Signal Fire escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 26
Entradas e Retiradas II


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada, pessoal!

Espero que tenha alguém ainda acompanhando essa fanfic :/
Desculpem pela demora, mas aconteceram várias coisas que fugiram ao meu controle. Eu estava sem tempo para escrever, mas eu consegui postar tanto "Everlasting" como "Signal Fire" nesse momento.

Espero que gostem desse capítulo que está cheio de emoções. Acho que muita gente vai se surpreender com os acontecimentos... A fanfic entrou, finalmente, em sua etapa final. São mais 2 ou 3 capítulos para o final. Espero que me acompanhem até o fim *-*

Boa leitura!



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Marley observava Sam dormir. Seu ex-colega chegara ao hospital com o rosto arrebentado e aquele ar dopado pelos medicamentos, a expressão do rapaz estava tranqüila, leve, fruto de um sono sem sonhos. Marley ajeitou os lençóis ao redor de Sam, involuntariamente, o rapaz moveu o braço e ele resvalou no seu.

Uma corrente elétrica estranhamente sutil e delicada percorreu o corpo de Marley a partir do local em que a pele de Sam tocara sua. A enfermeira ficou a observar o local em seu braço, como se pudesse encontrar a razão para a calma que a invadira nos poros de sua pele. Marley respirou fundo, chacoalhou a cabeça e voltou a velar o sono de Sam.

Lima não era uma cidade de muitos acontecimentos em uma madrugada, ainda mais em um dia de semana. Cuidar de Sam era o melhor que ela tinha a fazer nas próximas horas de seu plantão. E Marley não se incomodava de cuidar dele, o que a perturbava eram as lembranças do colegial que retornavam junto com a presença de Sam naquela enfermaria.

Os sonhos, as canções, as competições, o McKinley High, o New Directions... E, infelizmente, Jacob Puckerman também retornava aos seus pensamentos. Porém, mesmo assim, Marley surpreendeu-se quando ele voltou as suas memórias. Já fazia um bom tempo desde que Marley não pensava mais nele, aliás, não tinha motivos para pensar nele. O que Jacob fizera, na última vez em que se viram, conseguiu acabar com qualquer coisa boa que tivessem construído juntos.

Era verdade aquela máxima de que toda boa garota se apaixonava por um garoto mau e acreditava que poderia mudá-lo pelo amor... Mas o que vinha depois, os resultados, esses não eram reais. Marley aprendeu dolorosamente que nem sempre esse tipo de história tem um final feliz, como aquele vivido por Sandy e Danny em “Grease”.

Marley respirou fundo e demorou a perceber que seu celular vibrava em sua cintura. A morena o apanhou e observou com um sorriso quando o nome “Eliza” apareceu no identificador de chamadas. Desbloqueou o celular e o levou à orelha com um sorriso nos lábios:

– Olá, meu amor... Já não era para você estar dormindo?

– Ah mamãe... Eu não consegui dormir. - A voz doce e infantil do outro lado da linha soou sonolenta e provocou risos em Marley quando ela escutou um bocejo disfarçado. - A senhora sabe que eu não consigo dormir sem que você cante uma canção.

– Desculpa, pequena... Hoje, o plantão teve um acontecimento interessante. - Marley respondeu com um sorriso gentil e com os olhos ligeiramente molhados pelas lágrimas contidas, sempre ficava emocionada quando pensava ou falava na filha. A pequena morena de pele azeite, olhos azuis e cabelos enrolados, com 3 anos de idade. Seu tesouro e tudo pelo que ela lutava, atualmente, em sua vida. - O que você quer que eu cante hoje?

– Você pode cantar mesmo, mamãe?! - Eliza estava excitada, Marley riu roucamente imaginando que sua filha provavelmente estava dando pulinhos enquanto segurava o telefone firmemente. Um suspiro impaciente foi ouvido do outro lado da linha. - Vovó já está brigando comigo, então acho bom a senhora já ir cantando...

Marley riu novamente. Provavelmente, Millie Rose estava toda sonolenta, procurando brigar com a neta enquanto segurava uma risada diante da fofura da pequena. Eliza estava cantarolando alguma coisa, Marley respirou fundo e limpou a garganta antes de cantar:

Somewhere over the rainbow

Skies are blue

And the dreams that you dare to dream

Really do come true

Sempre gostara daquela música. Depois que foi apresentada aos musicais, por Mr. Schue e o Glee, aprendera a gostar muito deles... Mas “Somewhere Over The Rainbow” de “Wizard of Oz” sempre lhe trazia esperança em meio a qualquer que fosse a sua situação, até mesmo nos piores anos de sua vida. E Marley queria que Eliza tivesse aquele mesmo pensamento que ela demorara tanto a nutrir, o mesmo otimismo e a mesma sede de viver. Queria que a sua filha pudesse lutar e não se abalar com os obstáculos que poderiam surgir em seu caminho.

Someday, I’ll wish upon a star and wake up where the

Clouds are far behind me

Were troubles melt like lemon drops away above the

Chimney tops

That’s where you’ll find me...

