Superfreddie escrita por Beto El


Capítulo 21
A Ameaça do Homem-Hídrico - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Em homenagem ao meu camarada Spider Green, coloco na fic um dos vilões mais rrrredículos do Aranha, o Homem-Hídrico. Mas ele vai ter o porquê na fic... a primeira dor de cabeça vinda da NevelCorp, de muitas...



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Novembro de 2015

Morris Bench, um preguiçoso faxineiro trabalhando como terceirizado em um dos prédios da NevelCorp, está ‘dando um tempo’ no serviço, navegando na internet em um dos computadores do laboratório da corporação. Algum tal Banner havia descuidadamente deixado ligado seu terminal, possibilitando ao homem navegar em sites pornográficos (os que não estavam bloqueados) durantes horas a fio. Não há viva alma nas proximidades, e o faxineiro sabe que dificilmente será pego.

As longas horas de vadiagem deixaram o homem no meio dos seus quarentas anos esperto. Ele ouve passos vindos do corredor, desliga o monitor, pega sua vassoura e finge estar limpando o chão.

“E aí, Morrie, tudo bom?”, diz um grande homem negro, o segurança do turno noturno.

“Opa, Wallace...”, ele responde, apoiando seu braço na vassoura, e acenando para o outro homem.

Morris ouve o segurança andar para longe, para de trabalhar novamente e começa a reparar nos aparatos do laboratório que estão logo à sua frente, ficando curioso. Havia tubos de ensaio com cores diferentes e bonitas, deixando o homem maravilhado e intrigado com o destino daquelas engenhocas. Em sua volta, máquinas complicadas com mostradores incompreensíveis para leigos, compartimentos computadorizados, gaiolas de cobaias, e um cofre computadorizado.

O faxineiro nem fazia ideia do que era realizado naquele laboratório. E certamente não fazia noção de que o intuito daquela equipe de cientistas era criar um super-humano.

Morris pega um pequeno tubo de ensaio com um líquido reluzente azul claro, uma das coisas que mais chamaram sua atenção na mesa. Com o aparato entre seus dedos, ele olha através dele em direção à parca luz noturna do laboratório; um leve descuido faz com que o tubo caia na mesa, quebrando-se e espalhando o líquido reluzente.

Desesperado, o faxineiro nem se preocupa com a possibilidade de o líquido lhe fazer mal, tentando quase que inutilmente limpar com sua própria mão o conteúdo despejado sobre a mesa. Ele recolhe os cacos gerados e passa um pano sobre a mesa, secando-a.

Ele coloca outro tubo de ensaio no lugar daquele avariado, e torce para que ninguém percebesse o estrago, ou, ao menos, que ninguém soubesse que ele estivera ali. Morris recolhe suas coisas e leva seu carrinho para o corredor, para continuar fingindo que trabalha.

Horas mais tarde, Morris está no metrô, rumo ao seu apartamento em uma zona pobre de Seattle. Ele não se sente muito bem, está com uma dor de cabeça forte e com enjoos, e o homem se questiona o que pode ter comido para lhe fazer mal.

Morris entra em sua acanhada kitinete, baixando sua cama embutida na parede, puxando um cobertor e se deitando encolhido, pois começara a sentir frio. Estava sem vontade alguma de fazer um desjejum, decidindo dormir direto.

O sono não tarda a chegar, mas é extremamente agitado, com Morris sonhando estar em uma canoa no meio do oceano, justamente durante uma tempestade. Uma onda gigantesca vira a pequena embarcação, atirando o homem em alto-mar, mas, ao invés de morrer afogado, parece que a água se mistura a ele, fazendo-o sentir-se revigorado.

Morris levanta-se de sobressalto. Ele põe a mão no lençol que cobre o colchão, bem como nas cobertas, toda a roupa de cama estava molhada. O homem se envergonha, há anos ele não urinava dormindo.

Entretanto, não era urina que umedecia a roupa de cama. Morris olha para sua mãos e vê que ambas estão se liquefazendo, seu corpo inteiro estava, na verdade. Assustado, ele tenta se levantar da cama, mas cai ao sentir suas pernas se transformando em água. Morris pensa estar morrendo, enquanto seu corpo inteiro se liquefaz no chão.

