"Eu a puxei pelo braço.

- Venha comigo, Hellena. Por favor. – Pedi o mais educadamente que consegui.

Ela estremeceu com meu toque, e caiu no chão gritando."

Eu fiquei parado olhando aquela cena, assustado. Ela se debatia gritando, lembrou-me da maldição crucciatos. Lembrou-me de quando torturei Lorena por puro orgulho ferido, de como me doeu vê-la gritando e chorando... lembrou-me de como não parei de torturá-la por isso e de como me arrependi depois.

Flashback on

- Tudo bem, como quiser. – Disse ela com a voz fria. – Posso sair agora?

- Não, você me serve Lorena, e como qualquer um de meus servos deverá pagar pelo que fez.

Quando eu falei isso vi seu corpo travar. Ela sabia o que viria a seguir.

- Tom o que...? – começou ela, mas foi interrompida por meu feitiço.

- Crucio – Sussurrei.

Vi ela cair, isso me abalou. Mas o que veio a seguir me fez fraquejar: Ela gritava, não era como as outras pessoas que eu torturei, eu sentia que não era só pela dor da maldição que ela chorava. Eu a magoei. Mas sou orgulhoso demais, sou superior a ela, ela me deve obediência. Só parei quando não agüentei mais ouvir seus gritos. Fui correndo ao seu encontro... E ela me afastou. Como me arrependo...

Flashback off

POV Hellena

Eu não sei, mas dói. Minha cabeça esta explodindo. De repente imagens me vêem na mente. Parecem lembranças de uma garota, mas não sou eu...

Eu estava lá, assistindo a tudo aquilo como uma intrusa.

Mas agora era diferente, eu era ela. Eu era a menina. Não controlava meus atos, apenas agia como ela.

Eu via e fazia tudo do ponto de vista dela.

“Não tenho como explicar. Ele era lindo. Moreno, uns 15 cm mais alto que eu, olhos verdes. Tinha um ar misterioso e enigmático. Eu não o conhecia, e disso tinha certeza.

Ele também me olhou, e pareceu me reconhecer.

- Desculpe senhor... – Pedi ainda sem jeito.

- Riddle, Tom Riddle. E não há o que desculpar. “

A cena mudava. Dessa vez reconheci estar em Hogwarts, mesmo que a escola estivesse muito diferente. Estava sentada na sala de Dumbledore, com o chapéu seletor na cabeça... ou melhor, a menina estava. Ahhh que confusão. Que dor na cabeça.

“Uhm, uma descendente dos 4 criadores desta escola. Uma decisão difícil devo dizer. Você herdou muito de todos eles. Vejo que você é corajosa, qualidade que Godric admirava, justa como Helga sempre desejou que os alunos de sua casa fossem, é sábia e inteligente assim como sua antepassada Rowena. Mas vejo algo mais, vejo que você quer mais, quer ser conhecida, uma bruxa poderosa. Ainda que eu ache que a Corvinal poderia te dar o que você quer, vejo que não seria o lugar certo para você, querida. Você é astuta, e faz de tudo para alcançar seu objetivo, sabe ser fria, calculista e uma ótima mentirosa, isso além do óbvio sangue puro. Sendo assim, seu lugar é na Sonserina.”

E a cena mudou novamente.

“- Estou falando extremamente sério, Lola. Você deveria se afastar dos grifinórios! – Disse ele realmente sério.

Eu gargalhei suavemente.

- Ah Tom, querido. Você sabe que não gero este tipo de preconceito. Não me peça tal coisa. – E sorri para ele.

Ele me olhou feio, mas apenas assentiu com a cabeça.”

Agora estávamos eu (a menina ruiva) e o garoto bonito, Tom Riddle, em um lugar maravilhoso.

“Ele me olhou ainda mais vermelho, mas se recompôs e disse:

 – Lorena Liwner, você é minha melhor amiga, a garota mais doce, decidida, forte, corajosa e linda que já encontrei. Já deve ter notado que é a única que me arranca sorrisos, coisa que devo admitir, no começo odiei! Mas, vejo que você é importante, essencial para mim. Enfim, Lola, Mon Petit, aceitar ser minha namorada?

- Ah, Tom. Eu... – Vi decepção em seus olhos. – Aceito! Sem dúvida Tom Marvolo Riddle. Eu aceito ser sua namorada!”

“- Você não é o único que se interessa por magias antigas e obscuras, Tom. Eu sempre tive amor pelo poder.”

Eu estava desesperada neste novo cenário. Principalmente por causa de Tom e de um novo garoto, supostamente chamado James.