Marley podia estar longe, mas percebeu que a filha já estava sonolenta quando o primeiro bocejo foi ouvido através do celular. A enfermeira sorriu e respirou fundo, fechando os olhos e abstraindo um pouco mais a atmosfera do hospital, se apaixonando mais uma vez pela música.

Somewhere over the rainbow

Blue birds fly

Birds fly over the rainbow

Why, then oh, why can’t I?

Os olhos de Marley abriram-se quando ela escutou alguns ruídos abafados no celular, alguns minutos depois, a voz cansada e sonolenta de sua mãe substituiu a voz doce de sua filha:

– Ela acabou de dormir, minha querida... E você estava linda, como sempre.

– Obrigada, mamãe. - Marley agradeceu sincera, com as bochechas corando levemente enquanto sorria desconcertada e observava o corredor do hospital, no exato instante em que uma multidão de médicos e enfermeiros passava por ela, enquanto carregavam um corpo em uma maca.

Confusa, já sem resquícios da atmosfera musical que a envolvera anteriormente, Marley saiu da enfermaria deixando um Sam confuso e recém-desperto para trás. A enfermeira chegou ao corredor no exato instante em que escutou a médica da emergência esbravejar:

– Senhor de 78 anos, sem doenças sistêmicas descontroladas. Vítima de projétil de arma de fogo que atingiu a região abdominal, hemorragia extensa no local com suspeita de perfuração do Peritônio e do estômago! Desacordado, a pulsação está caindo agressivamente e a freqüência respiratória está cada vez menor! Precisamos de sangue do tipo O-!

Marley, um pouco despreparada, gritou que apanharia as bolsas de sangue e correu na direção contrária da multidão que entrava na pequena sala de cirurgia. Contrariando a letra da música que cantara à filha, Marley pensou que aquele senhor não tinha muitas chances de sobreviver em um hospital de ponta, que dirá em Lima. Mesmo assim, continuou a correr e, quando chegou à recepção, deparou-se com um clima ainda mais infernal que aquele encontrado no corredor.

Jornalistas tentavam entrar no hospital enquanto funcionários e um grupo de policiais procuravam barrá-los na porta. E no comando de toda a operação, o irmão de seu ex, Noah Puckerman, esbravejava ordens com a camisa coberta de sangue enquanto, ao seu lado, uma mulher bem vestida parecia estar paralisada em estado de choque. Marley procurou sair dali sem ser percebida, porém, os olhos de Noah encontraram os seus, ela até enxergou certo alívio quando ele caminhou até ela apressado e disse:

– Por favor, Marley... Diga-me que Charlie está bem e que vai sobreviver!

Marley abriu a boca, várias vezes, estava atordoada e não conseguia pensar direito. Um enfermeiro esbarrou nela e lhe perguntou irritado:

– Você não disse que pegaria as bolsas de sangue, Rose?!

Marley fez um sinal para que ele mesmo pegasse e voltou a olhar para Noah que arregalou os olhos ligeiramente ao escutar o que o outro enfermeiro dissera. Marley apanhou-o pelo braço, arrastando-a para o setor de primeiros socorros, e perguntou séria:

– O que aquele senhor é seu, Puckerman?

– Agora não é hora para remorso e amargura, Rose. Deixe Jake e o passado para trás. - Noah retrucou com uma careta ofendida e logo, seus olhos lacrimejaram e dois finos filetes de lágrimas escorreram por suas bochechas. Durão, como era, Noah os limpou e reassumiu a postura intocável. - Ele é um amigo muito querido e está naquela sala de cirurgia por minha causa.

Marley tentou digerir mais uma informação adicional e surpreendente que recebera naquele dia, além da visita abrupta de Samuel Evans e aquela emergência anormal em seu plantão. Depois, seus olhos azuis voltaram a observar Noah que procurava manter-se calmo enquanto seus olhos o traíam e mais lágrimas rolavam.

Marley teve pena dele. Não sabia lidar com situações como aquela. Um tiro, em plena madrugada, perfurando o estômago de uma pessoa poderia ser considerado uma tragédia em Lima e, de fato, era. E Marley, em poucos anos de profissão, nunca precisou lidar com tragédia em seus plantões noturnos. A enfermeira respirou fundo e logo a aura gentil que sempre possuía lhe tomou as atitudes, Marley afagou o antebraço musculoso de Noah e com um ar pesaroso, informou:

– Eu não entrei na cirurgia com ele, apenas escutei a Dra. Manfield dizer o estado dele antes de entrar em operação. E ele não está bem, Noah... Acho bom você chamar a família dele e prepará-los para o pior.

Marley não ficou para saber o que suas palavras resultaram em Noah. Voltou à recepção e observou novamente a mulher bem vestida que continuava estática, caminhou até ela e a levou até a enfermaria onde lhe aplicou um sedativo e observou os olhos dela se fecharem.

