- Alô? – perguntei com a voz tremula.

- Alice? – um homem perguntou do outro lado da linha.

- Sim, quem é? – perguntei receosa.

- É o Ryan. – o homem disse. Vasculhei minha mente á procura de um rosto conhecido por esse nome, mas não achei ninguém. – Ryan Good! – o homem disse depois de um minuto de silêncio. Ele parecia nervoso e com pressa, ou apenas nervoso, não sei bem... Não era uma coisa ruim, pelo menos nada do que eu imaginei, mas o que Ryan queria comigo, plenas 8h da manhã de um sábado? O medo deu lugar á indignação por ser cedo e curiosidade por ser Ryan ao telefone.

- Oi Ry! Aconteceu alguma coisa com Pattie? – perguntei logo que relacionei uma coisa á outra.

- Não exatamente. – ele disse como se pensasse em como me dizer o que seguiria. – Ela também, mas o principal motivo de eu estar te ligando é o Justin. – ele disse rápido. Demorei um pouco para assimilar todas as palavras, mas quando caiu a ficha, me toquei.

- Justin?! Ah Ryan, desculpe, mas não estou a fim de falar desse idiota. – disse ríspida.

- Não Alice, por favor, você tem que me escutar, é uma coisa que está afetando todos nós, e você provavelmente é a ÚNICA que pode ajudar! – ele disse desesperado. Respirei fundo e tentei me acalmar contando até dez.

- O que aconteceu?- perguntei derrotada.

- É o Justin! Ele está descontrolado desde que você foi embora. Espera ai... – Ryan parou de falar como se refletisse. – Onde você está não tem internet, revista, TV, nada? – ele perguntou chocado e eu fiquei confusa.

- tem, mas por que Ryan?

- Se você estivesse online, você veria com seus próprios olhos tudo o que está acontecendo com Justin... – ele disse debochado.

- Desculpe se eu não fico xeretando a vida do meu ex. – disse sarcástica. Ok, agora me irritei.

- Alice, vou te falar o que aconteceu, mas depois entra na interne e veja com seus próprios olhos. Depois me ligue se disser que pode me ajudar. – pediu ele, mas a ultima parte mais me pareceu que ele implorava por aquilo. – Vou mandar meu número por mensagem. – avisou.

- Tudo bem, mas agora fale! – pedi.

- Ok, mas é melhor sentar porque a história é tensa. – avisou-me.

- Tudo bem, ainda estou na cama. – disse debochada e revirei os olhos.

- Tudo começou quando você foi embora, mas eu só descobri que o motivo era você, ontem, mas enfim, a questão é que á dois dias, Justin tem fugido de casa, saído com os amigos e aprontado muito... – ele explicou, mas eu sabia que tinha mais e minha curiosidade era tanta que eu não queria esperar para descobrir o que era...

- Aprontando o quê, exatamente? – perguntei pedindo mais detalhes daquela história confusa.

[...]

- O QUE? Como Justin foi capaz disso? Como ele chegou á esse ponto? Não é possível. Mas ele será pai, e tem a carreira, os fãs e... E esse menino não pensa nos outros não? Como Pattie deve estar ml... Idiota! – esbravejei assim que Ryan terminou de falar sobre as fotos, as fugidas, as boates, as bebidas e as mulheres... Como pode ser tão idiota? Imbecil!

- Eu sei                 Alice, não foi a melhor atitude dele, mas você tem que entender que ele te amava mesmo... – Ryan disse calmo.

- Como? Ah, esquece! – disse quando percebi que xingar Justin não iria adiantar de nada. – O que você disse sobre você não saber até ontem que a culpa era minha? Quero dizer, como você soube que eu era o motivo disso tudo? – perguntei confusa.

- Ele. Ontem conversamos depois de uma reunião e ele desabafou comigo...

- Ai meu Deus! Esse garoto não tem jeito mesmo... – disse já pensando no que EU poderia fazer para ajuda-lo.

- Agora entende Alice? Talvez se você pedir, ele pare. Ou pelo menos mude um pouco... – disse Ryan pensativo.

- Não sei se só falar adianta... – murmurei cabisbaixa. Justin era teimoso e difícil de convencer...

- Por favor, Alice, nos ajude... – pediu Ryan.

- Tudo bem Ry, vou pensar em algo e te ligo! – disse e desliguei com a cabeça á mil.