Mas, ao contrário do que pensa, sua consciência continua, apesar da forma líquida esparramada por todo o chão da sua kitinete. Morris em princípio se pergunta se ele ficará assim, mas em poucos minutos ele consegue ao menos se mover.

Mais algumas horas e ele aprende a se tornar sólido novamente.

Ele ganhara o poder de se tornar líquido e absorver água, aumentando sua massa. E não só isso, ele aparentava ter ficado muito mais forte.

Morris olha ao redor da modesta kitinete. Um sorriso diabólico brota em sua boca.

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Era um dia de trabalho normal para Dante Williams, segurança privado do banco Federal Economy: pessoas indo e vindo, algumas brigas de consumidores com os atendentes que trabalham no caixa, crianças fazendo birra para suas mães, idosos reclamando da vida, enfim, nada fora do comum para o experiente profissional.

Por um momento, Dante repara em um homem com um sobretudo, muito estranho. Ele vê tantas pessoas estranhas por dia... mas considera de bom tom manter o olho nesse. Instintivamente, o segurança desabotoa o coldre que carrega seu revólver, deixando sua mão direita próxima à arma.

“Todo mundo fica calmo e me passa o dinheiro!”, gritou aquele homem, confirmando a desconfiança do segurança.

Dante, que já havia passado por situações semelhantes, sacou seu revólver e bradou ao criminoso que se rendesse ou o segurança abriria fogo; contudo, para surpresa do segurança, o assaltante sorriu e virou água, sumindo no chão da agência bancária.

Ele coça a cabeça intrigado, o que significava aquilo? Teria o homem derretido?

Numa fração de segundo, porém, Dante é envolto em uma bolha d’água, impossibilitando-o de sair ou respirar. O segurança se debate dentro da bolha, procurando desesperadamente por ar.

Dante consegue vislumbrar o espanto das pessoas fora da bolha. Até então, ele conseguia segurar a respiração, mas seus pulmões começam a arder desesperados por oxigênio e ele acaba por aspirar involuntariamente a água, parando o funcionamento dos órgãos responsáveis pela respiração. Lentamente a visão começa a escurecer e Dante perde os sentidos.

Alguns momentos se passam e Morris volta à sua forma humana, deixando cair no chão o corpo sem vida do segurança.

“Mais alguém vai querer se intrometer? O dinheiro, por favor.”

Neste exato momento, a dupla de policiais Samanta Puckett e Dan Turpin está passando pela frente do edifício onde Morris acaba de cometer um assassinato; a loira está entretida comendo um donut, quando se atenta para dentro da agência bancária, visualizando um corpo ao chão, enquanto pessoas com cara de desespero procuram se afastar de um homem vestindo uma camiseta preta e jeans.

A policial joga o donut de lado e abre a porta da viatura.

“Dan, chama a central, parece que está ocorrendo um assalto no Federal Economy. Eu vou lá!”

O policial mais velho tenta inutilmente segurar sua parceira.

“Sam, não! Espere aqui os reforços!”

O aviso de Dan Turpin fora inútil, Sam já adentrava a agência, apontando seu revólver para o homem misterioso.

“Parado! Joga a arma no chão ou eu atiro!”

O homem se vira para a loira e sorri sarcasticamente.

“Arma? Só se for a que está dentro das minhas calças, loirinha.”

Ele calmamente dá passos em direção a Sam.

“Parado! Eu estou avisando, vou atirar!”

Morris não se detém e continua rumando em direção a ela, que dispara dois tiros nas pernas do assaltante. Morris gargalha, as balas haviam passado direto por ele.

“Atira na cabeça, totosinha.”

É o que ela faz, e, para sua surpresa, o homem continua avançando em sua direção, tomando uma forma transparente e com ondulações que lembravam água. Sam arregala os olhos, não acreditando no que vê.

“Dizem que morrer afogado é o melhor tipo de morte... você já vai saber.”

