Signal Fire escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 2
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Notas iniciais do capítulo

Hey galerinha! Como estão?
Espero que bem e também espero que todos tenham lido o epílogo de "You and I" viu? Caso contrário, tratem já de ler! KKKK
Brincadeiras a parte, devido ao episódio incrível de Glee dessa semana (3x08), eu consegui escrever esse capítulo mais rápido do que eu esperava!
E importante: esse capítulo é um flashback, sei que estão ansiosos para a conversa entre Rach e os pais dela... Mais os flashbacks são necessários para o desenvolver da trama e principalmente, me ajudam a torturas vocês um pouquinho mais! KKK
Boa leitura!



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Setembro de 2012 – McKinley High, Lima, Ohio.

            Quinn Fabray observava Rachel Berry sentada a sua frente. A morena estava com a cabeça baixa, estranhamente calada e brincando com as próprias mãos. Quinn, sentada sobre a mesa do professor, remexia-se incomodada porque sabia que aquilo não era o normal, muito menos para uma aberração como a Berry. Ela não precisava surtar ou algo do tipo, aquela situação já era absurda por si só.

            Dividir uma sala de aula vazia com Rachel, Tina, Santana e Brittany em completo silêncio era irônico, chegava a ser tragicamente engraçado. Mas a loira não achava a menor graça naquilo tudo, tudo que ela queria, era que Rachel abrisse aquela maldita boca e falasse logo o que queria delas. Ficar perto de Rachel Berry só reforçava o que se passava na cabeça de Quinn nos últimos dias: todas ali tinham alguém que as amava e ela perdeu tudo há exatos três anos... Só que Rachel parecia estar desconfortável e sequer olhava para elas.

            Quinn cerrou os dentes e metralhou a todas na sala com seus olhos amendoados, aquilo só podia ser brincadeira. Shelby e agora, Rachel. Realmente, a genética daquelas duas fora criada para tirar Quinn do sério. Quinn estava prestes a se levantou quando ouviu batidas num martelo, ela arqueou a sobrancelha para Rachel e cruzou os braços, curiosa.

            - Sei que não gostam de mim, mas eu realmente preciso da ajuda de vocês! – Rachel disse tudo tão rápido que Quinn teve que focar os olhos na boca da morena para entendê-la, Santana parou de lixar a unha e olhou interessada para a outra morena da sala enquanto Brittany e Tina entreolharam-se confusas.

            - Desembuche, Treasure Trail. – Santana sibilou entre dentes enquanto um sorrisinho irônico formou-se em seu rosto, Quinn revirou os olhos, realmente... Santana estava um saco naquele ano e aquilo nada tinha a ver com o fato dela ser a nova HBIC. Rachel crispou os lábios e realmente pareceu ficar ofendida com o apelido. Porém, preferiu relevar e continuar:

            - Eu e Finn... Nós quase... – Quinn engoliu em seco nesse momento, se ela bem conhecia Rachel depois de quase três anos de convivência forçada, ela sabia muito bem o que ia ser obrigada a ouvir em seguida. Santana pareceu ficar muito mais interessada na conversa enquanto Tina abria um sorriso e Brittany brincava com uma borboleta. – Eu e Finn quase ficamos íntimos, é isso.

            - Oh droga! – Santana exclamou surpresa e atraindo a atenção de todos para ela, em seguida, a latina começou a rir sob o olhar decepcionado de Rachel. Quinn olhou de uma para a outra e simplesmente disse fria:

            - Ainda bem que foi um “quase”.

            - Finn tinha proteção, se quer saber, Quinn. – Rachel retrucou um pouco ofendida, Quinn arregalou os olhos para a morena, quem foi que falara sobre gravidez naquela conversa? A loira saltou da mesa e Rachel se encolheu em sua cadeira, talvez esperasse mais um tapa no rosto. Em seguida, Quinn abaixou a cabeça e para a surpresa de todos, suspirou e disse baixinho:

            - Eu não falo de gravidez, muito menos de estrias e tampouco de dor... O que eu quero deixar claro, Berry, é que você vai entregar uma coisa que nunca mais retornará. Uma coisa que ainda te faz única nesse mundo em meio a tantas meninas.

