Em Busca De Amor Em Hollywood escrita por ChatterBox


Capítulo 3
3 - Teste


Notas iniciais do capítulo

O tão esperado teste...!
Kkkkk'
Boa leitura.
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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Estava tendo a maior experiência da minha vida. Era um tanto assustadora, mas era a maior.

Considerando que à minha volta, haviam várias atrizes bem mais bonitas e que possuíam rostos que me pareciam assustadoramente familiares, eu podia sentir medo, significava que elas com certeza tinham algo que eu não tinha, o quesito: experiência, no currículo.

Engoli o seco e com o coração à mil, reli várias vezes a fala que teria de representar, já tinha de cor, mas não era o bastante. Aquela sala de espera me parecia cada vez mais mórbida e fria... Não iam aumentar a temperatura do ar-condicionado? Está chovendo lá fora, não viram? Que seja.

O fato é que cada minuto que se passava, eu me sentia cada vez mais perto do fracasso.

 - Jessica Mors?

Ouvi meu nome soar. Levantei da cadeira automaticamente. Quem chamou fora uma mulher que veio de dentro da sala ao lado, onde aconteciam os testes.

 - Sua vez.

Sorriu, o que de algum jeito me deixou mais calma, não tinha sido hostil, ao menos isso.

Entrei na sala, o meu coração parecia não estar mais no mesmo lugar do meu corpo, estava na minha boca, sentia a pulsação na minha garganta.

 A sala dos testes era ampla, logo ao entrar me deparara com um espaço vazio com uma câmera apontada para ele, era onde eu iria me apresentar, e aquela câmera gravaria tudo. Se fosse um fracasso, ela mostraria que eu fora um fracasso para sempre.

E atrás da câmera, tinha uma mesa comprida de três cadeira com três pessoas sentadas e olhando em minha direção enquanto eu me posicionava onde deveria. Aquelas pessoas me fizeram ficar em pânico.

Na ponta esquerda, havia uma mulher sentada, era loira, por volta dos quarenta e usava óculos de grau, sua expressão era perfeccionista e profissional. Na sua frente, na mesa, uma placa indicava: Roteirista.

Na ponta da direita, havia um home sentado. Usava boina, barba cavanhaque e um óculos de grau que aparentava ser maior que o rosto, vestia-se como um cinegrafista francês e também tinha um olhar de um. Uma placa em sua frente dizia: Produtor.

E no meio, entre os dois. Estava ele. Tom Fline. Meu ídolo. Fiquei boba observando-o, sem acreditar que estava o vendo pessoalmente e tentando disfarçar meu deslumbre.

Tom estava como sempre o via na televisão. Tinha cabelos grisalhos, por conta de ter por volta de cinquenta, pele pálida e um par de olhos azuis profissionais, mas ao mesmo tempo, hospitaleiros.

Naquele momento, me corrigi. Sabia que se estivesse uma pilha de nervos como estava até ali, nunca faria um bom teste e nunca seria selecionada. E eu queria muito ser, e tive ainda mais essa certeza ali mesmo, ao acabar de encarar Tom Fline, e me lembrar de toda a minha trajetória até ali, desde quando era uma pré-adolescente louca por cinema que caçava os filmes que ele dirigiu, até ali, quando finalmente estava o vendo em carne e osso. Não podia deixar tudo aquilo ser em vão.

Respirei fundo, lembrei da minha capacidade, e do meu desejo de trabalhar como atriz e senti que estava pronta.

Tom moveu-se na cadeira recolhendo um papel em sua frente. Leu com ar examinador e depois me perguntou em voz alta:

 - Jessica Mors, certo?

 - Sim.

Respondi numa baforada.

 - Está pronta para reproduzir sua fala?

A roteirista quis saber.

 - Sim.

Desta vez disse num tom confiante. Não tinha o que temer.

 - Então, pode começar.

Tom deu a deixa e colocou o papel na mesa de volta, preparando seu faro de caçador de talentos para me avaliar.

 Me posicionei, fechei os olhos, contei até três e comecei a ditar minha fala.

Foi mais fácil do que pensei, consegui reproduzir bem a personagem, não gaguejei, falei alto e com clareza. No fim fiquei muito feliz.

Olhei para Tom com certa expectativa. Ele sorria e meu coração suspirou aliviado.

 - Foi ótimo, acho que nem precisaremos pedir para você repetir de outro jeito, é exatamente o que queremos.

Tom parabenizou-me. Quis dar saltos de alegria, mas me controlei.

 - Obrigada.

 Agradeci, lisonjeada.

 - Você tem o perfil da personagem, creio que terá grandes chances.

Desta vez, o produtor disse. Mal podia acreditar, funcionou. Eu tinha mesmo o talento que acreditava que tinha!

 - Agora pode ir para casa, receberá o resultado por telefone daqui a dois dias.

Tom pediu. Saí da sala num suspiro estonteante.

