Anna escrita por CrazyShadows


Capítulo 5
Beijo


Notas iniciais do capítulo

Ooooi pessoal! Como vcs passaram o Natal? Esse é o último capítulo do ano!
Booa Leitura! Mais um pra induced!



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Aguardava o sono chegar sentada no sofá-cama da sala assistia o mesmo filme de terror pela quinta ou sexta vez, e não me importava, pois ele não me causava medo... A calça de moletom cinza abrigava minhas pernas e a camiseta preta grande meus braços, as únicas coisas que haviam restado de meu pai, vestiam meu corpo.

Ouvi a campainha soar e fiquei imaginando quem seria uma hora dessas, levantei contragosto deixando o chinelo para trás... Abri a porta incomodada e dei um salto para trás ao ver Corey parado em frente a ela com uma caixa de bombons nas mãos, o meu preferido...

– Corey! – exclamei ruborizada, lembrando do estado deplorável em que me encontrava.

– Não podia te deixar sem seus bombons. – ele disse estendendo a caixa, mais cedo tinha reclamado o quanto sentia falta de um bom chocolate.

– Você quer entrar? – perguntei encarando seus olhos calmos.

– Pensei que você demoraria à perguntar isso... – ele entrou se sacudindo molhando-me com pequenas gotas de água e só então me dei conta de que chovia.

– Meu Deus Corey você está todo molhado! – o guiei para o banheiro ao lado de da sala. – Não acredito que tomou chuva só para me trazer esses bombons...

– Por você até chuva de granizo... – ele rebateu me fazendo rir enquanto eu deslizava a jaqueta grossa de seus braços.

– Fique aqui, vou ver se encontro algo para você se vestir. – ele assentiu e eu sai

Fucei na cômoda ao lado da televisão e nada achei... Olhei para as roupas que vestiam meu corpo, eram as únicas que comportariam seu tamanho.

– NÃO SAIA DESSE BANHEIRO POR NENHUMA DAS HIPÓTESES! – gritei arrancando a camiseta e vestindo outra logo em seguida, chutei a calça larga de moletom para longe e vesti uma outra de lycra que se moldava em minhas pernas magras.

Virei pegando as roupas no chão e quando levei o olhar para cima Corey me encarava apoiado na parede ele estava apenas com a calça molhada e exibia o tronco úmido... Engoli em seco envergonhada.

– O que foi? Você não é a primeira que eu vejo de lingerie... – “Claro que não” pensei comigo e revirei os olhos.

– Que seja, aqui estão as roupas. – pressionei as peças no peito dele ele segurou minha mão no local, por um momento o silêncio preencheu o vazio do apartamento que parecia um ovo com apenas uma cozinha, sala e banheiro.

– Você é linda... – ele disse num sussurro enquanto eu não conseguia tirar minha atenção de seus olhos.

Senti uma pressão sendo exercida sobre meus pulmões quando seus lábios tocaram os meus, macio, carinhoso... As peças que eu segurava em seu peito caíram no chão, ele infiltrou as mãos por debaixo de meu cabelo, puxando-me para perto... Até que tomou coragem de aprofundar o beijo.

Pelo contrário do que eu esperava, não tinha se quer um minuto pensado em afastá-lo, em renegar o beijo. Pela primeira vez em tantos anos eu me sentia protegida, não violada, suja e perdida... Mas sim protegida, tendo minha fortaleza de massa muscular com os braços de Corey ao meu redor.

Sua língua enroscou-se na minha de forma lenta, era como se ele sugasse minha alma e a entrelaçasse com a dele, com as mãos inexperientes envolvi seu pescoço, arranhei de leve sua nuca e subi uma das mãos para o cabelo ralo recém cortado.

Suas mãos desceram, delineando meu corpo e pararam na cintura apertando-a de leve, me trazendo mais para perto. Senti seu peito úmido contra minha camiseta e arrepiei com a sensação, ele riscou minha coluna com o indicador e ao chegar minha nuca puxou meus cabelos... Desceu beijos molhados em meu pescoço, enquanto eu me arrepiava com sua respiração quente, apenas segurava-me em seus ombros com medo de que minhas pernas fraquejassem com seu toque.

Ele subiu com a boca beijando-me novamente, e de repente sua pele quente esfriou-se, lembrei-me de suas calças ainda molhadas e com calma fui parando o beijo, dando-lhe leves selinhos.

– Você precisa trocar de calça... – disse enquanto ele roçava o nariz em meu pescoço aspirando meu cheiro.

– Sempre se preocupando comigo... – murmurou com a voz embargada.

Nos afastamos e ele pegou a calça de moletom no chão indo para o banheiro. Fui para o sofá cama, que há essas horas já estava aberto servindo de cama e voltei a atenção para a TV esperando que ele saísse de lá, o que não demorou muito...