Na cama ao lado, Sam a observava mais desperto, porém, ainda confuso. O rapaz bocejou longamente, Marley abriu um sorriso triste diante da infantilidade do gesto dele. Sam suspirou e perguntou:

– Sempre é essa gritaria toda?

– Até hoje à noite, meu caso mais grave havia sido uma mandíbula trincada, Sam. - Marley respondeu em ar de piada, provocando risos em Sam. Os dois se olharam por vários minutos, mas nenhum disse palavra alguma. Até que, reparando nos olhos opacos de Marley, Sam perguntou preocupado:

– Você está bem?

– Eu estou, Sam. - Marley respondeu sem segurança alguma, com as mãos trêmulas a arrumarem os lençóis de Sam. O rapaz, ainda confuso e sem saber muito bem como agir, segurou as mãos dela com firmeza. Abruptamente, Marley ergueu os olhos para ele e o contato visual fez com que ambos estremecessem. Sam afagou os pulsos com os polegares e, com um sorriso desconcertado e bochechas coradas, disse:

– Qualquer coisa, eu estou aqui, tudo bem?

Marley apenas acenou com a cabeça e saiu da enfermaria, alegando que precisava preencher algumas coisas no prontuário de Sam. O rapaz acenou para ela com a cabeça e Marley, dando-lhe as costas, procurou evitar pensar no seu coração acelerado. Aliás, atribuiu tudo àquilo à adrenalina, era melhor pensar dessa forma do que assumir o que, de fato, poderia ser.

***

O dia de Rachel Berry não podia estar melhor.

Acordara ao lado de Quinn, sendo recepcionada por um enorme sorriso da loira. Tomaram café juntas com as mãos entrelaçadas. Foram juntas para o McKinley High. Estavam coordenando o ensaio do New Directions juntas... Rachel não se sentia plenamente feliz há tanto tempo que era complicado sentir todo aquele turbilhão de sensações sem perder-se inteiramente nelas.

Sua atmosfera estava mais leve, seu espírito e sua alma estavam mais flutuantes e, principalmente, seu coração estava mais tranqüilo. Era estranho não ter mais o conflito e as dúvidas dentro de si, mas, principalmente, era um alívio ver que finais felizes existiam na realidade, afinal. Porém, como boa sonhadora que sempre fora, Rachel preferia ver tudo como o grande começo com Quinn.

Finalmente, o recomeço que ela tanto sonhara. O recomeço sem entraves, sem algemas e sem pesos... Apenas as duas, as duas contra o mundo.

– Christine, se eu pegar você atrapalhando a Claire de novo, eu vou trancar as duas nessa sala, de castigo! - A voz irritada e levemente alterada de Quinn tirou Rachel de seus devaneios. Voltando-se em direção a loira, Rachel constatou que Christine e Claire seguravam as risadas enquanto Quinn olhava para as duas com a sobrancelha arqueada e a expressão contrariada. Parado às costas de Quinn, Richard revirou os olhos e comentou irônico:

– Vai ter que ser mais ameaçadora que isso, Miss Fabray. Se trancar as duas nessa sala, a última coisa que elas farão, é ficar de castigo.

Essas palavras bastaram para que Claire e Christine parassem de sufocar as risadas enquanto ficavam vermelhas. Christine deu de ombros, envergonhada e abaixou a cabeça enquanto Claire franzia a expressão, silenciosamente furiosa e enfrentava Richard que, agora, tinha um sorriso maldoso.

Rachel não conseguiu conter a familiaridade. Talvez, se ela e Quinn tivessem vivido o que tinham agora na época da escola, viveriam uma situação constrangedora como aquela. A morena sentiu um aperto nostálgico dentro do peito, mas rapidamente seu coração não deixou que ela se envolvesse naquela aura passada que, por todos aqueles anos, amargara seu presente... Rachel focou-se, novamente, em seus alunos e decidiu interferir:

– Realmente, Claire e Christine... Eu não quero ter que repetir de novo por causa das duas. Por mais que o amor seja lindo e que tudo esteja mais colorido agora que estão juntas, temos uma competição para ganhar.

Quinn observou Rachel exercer seu papel de treinadora com um sorriso orgulhoso nos lábios. Logo depois do grupo reiniciar o ensaio, seu olhar cruzou com o castanho de Rachel e, mesmo àquela distância e com vários adolescentes ao redor delas, Quinn pode fechar os olhos por breves segundos e escutar o seu coração acelerar a freqüência da batida no mesmo ritmo que, com certeza, batia o da sua morena.

Rachel sorriu para os próprios pés enquanto caminhava entre seus alunos, corrigindo movimentos aleatórios, tentando não se distrair pelos olhos de Quinn que estavam presos em cada um de seus movimentos. A morena contou até três e seus alunos mantiveram o tom juntamente com a coreografia. Estava quase tudo perfeito... Só faltavam mais alguns ajustes...

– Perdedores!

A voz autoritária e enérgica de Coach Sylvester fez a maioria dos alunos se assustarem, Christine engoliu em seco enquanto procurava se esconder atrás de Claire que, inconscientemente, estufou o peito e criou uma barreira física entre ela e a antiga treinadora. Quinn apenas revirou os olhos e deu um passo a frente, acompanhada por Rachel que crispou os lábios e, irritada, perguntou:

– A que devo a honra de sua presença, Sue?

