Capítulo 19 - Poison kisses in the rain

POV Sara

Quatro dias para o casamento.

–Vocês estão tão lindas! – Caroline exclamou animada ao nos ver dentro de nossos vestidos. O vestido nude frente única drapeado no busto, ficava maravilhoso na morena e perfeita pele de Bonnie, que sorria ao girar levemente sua cauda.

Levei meus olhos a Elena, que deixava qualquer modelo no chão ao usar seu tomara que cai vermelho com cauda de sereia, ajustado a cada curva de seu magro corpo.

Virei meus olhos ao espelho, encarando minha estranha figura. Meu vestido azul marinho de um ombro só, destacava-se em minha pálida pele. Sua cauda solta, balançava graciosamente aos meus movimentos.

–Será tudo perfeito. – Sra. Forbes disse ao entrar nos provadores. – E sim, estão lindas!

–Obrigada! – Nós três respondemos educadamente.

–Agora é sua vez, meu amor. – Ela disse ao olhar a filha. – Precismos ver como essa noiva irá ficar daqui quatro dias.

[…]

Terminadas as provas dos vestidos, entrei em meu carro e apoiei minha cabeça no encosto do banco. Precisava de um tempo. Estava tão feliz por Caroline e Tyler, mas não conseguia permanecer animada o tempo todo. Falta algo. Eu sabia o que faltava. Faltava ele.

Soquei brutalmente o volante, fazendo a buzina disparar e algumas reprimidas lágrimas escorreram por meu rosto.

–Por que fez isso comigo? – Sussurrei sentindo cada pedaço de meu coração dilacerar. Suas mentiras me machucavam, quebravam cada confiança que relutando com minha mente, meu coração construiu.

Como não mencionou as ameaças de Benjamin? Como ocultou o fato que para me salvar mataria minha melhor amiga?

Desde o Natal, eu não tinha notícias dele e por mais que relutasse, a procupação se aquele cretino estava bem me matava. Mesmo que ele não tivesse o interesse de saber seu eu estava.

Peguei meu celular e percebi uma chamada a qual eu não havia atendido. Um número desconhecido. Sem hesitar, enxuguei minhas lágrimas e liguei, esperando o telefone chamar, mas ninguém atendia.

Pulei ao um bater na janela do carro.

–Liam. – Disse acalmando meu coração. – Não faça isso. Meu coração é fraco.

–Seu coração é forte. – Ele respondeu sorrindo ao entrar no carro. – Mas de qualquer forma, me desculpe.

–Está tudo bem. – Respondi gentilmente. – O que está fazendo?

–Perambulando. – Ele disse dando de ombros. – No quê estava tão concentrada antes do susto?

–Encontrei um número em meu celular e queria saber quem era, mas ninguém atende. – Respondi decepcionada.

–Não deve ser ninguém importante. Se não teria ligado novamente. – Ele respondeu indiferente.

–É, acho que tem razão. – Forcei um sorriso e ele pareceu não perceber minha farsa. Ninguém podia me ver nesse estado. Guardei meu celular e por mais que quisesse seguir as palavras de Liam, algo me dizia que era alguém importante. Importante demais.

POV Klaus

Meu coração parou ao ver um familiar número chamar na tela de meu temporário celular. Ela estava me ligando. Bastava apertar um botão e eu ouvira a voz que me mantinha longe da realidade. Mas como ela dizia, a covardia me dominava quando se tratava dela. Fechei minhas mãos com força ao imaginar a raiva que ela sentiria de mim no momento por esconder a verdade. Esconder que ela e sua melhor amiga corriam risco de vida e que eu não hesitaria ao matar Elena. Ela me odiaria. Talvez a desconhecida mulher que matara no beco há alguns dias tinha razão. Ela não poderia me amar. E se um dia o fez, não fazia mais.

–AAAA! – Gritei furioso jogando longe a mesa ao meu lado. Deixei minhas pernas cederem, caindo brutalmente no chão.

POV Stefan

–Klaus? – Perguntei entrando na antiga casa que tomamos posse. Meus olhos foram ao seu corpo jogado ao lado de garrafas de álcool.

