Músicas E Escrita escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 18
Conto 17 - Fa La La (Justin Bieber)


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou aqui também! Sim, sou eu.
Meu Deus, quanto tempo eu não posto um conto aqui? Eu tenho um monte guardado no meu caderno, mas estive sem tempo para passar para o computador e me dediquei a minha outra fic (senão eu não terminava ela nunca!).
Mas, está chegando o Natal, e o Natal é a minha época favorita e a que mais me inspira também. Então eu resolvi que vou voltar a postar meus contos nessa época, até porque eu tenho dois contos de Natal aqui.
Enfim, faltando 7 dias para o Natal, resolvi postar esse hoje. O outro eu posto na véspera de Natal.
Espero que vocês gostem (se alguém for ler isso, além da Natália).



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/178208/chapter/18

— Não é tão grande quanto eu imaginava — Milena dizia isso, enquanto descia do meu carro. Ela vestia o “meu” vestido favorito, aquele que ficava melhor nela. Era vermelho, tinha uma gola até o pescoço e a manga até os pulsos. A barrinha da manga e a cintura tinham uma faixa preta. O vestido era extremamente colado ao seu corpo, menos a saia plissada, que começava na faixa preta. Além disso, ela usava uma boina verde, uma meia-calça cor de pele e sapatos pretos.

Olhei a minha frente. A casa era uma mansão. Lá dentro havia três quartos enormes para família, com um closet e um banheiro de cada. Havia também quartos para todos os empregados que viviam ali, ou seja, uns 10 e mais dois quartos de hóspedes, com banheiros. Também mais dois banheiros, uma sala, uma cozinha, uma copa, uma sala de jantar, um salão de jogos, um quintal, uma varanda, e mais um milhão de cômodos que eu nem sabia do que serviam.

— O que você estava esperando? — perguntei, em um tom irônico. — Fontes de água e labirintos de grama?

— Mais ou menos isso mesmo.

Apenas encarei-a com as sobrancelhas erguidas, como se perguntasse “você está falando sério?”. O mais perto que chegava disso era o jardim da minha mãe.

— Você não estava imaginando um castelo, estava? — perguntei. A minha família era bem rica, mas nem tanto.

— O seu pai é o mais rico da cidade, ou melhor, da região. — Milena deu de ombros. — Eu não estava imaginando um castelo, mas nunca se sabe, né?

Revirei os olhos.

— Vamos entrar.

Passamos pelo jardim. Milena olhava para cada canto, enquanto a neve caía em seu cabelo. Ela estava tão linda, como sempre.

Entramos pela porta do hall de entrada. Sim, era uma daquelas casas que apareciam em filmes, com um hall de entrada enorme, que no meio tinha uma escada e um lustre no teto. Minha mãe gostava bastante de coisas do tipo.

Naquele mesmo hall, no outro dia, aconteceria uma festa de Natal para as pessoas mais influentes da região. Mas não era só o hall que precisava ser enfeitado. Era a casa inteira.

— Então nossa missão é enfeitar todos os cômodos dessa casa sendo que a festa vai ser só aqui? — Milena perguntou, tirando sua boina.

— Meu pai não quer que ninguém veja sem querer nossa casa sem decoração — expliquei. — Claro que as melhores decorações ficam no hall, na sala de jantar e na frente de casa, mas temos que pôr alguma coisa nos outros cômodos pelo menos. Menos nos banheiros, é óbvio.

Milena já estava abrindo uma das caixas perto da árvore enorme de Natal no canto direito do hall. Aquela árvore tinha o dobro da minha altura quase. E havia umas dez caixas só para decorá-la.

— E vocês não têm alguns empregados que podem fazer isso, não? — Milena perguntou.

— Temos — respondi.

— E você preferiu me chamar porque eu sou uma ótima decoradora — Milena disse com sarcasmo.

— Também. Mas eu queria uma desculpa para te trazer em casa.

Milena, que estava joelhada, tirando os enfeites de uma caixa, se virou para mim, com cara de quem suspeita de algo e disse, maliciosamente:

— E por que você queria que eu estivesse na sua casa, senhor Gustavo?

Eu apenas dei risada.

A verdade era que eu queria que Milena fosse em casa porque parecia o local apropriado para eu fazer o que, há tempos, eu queria fazer.

Eu e Milena éramos melhores amigos, mas, de uns tempos para cá, algumas coisas tinham mudado. Nós acabamos virando “ficantes”, mais ou menos. Mas eu não queria só isso. Eu amava. Eu queria que ela fosse inteiramente minha.

Mas Milena não sabia disso. Eu tentava contar tantas vezes, mas nunca era a hora certa. Na escola, ninguém nos deixava sozinhos. Nas festas, o barulho era terrível. Em outros lugares, como o shopping, a sorveteria, etc., era muito público.

Então eu achei que minha casa era o melhor lugar. Meus pais trabalhavam o dia inteiro, minha irmã mais nova vivia na creche e voltava só de noite, quando dormia. E os empregados não nos incomodariam.

Começamos a arrumar o hall de entrada, o mais difícil, pois decidimos deixar o mais fácil para o final. Era estranho arrumar a casa para o Natal. Eu não me sentia como se o Natal estivesse chegando. Essa época do ano era sempre alegre e confortável. Eu não me sentia assim.

