Signal Fire escrita por Fernanda Redfield


Capítulo 16
Laços


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!
Quanto tempo não? Espero que tenham sido BEM compreensivos durante minha ausência. Tive muito o que fazer e muita coisa aconteceu (e ainda está acontecendo).
Mas eu consegui escrever e espero que vocês gostem desse capítulo... Boa leitura! (:



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/177324/chapter/16

            Rachel estava afoita, suas mãos estavam totalmente descontroladas em seu colo. Quinn estava dirigindo até a casa de Claire e a treinadora do Glee parecia nervosa demais para falar algo. A loira virou uma esquina e olhou de esguelha para a namorada, Rachel respirou fundo e Quinn pode perceber as lágrimas teimando para não caírem dos olhos castanhos.

            Quinn conhecia Rachel bem demais para saber as conseqüências da informação que ambas receberam há minutos atrás. Rachel ficaria indisposta e, principalmente, perderia a confiança no trabalho maravilhoso que estava fazendo com aqueles jovens. Quinn suspirou e estendeu a mão para fora da marcha, apanhando uma das mãos de Rachel e beijando-a, sem tirar os olhos da rua.

            Rachel deu um sorriso triste e inclinou a cabeça, apertando a mão de Quinn para que a loira percebesse que, apesar de todos os pesares, ela ainda estava tentando se manter forte. Quinn sorriu para ela e disse encorajadora:

            - Muito bem, essa é a Rach que eu conheço e que eu amo.

            - Eu preciso de você, Quinn. – Rachel anunciou levemente desesperada, estavam na rua da casa de Claire e as duas logo pararam em frente a uma casa vermelha com cerca branca. Quinn engatou o freio de mão do carro e olhou para Rachel, os olhos castanho esverdeados estavam carregados com quanta coragem e tanta confiança que Rachel sentiu um pouco do imenso peso em seu coração se extinguir. – Eu preciso que você fique comigo e me ajude a enfrentar tudo o que virá a seguir.

            - Pequena... – Quinn sibilou baixinho. Ela olhava para Rachel com carinho e tinha um sorriso confiante no rosto, Quinn segurou o rosto de Rachel e afagou-lhe a bochecha. A morena suspirou e mordeu o lábio, apertando a mão de Quinn entre as suas. – Eu vou sempre estar aqui contigo, sempre.

            Rachel acenou com a cabeça e Quinn se aproximou, dando um leve beijo nos lábios da morena. Cortou o coração de Quinn perceber que eles estavam trêmulos, a loira se afastou e olhou ferida para Rachel que não executara qualquer movimento para sair do carro. As duas se olharam por mais alguns segundos até que uma luz foi acesa na casa de Claire, tirando as duas de seu mundo particular.

            Rachel saiu do carro primeiro e aprumou a postura. Quinn deu um último olhar preocupado para ela, antes de fazer o mesmo. Enquanto fechava o carro, Quinn escutou passos apressados pela calçada. A loira rodeou o carro e Claire vinha correndo na direção das duas, a aluna parecia confusa quando perguntou:

            - Miss Fabray?

            - Rachel não tinha como ir, acabou me pedindo carona. Tem algum problema? – Quinn respondeu rapidamente, porque Rachel parecia nervosa demais para falar alguma coisa. Claire fez um sinal exagerado para que ambas a acompanhassem. Quinn deu um pequeno sorriso e apertou a cintura de Rachel, conduzindo-a através do gramado. A morena tremia, era a primeira vez que ela via-se metida em um problema com seus alunos. Quinn pigarreou desconfortável pela fraqueza da namorada, assim que o trio chegou à varanda, Claire respondeu com um sorriso triste:

            - Na verdade, Miss Fabray, eu acho que a sua presença aqui vai fazer bem a Christine. Ela meio que te idolatra.

            Quinn deu um sorriso de lado enquanto suas bochechas coravam, Rachel soltou um suspiro longo e deixou-se ser conduzida por Claire. As três entraram na casa silenciosa e escura, Quinn arqueou a sobrancelha, lembrando-se que o carro dos pais de Claire não estava na garagem. A professora olhou confusa para Rachel que parecia pensar o mesmo que ela e perguntou curiosa:

            - Claire, onde estão seus pais?

            - Eles foram até o hospital, papai precisava checar alguns exames da Christine antes de adormecermos.

            - Exames? O que aconteceu com Christine, Claire?! – A voz insegura e desesperada de Rachel acabou traindo toda a confiança e segurança que a morena procurava passar. Quinn afagou o braço de Rachel em um sinal mudo de apoio, os olhos de Claire lampejaram brevemente para o toque íntimo entre as professoras, mas ela piscou e parou em frente a uma porta no andar térreo. Claire suspirou e disse de uma vez:

            - Christine estava grávida.

            - Como é?! – Quinn perguntou incrédula e olhando para Rachel, a morena parecia tão desnorteada quanto ela. As duas prenderam a respiração quando Claire tocou a maçaneta, a aluna respirou fundo e triste, disse:

            - Mas ela abortou nessa tarde.

            - Seu pai concordou com isso, Claire? – Quinn perguntou inquisitiva, sentindo algumas das próprias feridas relacionadas à Beth voltarem a se abrir em seu peito. Rachel apertou-lhe a mão e Quinn olhou entre lágrimas para ela, a morena lhe passou segurança pelo olhar antes de voltar-se para Claire. A aluna suspirou ofendida e disse cansada:

            - Não, Miss Fabray. Eu encontrei Christine no hospital quando fui visitar meu pai e ela pediu para que eu a tirasse de lá e assim o fiz.

            - Ela não abortou legalmente, pelo visto. – Rachel comentou nervosa, mas assumindo uma postura mais calma, já que Quinn parecia fora de si no momento. Claire apenas acenou afirmativamente com a cabeça antes de girar a maçaneta e entrar no quarto. Rachel a acompanhou e com os olhos tristes observou a figura da cheerio deitada na cama.

            Christine estava mais pálida do que o normal, seus cabelos que sempre estavam presos no elegante rabo de cavalo, agora estavam soltos e espalhados sem vida sobre a fronha azul bebê da cama. Ela respirava lentamente e sua respiração estava desregulada. Os lábios finos estavam arroxeados. Tudo nela remetia a fraqueza.

            Quinn estacou na porta, escorando-se no batente enquanto as lembranças de sua gravidez lhe invadiam. Cogitara abortar Beth, será que teria sido tão covarde quanto Christine? Será que não deixaria ninguém saber? A loira engoliu em seco e seus dedos apertaram a madeira, como se ela quisesse se segurar às suas decisões sábias de ter Beth. Quinn temia por Christine, viver com o peso de ter deixado uma vida, era demais. Quinn mal conseguia viver com as conseqüências da adoção de Beth.

            A loira observou Rachel crescer na cena enquanto ela se encolhia, a morena se aproximou da cama de Christine com passos seguros e firmes. Rachel parou ao lado da cama e olhou para Quinn, o simples encontrar de olhos entre as duas já disse tudo que uma precisava saber da outra: Rachel viu o incômodo e a fraqueza de Quinn e a professora viu a força e a proteção da morena.

