Capítulo 35 – Could you say goodbye to yesterday?

POV Sara

Dois anos depois

-Andrew, não faça isso na sua irmã. – Chamei a atenção de meu filho, que batia suas gordinhas mãozinhas no bracinho de Alícia. Klaus riu e lhe enviei um olhar fulminante.

-Desculpe. – Ele pediu segurando seu riso e não consegui controlar um sorriso.

Estávamos sentados no jardim de nossa nova casa. Após dois anos insistindo, eu cedi em mudar da casa de meu pai, o que o deixou magoado, mas ele entendia que agora eu tinha uma família e era preciso termos um lar. Klaus disse que poderíamos morar onde eu quisesse, mas não havia nenhum sentido mudar de Mystic Falls. Essa cidade sempre será minha casa. Era começo de primavera e as habtuias flores cresciam, tirando a acizentada onda de inverno. Me sentei ao lado de meu marido, brincando com nossos filhos.

Alícia usava um pequeno short jeans, deixando suas coxas de bebê à mostra. Sua camiseta alaranjada me lembrava um doce pôr-do-sol. Aqueles que Klaus fazia questão de sentarmos e assistirmos todos os dias.

Sorri ao limpar as gorduxas bochechas de Andrew.  Elas estavam sempre sujas de terra.

-Ola lá papai. – Alícia disse, enroscando-se no colo de Klaus.

-É a titia Elena e o titio Damon. – Klaus disse ao ver nossos amigos saindo do carro.

-Padinho! Madinha! – Andrew gritou, tropeçando em seus pezinhos até chegar no colo de  Damon, que o pegou em um pulo.

-Você está cada dia mais rápido muleque! – Damon disse ao dar um beijo na testa de meu filho. Andrew passou para o colo de Elena, dando-lhe um forte abraço.

-Como está meu afilhado hoje? – Ela perguntou arrumando os loiros caichos dele.

-Muto bem. – Ele respondeu. Fazia pouco tempo desde que meus filhos começaram a falar e a errada pronúncia nos fazia rir. Elena o colocou no chão, indo em direção de Alícia, que ria das cócegas de Damon em sua barriguinha.

-Chegamos! – Caroline disse animada. Tyler segurava o pequeno Jason no colo, em um abraço protetor, como o de Klaus com nossos filhos.

-Está tudo bem? – Perguntei levantando-me.

-Sim. – Caroline respondeu pegando seu filho no colo. – A adaptação está sendo fácil.

-Tivemos muita sorte de conseguir adotá-lo. – Tyler continuou acariciando os escuros cabelos de Jason. Era estranhamente lindo como o pequeno bebê me lembrava Tyler e alguns traços de Caroline, mesmo a biologia gritar que isso fosse tecnicamente impossível. Mas o que é biologia comparado ao amor?

Poucos minutos depois todos os outros chegaram: Bonnie, Jeremy, Stefan, Katherine, Rebekah, Elijah, Matt, Liam, Alaric e sua nova namorada, para a surpresa de todos, Lauren.

-Tem algum motivo especial para nos chamarem aqui? – Stefan perguntou ao ajeitar Alícia em seu colo.

-Não que precisamos de nenhum motivo para querer que estejam aqui… - Klaus começou e sorrisos surgiram em todos os rostos presentes. – Mas há sim.

-O que aconteceu? Alguém veio tentar algo contra os gêmeos de novo? – Rebekah perguntou alfita. – Me fala quem é, e eu…

-Bekah. – Klaus disse suavemente, relaxando-a. – Não é nada com os gêmeos.

-É sim. – Corrigi. – O que estou disposta a fazer é para reforçar a segurança.

-O que vocês querem dizer? – Elena perguntou confusa.

-Já se passaram dois anos e o medo de que alguém faça algo com eles nunca nos deixou. – Klaus disse segurando gentilmente minha mão. – Então mesmo contra minha vontade, pois não acho que é necessário, pelo menos não agora…

-Eu vou me transformar. – Completei, indo direto ao foco. Alguns rostos eram surpresos, outros não. Após minha união a Klaus, todos sabiam que era uma questão de tempo até a decisão ser tomada, a única coisa era que ninguém sabia quando isso iria acontecer.

-Você tem certeza? – Caroline perguntou.