– Olá, hobbit! É um prazer ver seu fracasso em ação. - Coach Sylvester respondeu com um ar maldoso e sarcástico que apenas fez Rachel dar de ombros e sorrir irônica para ela. Sylvester ignorou o cumprimento, seus olhos foram para Quinn que, corajosamente, também a enfrentou com um olhar desafiador. - Porém, estou aqui a mando do Schuester. Os pais de Christine estão na coordenação e querem falar com ela e com Quinn.

Rachel olhou curiosa para Quinn, a loira respondeu-lhe com um olhar que indicava que tudo ficaria bem. E Rachel confiou nela, sem precisar manifestar verbalmente o quanto estava curiosa com o que poderia acontecer. Sua confiança por Quinn era intocável desde quando eram somente amigas e, agora, só se fortalecera ainda mais. Afinal, a maior prova de confiança e amor que Rachel dava era, em cada início de dia, entregar seu coração mais uma vez para a loira.

Portanto, Rachel acenou com a cabeça e Quinn estendeu o braço, acolhendo uma Christine trêmula em seus braços enquanto a sala do Glee era preenchida por olhares preocupados e cochichos curiosos. Rachel observou sua namorada rodear o corpo de sua aluna com um dos braços, protetora e encorajadora. Claire deu um passo à frente quando, por fim, não conseguiu observar Christine dar às costas a ela. Rachel, sabiamente, segurou o pulso de sua aluna, mantendo-a no lugar. Claire olhou desconsolada para ela, Rachel lhe sorriu tristemente e disse:

– Quinn cuidará dela, Claire... E entenda que, certas batalhas, Christine tem que enfrentá-las sozinha para poder, no futuro, lhe colocar lado a lado com ela no campo de batalha.

– Ela precisará de mim, Miss Berry! - Claire murmurou afoita, a voz falhou miseravelmente e Richard aproximou-se das duas com um copo de água. Rachel conduziu-a para as cadeiras e murmurou algumas coisas para o rapaz que estava, no instante seguinte, conduzindo o ensaio sozinho. Depois, voltou-se para sua aluna que estava ofegante, apertando o copo de plástico entre as mãos. - Nós sabíamos que isso ia acontecer... Se os pais dela estão aí, eles descobriram sobre nós e ela precisa que eu enfrente isso junto com ela.

Rachel suspirou e, pela primeira vez desde que assumira o Glee e conhecera melhor suas crianças, sentiu-se de mãos atadas. Primeiramente, ela não tinha conhecimento sobre o que Claire passava com Christine porque, ao contrário das duas, não pode assumir seus sentimentos por Quinn no colégio. E, em segundo lugar, tivera a sorte de nascer em uma família em que o principal empecilho de sua orientação sexual não fora o fato de ser homossexual e sim, de o amor da sua vida se chamar Quinn Fabray.

Sem saber muito que fazer, Rachel tirou o copo de plástico das mãos de Claire e envolveu as palmas trêmulas entre as suas. A professora apertou as pequenas mãos de sua aluna e Claire olhou inconsolável para ela, Rachel sorriu encorajadora e disse gentil:

– Christine me lembra a Quinn muito mais do que imagina e eu não estou falando dos fatores comuns na vida das duas... Estou falando da essência das duas e se eu bem conheço a minha Quinn, ela pode ficar ferida no início, mas não vai ser um golpe desses, mesmo vindo dos pais, que a fará desistir de nós duas.

– Como pode ter certeza disso, Miss Berry? Você não sente medo? - Claire questionou incisiva, sem perder-se nas palavras, exatamente da forma que a própria Rachel perguntaria no passado... A professora devolveu a pergunta da sua aluna com um olhar brilhante em que estava depositado todo o sentimento que sentia por Quinn Fabray. O coração de Rachel acelerou dentro do seu peito, a batida perdeu o compasso e, séria, ela respondeu:

– Porque Quinn me ama e eu a amo de volta. E nós duas acreditamos que o que temos é forte o bastante para suportar qual seja o obstáculo. E mesmo que, um dia, uma de nós fraqueje... A outra vai estar disposta a lutar, quantas vezes forem necessárias, para fazer com que nosso amor continue sendo real. Isso é amor, Claire e se você acredita que ele existe e que você o vivencia, você é capaz de qualquer coisa.

Claire não respondeu, imediatamente, suas feições relaxaram e Rachel percebeu um sutil erguer na comissura labial de sua aluna que indicava que ela estava querendo sorrir. A própria Rachel sorriu antes de se levantar e voltar ao ensaio. Liberaria Claire dos trabalhos do dia porque ela precisava de um tempo para entender o peso de suas palavras.

Rachel também estava surpresa com o que acabara de dizer por que em muito lembrava àquela Rachel Barbra Berry do passado que acreditava no amor incondicional e de sua imutabilidade diante da vida. Essa Rachel desaparecera naqueles anos em que ficara em New York e agora estava de volta, acreditando na música e no amor e sendo movida em função deles.

