida atrás da porta aberta do meu armário. — Beleza, Quinn?

Terminei de colocar meus livros didáticos na prateleira, puxando um livro sobre zumbis que eu planejava terminar em casa à noite. Fechei a porta do armário e me dei de cara com Rachel, sorrindo prestativa e encarando o chão vivamente.

— Tudo ótimo. E você?

Nós não havíamos nos falado desde o Glee. O dia transcorrera normalmente, Finn me acompanhara para todos os lugares enquanto distribuíamos panfletos para nossa campanha a reis do baile. Tive um desentendimento com Zizes ao toparmos no corredor central que só foi evitado por que Puck e Finn estavam atentos e nos separaram.

— Não muito. — Ela me puxou para o corredor e fomos em direção contrária dos alunos que iam embora. Franzi a testa, me perguntando onde ela estava me levando. — Eu disse para você que poderia me chamar quando quisesse.

Parei na frente de Rachel, agora totalmente confusa. Pelo que eu sabia, não teria uma festa na minha casa.

— Eu vi como você estava durante o Glee, Quinn, não adianta mentir, estava péssima.

Desviei os olhos, concordando com a cabeça. Era horrível admitir o que estava sentindo por que geralmente eu nunca fazia isso. A minha reputação e dureza de antiga Cheerio estava em jogo.

Entretanto, sempre quando estava perto de Rachel, alguma coisa nela me fazia expirar todo o ar dos meus pulmões e simplesmente deixar as emoções tomarem conta. Eu era frágil perto dela, tinha que admitir, mesmo sem tem idéia do por que disso.

— Você fica estranha quando falamos sobre aceitação — comentou Rachel num murmúrio, voltando a me guiar pelos corredores do colégio. — O que é com você e tudo o que está acontecendo?

Sorri de lado quando paramos ironicamente no auditório. Eu já deveria imaginar, Rachel ia sempre para lá quando queria se acalmar. Não era meu lugar favorito, embora a música sempre tivesse o mesmo efeito que tinha nela, mas estar no auditório e pensar que um dia eu poderia me apresentar em palcos bem maiores, era maravilhoso.

— Não sei — respondi sincera. — Lauren está contra mim para ganhar a coroa do baile, estive ajudando você e seu nariz quebrado, e Finn não para de reclamar sobre os dois. Além do mais...

Rachel fez uma expressão de curiosidade enquanto sentava numa das poltronas da última fileira e eu ficava ao lado dela. Ela me encarou profusamente, atrás de respostas. Fiquei em silêncio, considerando um pensamento que estava habitando minha cabeça cada vez mais depois que eu e Rachel havíamos cantado aquele dueto.

Ela deveria saber sobre meu passado? Nunca tinha contado a ninguém do McKinley High a respeito do que eu já sofri na outra escola em que estudava até a oitava série. Rachel era confiável, todos sabiam disso, e eu, após toda a percepção que tinha uma conexão com ela por causa de nossas inseguranças, passava a querer mais e mais a presença dela perto de mim. Era algo que eu deveria fazer, certo? Não era como ajudá-la com a cirurgia, era algo que Rachel precisava saber, pelo menos eu acho.

— Rachel — chamei, pois a garota parecia muito distraída olhando para o palco. — E-eu preciso te contar algo.

Ela acenou positivamente com a cabeça. Suspirei. A primeira parte estava feita, agora era só falar. Uma palavra e tudo começaria a sair do meu coração, um peso unicamente meu que carregava há tempos. Era hora de deixar outra pessoa guardá-lo.

— Quando eu era criança... — comecei. Rachel ouvia atentamente. — Eu não era magra, ou tinha um cabelo bonito... Ou um nariz perfeito.

Ela continuava a me encarar com aqueles olhos castanhos horrivelmente acolhedores, e eu não sabia realmente de quem sentir pena: de mim ou dela.

— Na verdade, eu era excluída. As pessoas tiravam sarro de mim por que eu era gordinha, usava óculos e aparelho. Todo o meu fundamental foi baseado em gozações. Todos me odiavam e eu nem sabia por que.


— E ali fica a cafeteria — completava Santana Lopez.

