É segunda-feira, dois dias depois da festa em que mais uma vez Freddie teve uma experiência frustrante com sua paixão jamais correspondida. Ele está na escola, no meio de seus amigos, conversando sobre quem ficou com quem, quem não ficou com ninguém, como estava atraente tal garota, enfim, assuntos que jovens gostam de discutir depois de uma festa.

Gibby repara em algo e dá um toque em Freddie.

“Hã... Freddie, disfarça, mas aquela ruiva gostosa que você pegou está vindo aí...”

Freddie olha na direção da garota e fica boquiaberto.

Ela estava vestida com uma miniblusa verde, que deixava sua barriga muito bem definida à mostra, calças jeans escuras extremamente coladas ao corpo, e sapatos de salto alto vermelhos.

“Olá, Fredward. Eu disse que Maxima o localizaria.”

“Hã... oi...”

Ela se aproxima rapidamente e lhe dá um beijo na boca nada discreto. Ele se livra da garota.

“Para, sua doida! Não podemos fazer isso no corredor, posso ser expulso!”

No entanto, Maxima não o larga, e o força a beijá-la novamente.

Sam, vendo que Freddie parecia estar com problemas, aproxima-se pronta para brigar.

“Ei, algum problema com essa vagabunda, nerd?”

Maxima fita a loira com desprezo.

“Humana desprezível. Como você ousa ameaçar Maxima?”

“Assim, ó.”

Sam pega a ruiva pela gola, prensando-a contra a parede mais próxima. Maxima, sem esboçar o menor tipo de esforço, pega a loira pelo pescoço e a ergue do chão. Sam tenta se livrar da mão da ruiva, mas ela é forte demais; a loira não consegue respirar.

Freddie intervém, livrando Sam do agarrão; ela se senta no chão e tosse, buscando ar.

“... sua... vagabunda...”, esboça a loira, que é acudida por outros colegas.

Freddie segura os dois braços de Maxima, e a arrasta para fora.

“Hora de irmos conversar lá fora, OK, Maxima?”

“Finalmente resolveu mostrar sua verdadeira força, Kryptoniano?”

“Kryptoniano? O que é isso?”

Maxima ri sarcasticamente.

“Você não sabe? Mesmo?”

Maxima se livra facilmente das mãos de Freddie e o agarra num abraço sufocante e inesperado, ele nunca havia sido agarrado com tamanha força, obviamente a garota era mais do que humana.

“Vamos conversar em um local mais reservado, meu amor?”

Para surpresa do garoto, Maxima alça voo por conta própria. Felizmente para ele, como os dois haviam saído rapidamente, e todos estavam preocupados com Sam, ninguém os havia visto sair voando pela cidade.

Freddie ainda estava espantado e neste momento nem tenta sair do apertado abraço. Seria Maxima da mesma espécie dele? Isso faria sentido, pois ela era forte e alta, tal como ele. O único problema é que ele não sabia voar; seria este mais um dos poderes que ele descobriria mais no futuro?

Alguns minutos se passam e Maxima larga Freddie em um campo rochoso e abandonado, que se parece muito com o Grand Canyon.

Maxima paira ao redor do garoto kryptoniano, que arma os punhos em uma posição defensiva e tenta entender a situação bizarra na qual se encontra.

“Curioso, Kryptoniano?”

“O que é você, e o que você quer de mim, Maxima?”

“Eu sou Maxima, imperatriz suprema do poderoso planeta Almerac, e dou a você a honra de ser meu consorte, último Kryptoniano.”

Freddie olha confuso para a ruiva.

“Ainda não entendeu? Pois bem, há alguns anos eu estou decepcionada com os pretendentes que se apresentam para serem meus companheiros, então resolvi consultar o corpo científico de Almerac a fim de localizar um parceiro ideal para ter uma poderosa prole. Após várias varreduras em quadrantes próximos do nosso planeta, conseguimos localizar você, o último exemplar do planeta Krypton, que está apto a me dar uma prole à altura da glória de minha linhagem.”

“Olha, você é muito gostosa, mas eu tenho olhos para outra.”

Os olhos da ruiva ficam amarelos e lançam rajadas de força que atingem Freddie violentamente, lançando-o vários metros adiante. O garoto jamais fora atingido com tamanha força, e ele cai atordoado no chão.

“Como você ousa, seu verme? Maxima lhe dá o maior dos privilégios e você a recusa? Quem lhe rouba a atenção, aquela loira asquerosa?”

Freddie, com a camisa polo toda rasgada, se levanta, visivelmente irritado.

“Não te interessa! Não pense que vou pegar leve com você por ser uma mulher!”

Freddie salta e desfere um soco em Maxima, que vira o rosto. Para espanto dele, ela lhe dá um sorriso.

“Pelo visto, a verdadeira extensão de seus poderes ainda é desconhecida por você.”

Maxima lhe dá um golpe de direita, que o leva ao chão. Freddie não sabe o que fazer, jamais enfrentara alguém tão forte quanto ele.

“Se você não me acompanhar por vontade própria, vou arrastá-lo até Almerac! Não tive todo o trabalho de aprender esta língua atrasada e seus costumes nojentos à toa!”