–Oi Stef… - Ele respondeu grogue.

–Está bêbado. Ótimo. – Bufei levantando- o.

–ME DEIXA EM PAZ! – Ele gritou puxando seu braço para fora de meu alcance, fazendo-me bater a cabeça fortemente. Sem hesitar, virou a garrafa de vodka.

–O que te aconteceu? – Perguntei imaginando a resposta. – Foi ela, certo?

–Sempre…sempre é ela. – Klaus fechou os olhos e se não estivesse tonto pela batida em minha cabeça, podia jurar ter visto uma rara lágrima escorrer por seu pálido rosto. Me sentei ao seu lado e comecei a beber, sem dizer mais nenhuma palavra. Por mais que tentasse, por mais que fosse quem era, quando se tratava de Sara, Klaus era apenas um garoto apaixonado.

POV Damon

–Como assim Katherine? – Perguntei incrédulo encarando Bonnie. – Essa vadia está sempre no meio de tudo.

–Sim. – Ela respondeu bufando.

–Como faremos para trazê-la? – Elena perguntou fitando Bonnie confusa.

–Ontem quando conectei nossas mentes eu…eu disse que Stefan precisava de sua ajuda. – Ela respondeu envergonhada.

–O quê? – Perguntei levando meus olhos a Elena, que se encolheu ao ouvir o nome de meu irmão.

–Eu imaginei que se mencionasse Stefan ela viria. – Engoli em seco em pensar como Katherine reagiria ao descobrir que era Elena quem iria ajudar. – Me desculpe.

–Está tudo bem, Bo. – Elena respondeu confiante. – A atrairemos até aqui e depois resolvemos o resto.

–Mas será que ela realmente virá? – Caroline, que permanecia calada ao lado de Tyler no sofá, perguntou.

–Sim, ela virá. – Respondi irritado. Puxei Elena para perto de mim. Não sabia se mais alguém havia percebido sua reação ao nome de Stefan. – Te amo. – Sussurrei em seu ouvido e vi Caroline sorrir abobalhada ao ouvir tudo.

–Também. – Ela respondeu segurando firmemente minha mão. Enterrei meu rosto eu seu cabelo, sentindo seu maravilhoso perfume fluir por meu corpo.

[…]

–Hey Jer. – Disse sentando no sofá ao lado de meu cunhado.

–E aí, cara. – Ele respondeu simpaticamente.

–Sabe onde está sua irmã? – Perguntei mudando frenéticamente os canais na televisão.

–Saiu com Caroline. Disse que voltava logo, mas até agora…- Ele respondeu dando de ombros. – Estou esperando para irmos embora. Passamos muito tempo aqui em sua casa.

–Fiquem o quanto precisar. – Respondi gentilmente e Jeremy assentiu, prestando a atenção no que passava pela tv.

[…]

–Amor! – Elena gritou caminhando em nossa direção. Suas passadas eram cofiantes e sexy e seu quadril rebolava demais. Ela queria me seduzir ao balançar algumas sacolas da Victoria's Secrets. Os olhos de Jeremy se arregalaram.

–Aa, que nojo Elena. Não comigo ao lado. – Ele disse emburrado e ela simplismente sorriu para mim, ignorando seu irmão. Nada sério ainda havia ocorrido entre nós. Eu nunca quis apressá-la, mas ao que parecia, não demoraria.

–Oi minha angel. – Disse imaginando minha perfeita Elena com sua nova langerie. Seus lábios vieram aos meus fogosamente. Sua língua traçava a minha com desejo. Elena não era assim. Em um segundo encostei seu corpo na parede com força, fazendo seus ossos estralarem.

–DAMON! – Jeremy gritou assustado.

–Sabia que você viria, vadia. – Disse fitando aqueles olhos perversos.

–Sentiu minha falta, gostoso? – Katherine perguntou deixando o mais demoníaco sorriso surgir em seus lábios.

–Katherine? – Jeremy perguntou retoricamente levantando-se do sofá.

–A própria, e é incrível como consigo enganar a todos fingindo ser Elena. – Ela respondeu com orgulho. – Mas então…o que querem de mim?

–Stefan… - Comecei.

