Anna escrita por CrazyShadows


Capítulo 2
Café


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo!
Espero reviews *-*
Boa Leitura!
p.s. mais um pra induced HHAHAHA



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  “Bom dia! Aqui é Will anunciando à estação 105.7 a rádio que você adora... Hoje o clima em Carolina do Norte amanhece fresco, mas há grandes chances de esquentar após o meio-dia. Fiquem agora com...”

  Desliguei o maldito rádio relógio, já estava acostumada a acordar toda santa manhã com o mesmo apresentador.

  Estiquei-me debaixo das cobertas olhei para a janela coberta por cortinas transparentes que deixavam os finos raios de Sol passar. Levantei indo para o banheiro fazer a rotina de sempre: tomar banho, lambuzar o corpo de creme de avelã, esconder as olheiras debaixo da fina camada de corretivo e partir para a cafeteria.

  Estive nessa rotina há exatos 8 anos. Não reclamava, o pessoal do trabalho era legal, apesar de eu ser a única que mais durou anos lá, sem contar Clair a senhora rechonchuda que me trata feito filha.

  O dia seria longo, embora o movimento no estabelecimento não fosse de se gabar, Scob’s Cofee possuía uma clientela fiel.

- Anna! – exclamou Howard no depósito.

- Sim?

- Pode sair mais cedo para o almoço. – ele disse enquanto carregava um saco de farinha nas mãos.

- Muito obrigada. – Howard era o gerente do café.

  No café trabalhávamos, eu, Howard, Clair, Judith, Layla e Roger. Todos éramos amigos, Layla vivia em minha casa nos finais de semana.

  Sai para o almoço, as ruas estavam quentes, mas minha regata branca acompanhada de bermuda clara deixavam-me livre de qualquer calor. Amarrei os cabelos negros num coque e segui para o restaurante de sempre que ficava  há duas quadras depois do café.

  Almocei e como tinha mais algum tempo fui olhar as vitrines das lojas da rua, entrei em uma que me chamou atenção e comecei a revistar as araras... Nada me agradava, no máximo uma blusa de cor neutra, mas ainda assim nada demais.

  Levei o olhar para a rua e meus músculos paralisaram no lugar, não podia ser ele, ele devia estar na Europa em turnê... Mas aqueles cabelos não me enganavam, o loiro desleixado em cachos deformados que repousavam sobre seus ombros, acrescentando a barba rala mal feita e a camisa preta com os três botões abertos revelando sua tatuagem. Era ele.

  Aprofundei-me dentro da loja, ele não podia me ver, ele não deveria me ver, não após 10 anos vivendo na plena paz... Não podia estar acontecendo comigo.

  Após dez minutos trancada no provador com peças de roupas que eu nunca nem sequer experimentaria, resolvi sair. Agradeci as atendentes e disse que nada havia ficado bom, na rua ele já tinha desaparecido o que me dava tranquilidade para prosseguir.

  Cheguei ao café 10 minutos adiantada e aproveitei o pouco tempo que me restava para tentar me recuperar do susto, susto que não havia sido pequeno.

- Mesa 8 Anna. – exclamou Roger, e eu fui atender minha primeira mesa.

- Boa tarde qual seu pedido? – perguntei sem olhar para o cliente e como ele não respondia resolvi ver se havia algo errado.

- Anna Elise?- perguntou o homem de barbicha tão conhecido por mim e dei um salto para trás.

- Chris! O que você está fazendo aqui?

- Eu vim tomar um café... Mas e você? Sumiu hein... – realmente eu tinha sumido.

- Prometa-me que não dirá ao Corey sobre esse nosso “encontro”. – ele me olhou divertido.

- Primeiro você não acha que eu merecia um abraço? – ele se levantou e eu o abracei, espantando minha saudade para fora.

- Agora prometa. – pedi vendo-o se sentar.

- Eu gostaria de um expresso duplo, por favor, com chantilly. – pediu sorrindo e eu bufei.

  Peguei o maldito expresso e levei até sua mesa, onde ele conversava com alguém no telefone, um arrepio percorreu minha espinha não sabendo quem estava do outro lado da linha.

- Beleza, as sete então?  - coloquei o café em sua frente e já ia sair quando ele me segurou pelo pulso. – Combinado, abraço.

- O que foi Chris. – perguntei com a voz mole.

- Sente-se comigo e me conte o que fez todos esses 10 anos... – ele apontou para a cadeira em sua frente.

- Não posso, estou trabalhando.

- Ok, então o que você acha de me encontrar mais tarde? – ele mostrava um sorriso enorme e eu sabia que por trás desse sorriso havia um plano.

- Chris eu não vou cair em mais um de seus planos, e não quero encontrar-me com Corey.

- Até hoje eu não entendo por que... – não permiti que ele acabasse.

- Tinha que ser assim, por isso te peço para que não conte nada a ele sobre ter me encontrado.

- Tarde demais... – disse e ouvi o sino da porta anunciando mais um cliente, levei o olhar para a porta e lá estava ele, lá estava o homem que eu tinha ferido tão profundamente.

  Não sei por quanto tempo ficamos nos encarando, parecíamos dois idiotas paralisados no lugar... Ele penetrava minha alma com seus olhos azuis claros feito o céu, e eu encolhia meu interior de medo, medo por sua reação.

- Anna... – pronunciou meu nome rouco, rouco pela ansiedade.

- Vá embora. – disse juntando todas as forças que me restavam.

- Agora que eu finalmente te encontrei? Eu não vou embora, nem que você queira, eu não vou! – ele disse se aproximando, tão perto que senti o cheiro de seu perfume, perfume que não tinha mudado.

- Você vai sim! Você tem que ir. – disse ainda calma afastando-me dele.

- Nós precisamos conversar. – olhei em volta do café. – Depois do seu trabalho. – ele se juntou a Chris na mesa e eu corri para dentro.

  Arranquei meu avental e o joguei no chão logo Clair veio me amparar, eu não chorava, não falava, apenas continuava com a mesma expressão monótona tentando digerir o acontecido... Porque ele tinha que voltar?

  10 anos depois, 10 longos anos...

  De repente eu tinha todos os sentimentos entalados em minha garganta, como se formassem uma bola que não queria e não iria descer tão fácil. Fechei os olhos tentando regular a respiração que teimava em ofegar, logo senti os braços finos me segurarem.

  Lutei mais uma vez contra todos os pensamentos autodestrutivos até que eles finalmente saíssem de minha cabeça... Ainda assim, era quase impossível libertar-me de todo o desespero que havia guardado por todos os anos.


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Notas finais do capítulo

E então gostaram? Deixem suas opiniões!
Beeeeijos ;*