            Santana olhou desconcertada para Quinn e sem entender uma palavra que a ex-cheerio dizia. Tina concordou em alguns pontos e acenou afirmativamente, enquanto Brittany continuava a brincar com a borboleta. Rachel se levantou da mesa com os olhos castanhos expressivos, ela encarou Quinn com irritação e perguntou:

            - Está dizendo que Finn não merece isso? Se ele não merece, imagine Puck, não é mesmo?

            Quinn engoliu as palavras ácidas que estavam vindo a sua mente, ela tinha que se controlar se quisesse conversar pacificamente com Rachel. Não que ela quisesse ajudar, mas ela tivera experiências terríveis com aquele tipo de coisa e podia muito bem dar conselhos. A loira cerrou os punhos, mas não disse nada, apenas ficou olhando para Rachel com desprezo. Santana pigarreou e disse, despreocupada:

            - Ao menos, Puck é melhor na cama que Finn. Sei lá, Finnocência parece um imenso saco de batatas que geme e sua em cima de você, sem mencionar que tudo começava e acabava rápido. Puck, pelo menos, sabia ser sexy.

            - SANTANA! – Rachel estava envergonhada e corava furiosamente, Quinn não pode deixar de dar uma risada com o comentário da latina. Santana sorriu malignamente e levantou as mãos em sinal de inocência e voltou a se escorar em Brittany que a abraçou. Quinn conseguiu sufocar as lágrimas de riso após alguns segundos e disse séria:

            - O ponto não é perder a virgindade com um guru do sexo e sim, com alguém que você ame e principalmente, no momento em que você achar certo e não quando alguém lhe disse que você precisa perder a sua virgindade.

            - Belo conselho de quem perdeu a virgindade bêbada e sem proteção. – Rachel murmurou involuntariamente, mas Quinn acabou por ouvir e rapidamente, fechou-se na sua bolha de frieza e dureza emocional que já era tão tradicional para as meninas naquela sala. A morena levantou os olhos, visivelmente arrependida. – Me desculpe Quinn, eu...

            - Quer saber, Berry? – Quinn indagou com lágrimas nos olhos enquanto apanhava sua bolsa pelo caminho e jogava-a sobre o ombro. Ela voltou a olhar para Rachel e dessa vez, chorava. – Eu só não queria que alguém passasse pelo mesmo que eu. Mas se quer dar pro Finn, dê. Eu não tenho nada a ver com sua vida sexual e, aliás, eu nem devia ter vindo aqui para começo de conversa.

            As palavras não soaram maldosas aos ouvidos das meninas que estavam na sala e sim, dolorosas. Todas estavam atônitas o bastante para não notarem que Quinn saíra chorando. Rachel ficou olhando para um ponto qualquer na parede enquanto as palavras e o olhar de Quinn ficavam em sua mente, ela engoliu em seco, sentindo-se a pior pessoa do mundo.

            - Ahm, Rachel? – Tina chamou-a com um sorriso compreensivo no rosto e apertando-lhe o ombro, Rachel virou-se frustrada para ela. Ver a fragilidade de Quinn Fabray tão exposta lhe provocara um estranho sentimento dentro do coração. – Eu e Mike tivemos nossa primeira vez no último verão e não foi a pior experiência do mundo, pelo contrário, foi a melhor. Conversamos bastante e tomamos a decisão juntos, isso só fez com que ele valorizasse ainda mais o que eu estava dando a ele.

            Sem dizer mais nada, foi a vez de Tina e as demais saírem da sala, deixando Rachel sozinha com seus pensamentos e confusões.

            E foi naquela noite, depois do musical e do jogo perdido, que Rachel Berry perdeu sua virgindade com Finn Hudson. Foi na casa dos pais dele, em frente a lareira, sobre o tapete da sala, algo em torno de 10 minutos. Rachel só conseguia se lembrar da dor e dos olhos de Quinn ao deixar a sala.