Não pensei duas vezes, já peguei o computador de cima da mesinha e liguei-o em meu colo. Parecia que aquela merda não queria ligar e aquilo estava me deixando irritado. Eu batucava os dedos no teclado como se aquilo fosse fazê-lo ficar mais rápido...

Quando apareceu o BEM VINDO, eu já estava mexendo o mouse em direção á internet. Não sabia onde procurar, mas supus que em qualquer lugar teria algo falando sobre. Disparei para o Google e assim que a janela abriu, digitei as palavras rapidamente. “Justin Bieber”. No momento esse nome não me causava repulsa, eu não estava com raiva ou pensando em tudo o que ele me fez, eu só estava tentando ajudar uma pessoa, e mais do que apenas uma, estava ajudando uma família toda... Não estava pensando em Justin, meu ex, estava pensando em Justin, um garoto em apuros que precisa da minha ajuda. O site carregou, e apareceram milhares de links com matérias falando sobre ele. Abri os que mais me chamaram a atenção.

“Justin revelando quem realmente é?”

“Garotinho inocente ou o garanhão não assumido?”

“Fontes próximas afirmam que o cantor, Justin Bieber, não é quem diz ser”

 “A fama subiu á cabeça de mais um”

“Justin Bieber ficando com três mulheres numa mesma noite...”

“Justin Bieber bebe e perde o controle”

Só os títulos já fizeram com que meu coração apertasse. O que ele estava fazendo? Dos seis links, dois eram matérias, dois vídeos e duas fotos.  Coloquei os vídeos para carregar e abri as fotos. Depois leria as matérias. Quando a foto abriu, eu simplesmente choquei. Uma comparava uma foto de Justin sorrindo com os olhos brilhando e todo arrumadinho e a outra o mostrava desarrumado, com um copo de alguma bebida na mão e com os olhos bem fundos. Quer dizer que ele estava assim? E a culpa era minha? A outra foto era uma montagem de Justin com três mulheres diferentes, mas uma foto pior que a outra. Uma ele beijava uma loira, a outra se agarrava com uma ruiva e a terceira era a que ele segurava pela bunda enquanto beijava seu pescoço. Simplesmente vergonhoso... Uma lágrima caiu de meus olhos e eu resolvi abrir a matéria...

‘Fontes próximas ao cantor dizem que ele não é quem diz ser...

“Justin nunca foi santo, nem carinhoso e gentil como as pessoas dizem, mas desde que começou a beber e se drogar, tem ficado pior... Ele chegou até a me ameaçar quando estava sob o efeito de cocaína.” – diz uma amiga que não quer ser identificada. E então Bieber, o que virá a seguir?’

Isso era mentira, Justin pode fazer o que for, mas drogas? Isso é um absurdo! Mas olha á que ponto ele deixou que as coisas chegassem... As pessoas já estão tirando suas próprias conclusões... Estava com medo da outra matéria, mas eu precisava ver.

‘ Assim como muitos outros artistas, Justin Bieber deixou com que a fama lhe subisse á cabeça. O cantor canadense de 17 anos foi flagrado com várias mulheres e bêbado nas últimas madrugadas. Decepção de muitos fãs e com certeza da família, Justin diz só querer se divertir como qualquer outro adolescente... Justin, querido, você não é qualquer adolescente. Você é o cara mais influente do mundo. Esse é o exemplo que você quer dar ás crianças do mundo? É, esse não foi o Justin em quem investimos todo nosso tempo... ’

As lágrimas estavam presas em meus olhos, eu prometi não chorar, mas estava difícil depois de tudo isso. Agora seria a pior parte, os vídeos. Neles, não tem como mentir, e eu não sei se aguentaria vê-lo agir como todas as manchetes estão dizendo...

No primeiro vídeo, “Justin revelando quem realmente é?”, ele aparece bebendo muito e dançando. Ele estava com uma garrafa de vodka na mão e virava-a inteira. Parecia que estava descontando todas suas frustrações ali, naquele momento. Uma garota passou a mão por Justin, e ele sorriu e apertou sua bunda. Eu fiquei simplesmente sem reação. Aquele não era o Justin que eu conhecia... O que eu fiz? Caralho, eu não sirvo nem para deixar alguém... Tinha mais um vídeo, “Justin Bieber bebe e perde o controle”, não sabia o que encontraria nesse, mas meu coração já estava implorando para que eu parasse com a tortura. O vídeo mostrava Justin saindo de uma boate carregado e com uma garrafa a mão. Ele ria descontroladamente e sua roupa estava toda desarrumada.