            Rachel respirou fundo, Quinn ofegou e Claire sentou-se ao lado de Christine na cama, sem acordá-la. As duas adultas da cena observaram o desespero silencioso nos olhos de Claire, disfarçado por uma bela expressão confiante. Claire apanhou a mão de Christine e Rachel olhou admirada pela atitude, ouviu passos atrás de si e Quinn parou ao seu lado, parecendo incomodada, mas firme.

            Christine começou a se mexer aos poucos conforme o afagar do polegar de Claire aumentava no dorso de sua mão. Os olhos caramelos abriram-se lentamente e demoraram a entrar em foco, mas quando entraram, eles se arregalaram assustados. A cheerio colocou-se sentada e rapidamente, pareceu sentir dor ao dizer irritada:

            - Eu disse para não chamar ninguém, Claire.

            - Miss Berry é a nossa treinadora, ela merecia saber. – Claire respondeu tranquilamente e de imediato, demonstrando calma e coesão em suas palavras. A capitã do Glee olhou para as professoras em busca de apoio e recebeu um olhar e um sorriso de Rachel. – E eu não sabia para quem recorrer, você sabe muito bem o que fez, Christine. Tem que começar a lidar com as conseqüências.

            - Não me venha com esporros, você só está fazendo isso para manter-se com a moral alta com o Arthur. – Christine retrucou emburrada e virando-se para o lado contrário da cama. Rachel sorriu triste diante da familiaridade da situação que estava observando naquelas duas. Claire crispou os lábios e fungou irritada, Rachel sentou-se aos pés de Christine e, relutante, tocou a aluna. Respirou fundo e perguntou:

            - Por que não nos disse o que estava acontecendo?

            - Eu tive maturidade para engravidar, Miss Berry. Também tive para tomar as rédeas da situação em que eu me enfiei sozinha. – Christine respondeu grosseiramente e virando para fuzilar Rachel, Claire e, quando seu olhar chegou a Quinn, ela abaixou a cabeça, visivelmente envergonhada de sua situação. Rachel percebeu a adoração que Christine tinha por Quinn e segurou o pulso da loira, puxando-a para perto. Christine afundou-se nas cobertas novamente. – Além do mais, ninguém entenderia.

            - Eu lhe entenderia, Christine. – Quinn respondeu rudemente e com uma expressão fria. Christine encolheu-se de encontro à parede do quarto e Rachel olhou significativamente para Claire, acenando com a cabeça para que ambas saíssem do quarto. Quinn esperou o clique da porta e depois, olhou para Christine totalmente diferente da mulher que entrara naquele quarto há minutos.

            A professora respirou fundo enquanto observava a aluna em um misto de pena e compreensão. Quinn via, diante dos seus olhos, o que teria que lidar caso não tivesse sido sábia o bastante para manter e ter Beth. A culpa, o medo, o julgamento... Estava tudo impresso no olhar perdido de Christine. Quinn se aproximou lentamente e sentou-se ao lado da cama, Christine afastou-se defensivamente e disse cansada:

            - Você jamais entenderia, Miss Fabray. Você sempre foi a grande rainha do McKinley High.

            - Chris, você nunca se perguntou por que eu saí das Cheerios? – Quinn questionou com um sorriso solidário e a atual head cheerio virou-se para ela, a expressão curiosa e os olhos inchados. Da mesma forma que Quinn se viu muitas vezes ao olhar-se no espelho, enquanto contemplava sua barriga crescer e o amor natural que passava a nutrir por aquela pequena menina dentro de si. – Coach Sylvester nunca contou a vocês por que eu não ganhei uma bolsa da faculdade por torcer?

            - Ela nunca falou muito sobre isso. Coach apenas disse que você escolheu os perdedores e que a sua escolha foi a mais sábia possível. – Christine respondeu confusa, questionando-se como aquela conversa estranha poderia ajudar a amenizar o arrependimento que a consumia pouco a pouco desde que acordara na mesa de cirurgia. Quinn apanhou a mão pequena de Christine que repousava sobre seu estômago e afagou, deu um sorriso triste e a aluna surpreendeu-se quando observou dois filetes lacrimosos escorrerem pelo rosto de sua professora e quando a voz dela saiu embargada:

            - As verdades perdem-se no tempo, Chris... Chega um momento que ninguém mais se importo com o que você foi no ensino médio. Mas tem uma coisa que sempre permanece, a culpa.

            - O que você quer dizer com isso?! – Christine não conseguiu esconder todo o desespero que tomou sua voz quando escutou aquelas palavras, ela esperava que o tempo fosse melhorar o que estava sentindo e que pudesse lidar com o que fizera. Mas se Miss Fabray estava lhe dizendo aquilo, justo uma das pessoas que ela mais confiava, como faria?

            Quinn olhou para sua aluna, os olhos esverdeados estavam marejados e traziam uma sabedoria profunda, de quem aprendeu com os erros que cometera. Christine olhou para ela e rendeu-se ao choro também, Quinn a puxou delicadamente para seus braços e a abraçou. A professora foi pega de surpresa quando viu Christine desabar de vez, agarrada aos seus braços. Quinn viu ali que aquela garota era mais parecida com ela do que suspeitava. Afagou-lhe os cabelos loiros e suspirou ao dizer:

            - Eu tive uma filha, Christine. Foi por esse motivo que fui expulsa das Cheerios no meu segundo ano.

            Christine afastou-se bruscamente de Quinn, a jovem cheerio tinha os olhos azuis arregalados e a boca ligeiramente aberta enquanto olhava a professora. Quinn deu um sorrisinho culpado a ela e suas bochechas coraram um pouco, ao mesmo tempo em que o coração apertava dentro do peito com a lembrança de Beth. Quinn deu de ombros e cruzou as pernas antes de continuar:

            - Eu engravidei do melhor amigo do meu namorado, nem preciso dizer que eu o traí e ele era um cara legal... Mas isso não foi o pior. Eu realmente pensei em tirá-la, achei que ia ser mais fácil.

            - O que a senhorita fez? – Christine perguntou temerosa, recolhendo a mão e afastando-se de Quinn ao encostar-se na cabeceira da cama. Quinn olhou de lado para ela, sabia que a resposta que daria faria a garota pensar e repensar sobre suas atitudes e que, talvez, aquilo mais a machucasse do que a ajudasse.

            Mas Christine tinha Claire, que de tão semelhante a Rachel, parecia capaz de ficar com a atual cheerio de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Quinn olhou de esguelha para Christine e encostou-se a cabeceira ao lado dela, a professora fechou os olhos, sentindo as lágrimas brincarem em seus olhos. Suspirou pesadamente e disse:

            - Eu a tive. Enfrentei meses de slushies e apelidos. Enfrentei a fúria do meu namorado quando ele descobriu que eu estava grávida de outro... Mas antes que você me pergunte, valeu a pena. Valeu porque, no instante que eu vi aqueles olhinhos verdes me observando assustados e toquei naquele corpo pequenino e frágil, eu entendi que eu nasci para tê-la.

            - Onde está ela agora? – Christine perguntou e Quinn fingiu não notar a voz embargada de sua aluna. A professora apertou novamente a mão da aluna, porque aquela era a parte da conversa que mais doía ser contada. Quinn respirou fundo e fechou os olhos, instantaneamente, a imagem de Beth lhe veio a mente.