Não poderia reclamar da McKinley High. Era grande, um tanto acolhedora — principalmente agora que sua gordura estava controlada e os resultados da plástica no nariz estavam perfeitos. Ela se amava plenamente. Era outra pessoa hoje.

— Seu porte é interessante — disse a garota de cabelos negros e pele chocolate, andando em volta dela para observá-la. — Os testes para as Cheerios abrem na sexta às duas. Não se atrase.

A menina loira ao lado de Santana sorriu, acenando enquanto as duas saíam. Um sorriso enorme tomou sua face. Ela faria testes para as Cheerios! Apenas as melhores, de acordo com Santana, entravam, e podia ter certeza de que conseguiria. A ginástica e a natação herdadas da outra escola havia lhe dado um belo porte atlético.

Virou-se para entrar na lanchonete e acabou por trombar com outra morena, relativamente mais baixa que ela. A garota começou a pedir desculpas, olhando para baixo. Seu sorriso aumentou, se transformando num cruel. Era a oportunidade perfeita para testar os insultos que havia treinado em casa.

— Ei, Man Hands — falou maldosamente, notando que as mãos da garota eram enormes. — Cuidado por onde passa.

A menina levantou os olhos lentamente. Encararam-se por longos minutos. Percebeu que aquela ali seria dura na queda, não desistiria tão fácil quando fosse insultada. Conhecia esse tipo: era uma delas no final do ano anterior na outra escola, quando finalmente criou coragem para bater de frente com os valentões.

— Você é garota nova — ela notou, falando finalmente. Que voz irritante, pensou. — Sorte a sua, ser tão bonita.

Ficou sem palavras. A garota corou e se afastou dali, levando milhões de perguntas que ficaram no ar. Fora a primeira vez que recebera um elogio que não fosse de sua família, e justo da primeira garota que tentara insultar.

Seja lá quem fosse aquela garota, merecia seu respeito.


— Sei como é a sensação — murmurou Rachel.

Arregalei os olhos para ela, que retribuiu o olhar assustada. Aquela lembrança... Fora a primeira vez que eu tinha visto Rachel Berry. Onde minha raiva por ela começou. Por ela ser igual a mim. Uma perdedora. E agora eu estava ali, conversando com ela exatamente sobre nossos paralelos.

— Eu queria que você se sentisse bem consigo — falei num murmúrio, voltando à realidade. Rachel simplesmente ignorou a minha mudança rápida de humor. — Achei que ajudar você com esse projeto louco seu de mudar sua identidade lhe faria bem.

— Por que aconteceu o mesmo com você — ela me interrompeu.

— Foi.

— Mas eu não me sinto bem com esse nariz. Vou fazer o que é certo, e vai melhorar minha voz. Todos ganham.

— Todos quem? — perguntei com sinceridade.

Rachel não respondeu, voltou a olhar para o palco do auditório. Mordi o lábio inferior, querendo que não tivesse dito nada. Antes, Rachel me admirava. Agora, parecia que ela estava chateada por eu não ser o modelo que ela sempre quis.

E então, ela fez algo que eu jamais imaginaria que ela faria. Rachel Berry pegou minha mão e pôs no colo dela, apertando-a delicadamente. O gesto foi tão natural que sequer reclamei. A mesma sensação de quando ela me abraçara passou pelo meu corpo. A tensão de segundos atrás pareceu sumir novamente.

— Obrigada por me contar — ela disse, olhando para mim e dando um sorriso torto. — É importante.

— Por quê?

— Faz você humana. No fundo, Quinn, nós somos parecidas.

Aquilo, vindo da futura estrela da Broadway Rachel Berry, me parecia um elogio e tanto.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado da primeira vez que Quinn viu a Rachel, achei que poderia começar tudo por um insulto, olha que gracinha...
Mas enfim, não ficou chato o capítulo não, né? Eu o achei bem interessante, afinal Quinn está começando a se abrir para Rachel, o que é muito bom.
Ok, paremos de falar da minha fic e desejo aos meus leitores lindos um Feliz Natal, e vejo vocês na quinta que vem!



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