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            Rachel estava cansada daquela conversa, desde que ela estivera com Finn, o quaterback arrumava 1001 formas de ficar sozinho com ela e quando ela menos esperava, a mão boba dele estava brincando com a barra de sua saia. Não era porque tinham passado a noite juntos que ele podia tê-la quando quiser.

            Rachel sentia-se estranha, sentia-se solitária agora que brigara com Kurt e que Finn só pensava “naquilo”. Parecia que seus pontos de sustentação tinham ruído e agora, ela encontrava-se, sozinha, sustentando o peso do mundo em suas costas. NYADA, Glee Club, Troubletones, Finn, Kurt... Ela não conseguia lidar com tudo aquilo.

            A morena dobrou o corredor e involuntariamente, trombou em alguém. O perfume lhe era familiar, era de rosas e Rachel não se surpreendeu quando se deparou com os olhos frios de Quinn Fabray a observá-la. A loira não deu um segundo contato visual e continuou o caminho como se nada tivesse acontecido. Rachel abriu a boca para dizer algo, mas, pela primeira vez na vida, ficou sem palavras.

            As palavras lhe faltaram porque ela sabia que tinham sido essas mesmas palavras que feriram Quinn. Rachel só percebera agora o quanto Quinn Fabray estava perdida, a morena só percebera a intensidade da fragilidade e do medo da loira depois daquelas palavras ditas naquela conversa.

            Quinn, pela primeira vez, tentou ajudá-la e recebeu em troca, uma recusa.

            Quinn Fabray estava sem as Cheerios, sem pai, com uma mãe alcoólatra e o peso de ter que lidar com sua filha entregue a adoção convivendo com ela todos os dias... Imediatamente, o peso que a loira carregava parecia imenso perto das situações dispostas diante de Rachel. A morena sentiu-se mal, muito mal.

            Devido a essa contestação e a série de arrependimentos que se sucederam, Rachel ergueu a cabeça e aprumou a postura, pronta para ir atrás de Quinn. No instante que ia caminhar de encontro à loira, um toque rústico e conhecido chegou ao seu pulso, junto com a voz de Finn Hudson em seu ouvido:

            - Onde pensa que vai, mocinha?

            - Finn, eu preciso falar com Quinn. – Rachel disse séria enquanto se virava para o rapaz. Finn tinha aquele brilho estranho nos olhos, juntamente daquele sorriso torto que antes parecia fofo a Rachel e agora, enojava. Rachel tentou ignorar a náusea que a preenchia quando Finn a tocava. – Eu a magoei e preciso me desculpar.

            - Quinn sempre te magoou e nunca se desculpou... – Finn continuou com aquele sorriso amedrontador e agora, passava o dedo indicador de leve pelo braço de Rachel. A morena olhou para ele impassível, tirando a mão dele de perto de seu corpo. – E nós temos algum tempo antes da aula, o que acha de irmos até o auditório?

            - Finn. – Rachel pronunciou o nome do rapaz de forma dura, Finn remexeu-se incomodado enquanto era puxado para um canto vazio do corredor. A morena tinha os olhos brilhando e podia-se ler que as lágrimas que queriam cair eram um misto de decepção e raiva. – Pare de sugerir esse tipo de coisa, nós não vamos transar novamente até que eu esteja pronta para fazer isso!

            - Por favor, Rach... Vai dizer que você tem algum tipo de planejamento para a sua “segunda vez”? – Finn questionou frustrado, segurando os braços da namorada e puxando-a para perto. Pela primeira vez, Rachel recusou o contato e empurrou o peito do rapaz. A morena o olhou severamente e disse ríspida:

            - Nós não vamos fazer isso de novo!

            - Quer saber, Rach? Você não vai recuperar a sua virgindade, não precisa ter medo! – Finn disparou rudemente e irritado, antes de sair caminhando a passos duros dali, ele nunca saberia o quanto as palavras dele naquele momento machucaram Rachel. As lágrimas que antes queriam cair, acabaram caindo de vez. Rachel soluçou enquanto sentia um pedaço quebrar dentro de si novamente.