            O sorriso de covinhas, os olhos esverdeados, o cabelo castanho de Puck, as bochechas enormes e avermelhadas... Como sentia saudades de tudo aquilo.

            - Eu a entreguei para adoção. – Quinn dissera secamente, esperando que a aspereza de suas palavras tornasse aquela confissão mais fácil... Mas os anos passados, com ela trancafiada em seu peito, só tornavam cada vez mais difícil proferi-la em voz alta. Christine, agora, observava a professora enquanto as lágrimas caíam e ela alisava a região do abdômen com movimentos leves e saudosos. – O engraçado é que entregá-la a outra pessoa foi a maior prova de amor que eu pude dar. Porque eu sabia que não conseguiria dar uma vida decente a ela, ela não seria feliz por ser taxada eternamente como a “filha da Cheerio, suposta líder do Clube do Celibato”. Ela merecia algo melhor, algo que eu era incapaz de dar a ela com 16 anos de idade.

            Christine engoliu em seco e quando Quinn virou-se para ela novamente, a cheerio chorava e soluçava, com o rosto escondido entre as próprias mãos. Quinn suspirou e algumas lágrimas rolaram por seu rosto também, a professora envolveu a aluna em seus braços e o tremor do corpo de Christine a assustou. A porta do quarto foi aberta novamente e Rachel entrou, totalmente eufórica.

            A morena aproximou-se devagar da cama e quando viu os olhos vermelhos de Quinn, seu peito foi comprimido por uma fúria esmagadora. Rachel sentou-se ao lado de Quinn e juntou-se ao abraço e só assim, Quinn permitiu-se chorar também. Não souberam quanto tempo ficaram assim, mas se separaram quando Claire entrou no quarto.

            As três se separaram e Quinn enxugou as lágrimas de Christine com os polegares. Claire se aproximou preocupada e sentou-se aos pés da cama, tocando as pernas de Christine por cima da coberta. Rachel sorriu quando viu a cheerio sorrir com as provas de carinho. Quinn ergueu o rosto de sua aluna e severa, disse:

            - Christine, seu caminho vai ser muito mais difícil do que o meu. O que machuca não é a ausência e sim, a culpa. A minha eu vou carregar por toda vida, sabendo que eu fiz o melhor que eu pude. Você vai carregar a sua, sem saber se isso era o melhor para você e para a pequena vidinha que você tinha aí dentro. O preço do desconhecido é mais alto, mas você tem pessoas que querem cuidar de você.

            Quinn apontou para si e para as outras duas mulheres no quarto. Christine rompeu-se em lágrimas novamente e jogou-se nos braços da professora. Rachel sorriu entre lágrimas para as duas e afagou os cabelos loiros de sua aluna, antes de olhar para Claire que sufocava o choro, tentando manter-se forte por ela e por Christine.

            A cheerio se separou soluçante e Quinn se levantou, Claire imediatamente tomou o lugar dela, segurando a mão da cheerio e murmurando palavras doces que fizeram Christine abrir um sorriso frágil. Rachel olhou por cima dos ombros enquanto acompanhava Quinn até a porta e sorriu quando Claire beijou a mão de Christine.

            Quinn apenas abraçou Rachel pelos ombros, as duas saíam do quarto quando Christine pigarreou e perguntou curiosa:

            - Como é o nome dela, Miss Fabray?

            - Beth, Elizabeth. – Quinn respondeu com um pequeno sorriso, acenando e saindo do quarto a passos cansados e ombros caídos. Observando a silhueta da loira, Rachel percebeu o quão cruel a vida fora com Quinn Fabray. A morena aproximou-se relutante e beijou as costas de Quinn, na altura da escápula, Quinn riu brevemente e Rachel murmurou em seu ouvido:

            - Você é minha heroína.

            Quinn sorriu e apertou a mão de Rachel com carinho, a morena encostou a cabeça em seu ombro e sorriu, mal percebendo que ainda desciam as escadas da casa de Claire e que, na porta do quarto, sua aluna as observava com um sorriso no rosto. Impressionada diante de tantas demonstrações de amor.

###

            Quinn não era mais a mesma desde que deixara Christine naquele quarto da casa de Claire. Rachel percebera, após muitas observações, que o sorriso sempre gentil de Quinn já não era mais o mesmo, assim como o olhar dela parecia estranhamente desolado. Quinn também estivera um pouco distante nos últimos dias. E Rachel já perdera as contas de quantas vezes vira a amada suspirar derrotada após assinalar mais uma falta para Christine.

            Rachel sabia muito bem o golpe que Quinn recebera quando tivera que cutucar as suas feridas para fazer a dor de Christine diminuir um pouco. E era por isso que Quinn era a heroína de Rachel, quem mais naquele mundo tiraria um trauma grande como aquele do buraco apenas para fazer outra pessoa se sentir melhor? Quanto mais conhecia aquela nova Quinn Fabray, mais Rachel se surpreendia e mais a amava.

            Por isso, Rachel deu todo o espaço que Quinn precisara naqueles últimos 4 dias. Também deu todo o apoio silencioso que fora capaz de dar, assim como disse todas as palavras confortadoras que possuía em seu extenso vocabulário. Rachel estava tão quebrada quanto Quinn, mas a loira reerguera suas defesas aos poucos e era hora de retribuir da mesma forma. Portanto, mesmo machucada com seus traumas de sonhos destruídos e mesmo preocupada com o que a Família Fabray poderia fazer com Quinn, Rachel permaneceu firme ao seu lado. Ignorando todas as chamadas de seus pais para uma conversa sensata e racional sobre os rumos confusos e distorcidos que a vida dela tomara desde que chegara a Lima.

            - Tem certeza que está bem, amor? – Rachel perguntou preocupada em uma tarde primaveril, após um dia cansativo de aula. Christine aparecera na escola naquele dia e o semblante de Quinn mudara drasticamente, ela estava calada e pensativa, preocupada. Quinn ajeitou a bolsa no ombro, tirando a chave do sedan do bolso da saia e respondendo gentil:

            - Adoro quando você me chama de “amor”.

            - Para de tentar desviar o foco da conversa, Fabray. – Rachel bronqueou com uma careta severa, puxando Quinn pelo antebraço e forçando-a a encará-la. Quinn sorriu culpada e afagou a bochecha da morena, beijando os lábios carnudos levemente, no meio do estacionamento.

            Rachel se afastou assustada, tentando entender a súbita demonstração de carinho arriscada. Encontrou dois olhos esverdeados a observando com um brilho de graça e ternura, Rachel bufou impaciente e arrancou um riso rouco de Quinn. A loira abriu a porta traseira do carro e colocou seus pertences ali, junto aos de Rachel, depois abriu a porta do carona para a morena e respondeu:

            - Só estou precisando descansar. Arrumei tantos problemas ultimamente que mal consigo pensar em sorrir com eles em minha cabeça.

            Rachel entrou no banco do passageiro com a testa vincada devido a preocupação. Observou atentamente enquanto Quinn rodeava o carro e sentava-se ao seu lado no banco do motorista. Os ombros caídos, as olheiras contrastando com a pele pálida... A morena segurou a mão de Quinn que se direcionava ao câmbio e disse:

            - Eu não quero te ver assim... Você se cobra demais, Quinnie. Christine está bem, eu dei aula a ela hoje. E Santana vai retornar suas ligações em algum momento, ela pode ser o demônio reencarnado, mas ela te ama.

