Alice Dreams escrita por Mikaeru Senpai


Capítulo 5
Confusion


Notas iniciais do capítulo

Eu sei lá por que, mas acho que esse é o melhor capítulo que eu escrevi até agora... Espero MESMO que vocês gostem @__@'



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Ele juntou as mãos sobre o colo e suspirou. Os fios dourados e rebeldes diante de seus olhos verdes tão belos e tranquilos. Pressionou os lábios.

– Eu não entendo...

Murmurou com o olhar atravessando o vidro manchado de chuva encarando o úmido jardim da mansão Rainsworth. Fechou os olhos e recostou a cabeça para trás, pensando nos últimos acontecimentos. Tudo o que acontecia ultimamente era Alice se irritar e constranger na presença de Gilbert, mal falava com seu contratante ou com qualquer outro membro da casa. Ela estava reclusa, e por incrível que pudesse parecer, assim estava Gilbert. Qual era o problema desses dois?

– Oz-sama.

– Hum? Break? – Ergueu o rosto vendo o rapaz de cabelos prateados e um olho vermelho a mostra.

– Preocupado? – Questionou com seu sorriso sinistro de sempre. Aproximou-se de Oz antes que este respondesse, colocando a mão encoberta pela longa manga branca de suas vestes de costume sobre a cabeça do menor. – Preocupado com a Alice-chan e o senhor Gil?

– Eu... – Disse antes de suspirar e abaixar a cabeça, voltando a encarar a chuva com certo desânimo. – Não entendo o que está acontecendo. A Alice está... Estranha ultimamente.

– Ah, sim! Repudiando seu querido servo ao mesmo tempo em que facilmente fica vermelha, sim. Oz-sama...

– Sim é isso mesmo... Ahn? Que foi?

– Você não sente que a está perdendo?

Um silêncio engoliu o menor. As palavras todas fugiram quando ele pensou na possibilidade de perder aquela pessoa. Ela era absurdamente importante, ele sabia disso em seu íntimo... Perdê-la? Não podia! Nunca, jamais. Isso era impensável. Oz empalideceu e fitou o nada por um tempo. Um risinho baixo vindo de Break, não quebrou, apenas trincou aquela atmosfera pesada.

– Ei Oz, por que não passa mais tempo com ela? Também não é como se você se dedicasse a vê-la e dar atenção o tempo todo.

– Você... – Murmurou – Até que tem razão.

– Há, há, há! Claro que tenho! Bom, Oz-sama, se me permite tenho algumas coisas pra resolver. Até mais.

Falou então enquanto entrava em uma das gavetas de Oz, fechando e sumindo. O garoto levantou do batente e olhou em volta, se ouvindo um pouco. Andou até a porta e deixou o ambiente, logo no momento em que Alice vinha em sua direção, já que o acesso para o resto da mansão era naquela direção.

– Ali... Ce.

– Hum? Que foi Oz? – Disse andando até ele com tranquilidade e o encarando com seu semblante rígido de sempre. – Você parece um fantasma.

– Ah é? – Oz riu bobamente e andou até Alice.

O garotou passou as mãos em torno da cintura de Alice, a abraçando e trazendo junto a si. Acomodou-a em seu peito levando uma das mãos aos seus cabelos e alisando-os. Os olhos dela estavam quase por se fechar, embora ela ainda pudesse ver. Retribuiu o abraço. Não tinha como, a ligação entre eles era de tal profundidade que o sentimento de paz e proteção preencheu o peito de Alice, aquela sensação morna os envolvia.

– Oz... – Murmurou erguendo o rosto para que pudesse fita-lo – O que você tem?

Tudo o que o loiro fez foi sorrir quase a fechar os olhos e menear negativamente a cabeça. Colocou a mão sobre a cabeça dela e fez um carinho simples que tirou dela um sorriso. Ambos então ouviram passos se aproximando. Alice ergueu a cabeça e, estranhamente, se sentiu errada onde estava, fazendo o que estava fazendo. Afastou-se de Oz de modo súbito, vendo pouco a sua frente parado com a mão sobre o chapéu que ele acabara de colocar aquele com quem sonhava.

Oz não entendeu o motivo d’ela se afastar dele e virou para ver o que ela tanto encarava. Deparando-se com Gilbert. Estava entre os dois, mas ambos pareciam ter esquecido disso e se encaravam silenciosamente. Gilbert suspirou e voltou a andar passando pelos dois, deixando de encarar Alice apenas ao deixa-la para trás. O silêncio era sufocante e era tudo estranho.

