Romantic Joke escrita por jminho


Capítulo 2
Capítulo 2 - Um único pedido.




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O café em minhas mãos estava pelando.
O calor passava para o copo e o mesmo para as minhas mãos gélidas. Estava muito frio e eu me encolhia atrás de meu sobretudo. Minhas luvas já estavam guardadas dentro da bolsa e ela pendurada no pequeno encosto da banqueta.
Ah, como aquele frio era bom! Eu estava esperando por ele praticamente minha vida toda. Mal acreditava que estava aqui! Seria um sonho? Se fosse, que por faaavor, não me acordassem! Está tuuudo perfeito!
Abri a tampa do copo e deixei que a fumaça subisse até banhar meu rosto. Era denso e minha pele formigava com o contato. Como era bom aquele cheiro de café fresco! Aquilo era um café de verdade, não aquela água esquentada no microondas com um pouco de pó preto que se vendia na minha cidade. Quer dizer, aquilo devia ter vergonha de se chamar de café!
Aquele café era do Starbuks. E não só isso:
É UM DOS MAIORES DE NOVA YORK.
Hm... que delicia! Estou me sentindo alguém importante. Ok... era um exagero, mas para mim poderia até ser verdade.
Coloquei a tampa de volta e tomei um gole demorado, sentindo-o raspar em minha garganta e esquentar tudo dentro de mim. Tremi.
Enquanto fazia isso, as pessoas a minha volta pareciam animadas. Algumas se sentavam com os amigos e riam altos, outros pareciam apressados para o trabalho, alguns simplesmente pegavam um jornal e liam, distraidamente.
Todo muito elegantes! Eu – mesmo com a minha roupa semi-nova comprada com exclusividade em NY – me sentia uma caipira. Poderia abrir um buraco no chão e me enfiar nele. Até seus movimentos eram elegantes.
OH MEU DEUS. Eu precisava aprender a ser assim! Eu parecia um ogro faminto perto daquelas pessoas. POOOR FAVOR, NÃO ME NOTEM DE MAIS!
Arrumei minha coluna e me sentei ereta.
Eu não acreditava nem por um minuto que realmente estava em NY, a cidade dos sonhos. Não podia acreditar! Depois de tantos e tantos anos desejando, eu finalmente consegui. Para mim, era como se essa cidade fosse a mais bonita do planeta inteiro!
Eu me sentia mais bonita e muito mais independente.
A mulher que sempre quis ser.
A mulher que simplesmente que para o taxi em que está no meio da rua – abandona suas malas cor-de-rosa – para poder tomar um café com brownie do lugar que mais ama: Starbuks (eu digo que amo por puro capricho, porque nunca comi aqui. Mas, agora que comi, não retiro o que disse).
E falando no brownie, ele estava ali, parado no prato, me fitando. Ele parecia macio e delicioso, havia um pequeno traço de fumaça subindo dele e os pingos de chocolate pareciam derreter e escorrer. Minha boca se encheu de água no mesmo instante.
Danadinho! Danadinho!
O peguei e disse adeus mentalmente para aquela imagem dele inteiro. Logo logo ela não existiria mais.
Dei uma dentada e mastiguei o pedaço como se eu estivesse comendo uma comida preparada no castelo da rainha da Inglaterra. O chocolate derretia em minha língua e tive que suspirar. Tudo bem, aquilo tudo era exagerado de mais, mas também muito proveitoso. E eu amava aproveitar isso. Era o meu primeiro brownie de Nova York! Aquilo viraria história na minha vida! Sempre me lembraria desse dia!
Sorri.
Lá estava eu, sentada em uma bancada agindo novamente como uma jovem boba. Aquele jeito era do tipo: ia e vinha. Não tinha como segurar algumas vezes. A sorte era que eu guardava mais para mim do que realmente mostrava para os outros.
Quer dizer, desde quando minha mãe me abandonou – alguns anos depois que meu pai – eu prometi que nunca seria como eles. Eu não tinha culpa se eles diziam que não deu certo por minha causa. Diziam que casaram por causa de um amor louco de época, mas que se arrependeram porque ele só os levou até... mim. Fazer o que né? Ninguém escolhe a família.
Se eu fosse escolher a minha, que fosse uma família rica de Nova York!
O que aprendi com isso foi que eu devo ser mil vezes melhor do que eles para com meus futuros filhos – não muitos, por favor – e que o amor é algo ilusório. Uma fantasia que o jovem procura e acha que encontra.
Casar? Claro! Tipo, eu posso até não acreditar no amor. Até ai tudo bem. Mas ficar taxada como encalhada pro resto da vida? Nem pensar! Vou me casar com um homem bonito, com boa renda bancária e trabalhador. Vamos nos casar e pronto... a paixão vem com o tempo.
Mas nada de amor e príncipe-encantado-no-cavalo-branco, por favor. Ainda mais no café da manhã!
Ok, eu estou sendo um pouquinho injusta, realmente. Isso foi uma decisão minha, por causa de meus pais. Não que eu as vezes seja levada a amar... eu sou! Afinal, sou jovem, não? Mas tento me focar e...