Morris se expande e cobre Sam, que se debate como louca dentro dele, ainda sem entender direito o que está acontecendo.

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Chile, América do Sul

Houve mais um terremoto de proporções gigantescas na cidade de Concepcion. Superman está há horas localizando sobreviventes na região mais afetada, onde diversos prédios ruíram, deixando muitos cidadãos soterrados.

Ele move uma gigantesca laje e localiza uma menina de 11 anos, obviamente assustada.

“Hola, pequeña. Soy el Super-Hombre, estoy aqui para ayudarte.”

“S-Super-Hombre?”

“Sí, y tu nombre?”

“Vic-Victoria.”

“Cariño, voy llevarte para los equipos de rescate, OK?”

Superman a apanha delicadamente nos braços e a leva até as equipes de resgate. Após deixá-la amparada em uma ambulância, e informar detalhamente o que havia ocorrido com ela, o herói conversa com o chefe chileno de emergências.

“Señor Alvez, lamentablemente no hay más sobrevivientes. He hecho un debujo con las ubicaciones de los cuerpos.”

Superman entrega um papel com desenhos detalhados constando a localização dos corpos, para guiar as equipes de resgate.

“Gracías, Super-Hombre! Sin su ayuda, mucho más vidas se tenian perdido.”

“De nada, señor. Ayudaré en lo que podré...”, mas algo interrompe sua frase, o som de sua amiga Sam em apuros.

“Tengo... que irme... vuelto después!”

Visivelmente transtornado, ele alça voo em alta velocidade. Quando atinge uma altura segura, ele acelera à velocidade máxima, em direção a Seattle, tornando a paisagem ao seu redor um mero borrão.

o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o-o

Há quase dois minutos Sam tem segurado a respiração, até ela não aguentar mais e aspirar água; a visão fica turva, e ela começa a perder a consciência. Neste momento, ela não se arrepende de ter inferferido na ação do vilão, apenas se arrepende de não ter feito coisas que ela devia na vida... lembra-se de sua mãe, sua irmã, sua melhor amiga e seu irmão, e também de um certo moreno...

Por fim, ela fecha os olhos e perde a consciência.

Morris, com o corpo da policial dentro de si, começa a bradar para as outras pessoas que estão na agência.

“Vocês viram?!? Nem a polícia pode me deter!!! Nem o Superman!!!”

De repente, ouve-se um forte barulho de vidros quebrando, e um borrão azul e vermelho que atravessa o vilão líquido, retirando de dentro dele o corpo de Sam Puckett.

“SAM!”, diz o herói, apoiando o corpo da loira em seu colo, tocando a bochecha dela delicadamente com sua mão direita.

“Su-Su-Superman?”, balbucia Morris, claramente nervoso com a presença do homem de aço na agência.

Superman olha para o vilão e seus olhos se acendem de vermelho, prestes a liberar os letais feixes de sua visão de calor. Contudo, antes que pudesse fazê-lo, Morris se liquidifica e desaparece pela frente da agência bancária.

O homem de aço volta sua atenção novamente à policial inerte à sua frente. Uma rápida varredura com os raios-x confirma que seu pulmão está cheio de água, e que Sam não está mais respirando.

Ele deita a amiga de costas, posiciona a cabeça dela levemente inclinada para trás, mantendo sua boca aberta, fecha suas narinas com seus dedos indicador e polegar, aproxima seu rosto do dela, junta seus lábios aos dela e começa a aplicar respiração boca-a-boca em Sam.

Após três expirações, a loira esboça uma tosse fraca, soltando água pela boca e nariz. Neste momento, Superman a vira de lado, para que expelisse o líquido que fosse possível. Ela murmura, ainda inconsciente:

“F-Freddie...?”

“Tô aqui, Sam. Fica calma, tudo vai ficar bem.”, ele sussura em seu ouvido.

Ele a toma, em seus poderosos braços, levanta-se e sai pela porta da agência, voando rapidamente até o hospital mais próximo.


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Notas finais do capítulo

Obrigado galera, espero que esteja ficando bom! Gosto muito de ler os reviews!