O silêncio tomou conta do trabalho. Arrumamos todo o primeiro andar sem falar nada. Apenas pedíamos a fita emprestada de vez em quando. Mas até que o silêncio era bom. Eu podia observar Milena sem ela nem perceber.

Só falamos quando chegamos no quarto da minha irmã. Era o primeiro Natal dela, então minha mãe queria que decorássemos o quarto para ficar uma atmosfera natalina. Foi aí que Milena viu a lista de presentes da minha irmã.

— Você já fez a sua lista também? — Milena perguntou.

— Não quero nada de Natal — respondi e acrescentei no pensamento “só você”.

— Como não? — Milena estava indignada. — Eu quero, pelo menos, uns 10 presentes.

— Você provavelmente terá todos.

— Ah, olha só quem fala. Eu não sou a rica aqui.

Eu sabia que Milena estava apenas brincando, então dei risada.

— Mas você merece tudo o que quer — expliquei.

— Aham — ela respondeu ironicamente —, porque eu sou uma boa garota.

Rimos.

Depois disso, começamos a arrumar o quarto. Tínhamos uma mini árvore para arrumar, alguns piscas-piscas para pendurar ao redor do quarto, enfeites e uma guirlanda para pendurar na porta.

Ficamos por um tempo em silêncio até que Milena disse:

— Eu queria que você estivesse comigo. No Natal, quero dizer.

Parei o que estava fazendo e olhei para ela. Milena estava de costas para mim, então eu não via seu rosto, para ver se ela estava brincando ou não.

— Eu provavelmente estarei com você — falei.

— Mesmo estando em uma festa como essa? — Milena virou o rosto, fazendo seu cabelo liso e escuro cair na frente do olho. — Você não iria deixar de ir a uma festa mais ou menos igual a essa para ir a uma festa da minha família.

— Eu nem posso. Mas eu sempre estou com você nos meus pensamentos.

Milena abriu um daqueles sorrisos que podiam iluminar a alma de qualquer pessoa, especialmente a minha. Depois voltou ao trabalho.

Terminamos o quarto da minha irmã. Só faltava a varanda e meu quarto. Foi um pouco difícil arrumar a varanda, porque eu tinha que subir na grade para pendurar as luzes, mas acabou dando certo, então fomos até meu quarto.

— Deixei o melhor para o final — brinquei.

— Mas já passamos pelo quarto da sua irmã — Milena respondeu com um tom inocente totalmente fingido.

Mesmo não sendo o melhor lugar, era o mais fácil. Só precisávamos arrumar a porta, já que eu deixaria o meu quarto fechado. Não queria nenhuma criança no meu quarto.

Terminado o trabalho, Milena foi em direção a minha cama e perguntou:

— Posso?

Assenti. Milena deitou. Ela devia estar cansada. Já anoitecia e ficamos a tarde inteira arrumando aquela casa, o que não era brincadeira, devido o seu tamanho.

Sentei no outro canto e abri a gaveta do criado-mudo. Lá tinha uma caixinha. Peguei-a. Boa parte do meu dinheiro foi gastada por isso. Eu não queria que meus pais pagassem.

— Mi?

— O quê? — Ela abriu os olhos.

— Ultimamente... Bom, a coisas mudaram um pouco para nós. — Milena devia ter percebido que o assunto era sério, porque se sentou. — Mas eu não sei se as coisas estão claras...

— Como assim? — ela perguntou.

— Eu te amo. — Milena não respondeu. Ela estava claramente surpresa. Então eu continuei, mesmo estando muito nervoso. — Eu quero passar todo o tempo com você. Eu só queria saber se você sente o mesmo.

— Eu... — Milena procurava as palavras certas. — Gustavo, eu... — Ah, meu Deus, será que eu tinha feito besteira? Meu coração começou a bater mais rápido e minha mão começava a suar. — É claro que eu te amo.

Sorri, aliviado. Ela me amava! Me amava! Céus, isso era tão... Tão, eu não sei. Tão alegre. E eu quase tinha morrido nos últimos segundos.

— Quer ser minha namorada? — Abri a caixinha. Dentro dela havia duas alianças de compromisso, novas e brilhantes, que eu tinha feito questão de comprar. Era especial para mim eu comprar com meu próprio dinheiro. Era eu quem estava dando as alianças.

Milena estava tão feliz quanto eu. Ela não disse nada. Apenas concordou com a cabeça. Pus então uma das alianças no seu dedo e ela pôs a outra no meu.

Geralmente, era esse o momento em que casais se beijavam nos filmes. Mas, ao invés de nos beijarmos, nos abraçamos. Nunca tínhamos feito isso de verdade, então era muito melhor. Era mais calmante. Depois de todo aquele trabalho, era mais relaxante.

Milena deitou na minha cama novamente. Eu deitei também, ao seu lado, e ela me aninhou em seus braços. Repousei minha cabeça onde ficava o seu coração. Fiquei só ouvindo seus batimentos cardíacos.

Depois de um tempo, dei risada.

— O que foi? — Milena perguntou.

— Seu coração.

— O que tem meu coração.

— Posso ouvir melodias nos seus batimentos cardíacos. Parecem que estão cantando “fa la la”.

Milena deu risada também.

E foi assim que eu fui começando a me sentir como se fosse Natal. Milena me oferecia conforto e alegria naquele abraço.

Ela era meu Natal.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então, legal?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Músicas E Escrita" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.