Ouvir LOVIN’ YOU – Anna Tsuchiya
Link Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=eNNtpnjbza4
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Foi no caminho do brownie até a minha boca que ouvi. Ouvi o som que mais temia. Ouvi o som que fazia meu coração bater erradamente, mas mesmo assim, melhor. Muito melhor. Por mais que eu não conhecesse de verdade a música, eu sabia quem tocava. Reconhecia a forma com que a bateria soava, como o baixo deixava um eco em mim, como a guitarra me prendia e como a voz... a voz que tanto conhecia... cantava.

“Na primavera de minha vida. Eu me apaixonei por você pela primeira vez. Oh baby, mesmo que eu tenha desvanecido tantas vezes antes...
Deus coloque os anjos longe de travessuras. Essa é uma sacanagem do destino. Ele é quem eu estive esperando por tanto tempo”


Minhas mãos tremeram e o pedaço de brownie que sobrara acabou caindo de volta no prato.
Droga. Eu estava ofegante e meu coração pulava como um coelho dentro de meu peito. Achei que talvez pudesse desmaiar porque minha vista ficou mais escura.
Há quantos anos eu não os escutava? Há quantos anos eu os evitara? E agora eles haviam me encontrado. Ele me encontrara.
Eu podia dizer que a música estava diferente. Do tipo da "moda" de hoje em dia. Já senti saudades das músicas anteriores. Porque eles precisaram mudar tanto?
Levantei os olhos aos poucos. Não podia ser! Porque bem agora? Porque agora quando tudo parecia certo e em paz? Porque agora vocês resolveram acordar meu coração?
Meus olhos pesaram, as lágrimas vieram.

“Baby, eu estou me apaixonando por você
Eu te quero, e também quero muito que você precise de mim
Se eu tivesse uma voz doce como a sua.”


PORQUE ESTAVAM FAZENDO ISSO COMIGO?
Quanto mais a música tocava, a coragem de sair correndo se dissipava.
Havia uma TV a minha frente, pendurada na parede, um pouco acima de minha cabeça. As imagens deles eram passadas uma atrás da outra. A banda tocando, a banda saindo do show, a banda sendo encontrada pelos paparazzi...
Eu não conseguia me mexer. Mas eu sabia que não estava em transi. Aquilo acontecia em momentos mais chocantes. Quer dizer, os ataques praticamente ficaram raros conforme o tempo passara. Eu sabia que conseguia me mexer. Mas não podia. Não podia!

NARRADOR TV:A banda parece conquistar cada vez mais o mundo todo. Com o novo CD ‘Wake Up’ sendo lançado daqui a alguns dias, os fãs começam a ficar cada vez mais ansiosos. Mesmo não tendo lançado ainda, as redes de venda pela internet garantiram que tiveram que suspender as pré-vendas pela quantidade enorme de compradores.”