– Ei, Alice... – Disse Oz com seu forçado tom animado. – Por que agora... Você não brigou com ele?

Ela abriu mais os olhos, entreabriu os lábios... Respirou com mais força. Por quê? Oz, antes de costas para ela, virou-se para encará-la. Ele se sentia esquisito, quase vazio, quase cheio, deixado de lado. Mas... O que se passava na mente de sua corrente?

– Por que não... Tinha... Eu não... Não... Eu não... – Ela suspirou – Eu não sei...

– Entendo... Bom... Vou parar de te atrapalhar.

– E-ei! Oz!

Ele deu as costas e se afastou dela com as mãos enfiadas nos bolsos. Por mais que devesse, ela não conseguiu se mover. Não sabia pra onde ir, o que dizer, o que pensar... Não sabia nem se...

– Alice.

– Hã? Que? – Virou-se rapidamente, no susto, para ver de quem era a voz às suas costas. – Ah, é você, pierrô.

– Ora, ora. Não é que alguém só consegue retomar seu normal quando Gilbert se afasta?

– O que?! – Questionou recuando alguns passos e o encarando com seu olhar revolto.

– Pobre Alice! Primeiro os sonhos, agora... Diga-me, o que do que você sonhou se transformou em realidade?

– Ora seu...!

Ela tentou acertá-lo algumas vezes, mas Break desviava graciosamente de um golpe para o outro, até que o corredor acabou e ele virou para entrar na biblioteca da família Rainsworth. Saltou da frente dela e pousou na mesa atrás dele. A menina desistiu da abordagem negativa e cruzou os braços. Seu olhar se fragilizou, mas sem perder a raiva que ela sentia. Murmurou virando o rosto para o lado.

– Do que você poderia saber?

– Hum?

– Você não entende nada, é só um palhaço estúpido. – Bufou ela.

– Ah Alice-chan! Como você é cruel, ao invés de recorrer a minha ajuda você me ofende dessa forma! – Choramingou ele deitado na mesa com as pernas cruzadas no ar.

– E como você me poderia me ajudar?

– Eu não sei, depende de qual é o problema.

– E se eu não quiser te contar o problema? – Olhou pra ele por sobre o ombro.

– Então eu não poderei mesmo te ajudar. – Riu e saltou da mesa.

E saiu andando. Alice ficou ali parada por mais um tempo se remoendo em pensamentos. Logo antes de sair da biblioteca, Break se deteve diante de um pequeno armário, abrindo sua porta e abaixando-se diante do mesmo.

– ... Só sei que você não pode se aborrecer por ele não tomar uma atitude se ele não souber que deve fazê-lo.

E fechou a portinha sumindo do interior do móvel. Ela rosnou algumas maldições e saiu de biblioteca correndo pelos corredores e escadas até que saísse da mansão. Colocou as mãos contra o rosto o pressionando e fechando os olhos. A brisa vespertina agitou suas vestes e pareceu trazer uma pontada de intuição. Num soluço quase mudo assustado ela ergueu o rosto ainda com as mãos no ar. O que... O que seria aquilo?

Correu. Correu sem pensar no motivo, só correu para trás da mansão Rainsworth. Seus cabelos esvoaçavam, suas vestes se agitavam e suas botas faziam um barulho consideravelmente alto e chamativo pelo chão ali ser de pedra. Foi para o pequeno bosque que havia ali ao lado. Apenas algumas árvores e grama fofa, poucos esquilos, pássaros e um riachinho. Olhou para trás enquanto corria e fez uma curva, batendo de frente com algo macio, e de tão rápido que corria... Caindo sobre seu anteparo.

O choque a deixou um pouco zonza, mas ela tinha certeza de ter caído sobre o corpo de alguém. Estava com o rosto entre o pescoço e o ombro dessa pessoa, e com as mãos próximas aos seus ombros. Um perfume ligeiramente amadeirado misto a tabaco queimado fez com que ela estremecesse por já saber quem era. Seu rosto já estava vermelho quando ela abriu os olhos e se deparou com o par dourado tão próximo... Sua respiração junto a própria... O rosto tão insuportável, irritante e exageradamente bonito e o olhar tão perdido, porém sereno, da última-primeira pessoa que queria esbarrar e cair em. O vento soprou manso e o único som era das folhas se agitando e do sussurrar delicado... Com receio de quebrar o silêncio.

– Gil... Bert...

– Ali... Ce... 


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Notas finais do capítulo

E ai? Que tal? QUE TAL? OMG, reviews @__________@