Fora uma experiência única, não importava se não fosse selecionada, tinha sido o meu primeiro teste em Hollywood, com Tom Fline, e eu recebi elogios, estava mais do que satisfeita.

Saindo dali, não quis ir para casa. Queria ir a algum lugar que trouxesse mais do que eu sentia naquele momento, leveza.

No mesmo momento, lembrei de Malibu. Não existia praia que eu desejasse mais visitar. Passara toda a minha vida sonhando em como eu me sentiria assistindo pessoalmente o horizonte dourado da Califórnia.

Foi difícil de achar, e também era distante. Não mencionara como Los Angeles era gigantesca, não é? Pois é, para mim que achava que minha cidade natal era grande, não fazia ideia do tamanho das coisas. L.A. se assemelhava à um complexo de várias cidades, formando aquela imensa metrópole.

Mas valeu a pena o longo caminho, andei de metrô, ônibus e a pé até chegar, mas ao menos pude curtir a paisagem iluminada e diversa do lugar. Era exatamente como imaginava, todos tinham um ar mais rebelde e diferente que deviam adquirir das noitadas nas boates de Hollywood.

Mas finalmente eu me vi lá. Na orla de Malibu, fitando aquele horizonte dourado do entardecer e aquelas ondas curvas e cristalinas formarem-se. Estava no asfalto, no passeio em frente à praia, logo em frente havia uma elevação que dava na areia branca.

O vento estava fresco e meio gelado. Uns surfistas musculosos passaram por mim e murmuraram alguma cantada para mim entredentes, não consegui entender. Se não entendia direito as gírias dos surfistas do meu país, imagine as gírias dos surfistas norte-americanos.

Fui me sentar na elevação do asfalto para a areia e ficar olhando as ondas, pensando no que tinha acabado de acontecer. Havia uma pista de ciclismo e patins logo atrás de mim

Foi quando alguma coisa atrapalhou meus pensamentos, esbarrando em mim, uma garota que andava de patins, se desviou da pista e tombou em mim ali sentada. Quase caí para o lado e ela caiu sentada no chão.

 - Aaiii!!

Gemeu. A garota usava capacete, joelheiras, cotoveleiras, uma roupa leve de ir à praia e tinha cachos ruivos-fogo.

Olhei para ela preocupada:

 - Ai-meu-Deus, você se machucou?

Indaguei-a. Ela ainda gemeu um pouco mais, depois balbuciou com tom de dor:

 - Estou bem, não se preocupe... – Ficou um tempo olhando uma raladura que fez no braço depois alertou-se.  – Mas o que eu to fazendo? Eu tombei em você, você se machucou?

Acabei dando risada. Ela me parecia atrapalhada.

 - Estou ótima, não precisa se preocupar.

Sorri a tranquilizando. Suspirou aliviada e depois virou-se para sentar ao meu lado na elevação.

 - Ai, ainda bem... – Suspirava. – Deve ser a décima pessoa em que esbarro essa semana. É que eu e os patins não damos muito certo juntos, mas eu moro aqui perto e ás vezes não tenho nada para fazer, então...

Ri. Ficou um pouco em silêncio, depois me perguntou com curiosidade:

 - Mas e você? Nunca vi você em Malibu antes...

 - É que eu não sou daqui. – Expliquei. – Sou brasileira, vim morar aqui porque sou atriz.

 - Awn, Hollywood, eu acho isso super maneiro, mas infelizmente não tenho muito talento para teatro.

Lamentou dando de ombros.

 - Sou Jessica, mas me chama de Jessie, ou Jess...

 - Sou Abby. E sou daqui mesmo, como você já sabe.

Sorriu. Me fez rir.

 - E o que faz aqui sozinha? Como tem ido a caça ao trabalho...?

Quis saber.

 - Bem, na verdade acabei de sair de um teste com Tom Fline, disseram que eu fui bem, então resolvi vir aqui refrescar as ideias.

 - Ah, aquele novo filme que ele está rodando... É com o Dylan Oklen? Ah, eu era louca por ele quando era mais nova, confesso que ainda sou um pouco.

Rimos juntas.

 - É, se der certo, eu posso contracenar com ele.

Citei.

 - Ah, mas você vai consegui, nunca vi você atuando, mas eu sei de uma coisa, quem quer de verdade consegue, e se chegou até aqui, bom, você deve querer muito, certo...?

Encorajou. Sorri de lado.

 - Sim, eu quero.

Afirmei, convicta.

Foi bom conhecer Abby, almoçamos juntas e também trocamos os telefones, pelo menos não me sentia mais sozinha naquela cidade, sabia que com um tempo a solidão acabaria batendo.

Mas o fato é que tinha grandes chances de começar uma carreira com o pé direito. Só restava esperar a minha ligação tão esperada.


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Notas finais do capítulo

A igação, neh? Kkkk'
Espero que tenham gostado.
Beijocas, Anonymous girl writer s2.



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