“Pequena borboleta negra. Como eu posso ser bonita? Se eu tivesse uma voz tão doce como a sua. Você acha que ele me amará? Eu acredito em minha paixão. Paixão é dedicação. Algo que você acredita... não posso parar, oh, amando você”


Fãs...
Há! Eu era uma fã, não era? Não! Mais do que isso. Eu não era somente uma fã. Eu havia passado os melhores momentos da minha vida com as suas músicas. Eles me salvaram, me levantaram... e tudo não passou de um lindo, mas assustador sonho.
Ai.
Coloquei a mão na testa.
Minha cabeça doía somente de pensar nisso. Há tempos eu havia jogado no canto mais escuro de minha mente todas as lembranças deles. Havia colocado em um saco preto enorme de livro, jogado dentro de uma caixa, escrito: “Perigo! Frágil!” e deixado ali.
Lá dentro tinha as memórias do dia em que um homem me beijara. Um homem que tentava esconder o rosto com um boné, mas que mesmo assim havia tocado seus lábios no meu e me encarado com os olhos claros e agradecendo.
Era tudo mentira!
Pisquei e espantei as lágrimas.

“Como você pode saber se quem ama é verdadeiro? Somente porque ele disse? Eu estou faminta por amor ou eu somente não quero ficar sozinha?”


Aquilo não podia estar acontecendo comigo! Eu estava tão fraca assim? Eu tinha dezessete anos, pelo amor de Deus! Faz tempo e eu não devia me incomodar com isso. Não devia mesmo! Cadê seu profissionalismo, menina? Supere! – briguei comigo mesma.
Procurei com os olhos por algum atendente. Mas nenhum olhava para mim. Eles corriam de um lado para o outro, ocupados.
Tossi.
Aquilo estava me matando. Precisava pedir que desligassem antes que eu virasse uma coisinha apavorada e saísse aos berros de lá. Ou chorando que nem uma cabrita desmamada. Aff.
Peguei meu copo e tomei um gole ENORME de café. Nervosamente. Acho – ou tenho certeza – que se aquilo fosse bebida alcoólica eu estaria bem ferrada depois. Sorte minha.

NARRADOR TV: “Até hoje ninguém tem conhecimento do paradeiro da banda após os shows e os trabalhos de gravação. Onde moram ainda é um segredo para a mídia. E, de acordo com alguns boatos, parece que eles se separam para terem privacidade. Os fãs terão que cancelar os planos de acamparem onde eles estariam hospedados depois do show dessa noite em Nova York.”

NOVA YORK? AH, ESTÁ BRINCANDO COM A MINHA CARA!
Acho que tossi o café todo para fora de minha garganta – isso se não tivesse saído pelo nariz também, pelo susto que levei - porque uma moça veio correndo em minha direção oferecer um lenço e perguntar se estava tudo bem.
Eu devia estar com os meus malditos olhos vermelhos e cheios de lágrimas, porque ela me encarou por um bom tempo antes de voltar ao que estava fazendo.
Mordi discretamente – como se eu não tivesse acabado de pagar um mico – o brownie e mastiguei silenciosamente.
Novamente agindo como uma jovem boba que passou a vida apaixonada por algo fútil. Quer dizer, como eu já disse: ia e vinha. Às vezes era inevitável.
Eu tentava – desesperadamente – ser mais madura do que me é permitido psicologicamente. Queria trabalhar e trabalhar. Não me distrair com caras nem mesmo em festinhas de final de semana. Queria ser uma mulher. Uma mulher adulta.

