A Esperança Dos Renegados escrita por Aldneo


Capítulo 5
CAPITULO III: A Ladra




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“Vou te ensinar que aqui não é lugar para garotinhas!” - um brutamontes, meio bêbado, grita enquanto se aproxima de uma garota que parecia estar encurralada contra uma parede em, o que parecia ser, uma espécie de taberna.

 

“Qual é, Bruce, umas se ganha... outras se perde...” - a garota responte com certo tom de ironia ao grandalhão, enquanto parecia buscar com o olhar algo por detrás dele e planejar o que faria. A garota era jovem, ruiva, com cabelos não muito mais longos que seus ombros, não muito alta, de olhos castanhos, usava uma blusa sem mangas e de gola, que deixava amostra sua cintura, uma calça com suspensórios, luvas sem dedos, uma espada katana embainhada no lado direito de seu cinto, junto com uma submetralhadora, do tipo mini-uzi, do lado esquerdo. Além de duas outras armas cortantes, encaixadas em transversal em bainhas nas suas costas, na altura da cintura, uma de cada lado, estas não eram muito longas, lembrando facas, tinham as laminas em forma de losango, com o cabo quase do mesmo comprimento que a lâmina, terminado por uma haste em forma de circulo, na qual se prendia uma espécie de corda, longa, que se enrolava em seus braços, uma de cada lado, antes se se prender nas bases onde se fixavam as lâminas.

 

“Você nunca mais vai roubar de mim, sua vadia!” - O grandalhão grita antes de desferir um violento soco na direção da garota. Ela, porém, se abaixa e desvia do golpe, fazendo o homem acertar com toda a força a parede. Com isto, ele recolhe a mão em um grito de dor, e ela aproveita a chance para correr em disparada para longe dele. Na sequencia da corrida ela sobe com um passo numa cadeira, depois em uma mesa e salta, agarrando o lustre do salão (que na verdade parecia ser simplesmente uma roda de madeira na qual foram adaptadas algumas lampadas), gira e se balança nele, escapando também dos comparsas que acompanhavam Bruce e se lança ao outro lado da taberna, próximo a escadaria que levava até o andar de cima, ela corre na direção da escada e começa a subi-la velozmente. Do outro lado da taberna, Bruce, esbravejando de raiva, puxa seu revolver, um Magnum calibre .357, e dispara na direção da garota, os tiros acertam a parede, abrindo buracos e levantando nuvens de fragmentos a pouca distancia da garota. Ele dispara quatro vezes, até que o homem do balcão grita enfurecido: “Hei! Nada de disparar armas em meu salão!” Bruce demostra contrariedade, mas acaba guardando a arma e começa a correr atrás da garota. Esta chega no andar de cima, prepara o ombro e se joga contra uma das portas, no intuito de arrombá-la, porém ela apenas bate na porta e cai de volta para o chão, sem conseguir abri-la. Ela comenta consigo mesma: “Quando os outros fazem isto parece tão fácil...”, se levanta rapidamente pega sua mini-uzi e acerta um disparo triplo na fechadura, estourando-a e abrindo a porta. Ela adentra ao quarto, onde, sobre a cama um casal (aparentemente um homem e uma prostituta) semi nus trocavam carícias, ao vê-la entrar os dois se assustam, a garota puxa o lençol e cobre os seios, enquanto o homem puxa a outra parte do lençol para se cobrir também. Ao perceber tal reação, a garota apenas comenta em um tom meio cômico: “Não se preocupem comigo, tô só de passagem, podem continuar, tchauzinho!” Ela se dirige rapidamente para a varanda do quarto, abrindo as portas de vidro, ao chegar, ela puxa uma das lâminas que estavam em suas costas e a enfinca na sacada, prendendo-a, depois salta, usando a corda pressa na extremidade da lamina para se apoiar na descida até o chão, chegando lá, ela puxa de volta a lamina e torna a correr na direção de um beco próximo, guardando a lâmina enquanto corria. Nisto, Bruce, junto com seus comparsas, chega ao quarto e corre até a varanda, ao vê-la já a certa distância, ele, enfurecido, volta a sacar sua arma e a disparar na direção da garota, porém não consegue acertá-la antes dela entrar num beco e desaparecer de sua linha de visão. Ele então respira fundo, e grita para ela: “É melhor não voltar aqui garota, ou vou te fazer pagar!”, depois, ele se volta para seus amigos e comenta com eles num tom satírico: “E vou fazê-la pagar muitas vezes, se é que vocês me entendem...”, o bando ri, e retornam a taberna do andar inferior para continuar bebendo, embora Bruce, antes de descer, ainda dê uma ultima olhada na direção em que ela fugiu, demonstrando estar muito enfurecido.