            Não era a primeira vez que Finn lhe decepcionava e cada vez que aquilo acontecia, parecia que o Finn que conhecera há dois anos, já não existia. Mas aquelas decepções também reforçavam a idéia de que esse Finn “encantado” nunca existira... Rachel tinha medo. Medo porque sabia que idealizara Finn de tal modo que ele pareceu perfeito quando, na verdade, não era.

            Rachel limpou as lágrimas e respirou fundo, ela procurou retomar o caminho para sua sala já que o sino tocara. Mas não conseguiu, ela só queria ficar sozinha agora. Presa em suas tristezas e em suas decepções. Rachel Berry sempre aprendeu a lidar sozinha com suas loucuras e principalmente, com a quebra de seus sonhos.

            Ela virou-se para o lado contrário ao da massa de alunos e a passos lentos e pesados, rumou para o auditório. Porém, ela não esperava o braço delicado que envolveu seus ombros e muito menos, as palavras doces em seu ouvido:

            - Vem, você precisa tomar uma água.

            Rachel Berry não esperava que aquele perfume de rosas fosse se tornar seu porto seguro e seu lar dali em diante.

            Quinn observava Rachel em um misto de preocupação e pena. Ela sabia muito bem como a morena se sentia. Era normal que, uma garota ao se entregar a um rapaz, se tornasse propriedade dele. Os homens sempre achavam que, por terem algo tão importante delas, tornavam-se donos delas.

            Fora assim entre Quinn e Puck, entre Judy e Russel e acontecera da mesma forma entre Rachel e Finn.

            Portanto, foi aquele sentimento de pena e também, de raiva, que fez com que Quinn observasse a discussão entre Finn e Rachel no corredor. Ela viu a postura de Rachel endurecer diante do toque de Finn, também viu quando ela o recusou e não se surpreendeu com a atitude grosseira de Finn quando ela o contrariou.

            Um instinto, até então desconhecido de Quinn, tomou-a de tal forma que a fez dar meia volta e aproximar-se de Rachel. A loira só se deu conta do que fizera quando entrou no auditório com uma Rachel a chorar em seus braços. Agora, as duas estavam sentadas em cima do palco e Quinn oferecia um copo d’água enquanto Rachel ainda soluçava.

            - Tome um pouco de água, vai ajudar. – Quinn entregou o copo de plástico apanhado em um dos camarins para a mão trêmula de Rachel Berry. – E pare de chorar, ele não vale a pena.

            Os olhos castanhos que agora, estavam levemente avermelhados, voltaram-se faiscantes em direção a Quinn. A loira deu de ombros e fez um gesto, encorajando Rachel a tomar a água em vez de defender Finn. Rachel deu fim ao copo em questão de segundos, ela olhou para Quinn em seguida e os olhos dela claramente diziam um “obrigada” silencioso. Quinn pigarreou e perguntou ríspida:

            - Deixe-me adivinhar: ele só quer transar com você a partir de agora, certo?

            Rachel não respondeu, mas as ações dela entregaram a resposta. A morena fugiu do contato visual e começou a brincar com a barra de sua saia enquanto respirava pesadamente. Quinn passou a mão pela testa e fechou os olhos. Ela bem sabia que uma coisa daquelas aconteceria, ainda mais se tratando do troglodita chamado Finn Hudson.

            Os dedos de Rachel estavam afoitos no tecido da saia e aquilo estava deixando Quinn nervosa. Aliás, ficar sozinha com Rachel Berry, falando civilizadamente a respeito de uma situação tão trivial entre garotas e tão comuns a BFF’s provocou certo arrepio em Quinn. Afinal, o que ela viera fazer ali?

            - Eu juro que se você disser um “eu te avisei”, eu sou capaz de te bater agora mesmo, Fabray. – Rachel murmurou sentida, fazendo com que Quinn saísse de seus questionamentos e se deparasse com uma expressão mais amena e um leve sorriso brincalhão nos lábios cheios da morena. Quinn arqueou a sobrancelha para ela e entrou na brincadeira:

            - Você não conseguiria me bater, Berry. Se enxergue.