“Tantas pessoas que eu conheci. Tantas pessoas que eu amei. Mas eu estou desesperada por um amor simples, e um mundo simples. Baby, estou me apaixonando por você. Eu te quero, e também quero muito que você precise de mim. Meu desejo me deixa louca”


Mas, infelizmente, eu era jovem. Nas minhas veias corria a adrenalina da vida. Eu ainda gostava de ficar horas em uma loja de sapatos (e gastava um BOCADO), ouvia músicas em meu iPhone (Isso me acalma. Mas somente algumas músicas devidamente selecionadas. Nada de músicas deles) e me apaixono perdidamente pelos carinhas dos filmes (coloco fotos deles escondido em meu celular).
A diferença é que... não deixo transparecer.
Não até agora.
Eu estava tentando encarar a bancada. Ela estava limpa. Não totalmente... tinha uma pequena sujeira perto de meu prato. Seria brownie?
DO QUE EU ESTAVA FALANDO, DEUS?
Eu precisava desligar aquilo. A música ainda tocava! E logo eu estaria decorando aquela letra e...
Meus olhos arderam de novo.
Será que eu deveria fingir que tem um bicho no copo de vidro do homem ao meu lado, arremessá-lo contra a TV e dizer “Peguei!” com um sorriso bem maroto? Não. Era ridículo de mais. E pior, não encontrariam bicho nenhum.
Talvez eu pudesse somente falar de um programa interessantíssimo que estaria passando em outro canal e assim a moça trocaria? Seria mentira, mas eu pelo menos me livraria daquela música e daquelas imagens...
Ah... mas tinha tanta gente assistindo e falando sobre isso! Podia ouvir o nome de todos. Todos! Eu não queria ouvir esses nomes. Quase tampei meus ouvidos.
Aquela dor em meu coração não era porque eles haviam me ajudado enquanto sofria com meus pais. Mas era porque depois descobri que eles nunca fizeram para os fãs. Somente pelo dinheiro. Os sentimentos dos fãs eram algo que não faziam parte de suas vidas. A fama roubou isso deles.
O beijo que eu recebi naquele dia havia sido o mais importante de minha vida. Eu havia amado um único homem. Isso até cair a ficha de que ele faria isso com qualquer uma. Era um jogo de paga e ganha.
Esfreguei meus olhos.
Talvez eu devesse mesmo ir embora, talvez...

NARRADOR TV: “Em uma entrevista dada ontem para o nosso programa, Rob diz que a banda ainda está se preparando para os fãs. Mas por tantos anos? Será que ele não está escondendo planos maiores do que revela?”.

Não consegui. E queria me bater por isso.
Olhei novamente para a tela. E pra que? Para ver aquele homem andar protegido por três seguranças enquanto ele acenava e depois entrava em um carro escuro enorme. Eu mesma não pude deixar de notar o boné que ele usava. O mesmo boné. Surrado pelo tempo, mas era o mesmo. E eu pude reparar de imediato. Talvez quase ninguém reparasse nisso.
Haviam flashs por toda a parte e os paparazzi murmuravam algo que eu não consegui entender. O pior é que não precisei.
Coloquei a mão na boca, assustada. As lágrimas caíram e escorregaram até meu queixo.
Na rua onde ele se encontrava pouco tempo atrás havia um... motel.

“Uma pequena garota, te amando. Como ela pode ser bonita? Se ela tem um coração puro como o meu. Você a amaria por um momento? Se você quer que ela mude, por você ela mudará. Agora mesmo. Mesmo que ela tivesse perdido os sentidos. Não pode parar... oh te amando.”

MERDA.
Olhei para a minha bolsa que acabara de cair no chão. Meu celular tocava alto e com uma musiquinha muito irritante. Onde eu havia arranjado aquele toque ridículo mesmo?
Peguei rapidamente e atendi meu celular, sem nem mesmo olhar o retrovisor.
Atendi da forma que sempre atendia: Animadíssima.

– Hy, hy! Aqui é a Isa! – sorri.

Fingir indiferença era meu forte. Isso quando outra pessoa podia descobrir minha fraqueza.
Sendo mais madura que meu coração, que chorava.