Freddie parte para cima da ruiva, desferindo diversos murros, todos sem eficácia. Maxima, por sua vez, golpeava fortemente o garoto, que acusava os golpes. Havia outro problema, ainda que ele conseguisse detê-la, o que faria com ela? Na Terra não há prisões que poderiam segurá-la por muito tempo.

“Eu tenho apenas uma chance para levá-lo, Kryptoniano, e não vou desperdiçá-la. Conheça o verdadeiro poder da Imperatriz de Almerac!”

Maxima novamente lança suas rajadas de força, em uma intensidade ainda maior do que a anterior, formando uma cratera ao redor de Freddie, que fica atordoado no centro. Descendo a grande velocidade, ela atinge fortemente o garoto, afundando-o no chão. Uma grande cortina de poeira se levanta, e Maxima emerge dela triunfante carregando em seus braços o corpo insconciente de Freddie.

“Você é poderoso, Kryptoniano. Mas eu sou ainda mais. Hora de deixarmos este maldito planeta atrasado.”

A ruiva voa para uma caverna a poucos quilômetros do campo onde a batalha fora travada, e, ao adentrá-la, aciona um mecanismo que abre um compartimento em uma nave de aproximadamente dez metros de comprimento.

Dentro da nave, há dois compartimentos transparentes dispostos lado a lado com aberturas na parte de cima. Tais compartimentos são câmaras de êxtase, que mantêm o usuário da nave em animação suspensa, exigindo assim menos gastos calóricos da pessoa transportada, facilitando dessa forma o demorado transporte. Maxima aciona um comando em um display na parede da nave e a abertura do compartimento localizado ao lado direito se abre. Ela dispõe o corpo de Freddie no aparelho, fechando-o a seguir.

“Por sorte, ainda havia energon suficiente para esta longa viagem. Meu futuro marido, despeça-se deste imundo planeta.”

Maxima se aproxima do painel de controle da espaçonave, acionando os comandos para o retorno a Almerac. No monitor, aparecem vários sinais na língua de Almerac, demonstrando o que seria nosso equivalente a uma contagem regressiva.

De repente, a garota ruiva sente uma dor excruciante em suas costas, que foram atingidas por dois feixes de visão de calor. Ela pensa em se virar para ver o que a atingiu, porém, antes que o fizesse, Freddie, movendo-se em supervelocidade, posiciona-se atrás dela, segurando seu pescoço em uma chave de braço. Maxima se debate, mas Freddie não se move um milímetro sequer.

“Urgh... c-como...?”

“Pelo visto o nome ‘Maxima’ é meio exagerado pra você, Imperatriz. Talvez ‘Mediana’ fosse mais adequado, não? Eu admito que demorei um pouco pra sacar que você não é frágil como as pessoas que eu combato, mas dava pra suportar facilmente seus golpes, o problema era que eu não sabia o que fazer com vossa majestade. Eu não mato.”

“M-maldito...”

“Mas, quando ouvi que você só teria uma chance de vir pra cá, resolvi fingir que havia desmaiado pra ter a oportunidade de me livrar de você, Maxima. Sabia que você tinha de ter algum meio de transporte.”

“...Ohhh...”

“Agora, tenha bons sonhos e uma boa viagem.”

Quando a ruiva fecha os olhos e para de se debater, ficando inconsciente, Freddie afrouxa o aperto, pega-a no colo e repete os gestos que ela havia feito no console, colocando-a no compartimento restante, que se fecha e coloca Maxima em animação suspensa.

Freddie força a porta da espaçonave e sai dela, logo a seguir observando-a partir para o espaço. A ameaça da poderosa ruiva fora debelada.

O garoto volta para casa, e percebe que alguns hematomas resultantes da briga já começavam a se curar. Como ele nunca havia se ferido antes, não sabia de mais essa característica sua.

Ele toma um banho para se livrar da sujeira da batalha, veste umas roupas limpas e entra no site de procuras Google para verificar o que havia a respeito de Krypton.

À exceção de um elemento químico e uma motoneta, ele não conseguiu achar nada sobre esse lugar. Ao menos uma dúvida fora esclarecida, ele era mesmo um alienígena.

Frustrada a procura, o garoto se lembra de que Sam fora agredida por Maxima, e o estado da loira era desconhecido por ele. Ele aguça sua audição (Sam estava entre suas ‘favoritas’, ele já sabia como acompanhá-la), e percebe que ela está no apartamento da Carly.

Ele entra no apartamento e vê Sam assaltando a geladeira, o que lhe dá alívio, ao menos ela não estava ferida com gravidade. Carly e Spencer não estavam no apartamento.

“Oi, Sam, queria saber se você está bem... aquela Maxima te machucou?”

“Bem, admito que o orgulho da Mamãe foi meio ferido e que aquela ruiva fedorenta é forte pra caramba... mas, se eu estivesse com minha meia com manteiga, ela ia ver.”

“Não precisa mais se preocupar com ela, eu me livrei da Maxima pra sempre...”

“Pra mim, tanto faz como tanto fez, nerd. Não estou nem aí pra quem você fica ou deixa de ficar.”

“Ah, bom... eu fico feliz em saber que você está bem, loira. Até...”

Aliviado ao constatar que sua amiga estava bem, Freddie volta para seu quarto, a fim de pesquisar mais sobre esse tal Krypton.