A energia que tomou conta de seu corpo fora reconfortante e proporcionou ao seu coração um bater tranqüilo e relaxado. Rachel voltou ao ensaio com um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos que foi percebido pelos seus alunos. Muitos deles, aliás, acabaram sorrindo também.

Afinal, eles sabiam exatamente o que movia a sua treinadora.

Quinn estava impressionada com a impassibilidade de Christine, o único sinal do medo e das inseguranças da garota estava em seu corpo que tremia. Porém, a expressão estava indecifrável, o olhar estava fixo no corredor enquanto caminhavam e o queixo erguido. Por mais que dissessem o tempo todo que eram parecidas, Quinn admitia que a sua aluna estava sendo muito mais corajosa do que ela mesmo fora em seu ensino médio.

As duas chegaram à sala da coordenação e Quinn permitiu que sua aluna se soltasse de si. A professora respirou fundo e observou os passos de Christine vacilarem a caminho da porta, pelo vidro da sala, pode ver que Will a esperava com seus pais, Coach Sylvester e até mesmo Emma. Tudo parecia mais sério agora.

A mão de Christine tocou a maçaneta e Quinn a viu vacilar, pela primeira vez, na escola. A jovem respirou fundo e olhou para o teto, Quinn percebeu as lágrimas chegarem aos olhos dela e ela sufocá-las com o fechar dos mesmos e um suspiro pesado. Christine olhou por cima do ombro e, amedrontada, perguntou:

– A senhora pode entrar comigo?

Quinn não pensou duas vezes quando acenou afirmativamente com a cabeça e acompanhou Christine para dentro da sala. Mal as duas novas ocupantes colocaram os pés na sala e todos os olhares já estavam nelas. Quinn sentiu toda a raiva no olhar do pai de Christine e Elizabeth estava de cabeça baixa ao lado do marido. Quinn suspirou decepcionada e sentou-se no sofá ao lado de Christine, Sue permaneceu em pé, próxima à porta.

O diretor pigarreou para clarear a garganta e olhou para Emma, ele parecia aflito. Will respirou fundo e, olhando para Quinn, disse:

– O Sr. Mason está insatisfeito com seus métodos de ensino, Quinn.

– Não omita a verdade, diretor. - O pai de Christine cortou Will bruscamente, o diretor olhou ofendido para ele, mas, como era de se esperar, calou-se e deixou que o homem continuasse. Este levantou e parou em pé em frente a Quinn, a jovem professora o encarou de igual para igual, sem temer. - A senhorita está sendo uma péssima influência para o futuro da minha filha.

Quinn não pode conter o discreto sorriso irônico que permeou seus lábios. Assim como o homem, colocou-se em pé e ao mesmo nível dele. O Sr. Manson lhe lembrava muito Russel Fabray, os olhos claros e aquela expressão decepcionada que lhe era tão familiares em seu próprio pai não a amedrontaram naquele momento. Devolveu-lhe o olhar, firme e forte, e respondeu sem hesitar:

– Não rebaixe a própria filha, Sr. Manson. Christine não é influenciável.

– Eu concordo com Quinn, Sr. Manson. Christine tomou as próprias decisões. - A voz de Coach Sylvester surpreendeu Quinn. A professora virou-se para sua antiga treinadora que lhe evitou o olhar, ela estava estática em seu lugar, mas impôs-se mesmo assim. - Mesmo que essas decisões tenham sido, de certa forma, equivocadas.

– Você não é tão inocente quanto aparenta ser, Sylvester. Christine não teria se deixado levar por essa professorinha se você não a tivesse expulsado do esquadrão por causa de uma acusação infundada de gravidez! - O pai, mais uma vez, esbravejou completamente irritado. Quinn revirou os olhos, visivelmente enjoada de toda aquela discussão que mal começara. Ao seu lado, Christine continuava imóvel, de cabeça baixa, na mesma posição que a própria mãe se encontrava ao lado do marido.

Will Schuester colocou-se em pé e contornou a mesa, separando Quinn e Sue do pai de Christine. Olhou para cada um dos três envolvidos na discussão e, apaziguador, disse:

– Não vamos alterar o tom de voz. Podemos resolver isso da melhor forma possível.

– Eu já lhe dei as minhas condições, diretor. Nós dois sabemos que tudo vai melhorar se Christine for restituída ao seu posto nas Cheerios, ao mesmo tempo em que sair do Glee Club e afasta-se de Miss Fabray, Miss Berry e, principalmente, daquela garota. - O Sr. Manson estava irredutível em suas palavras, enquanto as dizia, seu olhar voltou-se para a filha, esperando uma atitude que jamais viera dela. Diante da fragilidade de sua aluna, foi Quinn quem se colocou de pé e defendeu-a:

– Christine não sairá do Glee Club, muito menos voltará às Cheerios. Ela não quer isso. E quer menos ainda afastar-se de Claire. Aliás, isso está fora de cogitação! Os olhos de todos na sala imediatamente voltaram-se para Quinn, mas a professora não fraquejou porque sabia muito bem que defendia o que era sensato e, principalmente, o que era certo. Tanto para Christine como para Claire.