            - Engraçado ver você defendendo a S... – Quinn murmurou com um pequeno biquinho indignado nos lábios, a loira ligou o carro e sentiu-se observada por Rachel. A diva olhava para a namorada com um ar risonho e surpreso, em seguida, ligou o som baixinho e a voz de John Mayer preencheu o carro cantando “Shadow Days”. Rachel suspirou e disse risonha:

            - Não precisa ficar com ciúmes, Q... Eu não gosto de morenas.

            - Como se eu estivesse com ciúmes de você, sei que não preciso ter. – Quinn respondeu tentando ser segura de si, mas só conseguindo manter os olhos focados no trânsito enquanto as bochechas coravam porque certa morena segurava um sorriso vencedor nos lábios.

            O carro parou no sinaleiro da esquina do prédio de Quinn, a ex-cheerio batucou os dedos no volante no ritmo da música e mais uma vez, sentiu-se observada por Rachel. A morena ajeitou-se no banco do carona e aproximou a boca perigosamente do ouvido de Quinn, a ex-cheerio segurou a respiração e engoliu em seco. Minutos depois, Rachel beijou a pele de seu pescoço e murmurou rouca:

            - Claro que tem ciúmes, morre de ciúmes, aliás. Mas não precisa ter, eu só sou sua e eu não vou sair de perto de você, nem vou deixar de te tocar ou muito menos fazer amor contigo...

            Um desconforto familiar se fez presente entre as pernas de Quinn, a loira se viu fechando-as inconscientemente. Aquela era uma sensação bem freqüente nos últimos dias desde que Rachel e ela tiveram a primeira noite juntas, aliás, namorar Rachel Berry estava tornando-se uma prova de autocontrole todos os dias. Quinn se perguntava como não tinha perdido a noção das coisas até aquele momento... Sentiu a mão de Rachel em sua coxa, apertando a porção interna, Quinn mordeu o lábio inferior e fechou os olhos, escutou a gargalhada baixinha de Rachel e sentiu uma mordida em sua orelha.

            Involuntariamente, o carro acelerou, arrancando risos de Rachel. Quinn olhou frustrada de esguelha para a namorada e viu Rachel sorrindo malignamente. No som, a voz de John Mayer ia desaparecendo dando lugar para a voz de Gavin DeGraw cantando “Soldier”. Quinn suspirou e fez uma curva para a esquerda, chegando em frente ao seu prédio. Estacionou o carro na garagem e tirou suas coisas do carro ao mesmo tempo em que Rachel retirava as suas, antes de Rachel pegar em sua mão, Quinn olhou pelo local em busca do jipe de Sam.

            - Acho que ele ainda não chegou de viagem. – Rachel comentou um pouco tristonha, apertando os dedos pálidos de Quinn entre os seus e beijando-lhe o ombro ternamente. As duas se olharam mais uma vez e Rachel sorriu fraternalmente enquanto Quinn fechava-se em uma expressão preocupada.

            Quinn suspirou derrotada, Sam tinha desaparecido há duas semanas e só tinha deixado um bilhete colado em sua porta dizendo que tinha viajado. Todas as vezes que Quinn ligara para Sam, não conseguira sequer falar com ele. Sam estava carregando o celular desligado e ele nunca fora de fazer aquele tipo de coisa. Algo tinha acontecido depois daquele jantar e Kurt recusava-se a falar sobre aquilo. Mercedes também desaparecera e Quinn tinha certeza que aquilo estava relacionado com a diva negra.

            Antes de subir no elevador, Rachel a empurrou levemente até a parede, beijando-lhe os lábios com sofreguidão e ficando na ponta dos pés para acariciar sua nuca. Quinn sorriu entre o beijo e largou a bolsa no chão enquanto englobava os braços ao redor da cintura da morena e a erguia do chão. Rachel riu e, por breves instantes, Quinn se esqueceu de todos os problemas que assolavam sua vida.

            E Rachel sentiu quando os músculos da loira relaxaram. A morena se afastou e a puxou pela mão para dentro do elevador e assim que as portas se fecharam, sorriu para Quinn e sibilou, sem som:

            - Eu te amo.

            As bochechas de Quinn coraram e ela abaixou a cabeça. Seu coração inchado de felicidade e seus olhos tomados por lágrimas. Como poderia fraquejar se tinha uma rocha de inabalável força ao seu lado?

            Se por um lado, Quinn e Rachel estavam sustentando-se sozinhas, Santana Lopez estava enlouquecendo sozinha. Como era comum em sua personalidade, a latina tendia a se fechar em uma aura de agressividade e ignorância que quase ninguém (além da própria Quinn Fabray e da esquecida Brittany S. Pierce) poderiam transpor. Devido a isso, Julianne não sabia o que fazer e passou a observar Santana sair todos os dias cedo do apartamento, sem sequer dar “bom dia” ou tomar café.

            A latina se encontrava caminhando a esmo pelas ruas de Lima, deixa o carro estacionado algumas ruas próximas ao seu edifício de trabalho e agora andava pela parte mais velha da cidade, olhando disfarçadamente as vitrines. Santana caminhava devagar, respirando profundamente e tentando se esquecer da dificuldade que era defender e amar uma mesma pessoa.

            Uma livraria situada próxima a uma confeitaria lhe chamou atenção. Parecia-lhe familiar e ela entrou lentamente, ouvindo o tilintar da sineta de entrada. Um senhor bondoso saiu por entre as estantes, segurando dois volumes imensos. Ele lhe sorriu generoso e perguntou:

            - Algo em mente, senhorita?

            - Na verdade, estou só de passagem. – Santana respondeu com um sorriso amargo, evitando olhar para os orbes azuis do homem que parecia extremamente sinceros como tudo nele. A latina caminhou por entre as estantes, sentindo o leve cheiro de poeira irritar seu nariz. Ouviu os passos descompensados do senhor atrás de si e ele pigarreou antes de sugerir:

            - Sem querer ser intrometido, mas eu acho que conheço a senhorita. É a Dra. Lopez, não?

            Santana estacou no meio das estantes e virou-se bruscamente para trás, seu olhar parecia absolutamente agressivo, porque o senhor recuou alguns passos. Santana o olhou com a sua já tradicional frieza, ela queria se esquecer do que era, porque aquilo a lembrava do quão inútil estava sendo para Julianne Urie. O homem aprumou-se e permaneceu a olhá-la, impassível.

            Os dois se olharam por mais algum tempo e, mesmo que não gostasse de admitir, Santana foi invadida por uma aura de tranqüilidade. Aquele senhor lhe era familiar, ela só não sabia de onde. E mais, a livraria dele parecia um estranho mundo paralelo ao que ela vivia. Santana abrandou a expressão e colocou as mãos nos bolsos da calça social que usava antes de perguntar curiosa:

            - Sou eu mesma, Dra. Santana Lopez. Me desculpe, mas da onde o senhor me conhece?