–Poupe-me de suas mentiras, Damon. – Sua voz saiu com puro desaforo. – Eu sempre soube que não era Stefan que precisava de mim.

–Então por que veio? – Perguntei erguendo minhas sombrancelhas.

–Porque não há algo mais prazeroso que vocês implorarem por minha ajuda. – Rapidamente, Katherine estava ao lado da adega, servindo-se com o mais caro uísque. – Se importa?

–Na verdade, sim. Devolva meu uísque. – Respondi grosseiramente e ela sorriu, virando a bebida.

–Não me leve tão a sério, querido. – Ela disse indiferente. – Agora me conte o que quer.

–Klaus disse que você possui o que precisamos para matar Benjamin. – Falei sem rodeios e ela pareceu não se impressionar.

–Verdade, eu tenho. Metade. – Ela respondeu e pela primeira vez, sua voz era sincera.

–Como assim metade? – Jeremy perguntou confuso.

–E o motivo de quererem matar Benjamin é…? –Ela disse, ignorando a pergunta de Jeremy.

–Ele ameça a vida de Elena. E de Sara. – Respondi encolhendo com a ideia.

–Claro, a pobre Elena está em perigo, e dessa vez leva a amiga junto. – Ela disse em tom de zombaria. – O que fez vocês serem tão inocentes ao ponto de achar que eu ajudaria salvá-la?

–Klaus. – Jeremy disse confiante o que chamou a atenção da vampira que mantinha seus olhos em mim.

–Me desculpe, acho que não entendi. – Ela respondeu perplexa.

–Aa, você entendeu. – Ele respondeu carrancudo.

–Klaus ainda quer a sua morte. – Falei aproximando-me. – E se recusar a salvar Sara, meu bem, você está morta.

–Ele não me achará. – Ela respondeu lembrando-nos de seu brilhante talento em se esconder.

–Ele achará. Acredite querida, e quando achar, sua morte vai ser longa e dolorosa. – Alertei pegando o copo de sua mão e enchendo-o com mais bebida.

–Está bem. Vocês venceram. – Ela respondeu bufando de raiva. – Mas eu quero uma garantia.

–Claro que quer. – Disse mostrando minha falta de surpresa.

–Entrego o que tenho e me deixarão em paz. – Sua voz saiu firme.

–Fechado. – Respondi dando um meio sorriso.

–Mas como terei certeza que Klaus não irá atrás de mim? – O medo a abalou, mostrando-me seu lado frágil.

–Ele não irá. – Sara disse ao entrar com Liam na sala. – Eu garanto que ele não irá.

–Está bem. – Katherine respondeu deixando sua respiração pesar.

–Agora me diga o que precisamos. – Ordenei com pouca paciência. –É uma estaca?

–Uma adaga. Uma especial. – Ela respondeu sentando-se no sofá.

–A mesma que usamos para matar originais? – Liam, que permanecia calado, perguntou.

–E você quem é? – Katherine perguntou indiferente.

–Liam. Está conosco. – Sara respondeu.

–Prazer, Liam. – A malícia brilhou em seus olhos, mas ele pareceu não se importar.

–Katherine, foco. – Jeremy disse irritado. – É uma adaga igual a de um original?

–Não. Essa adaga foi dividida ao meio pelo próprio Benjamin e eu tenho metade dela. – Ela declarou. – Quando forem matá-lo, o sangue de quem ameaça deve ser inserido dentro dela.

–O quê? – Perguntei incrédulo. – O sangue de Elena deve ser colocado dentro da adaga?

–Junto com o de Sara. – Katherine respondeu fitando Sara, que permanecia intácta. – Ou não adiantará nada enterrar em seu coração.

–Por que todo esse procedimento? Benjamin não é apenas um vampiro? – Jeremy perguntou coçando levemente a cabeça.

–Era. – Com dois pequenos e cuidadosos passos, aproximou-se de Sara, mexendo levemente em seus castanhos cabelos. Liam enrijeceu ao seu lado. – Mas sabem como são as bruxas, adoram inventar algo novo…então Benjamin fez uma barreira em volta de sua aura.