– Venha, tem espaço para mais um aqui. – bati ao meu lado para que ele se juntasse a mim e o mesmo não hesitou em vir.

– Eu adoro estar com você... – murmurou beijando meu pescoço quando as luzes já estavam desligadas.

– Creio que isso seja algo bom. – pude sentir sua cabeça balançar positivamente roçando em minha nuca.

Ele se agarrava a minha cintura enquanto eu podia sentir o compasso de sua respiração em minhas costas...

A chuva caia fria lá fora e embalava mais uma noite de sono, a diferença, era que pela primeira vez eu estava acompanhada... A diferença era que pela primeira vez Corey dormia com alguém do sexo oposto sem ter travado uma batalha nu na cama até o cansaço chegar, dessa vez ele apenas dormia.

Solucei ao final das lembranças, só então percebi as lágrimas que rolavam por meu rosto, soltei o bilhete de meus dedos e passei as mãos repetidas vezes pela perna... A dor penetrava em meu peito, assim como penetrara anos atrás.

Ainda não podendo guardar todas as lembranças dentro da caixa, apoiei-me com as mãos no chão e tomando um impulso generoso fiquei de pé... Caminhei de cabeça para baixo até o banheiro e lá abri a torneira, jogando grande quantidade de água em meu rosto.

Não era possível que tudo estivesse voltando, que Corey estivesse por algum canto desta cidade...

Movi-me para a cozinha com o intuito de preparar algo para comer, fucei nos armários não encontrando nada rápido de se fazer optei por uma tigela de cereais com leite... Caminhei para sala, como alguém se encaminha para a morte e sentei em um dos sofás ligando a televisão.

Não prestava atenção no noticiário, apenas no horário no canto da tela... 13h58... Dei mais uma colherada no cereal e enfiei goela baixo, sem sentir o gosto... 13h59... Engoli mais um pouco de meu “almoço” metodicamente... 14h00... Estaquei.

Onze anos... Havia acabado de serem completos onze anos separada dele... Contei anos, e horas... Nos primeiros meses até minutos eram averiguados minuciosamente.

Voltei a comer sentindo a textura do cereal raspar em minha garganta e causar-me náuseas. Deixei a tigela sobre a mesa de centro da sala e fiz minha breve caminhada pela sala, parando em frente a grande janela... Meditei sobre o nada, meditei pelo grande branco que perturbava minha cabeça.

Sem mais delongas segui para o quarto quase obrigando que minhas pernas funcionassem direito, cai sentada na ponta da cama e olhei de canto de olho para toda a bagunça no chão... Vi uma pequena e fina caixa de acrílico se destacar entre os papeis e fotos.

O demo... Demo de slipknot... Corey me deu e eu devia ter escutado uma ou duas vezes no máximo, nunca puxei para o lado “rock” preferia qualquer coisa menos barulhenta... No entanto, especialmente naquele momento senti uma vontade sobre-humana de ouvir os gritos exagerados dele ecoarem por meu quarto.

Peguei a o demo nas mãos com cuidado, limpei a fina camada de poeira que o cobria e liguei o rádio do quarto, colocando o cd para tocar...

A voz de Corey introduziu Spit It Out, anunciando em tons graves o início dos gritos que ainda estavam por vir... Aumentei o volume e fui para a cama encolhendo-me no centro dela, abraçando os joelhos.

Podia sentir a voz dele penetrando em minhas veias, os gritos fortes se apossando de meu cérebro e o som da guitarra pulsante trazendo-me uma calmaria inigualável... As músicas tinham menos de 3min de duração, no entanto após Wait and Bleed o som forte que ecoava pelo quarto desapareceu e eu cai no sono pesado.


Acordei com a porta sendo esmurrada, e o som do demo acabado, já era noite e brilho da lua ultrapassava as cortinas transparentes de meu quarto... A pessoa esmurrou mais uma vez a porta, coloquei os pés para fora da cama e levantei me espreguiçando.

Só podia ser Brenna, ela disse que voltaria e do jeito que era escandalosa só podia ser ela a mesma esmurrando a porta desse jeito... A única coisa que eu odiava nesse prédio, era o fato de que qualquer um podia entrar pela porta da frente e bater na porta de quem quisesse bater... O que parecia insegurança aos olhos de alguns, mas apenas um azar no meu ponto de vista.

Baguncei os cabelos com a mão solta enquanto a outra girava a chave destrancando a porta... Girei a maçaneta sem pressa, enquanto um bocejo saia de minha boca. Esperava encontrar a figura ruiva por detrás da porta, mas não, ela não estava lá.



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Notas finais do capítulo

Eai gostaram? Espero vcs nos reviewsss! Feliz Ano Nooovo mt paz, amor, saúde e tudo mais....
Beeeeeeeeeeeeeeeeijos



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