            - Sua amiga me fala muito de você. Aliás, Quinn e Brittany me falam muito de você. – O senhor respondeu com um sorriso amigável e dando-lhe as costas para apanhar um livro na prateleira superior. Santana engoliu em seco ao escutar o nome das duas loiras na mesma frase. Mas aí lembrou que vira uma foto de Quinn com aquele senhor quando passou um tempo no apartamento dela...

            O coração de Santana se apertou, não falava com Quinn há algum tempo e sequer se lembrava do que fizera para afastar a amiga daquela forma. Quanto a Brittany, sinceramente não fazia questão de falar com ela depois de tudo que acontecera. A latina acompanhou o senhor que, agora, atravessava o corredor. Santana pigarreou e envergonhada, perguntou:

            - O senhor é o Charlie, não é?

            - Sim... Quinn deve ter falado horrores sobre mim. – Charlie respondeu com uma risada esganiçada que transformou em uma tosse, segundos depois. Ele colocou a mão sobre o peito e deu um sorriso enquanto se recompunha. Santana olhou para ele preocupada, mas Charlie agitou a mão, ele estava bem. – Uma grande garota, a Quinn. Acho que nunca vi ser humano mais forte do que ela.

            Santana queria concordar, mas se conformou em dar um sorriso orgulhoso e acenar com a cabeça. Realmente, Quinn era uma fortaleza inabalável e agora que estava com Rachel, a tendência era que as duas formassem uma só força. Santana pegou-se recordando das duas e descobriu que até mesmo os monólogos de Berry lhe estavam fazendo falta. A latina escorou-se na estante e estava prestes a falar quando a sineta da entrada da loja tornou a soar e Charlie saiu apressado pelas estantes.

            Santana o acompanhou a passos rápidos, disposta a ajudá-lo para continuar a conversa depois. Charlie era um poço de calma e racionalidade no meio de toda a loucura que estava a sua vida, era o primeiro que se aproximava dela desde que ela afastara Puck e Quinn. A latina estava prestes a chegar ao hall de entrada da livraria quando uma voz familiarmente esquecida chegou animada aos seus ouvidos:

            - Sr. Thomas? Os livros de Sophie já chegaram?     

            Santana teve que se apoiar na estante para não desabar ali mesmo, há muito tempo não escutava aquela voz doce e aquele tom infantil. Fazia muitos anos que não suspirava pesadamente ao pensar na dona daquela voz. E em como os cabelos loiros dela eram sedosos e os olhos azuis donos de uma sinceridade que ela jamais encontrara em outras pessoas.

            Brittany estava ali. Há alguns passos de distância depois de anos de separação. Santana não se surpreendeu quando percebeu que, em sua mente, não havia mais espaço para Julianne Urie no momento.

            - Ainda não, Brittany e já disse que você não precisa me chamar de “senhor”.

            - Me desculpe, é um hábito. – Santana escutou a voz de Brittany tornar-se uma risada e seu coração bateu descompassado em seu peito. Santana saiu de seu esconderijo, mais por teimosia do que por outra coisa. Ficou de costas para a cena que se desenrolava na recepção, mas pode sentir os olhos azuis cravarem em suas costas, queimando-lhe a pouca racionalidade que ainda estava presente em si naquele momento.

            Charlie pigarreou para chamar atenção ao perceber que uma das suas mais fiéis clientes estava encarando, sem saber, o seu grande amor do passado. Quinn tinha contado sobre a história das duas, mas Charlie sempre as viu como almas gêmeas. Não conseguira nem descrever a sua surpresa ao saber que Brittany havia se casado com Artie Abrams. E vendo as duas ali, paradas e se reconhecendo... Ele podia ver todo o sentimento presente entre elas. Brittany não olhou para ele e Charlie, cuidadosamente, perguntou:

            - Algum problema, Sra. Abrams?

            Os ombros de Santana se retesaram quando ela escutou o sobrenome. A latina virou-se no mesmo momento em que Brittany rompeu o contato visual para conversar com Charlie. A loira tinha um sorriso cansado e falso nos lábios, ela respirou fundo e respondeu educadamente:

            - Desculpe, Sr. Thomas. Eu achei que tinha reconhecido a senhorita ali atrás.

            - Pelo uso do pronome, sabe que ainda não me casei, Brittany. – Santana dissera com o mesmo tom de voz irônico que carregara por tanto tempo, mas que nunca destinara a Brittany. A loira arregalou os olhos, ofendida com o que acabara de escutar. Santana lançou-lhe o melhor sorriso arrogante e cruzou os braços na frente do peito. Típica posição bitch da latina. – Quanto tempo, Sra. Abrams.

            - Olá Santana, não sabia que estava na cidade. – Brittany crispou os lábios ao responder, a insegurança dela em continuar a frase fez com que Santana conseguisse observá-la melhor: Brittany estava com os cabelos mais curtos; as feições estavam mais maduras e tinha algumas marcas de expressão, como aquelas do sorriso e as outras da testa franzida. Carregava um livro infantil debaixo do braço, uma bolsa de couro clara no ombro esquerdo. Santana se surpreendeu ao vê-la usando uma roupa mais confortável, sempre imaginou que Artie fosse retirar toda e qualquer inocência da loira.

            Charlie olhou de uma mulher para a outra, percebeu logo a intensa energia que pairava entre elas. Parecia que aquela situação tinha tanto ou mais palavras não ditas quanto Quinn e Rachel tinha entre elas. Mas, observando melhor, Charlie percebeu que o pêndulo continuava a pender para o lado mais fraco: Santana Lopez, por trás de toda a postura defensiva, tinha os olhos opacos e o sorriso irônico começava a vacilar. Ela sofrera em primeiro lugar e parecia ser a única que continuava a sofrer.

            - Cheguei antes do Natal, abri um escritório. – Santana respondera rudemente, mais para desviar os olhos de Brittany e do que para inclinar-se sobre a bancada dos livros novamente, fingindo-se interessada quando só queria sair correndo dali para chorar. Santana queria saber quando foi que se tornou tão emotiva e quando foi, depois de tanto tempo, que as lágrimas que segurava voltaram aos seus olhos.

            Brittany continuava com aquela expressão assustadoramente realista e quieta. Santana não gostava daquela mulher que estava a sua frente, aquela não era a sua Brittany S. Pierce. Teve ainda mais ódio, Artie conseguira transformá-la em uma mulher comum. A loira respirou fundo e abriu um sorriso contido, daqueles sem dentes que Santana nunca vira na face dela, e respondeu cansada:

            - Bem, meus parabéns. Agora eu tenho que ir, minha filha está ansiosa por esse livro. Até mais, Santana. Foi bom te ver.

            Brittany saiu da livraria como se não existisse nada entre ela e Santana, saiu mais uma vez da vida da latina como se o que houve entre elas não fosse nada além de um bom e velho romance adolescente. Santana apertou as bordas da bancada de livros com força, respirando pesado e crispando os lábios, fazendo de tudo para não chorar. Charlie observou os ombros de Santana caírem e ouviu quando ela fraquejou e chorou baixinho.

            O senhor aproximou-se da latina com passos inseguros e preocupados. Apoiou uma mão no ombro de Santana com gentileza e viu quando o pescoço da latina virou-se rudemente, pronta para ser agressiva com ele. Charlie lhe deu um aperto amigável no peito e um sorriso ameno antes de aconselhar sabiamente:

            - Você está precisando de amigos, Santana. Sabe bem onde deve ir.

