Hinata contara toda a história a Naruto, omitindo sua feição á ele, deixando apenas transparecer sua eterna gratidão.

Naruto riu feliz.

–Eu sabia que você não me era estranha! -Tirou o colar de dentro do kimono e mostrou a Hinata.

Lágrimas começaram a se formar sobre os olhos dela, que não se segurou e chorou de verdade, muito agradecida.

–Ei, ei, não chore! -Naruto tentou acudi-la preocupado. Ficou pensando que aquele objeto era importante para ela.

Tirou-o do pescoço e tentou devolve-la, Hinata recusou.

–Eu quero que fique com você!

Naruto se lembrou das palavras dela anos atrás, e sua face de ternura o hipnotizava. Tão linda...

–Eu vou continuar cuidando bem dele!- O coração de Hinata disparou. -Queria ter dito antes... -Riu. -Mas tinha ficado sem jeito!

Hinata mostrou a face mais amável que o podia ter feito, Naruto aos poucos via diferentes belezas se manifestando de diversas formas naquela garota, e admirava-a.

–Me pergunto como você conseguiu lembrar-se de mim - Riu.

–Nunca vou esquecer-me de seu rosto... -Balbuciou baixo a ponto que soasse imperceptível, porém, não para Naruto, que ficou muito feliz em ouvir suas palavras.

–Ei Hinata, você é feliz aqui dentro?

Himata sentiu-se desconsertada. Não que não fosse feliz lá dentro, ela gostava muito até. Mas aquela aspiração por conhecer o mundo... Aquilo a fascinava, ela queria correr o mundo e ver todas as paisagens que ele tinha, no entanto, contentava-se com cartões postais que garotas que de lá saíram mandavam-na. Porém feliz mesmo... Hinata não sabia ao certo.

–Eu gosto daqui. Todas as garotas são boas comigo e sou respeitada entre meus clientes.

–Mas isso não é ser feliz! É ser confortável!

"Confortável..." Olhou todas suas mobílias bem equipadas, seus objetos pessoais. Hinata convivia com o luxo, muita poucas vezes o desdenhou. Decerto, aquilo faziam-na bem, dava uma sensação profunda que se sentia seus desejos sendo repletos e compridos com tudo que havia de melhor. Mas não eram completos. Sempre sentiu uma parte de si querendo gritar, mas calava-as, com novos sofás, com novos perfumes, com novos kimonos e com bebidas.

Sim, estava numa situação confortável. Adorava o luxo, isso era fato. Mas havia aquele desejo... Aquele sonho bobo que tanto queria cumprir.

–Eu... -Tentou responder.

Na verdade sentia-se confusa. Nunca haviam perguntado se ela era feliz. Agora que pensava sobre isso, não sabia a resposta.

–Vamos Hinata, não há algo que deseja mais do que tudo? -A face da garota ruborizara totalmente.

Esta se levantou agora sem jeito dirigindo-se ao armário. Tirou muitas cobertas e roupas para pegar algo no fundo, bem no fundo do guarda roupa.

–O meu sonho é...

Pegou coisas que Naruto não soube reconhecer e trouxe apertando-os contra os peitos. Estava receosa, nunca tinha falado disso com ninguém, nem com Hanabi. Mas estava disposta a mostrar aquele homem.

Tropeçou sobre os próprios pés e seus objetos caíram no chão. Diversas folhas e pergaminhos com gravuras desenhadas e pintadas a mão.

–Foi você quem pintou, Hinata?

–S-sim...

–Nossa, mas isso é...

Hinata levantou-se apavorada e recolheu os objetos, miúda.

–Era só uma piada, como eu ia pintar coisas dessas? -Gargalhou baixo e triste.

–Isso é extraordinário Hinata! -Fitou-a com a face admirada.

O coração da Oiran brotava de felicidade, mordendo os lábios tentando conter seu sorriso que aos poucos iam se formando em sua face.

–O-obrigada...

–De verdade Hinata! Aquela paisagem das montanhas com cachoeiras e pássaros em cimas tá demais! É tão real e ao mesmo tempo tão expressiva!

Naruto viu a moça fitando-o envergonhada com uma mão na boca ratificando cada elogio. Estava tão dócil. Era aquela a verdadeira Hinata, com os olhos gentis que vira pela primeira vez na guerra e depois passeando pela cidade de manhã. Era essa menina que acabou-se por admirar.

–Eu... Queria sair para desenhar as paisagens do Japão! -Sorriu delicadamente.

–Japão? Por que não do mundo?! -Deu um largo sorriso.

Hinata riu feliz. Sentia paz com ele, aquela sensação não fora jamais sentido com nenhuma pessoa antes.

–E você Naruto, qual o seu sonho? -Sua face era tão dócil e amável que Naruto por ora corou.

–Meu sonho? MEU SONHO É SE TORNAR O MAIOR KAGE DE TODOS OS TEMPOS!

Hinata ficara boquiaberta.

–V-Você...Um ninja? -Parecia assustada.

–É... Sou... -Disse Naruto receoso.

"Não deveria ter dito..."

–ISSO É DEMAIS!-Hinata disse entusiasmada com as suas orbitais admiradas e bochechas rubras.

–huh?-Perguntara totalmente confuso.

–Você deve roubar milhares de obras de artes! Isso é incrível! -Riu.

–Sim, eu roubo!

Os dois olharam-se e deram uma longa gargalhada gostosa juntos. Ambos não esperavam por isso, a conversa estava se tornando alegre.

–Sabe, meu pai também era! Papai sempre roubava papéis para mim, eu ficava desenhando, mas meu primo sempre falava que era horrível, mas Hanabi sempre gostou de ficar me vendo... Ei, ele sempre dizia que ninjas no início de seu treinamento devem tentar escalar arvores sem as mãos para total equilíbrio... Você deve ter caído muitas vezes não?

–Sim, ainda tenho muitas cicatrizes por causa disso. No fim ainda não sou tão equilibrado!-Coçou a cabeça sem graça.

A conversa se estendeu pela noite toda, ambos descobriam um pouco a cada hora um do outro. Um clima agradável se instalou entre os dois que ficaram entre risos e conversas até o sol raiar.

Os fracos raios solares invadiram o quarto e um semblante triste invadia a face dos dois. Era a hora de se despedir.

–Naruto... Antes de ir, eu queria te dar outra coisa! -sorriu.

Foi até o armário novamente, e de dentro de um kimono, tirou um pergaminho velho e o deu.

Naruto abriu o pergaminho comovido. O desenho era ele mesmo, sorrindo, e um céu azul atrás.

–Hinata...

Lágrimas se formaram no rosto da garota, mas estas não rolavam. Ela continuava o fitar sentada amavelmente enquanto ele olhava em pé o pergaminho.

–Sim Naruto? -Sabia que ali se despediriam.

–Arrume suas coisas, você vem comigo!

–Eh?!