 

A garota, por sua vez, segue seu caminho. Após alcançar uma certa distância da taberna, ela passa a caminhar tranquilamente, enquanto fala consigo mesma: “É, eu sou mesmo foda, aqueles babacas nem perceberam quando eu...”; porém, antes dela terminar seu auto-vangloriamento, ela se esconde rapidamente por detrás de uma parede em um beco próximo por onde ela estava passando, encostando-se contra a parede, claramente assustada. O motivo de tal atitude era um grupo de homens que surgira no inicio daquele caminho e vinham caminhando em direção contrária a dela. “Ai, droga! Assassinos...”, ela murmura consigo mesma. O grupo consistia de uns doze homens, vestindo mantos sem mangas e com capuz, com coloração em tons de cinza e amarronzado, suas vestes eram largas e calçavam botas, carregavam espadas curvas, adagas e diversas outras lâminas em bainhas ao longo de seus mantos, além de rifles de precisão apoiados por correias em seus ombros e tinham um aspecto muito sombrio. Caminhavam em silêncio, olhando com desconfiança para os lados enquanto andavam. Em seus braços, e também nos rostos, (as únicas partes de seus corpos que ficavam a mostra) podiam-se ver cicatrizes, amostras das ferozes batalhas e/ou do árduo treinamento aos que tais homens teriam sido submetidos.

 

Quanto o grupo se aproximava do beco onde a garota se escondia, um outro homem se aproxima correndo, chamando: “Al-Naum!”, o grupo se detém, o homem se aproxima e se ajoelha diante de um deles. A garota, demonstrando admiração e curiosidade espia o grupo comentando consigo mesma: “Al-Naum?! Aqui!?...” O homem ajoelhado prossegue dizendo: “Al-Naum, precisamos de sua ajuda...”, o membro do grupo que recebe a súplica faz um gesto com a mão, mandando que aquele homem se levantasse e lhe responde: “É bom que seja importante, tenho negócios a resolver”, o homem então começa a falar com o Assassino, porém num tom de voz baixo, que apenas os dois podiam ouvir, permitindo perceber claramente que aquele homem tratava-se de um informante. Após receber as informações, Al-Naum lhe responde: “Vamos ajudá-lo, venha conosco”, e o grupo segue em outra direção. A garota respira aliviada e comenta consigo mesma: “Que sorte... Melhor sair deste buraco antes que ela acabe...” Ela verifica se a área já estava limpa, e segue com pressa de deixar o local.

 

Algum tempo depois, ela chega a saída do local onde estava, de fato, “o local” onde ela estava era um abrigo subterrâneo, dentro do qual se havia construído um gueto. A “porta”, como era chamada a saída, ficava após uma serie aparentemente interminável de escadarias e era mantida sempre vigiada e fechada, podendo ser aberta apenas com a autorização de seu responsável. Ao ver a garota se aproximar um tipo magrelo, sujo e mal vestido, com cabelos despenteados e barba por fazer, demonstra reconhecê-la: “Deborah, minha gatinha, a quanto tempo não a vejo por aqui...”, ao que ela lhe responde: “Cala a boca, Stanley, e abre logo essa porcaria que eu to precisando sair daqui...” O rapaz responde com um certo tom de sarcasmo: “Por que será que sempre que te vejo, tu esta em alguma encrenca... Com quem tu se meteu desta vez...”

 

“Um retardado chamado Bruce...”, ela responde, ao que o rapaz comenta: “Bruce?! Ah! Aquele filho do capeta é um briguento que arruma encrenca com todo mundo...” “É, e também é um péssimo jogador e um perdedor ainda pior...”, Deborah conclui antes de mudar de assunto e insistir: “E então, manda abrirem a porta logo que eu preciso dar um tempo fora daqui...”, porém, o rapaz desconversa e, com um sorriso no rosto, responde cheio de malícia: “Qual é gatinha, até parece que tu já esqueceu como as coisas funcionam por aqui. Pra eu abri essa porta, tu tem que me dar algo em troca, e tu sabe muito bem o que quero contigo...” Após falar isso, ele começa a se aproximar dela, como se a fosse abraçar, porém ela puxa sua pistola-metralhadora e aponta pra ele, respondendo: “Vai sonhando tá, por que só em sonho você vai conseguir isso...” Os outros rapazes que trabalhavam na porta, ao verem a cena riem de Stanley, que ao perceber isto, grita com todos: “Ah-ha-ha, muito engraçado, riam de quem paga seus salários, bando de...”, se voltando para a garota ele continua: “Tá, então, vamos pra segunda opção, me diz ai, quando tu roubou desta vez?”, ao que lhe é respondido: “Ninharia, no muito, chega a 1000...” - “Então me passa uns 600, ai”, ele completa, ao que Deborah lhe responde irritada: “Você tá louco?! Eu ainda tenho que ir a outro buraco comprar provisões e to quase sem vacina!”, porém, Stanley apenas balança a cabeça e responde maliciosamente: “Tu que sabe, gata, a primeira proposta ainda está em pé...” Deborah lhe encara e, demonstrando nojo em sua expressão facial, acaba por pagar o suborno, ao que o rapaz caminha para mais próximo da porta gritando a seus subordinados: “Vamos lá, bando de vagabundos, tá na hora de trabalhar!” Nisto, em uma cabine cheia de alavancas na parte superior, um homem negro, grande e forte grita para a outra sala: “Ai ó, Zóio, como que tão as coisas lá em cima?”, na outra sala, um tipo magro e meio corcunda, coloca óculos grossos e puxa um equipamento semelhante a um periscópio, observa por ele ao derredor e responde: “Tá tudo limpo, Negão, pode abrir!” O homem da sala de alavancas puxa algumas delas, fazendo a fiação, extremamente precária, emitir diversas faíscas, depois, com um golpe violento, aperta um botão. Engrenagens enferrujadas começam a rodar fazendo muito barulho, um alarme começa a tocar, ouve-se um homem gritando ao fundo: “A porta tá abrindo!” e os vigias da mesma engatilham seus rifles. No “teto” do local a primeira porta se abre, uma do tipo folha dupla que se recolhia, cada folha para uma lado. Outra alavanca é puxada, e uma escada retrátil desce, ou melhor despenca, da abertura, batendo no chão e fazendo grande barulho. Deborah começa a subir a escada, enquanto o “Negão”, em sua sala, aperta outro botão. Na superfície, do lado de fora, as travas da porta são desarmadas, e o grande tampo redondo se desloca abrindo a abertura. Enquanto a garota sai, Stanley vai até a base da escada e lhe diz: “Vê se não morre tá sua louca, ia ser um desperdício nunca mais ver a sua bunda”, ao que ela responde: “Não se preocupe, eu sei me virar”. Ela sai e a porta é fechada e travada. Stanley vai até a sala do periscópio e pergunta em que direção ela foi, ao que lhe é respondido que para o oeste, ele então puxa o periscópio e olha por ele, enquanto comenta: “Oeste?! Para a cidade! Hã! Ela realmente é louca de pedra... Mas tem uma bunda linda mesmo!"

 


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