            Rachel fez uma careta ofendida que provocou um sorriso sincero em Quinn. As duas se olharam e estava latente a profundidade da energia que irradiava entre elas. Foi exatamente a mesma sensação que tomou ambas durante o dueto de “I Feel Pretty / Unpretty” no ano passado.

            As duas tinham tanto em comum... Os mesmos namorados, a necessidade de sentirem-se amadas, a busca pela saída de Lima e, ao mesmo tempo, eram tão diferentes... Rachel tão emocionalmente expressiva enquanto Quinn era a rainha de gelo que se fechava dentro da própria bolha e nunca demonstrava fraqueza.

            Quinn observou Rachel abaixar a cabeça e suspirar. Ela podia ver na morena a mesma sensação que tivera com Puck: o conto de fadas acabara e o príncipe encantado não existia. Ela podia ver a decepção transbordar nas atitudes de Rachel e também podia ver que, daquela vez, não existiria segunda chance para Finn Hudson.

            Internamente, Quinn ficou aliviada. Desde que compusera “Get It Right” com Rachel, ela percebera que a morena era demais para qualquer um naquela cidade. Silenciosamente, ela passou a admirar Rachel. Admirar a coragem dela em sonhar, o egoísmo dela em lutar e a sinceridade dela em sentir... Ela admirava Rachel Berry e talvez, esse fosse outro motivo para ter dito aquilo na sala e por estar ali com ela, esperando as lágrimas dela cessarem.

            Rachel ficou por alguns segundos, limpando as lágrimas até que elas finalmente pararem de escorrer pelo seu rosto. Durante esse tempo, Quinn não disse nenhuma palavra. Mas agora, ela precisava agir e falar o que Rachel deveria ouvir. A loira respirou fundo e pigarreou antes de dizer:

            - Eu sei que você deve estar se sentindo uma qualquer agora e que o fato de Finn ter dito aquilo há pouco no corredor só reforçou a idéia... Mas você não é. Você entregou a sua virgindade a ele, mas isso não significa que você pertence a ele.

            - O que você quer dizer com isso? Quer Finn de volta? – Rachel perguntou timidamente, porque ela sabia que Quinn estava certa e temia que a loira só estivesse sendo interesseira mais uma vez. A loira agitou a cabeça negativamente e apanhou os dedos de Rachel que ainda brincavam com a saia, Rachel se assustou e retesou o corpo, mas não se afastou. Quinn segurou as lágrimas e engoliu em seco ao dizer:

            - Eu não quero Finn, muito menos Puck ou qualquer outro garoto desse colégio. Se eu fosse querer algo de você, Rachel... Seria exatamente isso que você perdeu agora. Eu sei como você se sente e eu sei que, possivelmente, seu conto de fadas acabou. Mas não deixe acabar, lute por ele, não desista do que te faz única.

            Rachel levantou os olhos para Quinn e entendeu exatamente o que a loira queria dizer, porque conseguiu enxergar a sinceridade e a preocupação nos olhos de Quinn. A morena apertou a mão de Quinn que repousava sobre a sua e perguntou calmamente:

            - Você não quer que eu desista, como você desistiu, não é?

            Quinn não respondeu. Ela levantou-se abruptamente e Rachel viu a mesma posição defensiva tomar conta dela. A mandíbula de Quinn trincou e ela respirou com dificuldade antes de dizer:

            - Só não deixe um idiota destruir a sua vida.

            Rachel observou-a sair do auditório a passos rápidos e teve certeza de que, no instante seguinte, encontraria Quinn Fabray chorando em um banheiro qualquer da escola.

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            Rachel e Quinn não trocaram uma palavra durante a semana que passara, as duas se esbarravam no corredor e trocavam olhares amistosos, mas nada que indicasse o início de uma amizade. Rachel fugia de Finn sempre que podia, mas estava ficando cada vez mais difícil. Além de não perceber o peso de suas palavras, Finn estava tornando-se impaciente e consequentemente, agressivo.