            Santana deu um sorriso fraco, deixando sua máscara de força e ódio cair. Apanhou a bolsa e saiu da livraria com passos apressados, secando as lágrimas enquanto caminhava. Charlie sorriu, Santana poderia perder um grande amor... Mas jamais, um amigo.

            - Rachel? Quer que eu comece o jantar? – Quinn perguntou por cima do ombro, saindo do quarto após um bom banho quente. Estava mais relaxada e mais calma, sorriu quando Rachel aproximou-se dela no corredor, toda atrapalhada. A morena tinha algumas partituras em mãos, o cabelo enrolado em um coque mal feito e preso com uma caneta. Não chegou a erguer os olhos das partituras quando dizia:

            - Acho que vou abusar da sua boa vontade, eu ainda sequer decidi sobre a playlist das Regionais e...

            Quinn interrompeu o monólogo com um selar de lábios molhado e carinhoso, Rachel sorriu quando sentiu a boca da loira tomar a sua e largou as partituras para enganchar seus dedos no cabelo loiro e pular no colo de Quinn. Foi a vez da loira rir e entrelaçar as pernas torneadas e morenas em sua cintura, apoiando as mãos nas coxas de Rachel. Quinn girou com as duas no corredor e depois, prensou Rachel na parede antes de dizer rindo:

            - Já aviso que você não vai me fazer tomar mais um banho com você.

            - Por que não? Eu consegui, da última vez. – Rachel murmurou roucamente ao pé do ouvido de Quinn, a ex-cheerio não conseguiu conter o gemido involuntário que saiu de seus lábios quando Rachel arranhou sua nuca levemente. A morena pareceu gostar do que produzira e mordeu o lóbulo de sua orelha. – Acho que você não negaria uma nova passada pelo chuveiro, ainda mais em minha companhia.

            - Você é muito convencida, Berry. – Quinn murmurou entre dentes e contendo um gemido ao sentir as mãos de Rachel deslizarem perigosamente pelo seu abdômen e erguerem levemente a barra de sua blusa. As duas se olhavam com desejo e Rachel parecia desafiá-la a resistir enquanto mordia e arranhava nos lugares certos. Quinn estava quase cedendo quando a campainha tocou. Rachel revirou os olhos e desceu do colo de Quinn antes de soltar um muxoxo e caminhar até o banheiro.

            Quinn riu da meiguice e da infantilidade da namorada e continuou seu caminho até o hall para abrir a porta. Ligou o som baixinho e a música de Van Morrison com “Moodance” preencheu o apartamento. A professora continuou a caminhar preguiçosa até a porta e a abriu com um sorriso que, logo morreu, quando viu quem era.

            Quinn não escutou os chamados de Rachel a perguntarem quem era, pois estava preocupada demais encarando Santana Lopez. Por mais que as duas estivessem brigadas, Quinn não pode deixar de sentir pena da amiga. Santana estava cabisbaixa, apoiada no batente da porta e mexendo nos dedos sem sequer manifestar qualquer surpresa quando a sua melhor amiga abriu a porta. Quinn encostou-se na porta entreaberta e cruzou os braços na frente dos seios, a expressão fechada e o velho orgulho Fabray transbordando em cada partícula de seu corpo. A loira pigarreou e perguntou cansada:

            - O que você está fazendo aqui, Lopez?

            - Posso entrar? – Santana ignorou a pergunta de Quinn e questionou a loira com um pouco de melancolia, antes de erguer os olhos lentamente e Quinn finalmente notar quão abatida a amiga estava. Os olhos escuros de Santana estavam opacos e visivelmente vermelhos, a expressão denunciava que ela chorara por alguns minutos antes de secar as lágrimas e bater em sua porta.

            Mas, principalmente, os olhos de Santana denunciavam que um de seus fantasmas do passado retornara.

            - Quinn, quem está na porta? – Rachel tornou a perguntar, enrolada na toalha e escondida atrás da parede que dava para o corredor. A morena arqueou a sobrancelha quando viu a porta semi-aberta e uma pequena parte do corpo de Quinn, Rachel caminhou rapidamente e escondeu-se atrás da porta. Quinn percebeu sua presença e olhou por cima dos ombros, Santana lhe acenou e Rachel teve pena dela.

            - É apenas Santana. – Quinn respondeu fria, antes de voltar para dentro do apartamento. Rachel realizou um estranho malabarismo para permanecer dentro do apartamento e puxar Santana para dentro, a latina lhe lançou um sorriso triste e agradecido e Rachel voltou-se furiosa para Quinn, a loira a ignorou e Rachel bronqueou:

            - Eu vou tomar banho, acho bom que vocês duas conversem enquanto isso.

            Santana e Quinn não fizeram questão de demonstrarem que iriam cumprir a ordem que Rachel tinha dado a elas. As garotas restantes apenas se olharam brevemente, com um pouco de orgulho nos olhos, antes de desviarem o rosto. Quinn cruzou os braços sobre o peito e caminhou até a poltrona, sentando-se. Santana deu um sorrisinho irônico e perguntou sarcástica:

            - Não vai me convidar para sentar?

            - Acho que depois de tudo que aconteceu, eu deveria te expulsar daqui. – Quinn respondeu áspera, os olhos verdes golpearam Santana com tanta intensidade que a latina finalmente entendeu que não era a única ferida naquela sala. Santana correspondeu ao olhar intimidador de Quinn e bufou, antes de responder:

            - Eu tenho valores, Fabray. Foi você que não os compreendeu e resolveu desaparecer da minha vida.

            - Bons valores, não são? Arriscando sua vida por causa da esposa frustrada do grande sem-vergonha da cidade. – Quinn disparou as palavras antes de pensar nelas por inteiro. Santana olhou enojada para ela e se aproximou a passos duros, segurou o braço de Quinn com força e a puxou para perto. Os olhos escuros focalizaram os verdes com fúria, Santana respirou fundo e estava prestes a contra-atacar quando uma voz fria e decepcionada irrompeu no apartamento:

            - Não julgue Julianne, Q. Ela gosta tanto de Santana como nós.

            Rachel Berry vinha do corredor com uma expressão séria, caminhou até as duas mulheres exaltadas e colocou-se entre elas, empurrando uma para cada lado da sala. Quinn olhou ferida para Rachel, sentindo-se traída enquanto observava a namorada sentar na poltrona, entre ela e Santana que estavam em sofás opostos. A latina arqueou a sobrancelha para a loira e disse:

            - Eu não tenho obrigação nenhuma de justificar meus atos para você, Fabray.

            - Eu sou sua melhor amiga, Lopez... – Quinn murmurou fracamente, sentindo a força desconhecida das palavras de Santana golpearem contra o já fraco muro que ainda sustentava a amizade delas. A latina percebeu que machucara Quinn e tentou se aproximar, mas a loira ergueu os olhos lacrimosos para ela. – Ou pelo menos achei que era. Podia ao menos ter me contado sobre Julianne!

            - Para que? Para você agir exatamente da forma como agiu? Para você me julgar e não me deixar falar? – Santana questionou fora de si e recebendo um olhar repreensivo de Rachel. A latina se levantou e passou a dar voltas pela sala, Quinn abaixou a cabeça e suspirou. – É exatamente assim desde a escola, Quinn. Você me julga e me derruba antes que eu possa me defender, aliás, você é assim com todo mundo! Eu me pergunto o que você vai fazer quando eu contar sobre Brittany!