-Tenho. – Respondi firmemente. – Já terminamos o colégio o que facilita, já que eu posso ficar em casa até me acostumar com a nova vida.

-Não é assim tão fácil. – Damon disse olhando para Stefan e eu sabia o quanto perturbador aquela época fora para os dois.

-Eu sei. – Respondi sentindo meu coração apertar. – Eu sei que se for preciso ficarei algum tempo longe de meus filhos. – Engoli em seco o pensamento de permanecer longe deles e o aperto de Klaus se intensificou. – Mas tenho que fazer.

-E quem vai te matar? – Matt perguntou indelicadamente e  de tão patético que foi sua pergunta, comecei a rir. Todos olharam para Klaus.

-Nem pensem em uma coisa dessa. – Ele retrucou. – Eu não tenho coragem.

-Mas amor, eu vou voltar. – Respondi acariciando seu lindo rosto.

-Não importa. – Ele respondeu. – Eu não consigo te matar de forma nenhuma.

-Eu faço. – Liam, que permanecia calado, disse. Sentado ao lado de sua namorada, Rebekah, seus olhos azuis escuros fitaram os meus por longos segundos e sorri agradecendo.

-Você tem coragem? – Jeremy perguntou perplexo.

-Você vai matá-la. – Alaric completou.

-Não… - Liam começou trazendo seus olhos novamente aos meus. – Eu vou levá-la a uma nova vida.

[…]

-Você tem certeza disso? – Elena perguntou assim que ficamos à sós. – E quero dizer, está ótimo como está e…

-Hey, vai ficar tudo bem. – Respondi dando-lhe um forte abraço. – Vou ser a mesma, só um pouco mais forte que você, franguinha.

-Cala a boca. – Ela disse ao me dar um leve soco no braço. Não segurei meu riso.

-Pensei que essa ideia já estava clara para todos. – Falei voltando a seriedade. – Todos sabíam que um dia isso aconteceria.

-Um dia. – Ela repetiu balançando a cabeça levemente. – Mas não agora, tão cedo.

-Eu já tenho vinte anos. Nós já temos vinte anos. Meus filhos cresceram. Tivemos dois anos para nos acostumar.- Continueie. – Quando imaginou que isso iria acontecer?

-Não sei. – Ela confessou segurando uma lágrima. – Só pensei que teria mais tempo para mim.

-Mais tempo para você? – Perguntei confusa. – Elena, sou eu que vou me transformar e eu nunca, em dia nenhum na eternidade deixaria você.

-Não é isso que estou falando. – Ela respondeu diminuindo o tom de sua voz.

-Então o que é? – Perguntei.

-Eu sinto como se eu fosse ficar para trás. – Ela disse respirando fundo. – Eu serei a única a envelhecer entre vocês? Vocês estarão lindos com vinte anos e eu estarei com sessenta?

-Elê, mas Bonnie, Jeremy, Alaric, Matt continuam humanos.

-Bonnie e Jeremy envelhecerão juntos. Matt encontrará alguma boa garota. Uma que passe a vida com ele. Alaric…eu o ouvi falar com Damon outro dia. Ele está pensando seriamente em se transformar em pouco tempo. Por Lauren.– Elena soltou um fraco arfar. – Eu amo Damon e quero passar minha vida com ele, mas não sinto preparada para isso. Não quero me transformar em vampira. Pelo menos não agora. Eu tinha você como humana. Uma humana em um relacionamento com um imortal. Você era meu apoio…e agora você se transformará em vampira.

-Elê, eu tenho certeza que Damon jamais te precionará pra nada. – Comecei procurando minhas palavras. Eu jamais havia pensado dessa maneira. Que algum dia teria que ver meus amigos envelhecerem, ver meus amigos morrerem.

-Eu sei disso. – Ela respondeu colocando a mão na testa. – Só que nós sabemos que daqui a vinte anos já estarei acabada e ele não vai querer continuar comigo. Eu vou me transformar, algum dia. Talvez daqui a seis meses. Talvez daqui a cinco anos. Mas não agora. Agora quero pensar na faculdade de escritora que eu e minha mãe sempre falamos. Me formar e ter Damon ao meu lado.

-Você sempre me terá ao seu lado. – Uma voz surgiu por trás das costas de Elena e não segurei o sorriso. Damon se aproximou dela, levando seu corpo ao de Elena. – Eu jamais irei te prescionar. Eu te amo como humana e certeza que um dia te amarei como vampira. Minha Elena.

