Calaleão O Mundo Perdido

Cap. 20. Guardiões

Olhando para as sebes gigantes a sua frente Sakura só pode engolir em seco, fazia apenas um mês que estava de volta ao mundo onde nascera e apenas duas semanas que Sasuke voltou a sua tarefa de guarda costas e tutor (Ainda um tanto debilitado) e desde então tudo que fizeram foi treinar, feitiços de defesa, ataque, distração, técnicas de sobrevivência e estudos sobre a fauna um tanto diferentes dali.

Meneou a cabeça diante daquelas lembranças, claro que havia estranhado toda aquela agitação, o pessoal no castelo parecia inquieto, jovens da idade dela estavam nervosos por algum motivo e a situação se encontrava caótica no vilarejo (Que infelizmente ainda não tivera a oportunidade de visitar), mas nunca imaginou que era por causa daquilo... do Rito de Passagem...

– Sakura... por favor tenha cuidado... – Ouviu o sussurro baixo do rei enquanto o mesmo fingia prestar atenção nos folhetos que tinha em mãos. – Se Kimimaru descobrir que...

– Esta tudo bem. – Respondeu sorrindo com algum esforço para esconder o medo. Sabia que poderia escapar daquele teste a qualquer momento, mas recusava – se a recuar e de algum modo decepciona – lo. Já bastava os modo como alguns duques a olhavam pelo seus modos diferentes e um tanto ‘inadequados’. – Treinei bastante...

A verdade era que por mais que treinasse sempre estaria atrás dos outros participantes, eles estavam se preparando para aquilo desde que eram crianças, chegava a ser ridículo duas semanas de treinamento...

– Você é a próxima... boa sorte! – Informou inconformado enquanto a observava se afastar.

Suspirou tomando coragem e discretamente voltou a varrer a plateia com os olhos a procura de Sasuke, não o enxergava em lugar algum. Ele havia prometido que estaria por perto.

– Kaya Hyuuga? – A moça sentada a uma pequena mesinha dentro da barraca dos elementos perguntou com um sorriso animado.

– Sim... – Respondeu Sakura conferindo pelo canto dos olhos se o seu cabelo continuava negro devido ao feitiço de Codan.

– Meu nome é Matsuri! Bem vinda ao Rito! Vamos, você precisa escolher um guardião! – E sem mais demora ela a guiou para os fundos do lugar onde uma pequena varandinha onde cinco animais estavam aguardando lado a lado. – O limite é de dez minutos, escolha com sabedoria, pois cada elemento tem seus pontos fortes e fracos.

– Ok! Obrigado... – Murmurou tentando lembrar – se do que estudara sobre os guardiões, tudo que sabia era que todo participante tinha direito a escolher um, eram cinco animais diferentes e cada um dominava certo elemento, tudo dependia de suas necessidades. – Hum...

O primeiro era da terra uma espécie de macaco prego totalmente cinzento e com dois chifres azulados no topo da cabeça, possuía quatro dedos em cada pata e apesar da aparência bizarra parecia muito amigável.

“Parece ser um bom companheiro pra viagens, mas possivelmente não pode lutar é muito pequeno pra isso.”

O segundo era do ar, uma coruja albina de asas imensas com um espinho em cada ponta, penas acetinadas e bico afiadíssimo, o olhar inteligente e sagaz conferiam a ela a imagem clara de uma verdadeira ameaça.

“Talvez possa me carregar pelo céu em uma emergência, mas geralmente tenho vertigem... então é bem possível que acabe caindo de tanto me contorcer...”.

O terceiro era da agua, lembrava muito um bezerro pelo tamanho e formato do corpo, mas a pele escamada que o recobria o deixava parecido com um peixe gigantesco, porem Sakura não podia deixar de apreciar a beleza daquele animal cujas as escamas refletiam os raios de sol em todas as cores. Mordeu o lábio inferior contendo com muito esforço impulso de escolhe – lo por aquilo mesmo.

“Não, Sakura! Lembre – se do que o Sasuke – kun disse, olhe um por um com atenção, pese as vantagens e desvantagens, não escolha apenas pela aparência, encontre o melhor para você e só então escolha!” Repreendeu – se dando um passo decidido a próxima baia, ainda faltavam dois.

O quarto era o do trovão, imponente e perigoso, foi a conclusão a que chegou ao ver – se frente a frente com o guardião que parecia muito com uma jaguatirica, porem o pelo amarelado soltava estalos altos e as listras negras eram tortas semelhantes a raios. O rabo tinha quase o mesmo comprimento do corpo e quase no fim se fendia em duas pontas formando um V que era unido por uma membrana avermelhada.