Mesmo que não admitisse, aquela questão era familiar e, principalmente, possuía certa natureza pessoal para ela. Quando tudo e todos a afastaram de Rachel, Quinn não teve coragem e, muito menos, força para lutar contra isso. Na época, Quinn não teve quem pudesse ajudá-la e, com o passar dos anos, a dor só aumentara e só mascarara a verdade de seus sentimentos... E, naquele momento, ela queria que Christine soubesse que não estava sozinha e que existia sim uma força maior que o seu medo.

Quinn estava preparada para transpor as barreiras da relação professora-aluna e se tornar algo muito maior para Christine. Ela queria ser amiga daquela garota, ela queria que Christine continuasse a acreditar no amor porque ele, de fato, existia. Quinn não queria que Christine esperasse anos a fio para entender o que era importante.

O tempo e a vida deram uma segunda chance a Rachel e Quinn. Mas eles poderiam ser cruéis dessa vez, Christine e Claire poderiam nunca mais se encontrar caso tudo acabasse naquele momento.

Quinn observou quando os olhos do Sr. Manson arregalaram-se e o rosto dele ficou vermelho, também observou o homem avançar até ela com a expressão furiosa. Elizabeth tentou, em vão, segurar o marido. Christine, ao lado de Quinn, levantou rapidamente e colocou-se entre o pai e sua professora. A garota chorava e tremia da cabeça aos pés, com a voz falha e repleta de soluços, disse:

– Por favor, papai. Ela não tem culpa, ninguém aqui me influenciou em nada. Fui eu quem tomou as minhas decisões.

– Não pode ser! Eu me recuso a acreditar que você seria capaz de largar seu futuro por causa de um fracassado clube de coral! - Sr. Manson esbravejou mais uma vez, perdendo completamente o controle de suas palavras e de suas ações. Christine afastou Quinn do pai com um gesto das mãos, ela olhava fixamente para ele e sorriu triste ao responder:

– Não foi só por isso, papai. Eu engravidei sim e, pior, abortei. Mas foi dessa forma que eu perdi as Cheerios e encontrei Claire e o Glee Club. E eles foram as melhores coisas que me aconteceram esse ano! E, por mais que vá contra o que o senhor quer, eu não vou abrir mão de nenhum deles... Eu estou feliz agora, será que você não vê? Isso não basta?!

A declaração de Christine distribuiu, inicialmente, o choque por todos os presentes naquela sala. Em seguida, Quinn sorriu orgulhosa de sua aluna enquanto Coach Sylvester acenava com a cabeça, derrotada, mas conformada. Will e Emma olhavam surpresos para a garota enquanto Elizabeth, finalmente, saía de seu torpor e erguia os olhos marejados para observar a reação do marido.

A princípio, o Sr. Manson permaneceu imóvel. Porém, alguns segundos depois, o corpo do homem explodiu em um ataque de fúria e ele avançou em direção a filha. Ele foi rápido o bastante para acertar o rosto de Christine com um tapa antes de ser empurrado por Quinn que, tentando defender a sua aluna, não conseguiu impedir que ela saísse da diretoria correndo e aos prantos.

A gritaria rompeu o silêncio na sala. Elizabeth tentava conter o marido que debatia-se e despejava xingamentos, Will gritava pedindo calma, Quinn olhava de um para o outro sem saber o que fazer. Quando, enfim, a profusão de xingamentos cessou, Will esbravejou transtornado:

– Você não pode agredir um adolescente em minha sala, Sr. Manson!

– Ela é a minha filha, eu posso fazer qualquer coisa com ela! - O homem, totalmente irracional, respondeu com uma fúria gelada antes de fixar os olhos em Quinn. - Isso tudo é culpa sua. E da sua mulher. Christine não era assim antes de conhecê-las. Eu deveria ter escutado quando Judy e Russel falaram de você!

– Se o seu problema era comigo, não deveria ter descontado na sua filha, canalha! Você é tão hipócrita quanto meu pai! - Quinn não poupou as palavras e as atirou em direção ao homem que encolheu. A professora estava ameaçadora, lembrando em muito a Quinn Fabray que caminhara pelos corredores do McKinley High na adolescência. A loira deu às costas a discussão e, ferida pelas lembranças de seu passado, olhou para Elizabeth que estava chorosa às costas do marido. - Essa é a hora que eu mencionei na nossa última conversa. Essa é a hora que você deve ser mãe, Elizabeth.

Felizmente, Quinn não precisou falar mais uma vez. Elizabeth limpou as lágrimas e ignorou os chamados do marido quando o deixou na diretoria e saiu à procura da filha, em passos rápidos e desesperados. Quinn sorriu de lado e retomou seu caminho para a sala de ensaios.

Christine, ao contrário dela, estava em boas mãos.