            O silêncio tomou a sala, pesou entre as mulheres como uma malha morta. Rachel e Quinn se entreolharam preocupadas, as duas escutaram quando Santana se rendeu e as lágrimas caíram. A latina tornou a se jogar na poltrona e soluçou com um pouco de desespero, Rachel foi a primeira a se aproximar e tocar o ombro de Santana, mas Quinn foi a primeira a se manifestar friamente:

            - O que ela fez, S?

            - Eu não vou falar, aparentemente, você não quer saber. – Santana teimou como uma criança, dando um sorriso irônico que fez Quinn revirar os olhos. Rachel mordeu o lábio inferior e saiu dali, alegando que tinha um chá para fazer. Quinn ajoelhou-se em frente a Santana e ergueu a face latina rudemente. Santana olhou para ela, os olhos vermelhos, a expressão derrotada...

            Quinn viu toda a fraqueza que achara nunca existir em Santana Lopez. Sem dizer mais nada, Quinn a puxou para um abraço protetor que logo foi correspondido por Santana. Apertou-a em seus braços, afagou os cabelos e esfregou-lhe as costas com delicadeza, afastou-se brevemente e segurou o rosto da amiga novamente. Santana tentou esconder as lágrimas, mas Quinn as secou e, com a voz firme e forte, justificou-se:

            - Eu quero saber, eu sou a sua melhor amiga e eu prometi que ia te proteger. Lembra? Esqueça os últimos dias, eu continuo sendo a Quinn. E eu não vou deixar que Brittany invada a sua vida novamente para revirar tudo. Eu não te apóio, mas eu estou aqui para secar suas lágrimas.

            Santana soluçou mais uma vez antes de jogar-se nos braços de Quinn e derrubar a amiga no chão. A loira deu uma gargalhada, imersa naqueles cabelos escuros e apertou a amiga em seu corpo. Sentiu-se uma espécie de mãe, mas, principalmente, sentiu-se como se parte de si voltasse ao seu corpo.

            Santana era a sua irmã, não de sangue, mas era.

            Na cozinha, Rachel sorria para a chaleira enquanto voltava a escutar os já costumeiros insultos e apelidos.

###

            - Estou preocupada com Santana. – Rachel anunciou após ajudar Quinn a distribuir os exemplares de “O Grande Gatsby” pelas carteiras da sala de literatura. Quinn, que caminhava ao seu lado e distribuía os livros pela outra fileira, parou abruptamente e arqueou a sobrancelha para a morena. Rachel revirou os olhos e deu de ombros antes de abrir um sorriso. – Eu gosto dela. Apesar dos insultos, apelidos e piadinhas sem graça.

            - Não estou julgando isso... Só acho que você tem que se preocupar com as canções das Regionals... – Quinn murmurou delicadamente, voltando ao trabalho, mas sem deixar de olhar sobre os ombros. Sabia como aquele assunto vinha incomodando Rachel nos últimos dias, mas era a única forma de fugir da conversa sobre Santana.

            Quinn e Santana estavam bem, é claro. Mas como tudo na amizade delas se resumia a complicação, as duas estavam passando um tempo, afastadas, para colocarem os pensamentos em ordem. Ambas decidiram que as lágrimas derrubadas naquele dia eram demonstrações exageradas de emoção, ainda mais para a Ice Queen e a Bitch do McKinley High. Lógico que Rachel não entendia, ela estava entrando agora naquela estranha amizade das duas... Talvez fosse por isso que ficara tão irritada quando Quinn mencionou as Regionals.

            A morena jogou-se em uma carteira e escondeu os rostos nos braços. Respirou fundo e massageou as têmporas, antes do tom de derrota tomar a sua voz:

            - Eu simplesmente não sei o que fazer com eles. Digo, temos músicas boas... Mas nenhuma parece boa o bastante para o New Directions do McKinley High. E se eu falhar?

            Quinn deu um sorriso triste para a namorada e deixou os livros restantes sobre a mesa, depois, aproximou-se devagar e sentou-se na borda da mesa onde Rachel se escondia. A loira beijou o topo da cabeça da morena e afagou-lhe os cabelos enquanto aconselhava gentil:

            - Você não vai falhar, você vai levá-los às Nationals. Você é Rachel Berry, afinal. Vai resolver esse problema e vai transferir um pouco do seu brilho para aqueles meninos...

            Rachel ergueu os olhos castanhos que estava cintilando agora, a morena deu um pequeno sorriso e corou quando Quinn mandou um beijo para ela. Rachel segurou uma das mãos de Quinn entre as suas e acariciou a palma com a ponta dos dedos. Quinn sorria para ela e mexia em seus cabelos quando a porta da sala foi praticamente derrubada, jogando as duas mulheres para extremidades opostas da sala. Quinn apoiou-se em sua mesa e Rachel pareceu muito interessada nos livros que tinha deixado de lado.

            - Miss Berry! – A voz estridente de Claire fez-se ouvir preocupada. Rachel plantou a melhor expressão inocente que achava possuir e olhou para a sua aluna. Claire parecia prestes a um ataque de nervos: os olhos arregalados, a pele pálida e a respiração ofegante denunciavam seu desespero. – Temos um pequeno probleminha na sala do coral!

            - Não me parece tão pequeno assim. – Quinn comentou preocupada, olhando de esguelha para Rachel que parecia impaciente com a sua aluna. Quinn se aproximou-se de Claire e fez sinal para que ela se sentasse, mas a capitã do Glee negou veemente com a cabeça e suplicou impaciente:

            - Miss Berry, a senhorita tem que ir até lá. Arthur está prestes a quebrar tudo, inclusive Christine.

            - Como é que é?! – A voz de Rachel elevou-se algumas oitavas e Quinn mordeu o canto da boca, apreensiva com a mais recente informação recebida. Claire olhou para as duas professoras e fez sinal para que elas a acompanhassem até a sala do coral, Rachel aprumou a postura e saiu caminhando elegantemente, enquanto Quinn encolheu os ombros.

            Já do lado de fora, Claire acelerou alguns passos mais a frente das professoras. Seu rosto virou-se e trazia uma expressão impaciente, a capitã suspirou e ofegante, continuou:

            - Arthur descobriu sobre Christine e o aborto. Chegou esbravejando isso na sala e eu não pude evitar que os demais escutassem. Chris está chorando, Coach Sylvester estava na sala quando Arthur entrou e em meio a gritaria, eu pude escutá-la expulsando Chris do esquadrão.

            Rachel virou-se para compartilhar um olhar de surpresa com Quinn, mas a loira desapareceu pela outra extremidade do corredor assim que escutou as palavras de Claire. Acompanhando a trajetória da loira com o olhar, Rachel notou que ela caminhava até o escritório da Coach Sylvester. A morena mordeu os lábios e assim que virou o corredor que dava para a sala do coral, pode escutar os gritos descontrolados vindos de dentro da sala.