Elena levou seus lábios aos de Damon e eu vi sua face relaxar com as palavras dele. Um sentimento que apenas um ser conseguia causar em mim. Fui até meu marido, enroscando-me em seu corpo, sentindo seu doce aroma.

-Eu te amo tanto. – Sussurrei deslizando minhas mãos por sua coluna.

-Eu te amo mais. – Ele respondeu dando-me um beijo na testa. Era isso. Mais do que nunca, que tinha certeza do que queria. Teriam consequências pelo caminho mas não havia nada no mundo que eu quisesse mais do que passar a eternidade ao lado do ex -sádico híbrido que me causou tanto.

-Amanhã você terá uma esposa vampira. – Falei rindo.

-Vou sentir falta da minha esposa humana salvação. – Ele respondeu trazendo-me ainda mais perto.

-Ela não vai a lugar algum. Sempre estará aqui. Com você. Com nossos filhos. – Respondi entrelaçando meus dedos entre seus loiros caichos, iguais aos de Andrew.

-Bom. – Ele disse e senti sua quente respiração no topo de minha cabeça. – Pois eu não conseguiria viver sem ela.

[…]

Um dia depois

-Está tudo bem por aí? – Matt perguntou estralando seus dedo no meu rosto, tirando-me de minha transe. Olhei para meu amigo, que segurava Alícia  no colo e arrumava Andrew no cadeirão da cozinha.

-Está sim, Matt. – Respondi sorrindo levemente. – Obrigada por ficar com eles esse tempo.

-Sem problemas. – Ele respondeu dando um beijo em meu filhos, que soltaram sua gargalhada contagiante. – Meu turno no Grill só começa daqui duas horas.

-Cheguei! – A voz de Liam ecoou pela casa e rapidamente ele apareceu na cozinha, cumprimentando Matt e brincando com os gêmeos.

-Oi Liam. – Respondi prendendo minha respiração. Ele riu ao ver minha reação.

-Calma Sa. – Ele pediu abraçando-me pelo pescoço. – Eu só vou te matar se você pedir.

-Eu sei, eu sei. – Respondi rindo de nervoso. Liam olhou em volta, procurando algo, alguém.

-Onde está Klaus? – Ele perguntou pegando um copo d’água.

-Saiu, mas logo chega. – Respondi ajudando Matt a preparar a mamadeira dos gêmeos.

-Você prefere fazer agora ou… - Liam começou. – Eu quero dizer, se você não quiser…

-Eu quero. – Respondi mantendo minha voz equilibrada. – Mas prefiro esperar até que ele chegue.

[…]

Uma hora e meia depois

Ouvimos fortes passadas até a porta e em segundos a porta se abriu, entrando Elena e Stefan junto a Klaus.

-Oi amor. – Falei sorrindo ao andar em sua direção.

-Oi amor. – Ele respondeu e eu senti seu nervosismo entre suas palavras.

-Já estão dormindo. – Matt disse ao descer as escadas.

-Você sabe que não precisa ser babá deles, Matt. – Falei gentilmente. – Só seja o bom tio que já é.

-Não vejo problema nenhum. – Ele respondeu dando de ombros. – Eu sou um bom tio.

-É sim. – Concordei sorrindo e sem hesitar, ele veio ao meu encontro, dando-me um abraço apertado, mas ao mesmo tempo carinhoso. Um abraço de Matt Donovan.

-Eu tenho que ir trabalhar. – Ele disse afastando-se lentamente.

-Sem problemas. – Respondi sorrindo verdadeiramente. – Obrigada amigo.

-Boa sorte. – Ele disse segurando sua alfição. – Por favor, tome cuidado.

-Eu vou ficar bem. – Respondi puxando-o para mais um abraço.

-Não me mate quando eu voltar, está bem? – Ele pediu em uma tentativa frustrada de quebrar o clima. Não segurei o riso.

-Está bem. Eu prometo. – Respondi deixando-o ir. As palavras e despedidas me assustavam. Eu não iria a lugar algum. Eu continuaria sendo Sara Murray. A salvação que se apaixonou pelo híbrido o qual deveria matar permanecia nesse mundo. Não permaneceria?