“É... com certeza ele é forte, mas parece ser um tanto selvagem também... duvido muito que eu consiga controla – lo... provavelmente vou virar torresmo se o irritar. Tem mais um, vamos lá!” E com curiosidade ela se adiantou para a ultima repartição, ao ver o guardião do fogo porem sua respiração trancou na garganta:

– Ha... Haru? – Chamou sentindo seus olhos encherem – se de lagrimas diante daquela face familiar. – É... você?

O ultimo, era um lobo do tamanho de um São Bernardo, magro, com o pelo negro e farto, olhos carmin e selvagens, eretas e pequenas orelhas e presas superiores tão grandes que se curvavam pelos lados da mandíbula acabando um pouco depois do queixo em pontas afiadas.

“Não... não pode ser ele... É parecido, mas não pode ser ele... Haru morreu há mais de um ano...” Pensou olhando para a besta negra que a observava com atenção. Sorriu e empoleirou – se na madeira inferior da portinhola, aquele podia não ser o lobinho ferido e doente que encontrara no jardim de sua casa em uma noite chuvosa, mas em muito lembrava ele.

– Oi... – Começou vendo o guardião se sacudir espalhando fagulhas pra todos lado, estavam explicado por que o espaço dele não possuía feno no chão e as paredes eram revestidas de metal. – Sabia que você se parece muito com um amigo que eu tinha? Se chamava Haru... Eu o encontrei quando tinha cinco anos... era um filhote ainda, mas quando cresceu ficou um pouco menor que você, não tinha presas tão grandes e claro não produzia fagulhas com o pelo... ele foi um bom amigo....

Parou quando percebeu cauda peluda abanar levemente com as suas palavras, a boca larga estava entreaberta com a língua estirada pra fora os olhos vermelhos fixos nela.

– Kaya? – Ouviu a voz de Matsuri logo atrás e se virou bruscamente, havia se esquecido o porque de estar ali, ver aquele lobo e conversar com ele havia feito com que sua mente se inunda – se com as lembranças de seu querido Haru. – O tempo esta acabando... ainda não escolheu?

– Eu... hã... só mais um minuto por favor. – Pediu, com um sorriso amarelo, estava ferrada, gastara praticamente todo o seu tempo conversando com o guardião do fogo e agora tinha que escolher seu companheiro para aquele teste sem de fato pesar as necessidades que possuía.

“Droga... o que faço? O que o Sasuke – kun disse mesmo? Ah... era algo como... se ficar indecisa na hora de escolher faça por eliminação... o Gestar é um lugar sombrio lar de varias criaturas ameaçadoras, então guardiões que podem me atrasar deveriam ser descartados assim como os que não ajudariam muito em uma luta caso seja necessário...”. Lembrou e mentalmente descartou o macaco da terra, pequeno e fraco demais para se atracar em um inimigo cem vezes o seu tamanho e com um biquinho o tirou da jogada o ‘bezerro’ da agua que apesar de ter muita força bruta era lento ao se locomover como pode comprovar ao observa – lo anteriormente. Matsuri a observava impaciente na entrada e Sakura se esforçou para lembrar do resto que seu guarda – costas dissera sobre os guardiões e as principais características de cada animal que poderia vir a representar o elemento.

“Hum... sobraram três, a coruja do ar poderia me ajudar em batalhas, mas duvido muito que fique perto de mim, se ela observasse o lugar de cima seria bom para saber o que me espera, mas altiva daquele jeito duvido que se arriscaria pra me salvar... restam o guardião do trovão e o do fogo...”.

“- Nunca pegue um guardião que não vai conseguir controlar! Quanto mais selvagem, mas difícil será faze – lo obedecer.” A voz de Sasuke preencheu sua mente e automaticamente ela viu a si mesma sendo açoitada pelos choques do feroz ‘gato elétrico’ os pelos de seus braços se eriçaram diante daquela possibilidade.

– Kaya... o Rito já vai começar! Você escolheu? – Matsuri apareceu a sua frente parecendo preocupada.

– Hã... sim, eu escolho o Ha... quer dizer o guardião do fogo! – Disse no impulso, ele seria útil em uma batalha, aparentava ser rápido e não parecia muito difícil de lidar então era o melhor que tinha ali.

– Ótimo. – A garota falou com um sorriso aliviado enquanto abria a baia, o lobo passou por ela e automaticamente se posicionou ao lado de Sakura com as orelhas atentas para a saída da tenda onde uma multidão esperava para ver a ultima participante se colocar em sua marca para dar inicio ao Rito. – Pronta?

– Sim... – Murmurou sentindo que fraquejaria se falasse mais alto, algo úmido tocou as costas de sua mão esquerda, surpresa olhou para baixo e sorriu ao receber mais um toque de encorajamento do nariz negro de seu guardião. – Vamos lá!

E com um passo decidido deu um passo a frente saindo da tenda lado a lado com o único aliado e companheiro que teria pelos próximos trinta dias.