            Claire abriu a porta e Rachel sentiu-se voltando no tempo. Parecia que era a mesma cena de quando Finn ficara sabendo sobre Quinn e Puck. Mas diferentemente de Quinn, Christine estava em pé, sendo apoiada por Mellody e Nancy, suas duas companheiras de esquadrão. Rachel olhou delas para Arthur que estava sendo segurado por Ryan, seu melhor amigo.

            - VOCÊ NÃO PODIA TER FEITO ISSO COMIGO, CHRISTINE! – Arthur esbravejou tão alto que Rachel chegou a tremer diante da dor contida nos olhos do rapaz, algumas lágrimas escorriam pelo seu rosto e Rachel não sabia dizer se era por raiva ou pena. Christine se encolheu e seu totem de força foi quebrado, ela desabou em lágrimas.

            Claire saiu do lado de Rachel e partiu para a briga. A pequena capitã enfiou-se em frente a Christine que arregalou os olhos, Rachel percebeu que o resto do Glee ficou estranhamente desconfortável com aquela atitude. Claire apontou o dedo para Arthur e contra-atacou:

            - Não fale assim com ela, ela não está totalmente recuperada!

            - Você estava nisso também, Claire? – Arthur perguntou incrédulo e com uma nota sarcástica evidente em sua expressão ferida. Rachel engoliu em seco e aprumou-se do melhor jeito que podia para tentar para uma possível expressão. Arthur fez um movimento brusco com os ombros e soltou-se de Ryan, esmurrou as mãos do amigo quando tentaram segurar-lhe de novo. Arthur aproximou-se de Claire ameaçadoramente. – Lógico que você está metida nisso, você sempre quis me separar de Christine!

            - Não me faça rir, Arthur. – Claire retrucou forte, ignorando os burburinhos de fofoca da turma e colocando ainda mais intensidade em sua postura e seu olhar. Arthur recuou enquanto Richard sacava o celular e começava a gravar a briga. Rachel caminhou até o rapaz e tirou o celular de suas mãos, Richard olhou ofendido. – Eu fiz isso por Christine. Ela precisava de ajuda.

            - Ah claro, ajuda para abortar? – Arthur tinha o desgosto carregado em sua voz. Ryan aproximou-se para tentar acalmá-lo e mais uma vez foi repelido, olhou culpado para Rachel que apenas fez sinal para que ele se sentasse. Arthur continuou a encarar Claire, os punhos enormes deles se fecharam em punho e Claire colocou as mãos na cintura. Arthur sorriu maldoso quando notou as lágrimas prestes a cair dos olhos dela. – Você também a levou a clínica de aborto?

            No instante seguinte, a pequena figura de Claire lançou-se sobre Arthur, Ryan conseguiu segurar a garota antes que ela conseguisse arrancar os olhos de Arthur com as próprias mãos. Rachel puxou Claire pela cintura e a colocou sentada na cadeira do pianista, olhou séria para a aluna e fez a mesma lhe encarar enquanto dizia:

            - Nem mais uma palavra, Claire.

            A capitã acenou e observou Arthur levantar-se indignado. Ryan segurou o amigo e com uma força descomunal, o jogou em uma das cadeiras. Rachel parou entre os dois, olhando de um para o outro, decepcionada e envergonhada. Os dois não olhavam para ela. Arthur cruzou os braços na altura do peito e disse:

            - Eu não vou mais fazer um dueto com ela.

            - Grande coisa, Arthur. Eu não quero mesmo escutar sua voz depois de hoje! – Claire respondeu orgulhosa, a expressão fechando-se em uma careta. Rachel arregalou os olhos, o dueto dos dois era a única chance de eles serem vencedores nas Regionals. A treinadora olhou para Christine que abaixou os olhos.

            Rachel ficou no centro da sala, sendo observada por vários adolescente atônitos com as últimas palavras ditas pela dupla de ouro do coral. Todos ali sabiam que um dueto de Claire e Arthur era vitória na certa e agora, com o desentendimento dos dois, o Glee via que o fracasso estava vindo, novamente.

            Rachel suspirou e passou a mão sobre a testa, o silêncio tornava a se fazer presente na sala, exceto pela respiração ofegante de Arthur e os muxoxos de Claire. A treinadora abrira a boca para falar quando Christine pigarreou e disse melancólica:

            - Nós todos sabemos que sem o dueto de Claire e Arthur, vamos perder. Portanto, como eu provoquei a rixa entre eles, peço para me retirar do grupo até as Regionals.

            - Você não vai fazer isso, Chris! – Essa foi Claire praticamente gritando desesperada e saindo de seu “castigo”. A capitã correu até onde Christine estava, mas a ex-cheerio a afastou com um sorriso triste e deu às costas a Mellody e Nancy, saindo da sala. Arthur deu um sorriso irônico e disse:

            - Fugir, típico dela.

            Mais uma vez Claire teve que ser segurada, Mellody e Nancy tiveram um trabalho colossal para agarrar a capitã e acalmá-la. Ryan deu um soco na nuca de Arthur que guinchou ferido. Rachel caminhou decidida até o seu líder masculino e o puxou da cadeira pela gola da camisa, ela encarou os olhos amedrontados do rapaz e disse:

            - Ninguém vai fugir e muito menos sair desse grupo. Vocês são um time e vão ficar juntos até as Regionals, querendo ou não. Se eu tiver que trancá-los aqui para que vocês se resolvam, pode crer que eu farei. Se eu tiver que obrigá-los a ensaiar até que seus corpos implorem perdão, eu também farei. Eu não assumi esse grupo para perder. Eu fiquei 2 anos vivendo a sombra dos outros no meu colegial e não quero que vocês passem pelo mesmo. Estamos entendidos?

            Os alunos pareciam amedrontados demais, ainda mais porque Rachel, com uma força desproporcional ao seu tamanho, jogou Arthur na cadeira com extrema violência. Ninguém lhe respondeu, Rachel respirou fundo e perguntou fria:

            - Estamos entendidos?

            - Sim senhora, Miss Berry. – A afirmação veio em uníssono com altos teores de medo e respeito. Rachel caminhou até o centro da sala e anunciou:

            - Vocês têm dois dias para trazerem Christine de volta para esse grupo. Senão o fizerem, não iremos às Regionals. Eu não vou deixar um membro para trás, não é assim que fazemos no meu New Directions. Por agora, quero que vocês escolham a set list já que o dueto entre o casal pavio curto foi suspenso. Eu vou tomar um ar e quando eu voltar, quero o solo, o número em grupo e o número especial prontos sobre o piano.

            Rachel saiu da sala e bateu a porta quando passou por ela. Os alunos do Glee se entreolharam surpresos e alguns até engoliram em seco. Claire foi a primeira a dar um passo a frente e dizer:

            - O que estamos esperando? Vocês escutaram a Miss Berry!

###


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse foi especial a todos que simpatizavam com Claire e Christine... O que acharam da situação toda entre as duas e o Glee?
Já aviso que a fanfic não vai perder o foco. Ainda é uma Faberry, mas eu precisava aprofundar algumas coisas nesse capítulo para dar continuidade a fanfic.
Sentiram falta da Julianne, Sam e Kurtofsky? Aguardem que o próximo capítulo pode ter eles HASUHAUASHUAHUAS
Reviews hein? Estou com saudades deles *-*
Beijos e até a próxima (: