Músicas E Escrita escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 3
Conto 3 (Parte I) - The Ballad Of Mona Lisa


Notas iniciais do capítulo

A banda é Panic! At The Disco, mas não coube kk espero que gostem. Essa é menos romântica (nem romance tem)



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Toda vez que parávamos naquela pequena cidade, eu ia ao pequeno bar que ficava uns quarteirões de onde fazíamos as apresentações.

Todo mundo passava por lá. Todos os homens da nossa caravana circense, por caus da boa qualidade das bebidas. Raramente havia mulheres no local. Porém, em um dia frio de dezembro, entrou uma mulher.

Era da nossa caravana, mas nova por lá. Chamava-se Mary e, para mim, era pouco estranha. Sentou no canto e começou a pintar seus dedos com, pelo que me parecia, uma certa precisão.

Ora, nada demais. Mary parecia estranha, mas isso não queria dizer que ela era algo fora do normal.

Enquanto tomava notas dessas observações na minha cabeça, Mary percebeu que eu estava observando-a. Levantou-se e andou até mim lenta e suavemente. Era pálida e fazia um contraste com seus cabelos escuros presos em um coque desajeitado e com a cor da boca forte.

— Gim, por favor — Mary disse para o garçom e sentou-se do meu lado. — Para os dois.

Eu não costumava beber gim, mas resolvi não comentar.

— Francisco, não é?

— Prefiro que me chamem de Frank — respondi, parecendo meio rude. Pareceu-me que conversar com a estranha desconhecida não seria bom...

— Tudo bem, Frank. Se assim prefere. Posso estar errada nas pareceu que estás com um pouco de medo.

— Eu? Por que eu estaria com medo?

— Posso ser bem perigosa, Frank.

O garçom chegou com as garrafas de gim. Mary sorriu misteriosamente enquanto o garçom servia o gim nos copos. Ela passou o dedo na base do copo, fazendo uma volta.

Peguei o meu copo e bebi. Mary me deixava raivoso, sem eu nem mesmo saber o motivo.

— O que uma mulher como você, que trabalha em um circo, pode fazer para alguém como eu? — perguntei.

— Vamos dizer apenas que já tirei algo de muitas pessoas. — Mary arranhou a boca com sua grande unha. — Você não devia estar falando comigo, Frank.

Mary encheu meu copo novamente. Não o toquei.

— Vamos lá, Frank. — Ela sorriu. Naquele momento ela ficou mais lúcida, como um fantasma. Recuei. Mary não pareceu perceber o que tinha acontecido.

— Não, obrigado — respondi e sai do local. Não ia ficar mais perto daquela... Eu não tinha certeza.

Se eu não fizesse parte do circo, eu teria sido um pesquisador sobre seres sobrenaturais. Ouvira histórias quando criança de um pai apaixonado por histórias sem explicações e, por isso, herdar a mesma paixão.

Mary não parecia mais não ser algo que não era fora do normal. Vestia-se como em muito antigamente, tinha modos estranhos e era misteriosa. E, além de tudo, transparente. Tirava, talvez, a alma de muitas pessoas.

Mary poderia ser uma sugadora. Uma das piores. Pelo o que eu sabia, sua espécie poderia ficar invisível, mas os espelhos os denunciavam; eram mortos, ocos; par passar-se por uma pessoa normal, sugava as almas mais fortes, caso não, se transpareceriam; o corpo era morto e virava pó daqueles que a alma eram tiradas.

Sugadores eram muito raros. No passado, sua espécie era muito comum, mas poucos procriavam e outros ficaram tão fracos sem seu alimento que desapareciam.

Outra coisa que denunciava os Sugadores era o vento. Quando eles ficam ao vento, sua imagem tremeluzia como se estivesse sendo espalhada.

Também podiam controlas os sentimentos das pessoas. Quanto mais experientes, melhor.

Gostavam das presas que pareciam difíceis de controlar. Aquelas que eram corajosas o suficiente para não ficarem pedindo “por favor, não me mate!”

Sugadores geralmente falavam de um modo antigo, por causa da eternidade. Assim como Mary falava.

Talvez eu estivesse louco. Obcecado em uma história qualquer. Mas eu agarrei a ideia. Tinha de ficar longe de Mary.

Os dias se passaram e eu não chegava a ver Mary. Talvez ela tinha desistido. Talvez resolvesse achar outro lugar para se alimentar.

Até que um dia, no mesmo bar, encontrei-a novamente. Mary sentou-se a minha frente.

— Está fugindo de mim, Frank? — Perguntou.

Meu primeiro pensamento foi sair daquele lugar, mas fiquei. Não respondi.

— Bem, bem. Vejo que você já descobriu algumas coisinhas.

— Saia daqui — falei. — Ou algumas pessoas vão conhecer um pequeno segredo, Sugadora.

“Me diga que estou certo, agora”, pensei.

Mas Mary apenas olhou para mim, os olhos enchendo-se de medo. Ela poderia até chamar aquilo de surpresa, mas eu chamava de desespero.

Sua expressão suavizou, em uma tentativa de disfarce falhada.

— Você não faria isso, Frank.

— Alguém te garante isso?

Ela soltou um olhar frio para mim e saiu. Estava zangada. Eu não devia tê-la irritado, mas ela me causava uma sensação de ódio.

Agora eu teria de tomar cuidado. Ela poderia tirar minha alma apenas encostando em mim e pensando “sugue” de acordo com algumas fontes.

Me levantei e fui até a hospedaria que eu sempre ficava. Cheguei no meu quarto, a janela fechada e o espelho mostrava a imagem de Mary.

— Você faz com que tenhamos que agir rápido, Frank.— Ela com certeza estava imaginando meu sabor.

Aquela era a hora. Eu não podia evitar. Não ia conseguir fugir de Mary. Sabia que ela viria em meu encontro.

— Só por precaução, vamos cobrir o espelho, que tal? — Me virei. Enquanto ela cobria o espelho, peguei o papel em cima da escrivaninha e rabisquei “Mary fez isso”. Guardei-o no meu bolso. Um dia, alguém veria.

Após coberto o espelho, Mary olhou para mim. Parecia ter percebido o bilhete no meu bolso. Ela iria pensar em algo para resolver esse obstáculo.

— Agora, vamos ao trabalho, Frank.

Eu não me movi. Estava preparado para o que ia vir, desde o dia em que vi Mary pela primeira vez.

Como eu sabia, Mary tocou o meu peito com a mão e fez questão de, além de pensar, falar:

— Sugue.

Foi a última coisa que eu lembrei. Raciocinando depois de um tempo, percebi que alguém entrou no meu quarto naquela hora, fazendo Mary ficar invisível.

Quem quer que fosse esse alguém, atrapalhou Mary, fazendo com que ela não ficasse com a minha alma.

Mas minha alma ficou solta.

Ou seja, eu tinha um corpo morto, que nunca ia apodrecer, porque eu ainda tinha alma; e a alma, que ninguém nunca veria.

Porém, eu não podia voltar ao meu corpo.



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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Um review eu mereço?



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