– Isa? – uma voz grossa atravessou a linha e atingiu meu ouvido – Aqui é o Jacob!
– Jake?! – soltei, surpresa.

Aff. Qual é a de chamar o chefe de apelido? E olha que eu nem havia começado a trabalhar com ele ainda! Boa, muito boa mesmo! Por acaso eu estava ficando maluca? Talvez eu realmente precisasse sair dali.
Tossi para ganhar tempo e tirei minha carteira da bolsa, me levantando. Prensei meu celular contra o ombro.

– Sim! - ele esperou – Estou incomodando? Está ocupada? Posso ligar mais tarde, se preferir!
– Não! – quase gritei – Não! Claro que não! Que isso! – ri, nervosa – Eu estou... na rua. Só isso. Pode falar.
– Ótimo! Só queria saber se fez uma boa viagem! E também se gostou da minha “humilde” cidade – deu uma risada rouca e eu sorri, ele sempre fora engraçado – É como você tinha imaginado?
– Melhor – suspirei – Garanto.

Ainda tentando me livrar da bagunça em minhas mãos, joguei o dinheiro na mesa, despedindo-me pesarosamente do meu brownie e meu café, fresquinhos, de Nova York. Tadinhos.
Fui em direção a porta e tentei empurrar com o ombro livre – o outro segurava o celular – a porta de vidro, enquanto guardava a carteira.

– Sabe, realmente é linda essa cidade! Espero que dê tempo de você conhecê-la antes de começar a trabalhar. Qualquer coisa podemos fazer um tour! – disse, animado até de mais – O que acha?

Fiz um “arrã”.
Sério, eu não era uma ninja! Por isso já podia ver a palavra “Desastre” estampada em enormes letras vermelhas no meio de minha testa. Podia ver pelo reflexo do vidro.
Por sorte, um homem charmoso – e que parecia que iria me comer com os olhos o tanto que me olhava desejadamente – abriu a porta para mim.
Sorri, sussurrei um obrigada e sai correndo, em direção ao meu taxi.
As luzes de Nova York traçavam a minha silhueta. Mesmo sendo bem fraco porque ainda era de manhã.
O vento batia friamente sobre mim e tive que me encolher, colocando minhas luvas.
Me abracei, tremendo.

– Tem certeza que não quer que eu ligue depois? – ele pareceu bem chateado.
– Não! – gargalhei – Eu estava concentrada em uma luta entre mim e uma porta de vidro – suspirei – Não pergunte.

Ele riu do outro lado enquanto eu agradecia mentalmente pela música ter parado de corroer meu coração.

– Bem, eu só queria saber se está tudo certo para segunda-feira! Estou ansioso para a sua estréia!
– Eu também. Acredite – sorri, amarelo – Não vou decepcionar o senhor!
– Senhor? – ele gritou, assustado e depois riu. Eu quase cai para trás de susto – Por favor Isa, não me chame assim! Concerte antes que isso me mate!
– Oh... desculpe – murmurei – Jacob.
– Melhor! Muito melhor! E... claro que não vai me decepcionar, acredito muito no seu potencial. Por isso te contratei!
– Claro. Certo.
– E apareça logo cedo! Se precisar de qualquer coisa... qualquer coisa mesmo, pode me ligar! Não hesite!
– Tudo bem – cocei a cabeça, tentando me concentrar – O senho... você... gosta do Starbuks?
– Adoro!
– Muito bem! Levarei um café com brownie para você na segunda! E estarei lá... cedo.
– Ok – ele parou – Ah e... Isa?
– Sim?
– Sei que será a melhor secretária que já tive.

Sorri e avistei meu taxi a poucos metros de distância.
Estava pensando em correr. O frio estava me congelando. Mesmo que, agora – depois de tudo -, não fizesse muita diferença.