***

– Um, dois, três... - Rachel contava em voz alta, observando a coreografia que já estava muito mais encaixada do que antes. Claire voltara a ensaiar, mesmo diante das ressalvas da treinadora e estava indo muito bem, melhor do que antes. - Por favor, retornem do começo. Arthur capriche mais nesse giro!

O rapaz encolheu os ombros e escutou as dicas de Richard antes de voltar a sua posição inicial na coreografia. A música voltou a se repetir e o celular de Quinn vibrou no bolso de sua saia, a loira deixara com ela antes de acompanhar Christine. Rachel observou o número desconhecido no visor do mesmo e, curiosa, atendeu:

– Alô?

– Olá, gostaria de falar com a Srta. Fabray... – Uma voz feminina e educada falou do outro lado da linha. Rachel podia escutar murmúrios de conversa ao fundo, parecia que ela falava de um local movimentado. Rachel pigarreou e respondeu:

– Desculpe, mas ela não está no momento. Ela deixou o celular comigo, você pode deixar recado, se quiser.

– Eu recebi orientações para falar somente com ela. – A voz, do outro lado da linha, assumiu um ar mais profissional e contido. – É um assunto de extrema importância.

– Ahm... É importante? Sou próxima a ela, não tem problema em passar o recado para mim. - Rachel respondeu impaciente, fez um sinal para que Claire assumisse o ensaio e caminhou para fora da sala do Glee. - Com quem eu falo?

– Sou enfermeira do Hospital de Lima e estamos com um conhecido dela em cirurgia. – A voz respondeu bem mais tranqüila, porém, Rachel não deixou de notar o teor pesaroso nela. – Só fomos informados agora da relação da Srta. Fabray com o Sr. Thomas.

Rachel demorou a assimilar o significado daquela fala. Mas assim que o fez, seu coração apertou-se dentro de seu peito. Naquele mesmo momento, Quinn caminhou em sua direção no corredor, a expressão pesarosa e o olhar cansado relatavam que a reunião com os pais de Christine não havia sido a melhor. Sem hesitar, Rachel murmurou trêmula para o telefone:

– Quinn acabou de chegar, fale com ela. E obrigada por ligar.

Sem coragem de olhar nos olhos de Quinn, Rachel entregou o telefone a ela às cegas, Quinn apanhou-a confusa e o levou a orelha. A morena não esperou a reação de sua companheira, entrou novamente na sala do Glee e bateu palmas para chamar a atenção.

A melodia e o canto pararam, assim como a coreografia congelou. Rachel pigarreou e, ao mesmo tempo em que atravessava a sala para apanhar suas coisas, anunciou ofegante:

– Acabou de surgir uma emergência. Peço desculpa a vocês, mas eu vou ter que encerrar o ensaio por agora!

Os alunos permaneceram congelados em suas posições, sem saber o que fazer. Rachel lançou seu olhar para Claire que estava com os olhos presos no vidro da sala que dava para o corredor, onde Quinn falava e gesticulava ao telefone. A morena percebeu a expressão preocupada que tomou o rosto de sua aluna, provavelmente, resultante do fato de que Quinn voltara sem Christine.

Rachel bufou impaciente diante da ausência de atitude de seus alunos, estava preocupada com Quinn que, naquele momento, andava de um lado para o outro com a mão sobre os olhos. O coração de Rachel estava apertado pelo que acontecera com o Sr. Thomas e, principalmente, pelo estado emocional de Quinn... Ela podia perder o pouco que lhe restava naquela vida.

– Miss Berry, a senhorita havia agendado o ensaio até que horas? - A pergunta de Claire, com o tom de voz receoso, tirou Rachel de seus devaneios. A treinadora ajeitou sua bolsa no ombro direito e respirou fundo, procurando trancafiar o seu desespero dentro de si, assumiu o tom mais profissional que conseguiu e respondeu:

– Havia marcado o ensaio até o final da manhã. Por que a pergunta, Claire?

– Eu posso coordenar o ensaio, sozinha. Estamos atrasados e a competição é semana que vem. Eu cuido de tudo, vá resolver a sua emergência. - Claire lhe respondeu segura, exalando liderança. Rachel arqueou a sobrancelha para ela, sabendo que a sua capitã só estava querendo esperar Christine. Porém, não fez objeção, mas não deixou de perguntar desconfiada:

– Tem certeza, Claire?

– Pode ir tranqüila, Miss Berry. Eu a ajudo! - Arthur manifestou-se com um sorriso tranqüilo e apertando o pequeno ombro de Claire carinhosamente, a capitã sorriu para ele e os dois olharam pedintes para a treinadora. Rachel ergueu as mãos para o seu, murmurou algo a “Santa Barbra” que provocou risos em seus alunos e resmungou:

– Tudo bem! Mas vão embora ao meio-dia, não quero confusão com Sylvester ou com o zelador!

