A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 6
CAPÍTULO IV: Perdidos




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Alguns dias depois, nas planícies, Alan e Ezequiel continuavam sua caminhada por aquelas vastas extensões vazias, abaixo de um céu nublado e cinza. Alan seguia caminhando em silêncio, frio e indiferente, enquanto o jovem Ezequiel, ainda mancando um pouco, porém bem melhor, o seguia alguns passos atrás, demonstrando certo descontentamento diante de tal atitude. De tempos em tempos, e a cada certa distância, Alan parava sua caminhada silenciosa e apanhava um aparelho portátil, que aparentava ser um medidor ou algo do tipo, apontando para diferentes direções, ao que parecia, procurando um caminho para prosseguir, Ezequiel apenas o observava escolher a direção, também em silêncio, sendo que o único som que se ouvia entre eles eram os pequenos “estralos” que o aparelho emitia enquanto detectava e media algo no ar. Com o passar do tempo, e de boa distância percorrida, o jovem, já não suportando mais o silêncio, aproveita outra parada para tentar quebrá-lo.

“Ah, você está com algum destino em mente, ou estamos... hã, tipo... perdidos, andando sem rumo?” - ele pergunta temeroso, ao que Alan, ainda com o medidor na mão, procurando um caminho a seguir, lhe responde calma e sobriamente: “Perdidos?! É sempre como se estivéssemos perdidos neste lugar... Mas, na verdade estou seguindo alguém... ou estava...”

“Ou estava?” - o jovem contesta com certa aspereza na voz.

“Bem eu perdi o rastro a algum tempo, mas antes de reclamar, saiba que só o perdi porque parei para ajudar um jovem que encontrei quase morto em meu caminho...”

“Ah” – o jovem responde meio sem graça - “Não vou reclamar, na verdade, tenho que te agradecer muito por isso...” - Após um pequeno silêncio, Ezequiel insiste na conversa: “E quem, ou porque, você está seguindo?”

“Estou perseguindo uma ladra, para levá-la a justiça por seus pecados...” - Alan responde enquanto o medidor diminuía seus estalos, indicando queda na detecção daquilo que media. Encontrado o caminho a se seguir, Alan retorna a sua caminhada silenciosa, porém Ezequiel insiste em manter o diálogo que iniciara: “Bem, mas você sabe para onde ela está indo?” Alan começa a responder: “Ela estava indo rumo leste...”, porém antes de terminar a frase, ele se detém na caminhada e se põe imóvel. “O que?”, o jovem lhe questiona, porém Alan apenas lhe pedia silêncio enquanto parecia apurar os ouvidos, após alguns poucos segundos de silêncio ouve-se um ladrar a certa distância, ao que o experiente homem apenas reconhece: “Hell-hounds”. O jovem apenas deixa escapar mais um “o que?!” enquanto vê Alan acionando o “gatilho” que escondia na manga do braço esquerdo, o que libera uma espécie de corrente laminada a partir da manga do outro braço. Mais alguns instantes se passam até que se percebe a matilha de cães avançando contra eles do meio da relva. Porém não eram cães comuns, eram criaturas deformadas, de coloração escura, com dentes desproporcionalmente grandes, que se projetavam para fora das mandíbulas, orelhas grandes e mutiladas, olhos amarelo esbranquiçados, garras enormes e um cheiro pútrido insuportável. Os corpos das criaturas era quase totalmente despelado, tendo apenas uma espécie de “crina”, uma carreira de pelos de coloração acinzentada ao longo do dorso, a partir da nuca até a cauda, a qual, por sua vez, em alguns parecia longa e fina, enquanto que em outros parecia ter sido mutilada.

Alan, com movimentos bruscos do braço direito, alonga a corrente e desfere golpes contra a matilha que os ataca. Num primeiro golpe ele acerta o animal mais proximo deles, lançando-o ao chão. Em seguida, Alan emenda um segundo golpe, acertando outro cão e derrubando-o também. Um terceiro cão salta contra ele, lançando-se no ar e escancarando as mandíbulas, porém Alan, puxando a corrente contra o animal o acerta em pleno ar, o animal, ao ser atingido emite um guinado e gira pelo ar antes de cair ao chão. Alan inicia uma nova sequência de golpes com a corrente, porém, os cães, percebendo que não teriam ali uma presa fácil, param de avançar e passam a guardar certa distância. Alan investe contra alguns deles, porém os cães saltam e desviam de seus golpes, a corrente acerta o solo levantando pequenas nuvens de poeira. Os animais latem com fúria e Alan lhes responde com golpes da corrente, algumas vezes acompanhados de gritos; o som do metal da corrente acompanhado dos gritos de Alan eram realmente assustadores, algumas vezes até mais que o ladrar enfurecido daquelas feras que os atacavam. Esta batalha de intimidação segue por alguns instantes, até os cães desistirem e começarem a se retirar. Eles começam a caminhar para longe, porem alguns deles, enquanto caminhavam, voltam a cabeça na direção dos dois viajantes e voltam a encará-los, rosnando. Ainda assim, todos eles se vão. Acionando novamente o gatilho da mão esquerda, algum tipo de mecanismo recolhe rapidamente a corrente, enquanto o rapaz suspira aliviado.

Ezequiel também alivia-se após a tensa situação, porém se volta para Alan com questionamentos sobre o por quê de usar aquela corrente e não simplesmente ter atirado contra aquelas bestas, ao que lhe é dada uma resposta simples: “Ainda que sejam infectados, são apenas cães vira-latas, que podem ser intimidados a desistir de nos atacar com alguns gritos e batidas de pé... existem muitas coisas por ai muito piores do que eles, assim, atirar neles seria desperdício de munição... e se tem uma coisa que não podemos fazer é desperdiçar munição...” O jovem apenas responde um “entendido”, ao que Alan toma a palavra: “Agora continuando nossa conversa... a ladra, tenho certeza que ela foi para a região dos abrigos, porém há um problema: o caminho mais curto até lá atravessa uma cidade, ou melhor, pelas ruínas do que um dia foi uma cidade... o lugar está repleto de infectados... Poucos são corajosos, ou loucos o bastante para tentar cruzá-la...” Ezequiel engole seco e comenta: “Creio que lá encontraremos coisas piores do que estes tais 'hell-hounds', não é...” ao que lhe é respondido: “Teremos sorte se encontrarmos hell-hounds naquele lugar... então... se realmente queremos nos atrever a atravessar tal lugar, vamos precisar arranjar uma arma para você e lhe ensinar a atirar...”


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