–Com a aura protegida, sua alma permanece intácta. – Terminei captando toda a história. – Não podemos tocá-la normalmente, precisamos de algo que corrompa sua aura. Como ameaçar duas inocentes.

–Olha só quem está aprendendo a pensar. – Ela zombou com seu melhor sorriso.

–Cale a boca. – Ordenei e com desdém seus olhos foram a Sara.

–Onde está a outra metade, Katherine? – Ela perguntou seriamente.

–Aí está o problema. Eu não sei. – Ela respondeu virando-se novamente para mim e sem hesitar, Sara agarrou seu braço, fazendo-a voltar.

–Está mentindo. – Sara disse nervosa. – Nos diga onde está.

–Cuidado com as palavras, querida. – Katherine rosnou soltando-se do aperto. Não havia nada que odiasse mais que alguém pressionando-a. Liam fechou suas mãos com força, ele iria atacá-la se fizesse um movimento em vão.

–Katherine, diga de uma vez. – Me intrometi colocando-me entre eles.

–Mesmo se contar, não sobreviverão. – Ela disse e consegui ver algo parecido com preocupação vazar por suas palavras.

–Não finja que se importa. – A testei, fazendo-a engolir em seco. – Apenas diga onde está a outra metade.

–Guardada com a família de Benjamin, e quando digo isso, quero dizer com os Originais. – Sara cambaleou alguns passos e senti minha espinha congelar.

–Como assim ‘com os originais’? – Liam perguntou assustado.

–Vocês não sabiam que Benjamin era um original? – Katherine perguntou ironicamente. – Como pretendiam enfrentar alguém que não conhecem? Queridos, vocês tem tanto a aprender.

–Ótimo, como se já não tivessemos problemas o suficiente. – Rosnei batendo minha mão brutalmente na parede. Meus olhos foram a Katherine que permanecia calado com os braços cruzados. – Precisa nos ajudar. Você sabe com quem estamos lidando.

–Não. Minha parte acaba aqui. Não quero ser morta pelos Originais. – Ela rebateu na defensiva.

–Vamos lá Kath, nós dois sabemos que quanto maior for o perigo, mais vontade terá de ser meter. – Respondi tentando convencê-la e ela ergueu sua sombrancelha.

–Me dê uma garrafa de vodka e conversaremos sobre o assunto. – Sua voz saiu sedutora, como de costume. Sara, pela primeira vez, sorriu.

[…]

POV Stefan

Estávamos jogados feito dois mendigos pelo chão da sala, com as garrafas vazias nos rodeando. Ouvi o celular de Klaus vibrar e sem hesitar, atendi.

–Alô? – Perguntei ouvindo uma alta respiração do outro lado da linha.

–Stefan. – Bonnie disse e senti meu coração apertar ao ouvir a voz de minha amiga.

–Oi Bonnie. – Respondi sentindo a bebida subir e misturar em minha cabeça.

–Onde está Klaus? Preciso falar com ele. – Ela perguntou indo direto ao ponto.

–Está bem aqui, mas não acho que está bem para conversar. – Respondi sinceramente.

–Então diga que já conseguimos Katherine. – Ela disse firmemente. – Venham para cá o mais rápido possível.

–Ok. Até mais, Bonnie. – Sussurrei sereno.

–Até.

Desliguei o celular e virei meus olhos a figura de Klaus, ainda jogada pelo chão.

–Katherine já está em Mystic Falls e Bonnie pediu para que fossemos para lá o mais rápido possível. – Disse tirando a garrafa de sua mão.

–Não me interessa. Não é problema meu. – Ele respondeu carrancudo.

–Klaus não tente me enganar. – Respondi firmemente. – Pode estar magoado, mas não vai deixar ela morrer.

–Não estou magoado, estou irritado. – Ele rebateu, não adimitindo seu ponto fraco.

–Claro. – Falei com desaforo mas ele pareceu não se importar. Estava bêbado demais para isso. Sabia que qualquer discussão com ele nesse estado seria uma perda de tempo. Me levantei e comecei arrumar nossas coisas. Mais uma vez, iríamos à cidade que tirava qualquer sanidade restante em nossas confusas e perturbadas mentes.