Os membros do Glee Club sorriram e voltaram ao ensaio. Rachel tomou o rumo contrário e foi ao corredor que, naquele momento, encontrava-se vazio. Olhou de um lado para o outro e não encontrou vestígio algum de Quinn. Hesitante, caminhou devagar até a saída e encontrou Quinn praticamente correndo para as portas de entrada. Rachel correu atrás dela e, ofegante, chamou:

– Quinn, espere!

A cabeça loira parou abruptamente no corredor, cerca de um metro da saída e virou-se para Rachel. Quando viu quem se tratava, os olhos já úmidos derramaram ainda mais lágrimas e ela voltou, caminhando rapidamente e jogando o corpo cansado e trêmulo nos braços de Rachel.

A morena a recebeu de braços abertos e a acolheu da melhor forma que podia. O corpo pálido estava trêmulo, naquele momento, Rachel tinha medo de tocá-la porque ela parecia tão frágil a ponto de quebrar a qualquer momento. Rachel afagou-lhe os cabelos e beijou-lhe o topo da cabeça, Quinn chorava silenciosamente e cada lágrima que ela derramava parecia apertar ainda mais o coração de Rachel. Quinn finalmente saiu de seu porto segurou e, chorosa, murmurou:

– Eu não entendi direito... Parece que Charlie levou um tiro. Ele está na cirurgia e só ligaram para mim agora porque não encontraram parente algum para acompanhá-lo no hospital!

– Hey, calma... Eu estou contigo. E nós vamos até lá. Nada vai acontecer com ele... Charlie é forte, ele vai sair disso! - Rachel murmurou com um sorriso triste e beijando, delicadamente, os lábios trêmulos de Quinn. A loira não teve forças nem para retribuir, ela estava em completo estado de choque. Rachel assumiu a liderança e a guiou até o carro, sentou-se no banco de motorista e, apressada, dirigiu até o Hospital de Lima.

Rachel mal estacionara o carro e Quinn saltou para fora, correu até a recepção. Rachel ficou encarregada de trancar o carro e só entrou bem depois. Acabara de passar pelas portas-duplas do hospital e estava prestes a acompanhar Quinn quando seu celular vibrou em seu bolso. Rachel, irritada, apanhou-o cegamente em seu bolso e um alerta de e-mail recebido brilhava no canto superior da tela.

Imediatamente, Rachel paralisou no hall do hospital. Era a sua vez de entrar em choque porque aquele e-mail já não era usado por ela desde que deixava New York, era seu e-mail de trabalho usado apenas para a Broadway. Seu dedo trêmulo tocou o ícone do e-mail recebido e se surpreendeu ainda mais quando leu o nome de quem enviara o email.

Tony Levone.

Seu antigo e vadio empresário acabara de enviar-lhe um e-mail.

Foi como se todo aquele tempo em Lima tivesse desaparecido e ela estivesse, mais uma vez, em seu pobre apartamento em New York. Fechou os olhos castanhos, a náusea a preencheu e ela quase desmaiou no chão do hospital. Sentia como se toda aquela atmosfera de Ohio tivesse sido varrida de sua própria realidade. Pode escutar os sons que vinham do trânsito de New York, assim como sentia a vibração do metrô da cidade nas janelas de seu apartamento.

Estava, de volta, para a escuridão e a ausência de esperança que a guiara, às cegas, pelos caminhos mais obscuros daquela cidade. Rachel pode enxergar o sorriso sarcástico e o olhar voluptuoso do homem que lhe propusera sexo para que seu musical não fosse cancelado na última vez que se viram.

Quando abriu os olhos, de novo, eles estavam ainda mais escuros do que já eram naturalmente. A curiosidade lhe falou mais alto que a dor. Rachel leu o e-mail com os olhos ansiosos e as mãos trêmulas.

Assim que terminou de lê-lo, precisou encostar o corpo na parede para não desabar. Aquilo não podia estar acontecendo, não agora.

O que mais lhe deixou com medo não fora o teor da mensagem e sim a intensidade que seu coração bateu em seu peito. Todo aquele tempo parecia ter sido jogado fora. Rachel parecia, naquele momento, uma viciada que acabara de deixar a reabilitação e que, sem qualquer cura, podia sentir os gritos de sua dependência em seu sangue... Ela queria mais do seu vício, ela precisava de seu vício.

E, naquele momento, ela esqueceu-se de Quinn Fabray que, naquele segundo, encontrava-se sozinha em frente a uma janela de vidro de uma sala de cirurgia, observando o esforço dos médicos enquanto Charlie encontrava-se imóvel na maca com sua vida extinguindo-se ao mesmo tempo em que o som agudo do aparelho sacramentava o fim de sua vida.

Quinn esperou por um abraço que jamais a envolveu.

***


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Notas finais do capítulo

Quem esperava essa morte? Hahahahaha

Sinto que muita gente deve estar com um baita de um "WTF" na cara, nesse momento... Eu mesma fiquei quando a ideia me veio à mente. Sim, sou meio malvada e insana ás vezes... Mas fiquem tranquilos, tudo tem uma explicação.

Espero reviews! :)

Beijos e até a próxima,
FerRedfield



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