            Rachel estava feliz porque tinham Glee naquele dia. Enquanto caminhava pelo corredor rumo a sala do coral, a morena abraçava seu fichário como se ele fosse um escudo contra os jogadores e as cheerios que a olhavam de cima abaixo. A morena se surpreendeu quando uma pessoa passou a caminhar ao seu lado.

            Quinn Fabray nada disse, apenas a acompanhou pelo corredor na mesma velocidade em que a morena caminhava. As duas se olharam com compreensão e surpreenderam Finn Hudson que estava parado mais a frente, pronto para interceptar Rachel novamente. O quaterback fez uma careta desconcertada antes de sibilar irritado:

            - Agora eu sei por que você anda me evitando. Quinn está fazendo sua cabeça para nós nos separamos de novo!

            - Aí que você se engana, Hudson. O que eu quero de você é distância. – Quinn respondeu com ironia e um sorrisinho maldoso. Rachel olhou de um para o outro, achando aquela situação extremamente confusa. Desde quando Finn Hudson passou a ser odiado por Quinn Fabray?

            - Não parece. Agora, eu quero falar com minha namorada. Será que dá para você me dar licença? – Finn sugeriu grosseiramente enquanto metralhava Quinn com os olhos, mas novamente, a loira surpreendeu Rachel ao firmar o pé no chão e dizer:

            - Eu não vou deixá-la sozinha com você.

            - Ah é? Por quê? – Finn perguntou furioso, perdendo a calma aos poucos. Rachel continuava a observá-los sem saber o que dizer ou como agir. Quinn parecia estar com tudo sob controle e Finn parecia estar perdido em sua raiva para se manifestar de outra forma, fora a grosseria. Quinn revirou os olhos e disparou irônica:

            - Talvez, porque se eu deixá-la sozinha, você possa estuprá-la, não é?

            - Como você ousa, Fabray? Perdeu a noção das coisas? – Finn questionou incomodado e fora de controle, aproximando-se bufando de Quinn e apertando os punhos ao lado do corpo. A loira não perdeu o controle, apenas cruzou os braços e arqueou a sobrancelha para ele.

            Mas a loira não chegou a responder já que Rachel, temendo aquela situação, puxou Quinn para dentro e a empurrou até uma das cadeiras na sala do Glee. Finn nada pode fazer porque Mr. Schue acabara de entrar animado na sala. Ao sentarem-se, Rachel remexeu-se incomodada e disse:

            - Você não precisava fazer aquilo, obrigada.

            - Claro que precisava, nós somos mulheres e estamos nessa juntas, Berry. – Quinn respondeu com uma expressão mais amena que em nada lembrava a Quinn ácida que acabara com Finn no corredor. Rachel olhou para ela e um sorriso quase tomou sua face, ela pigarreou e disse brincalhona:

            - Isso é a forma alternativa de dizer que é minha amiga, Quinn?

            - Talvez Berry, você nunca vai saber a resposta dessa pergunta. – Quinn disse com um sorriso antes de se virar para Mr. Schue e prestar atenção a tarefa daquela semana.

            Porém, Rachel nunca precisou fazer aquela pergunta de novo porque Quinn lhe provou, daquele dia em diante, que sempre seria a sua melhor e única amiga.

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Notas finais do capítulo

O que acharam? ;x
Bem, como perceberam, tem semelhanças com o enredo tradicional da série e nessa fanfic, eu tentarei me manter fiel ao enredo (ao menos nos flashbacks)
Mas como eu escrevi esse capítulo um pouco antes do episódio 3x08 e meu grande medo era que tanto a Quinn como a Rachel estivessem descaracterizadas... Mas o que vocês acharam?
Comentem por favor, tá bem?
Beeijos (:
PS: Se puderem, escutem "Your Guardian Angel" da banda Red Jumpsuit Apparatus, acho que ajuda no enredo.