- JÁ CHEGA! – disse entredentes. Fechei meu computador, sai revoltada da cama e peguei uma roupa qualquer na mala. Eu precisava ir até Justin! Compraria as passagens hoje mesmo para o próximo voo. Não aguentaria mais uma burrada de Justin sabendo que a culpa disso tudo é minha e enquanto ele acaba com sua vida, eu me divirto. Eu tinha de tentar. Eu tinha que arrumar tudo isso. (http://www.polyvore.com/alice/set?id=41466399). Peguei minha bolsa que estava jogada no chão e vi Anna dormindo tranquila. Merda, não posso sair sem Anna...

- Tyler! – lembrei. (n/a: imaginei aquela lâmpada em cima da cabeça dela quando diz o nome dele kk). Deixei meu cabelo solto mesmo, peguei os óculos e fui para o corredor. Parei em frente ao numero do quarto de Tyler. Lembrava-me dele dos dias em que subimos juntos ao elevador... Bati na porta e minutos depois um moreno dos olhos claros, tapou minha visão. Ele estava apenas de boxer, uma boxer vermelha, ainda por cima, seus músculos eram definidos, e meu Deus, me perdi naquele corpo. Ele estava com cara de quem acabou de acordar e...

- Merda! – eu tinha acordado ele...- Me desculpe Tyler, eu não queria te acordar, é que eu já estava acordada e... – me embolei com as palavras.

- Não, tudo bem... – ele disse abrindo mais a porta e abrindo os olhos. Olhe para trás dele e vi a bagunça que estava seu quarto... – Eu já estava acordado mesmo... – ele disse tentando parecer simpático. Fala sério, a cara dele está até amassada e ele vem me dizer que já está acordado? Fala sério, ah, foda-se, agora já estou aqui...

- Ty, preciso que fique com a Anna por um tempinho... É rápido, só que como ela está dormindo, eu não queria acordá-la para sair comigo... – disse e ele sorriu.

- Tudo bem Lice, eu fico com ela, mas só se depois nós sairmos para comer de novo. – ele disse sorridente.

- Tudo bem... – assenti com pressa. Vendo o corpo de Tyler tinha até me esquecido das minhas prioridades do momento. – Obrigada Ty! – sorri e entreguei minhas chaves á ele para que depois pudesse pegar Anna. Sai correndo do hotel e peguei um taxi direto para o aeroporto. Sério, eu tinha de pegar um carro logo...

- Quando sai o próximo voo para Atlanta? – perguntei eufórica para a recepcionista.

- Daqui á 5 dias. – ela disse confirmando em seu computador.

- Merda! Não tem nenhum antes? – perguntei incrédula. Eu precisava de um voo para no máximo até segunda.

- Não senhora. Se quiser, podemos comunica-la sobre o próximo voo. – ela disse toda calma. Ela não entendia que vidas dependiam disso? Fala sério! Tá, exagerei um pouco, mas era urgente poxa.

- Não, obrigada! – disse já me retirando dali.

Eu precisava arrumar um jeito de acalmar a situação, mas como? Sai desesperada procurando um taxi e assim que um parou eu resolvi mudar totalmente minha rota. Primeira parada uma locadora de carros! Fui numa que eu já tinha ouvido falar e disseram que era boa, a Pontual, ficava no bairro Santana, ah e eu nem estava ligando muito para isso, eu só precisava de um carro, dinheiro era o de menos, era só eu tirar da minha conta... Chegando lá, eles pediram meus documentos e como eu não queria um carro muito chique, pedi um Vectra 2.4 mesmo, teria de dar 1150 reais de entrada e depois o mesmo preço por dia que eu usaria o carro. Seria esse mesmo, então entreguei o dinheiro para o homem que me atendia e depois me entregaram as chaves.

Quando entrei no carro, sai em disparada pelas ruas movimentadas de São Paulo. Procurei meu celular na bolsa e já disquei o número de quem eu precisava.

- Henri? – perguntei assim que atenderam.

- Alice? O que aconteceu? – ele perguntou afobado

- Eu preciso de ajuda! – disse séria.