“- Avada... – Dizia ele. Nesta hora eu soube o que fazer. Não fiquei confusa e nem com medo. Eu sabia o que teria que fazer.

Me abracei a Tom e olhei-o nos seus olhos. Ele me olhou confuso e eu sorri em sua direção.

- Eu te amo. – Disse a ele.

E então ouvi.

- ... Kedavra. – James terminou sua frase.”

Agora a cena mudou, eu a via caída ao chão, perto do rapaz bonito, que chorava descontroladamente.

“Eu os via. Me via também.

Estava deitada no chão, com Tom abraçando meu corpo. Meu corpo... É isso! Eu morri e estava vendo-me agora. Eu realmente estava morta.

Tom chorava, soluçava na verdade. Nunca vi ninguém em tamanho desespero. Senti-me mal por isso, mas tinha consciência que era melhor vê-lo triste do que vê-lo morto.

Vi James parado, branco e horrorizado olhando para meu corpo morto. Ele havia me matado. Dizia que me amava, mas me matou.

Foi quando Abraxas e Millena chegaram. Quando eles viram as cenas foi tudo muito rápido.”

Eu os via, eu os conhecia... eu os amava. Eles eram meus amigos. Mas... como? Ela... Ela não sou eu... Como?

“- Enfim, - ele me lançou um olhar carrancudo – quero lhe perguntar: Você deseja voltar?

Não pensei duas vezes.

- Sim. Faça-me voltar para perto de Tom Riddle.

E tudo ficou escuro.”

E eu me lembrei de tudo. Ela sou eu. Eu fui Lorena Rosier Liwner.

Abri meus olhos rapidamente e notei que me encontrava deitada em uma cama, coberta por lençóis negros e sem nenhuma roupa.

Sentei-me na cama e me enrolei nos lençóis, e neste mesmo momento um homem entra pela porta do quarto.

E então eu o reconheci. Era Tom Riddle, o rapaz do meu sonho, mais velho, mas com certeza era ele. Meu sonho... Ah não! Lorena. Eu!

- Você é Tom Riddle. – Aquilo foi mais uma afirmação do que uma pergunta.

- Sim, sou. E eu já me apresentei para a senhorita, hoje mais cedo. – Respondeu-me ele com um meio sorriso sarcástico. Estremeci no lugar.

- Você estudou em Hogwarts, foi da sonserina, nada mais óbvio, levando em conta que é descendente de Salazar Slytherin. Começou a conquistar seguidores ainda na escola. Namorou Lorena Rosier Liwner, descendente dos quatro fundadores de Hogwarts. – Pude notar a dor em seus olhos ao ouvir falar de mim... Quero dizer, dela. – A conheceu em uma festa, mais especificamente na festa de aniversario de 15 anos dela, enquanto ela fugia de um garoto chamado James. Se tornou amigo dela por interesse, mas acabou se apaixonando. Ela lhe deixou menos frio. Você pediu ela em namoro em um lugar especial para ambos. Ambos tinham broxes em forma de cobras, e só vocês sabiam o significado daquilo, que era que ambos tinham se dado de presente, sem saber da escolha do outro. Ela morreu dia 18 de agosto de 1943. Assassinada pelo ex melhor amigo, sacrificou-se para lhe salvar a vida e provar que te amava, já que você duvidou dela.

Falei tudo isso em um fôlego só, e a cada palavra parecia que ele levava um soco.

E logo tudo aconteceu rápido demais. Ele sacou sua varinha e apontou-a para mim, e com um feitiço mudo prendeu-me deitada à cama. Por sorte os lençóis não desenrolaram-se do meu corpo.

- Como você sabe disso tudo? – Perguntou-me ele, com seus olhos verdes manchados de vermelho.

- Eu vi. – Comecei a dizer. Mas achei melhor contar-lhe logo a verdade. – Eu lembrei de tudo, Tom. De cada detalhe. Eu vi minha morte. E me lembrei também de quando a Morte me ofereceu a oportunidade de voltar. Eu aceitei por você.

Ele olhava-me confuso e furioso. Provavelmente por pensar que uma sangue-ruim esta se passando pela ex-namorada sangue-puro dele.

- Não voltei a tempo de lhe impedir de virar um monstro, nem voltei da forma que você gostaria. Já que agora sou uma sangue-ruim. Mas Tom, eu voltei por você. – Sequei uma lagrima que descia solitária pela minha face.

- Não minta para mim, garota. – Ele tentou ser ríspido, mas sua voz falhou.

- Não estou mentindo, meu querido. – Disse docemente. – Você quer que eu descreva mais algum momento?

Em seguida o que ele fez me assustou um pouco. Ele me abraçou.