– Farei o máximo para que isso seja verdade!
– Tenha um bom dia.
– Você também e – sussurrei – Obrigada.

E desligou.
Ah sim, Jacob seria um ótimo marido! Do jeitinho que eu havia dito! Mas ok, nada de gracinhas com o chefe... Por enquanto. Ok, era brincadeira. Eu estava concentrada no trabalho e só isso.
Ou não.
Havia outra coisa...
Eu não tinha conversado direito com Jacob. Eu sou bem impulsiva. Choro por bobeira, mas dou risada e sou animada o tempo todo. Isso dificulta a minha tentativa de ser a mais madura possível. Mas consegui misturar os dois. Ser uma adulta, madura, mas também animada. Eu só não precisava desviar de meu objetivo. Eu me concentraria e...
AH. MEU. DEUS.
Olhei para vitrine da Gucci. Havia uma bota que combinava com uma bolsa. E ESTAVA EM LIQUIDAÇÃO! Tão lindas! ♥
Colei meu nariz e minhas mãos no vidro. Ah... bem que eu poderia comprar aquilo para ir no trabalho na segunda. Soava bem profissional e combinaria certinho com o terninho que eu tinha em casa e...
Um pôster grudado em um poste atrás de mim apareceu no reflexo do vidro. “Show RJ” – estava escrito em letras grandes com uma foto da banda.
Fechei os olhos e me desgrudei do vidro.
Eu estava mil vezes mais aliviada por ter saído de perto da TV. Mas me senti mil vezes mais abalada do que em anos.
Me sentia fraca. Me sentia perdida. Era como se o chão não fizesse mais parte do meu mundo. Eu nem sabia em que lugar estava! Nunca havia pensado que Nova York despertaria aquilo em mim. Depois de anos sem sentir, sem ouvir, sem ver nada sobre eles... aquilo havia voltado para mim. E eu não sabia como reagir.
Porque eu me sentia tão frágil por causa de uma banda? Porque eu os havia amado e porque havia me decepcionado? Eu não sabia! Eu não sabia porque aquela sensação era tão forte em mim, o porque me machucava tanto.
Baixei a cabeça.
Meu coração estava acelerado de mais. Não era somente a banda, havia um homem. Eu o havia amado de uma forma que nunca amei ninguém. Pensei – idiotamente – que ele também havia guardado um carinho, mesmo me vendo somente como fã, por mim. Mas não era isso. Nunca foi! Aquelas músicas, no começo, eram verdadeiras. Agora, mesmo ainda sendo bonitas, eu sabia que não era mais de coração. Eu sentia na voz de Ash.
Ela não cantava mais para mim.
Ele não tocava mais para mim.
Corri, com as lágrimas escorrendo por meu rosto pálido, até o taxi. Entrei e empurrei uma mala rosa para o canto.
O taxista começou a dirigir e ele sabia muito bem qual era o destino. Eu sabia muito bem.

“Pequena borboleta negra. Como eu posso ser bonita? Se eu tivesse uma voz tão doce como a sua. Você acha que ele me amará? Eu acredito em minha paixão. Paixão é dedicação. Algo que você acredita... não posso parar, oh, amando você.”


Meu nome é Isabella Swan. Tenho 20 anos, quase 21. E eu ainda era apaixonada por uma banda chamada Romantic Joke. Não só isso como eu também ainda era apaixonada por um homem que me beijara há alguns anos atrás no dia mais lindo e, ao mesmo tempo, o que condenou minha vida.

E eu tinha um único pedido: Que... por favor... por favor... alguém esqueça-o por mim!


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Notas finais do capítulo

Aceito sugestões, críticas e comentários! Pode ser por aqui, pelo e-mail (lilojm@yahoo.com.br) ou por twitter (@juliapattz). Não se esqueçam de divulgar! *-* Eu adooooro conversar e quero saber a opinião de vocês, heim? Conto com isso!
XOXO,
Júlia.



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