Calaleão O Mundo Perdido

Cap. 17. Verdadeiro Lar?

            Lembrava - se, com exatidão da festa feita pelos seus cinco aninhos de vida uma ocasião que a marcou principalmente por que foi a primeira vez que sua cabeça de criança pareceu notar algo que a destacava do resto da família, os cabelos escuros e belos de sua irmã mais velha de repente a fizeram odiar aquele tom rosado e estranho que os seus possuíam, o olhar claro e bondoso de sua mãe a fez se questionar o porque de ter olhos de um verde tão evidente. Ao ver a família reunida tios, tias, avós, primos, suas irmãs e seus pais questionou - se o porque de ser tão diferente, o porque de não poder ser como aquelas pessoas que tanto amava.

- Aconteceu alguma coisa minha cerejinha? - A voz doce e preocupada de sua mãe a despertou de seus pensamentos e lhe permitiu formar um biquinho de confusão, aquela mulher a conhecia melhor do que ninguém.

- Por que eu sou diferente mamãe? - Indagou e pode ver pelos olhos perola que havia tocado em um assunto delicado. - Por que todos tem cabelo escuro e olhos claros e eu tenho esse cabelo rosa e olhos verdes?

- Por que você puxou ao meu lado da família Sakura. - Explicou a mulher plantando um beijinho na bochecha rosada dela que pareceu ficar ainda mais confusa ainda.

- Mais a vovó não tem cabelos rosa... - Constatou sem se deixar convencer, porem surpreendeu - se quando recebeu um cafuné dos mais amorosos, daqueles que só uma mãe poderia dar.

- Não tem agora filha, por que ela pintou, mas você tinha que ver como ela era igualzinha a você na sua idade, os olhos verdes escuros é o que a diferencia do resto da família, mas uma coisa boba dessa não a faz menos amada, assim como você minha pequena cerejinha.

- Hum... entendi! To feliz por ser parecia com a vovó! - Comentou sorrindo com toda a alegria possível sendo acompanhada nisso pela mãe que parecia transmitir todo amor e afeto por ela só por aquele sorriso.

- Que bom meu amor! A vovó também ficou muito feliz quando te viu na maternidade. - Contou levando - a até o bolo enquanto toda a família se reunia ao seu redor começando a cantar parabéns ao término da canção sua mãe falou. - Faça um pedido filha.

            Sem pestanejar ela pensou um pouco e em seguida apagou as cincos velinhas com um sopro bem forte sendo seguido de vários aplausos. Sorrindo ela pegou o primeiro pedaço do bolo e deu a sua protetora okaa - san fazendo a alegria de todos naquele dia. Aquela não foi a primeira nem a última festa de aniversario da sua vida, mas por ter percebido só ali que era diferente de todos a marcou assim como o pedido que fizera quando soprou as velas.

"Aconteça o que acontecer quero estar sempre junto da minha família.".

- Fa... Família... - Repetiu sentindo que aos poucos saia daquela lembrança como que puxada por um gancho gigante, as pessoas se tornavam vultos disformes e as vozes iam sumindo enquanto tomava consciência de que não pertencia aquela realidade e que seu pedido de aniversário não se realizara.

- Parece que ela logo acordara... - Ouviu uma voz desconhecida e aos poucos um formigamento incomodo começou a se alastrar por seu corpo, começando pela testa passando pelos olhos, nariz, boca, queixo, pescoço e por fim parando no peito onde um 'pulso' a obrigou a abrir suas esmeraldas rapidamente.

            Primeiro viu tudo embaçado e fora de foco, algo vermelho e amarelo mexia - se um pouco a esquerda grudado a uma parede e precisou de várias piscadas para enxergar e identificar aquilo como uma tocha feita de metal onde o fogo além de iluminar o ambiente parecia dançar conforme mexia - se devido as brisas frescas que as vezes passavam por ele.

            Voltou a piscar dando - se conta só naquele momento que seu corpo estava dormente e pesado, com algum esforço moveu um braço e o apoiou no que estava deitada ao que parecia em um colchão muito macio, repetiu o processo com o outro braço e usando - os suporte conseguiu (Não sem sentir seu corpo protestar e tremer) por - se sentada naquela cama imensa.

"Hum... onde estou? Que lugar mais enorme e enfeitado é esse?" Perguntou - se observando tudo, as paredes, janelas e a porta eram brancas com pequenas ramos de cerejeira desenhados em seus cantos, havia as mais variadas bonecas organizadas em quatro ou cinco prateleiras, brinquedos todos de ótima qualidade artesanais ou não estavam a mostra em um grande baú aberto e até o cobertor em cima de seu corpo possuía traços que indicavam o seu preço elevado cheio de bordados e detalhes, além de ser aveludado e muito cheiroso. "Parece um quarto... mas é tão grande... acho que o meu cabe três vezes aqui dentro...".

            Franziu o cenho e agarrou uma ponta da coberta confusa, que lugar era aquele? De quem era a voz que ouvira a pouco? Onde estavam seus pais e irmãs? Ao lembrar deles seus olhos arregalaram - se e ela sentiu vontade de chorar quando aos poucos sua cabeça ia lhe mostrando os últimos acontecimentos.

- Mas... se eu não morri esse lugar é...

            Antes que pudesse completar aquela conclusão ouviu a porta se abrir, ergueu suas esmeraldas assustadas e deparou - se com um senhor de uns trinta e poucos anos cabelos castanhos escuros assim como a barba caprichosamente cuidada, olhos negros que estacou no lugar ao vê - lá sentada.

- Sa... kura... - Ele murmurou abrindo um sorriso bondoso ao passo que a rosada apenas lhe devolveu a mirada ainda muito confusa para fazer qualquer coisa. - Como... Como esta se sentindo? Dói em algum lugar?

- Hum... não... desculpe a pergunta, mas onde estou? - Indagou estranhando o modo fixo com que era observada, era como se o homem a sua frente temesse que ela fosse desaparecer a qualquer momento.

- Esta em Calaleão, mais precisamente no seu quarto. - Respondeu simplesmente a deixando mais confusa.

- Meu quarto? Não lembro do que aconteceu quando caímos... quer dizer... guardas... perseguição... ah meu Deus Sasuke! - Falou dando - se conta de que o moreno não estava ali, tentou se levantar, mas seu corpo travou no lugar e o homem adiantou - se para aparar qualquer queda. - Droga...

- Acalme - se você acabou de acordar!

- Mas Sasuke ele...

-  O Uchiha esta bem, chegou no reino muito fraco, mas esta sendo tratado tal como você. - Informou vendo - a parar quieta e levar uma das mãos ao peito aliviada. - Ele foi muito imprudente em gastar tanta magia de uma vez, por isso talvez durma por algum tempo.

- Dormir? Mas o Sasuke não dorme... ele... - A rosada falou sem pensar e percebeu que o homem se impressionou com aquilo.

- Hum... então o feitiço Mirad foi usado mesmo. - Concluiu o homem ao mesmo tempo em que ouvia - se batidas leves na porta. - Quem é?

- Com licença vossa majestade... o comandante chegou. - Informou o subordinado abrindo apenas meia porta, ele parecia contrariado a entrar no aposento e estava fazendo muito bem, já que não era permitido um rapaz entrar no quarto de uma jovem princesa. - Fico feliz que a Princesa Haruno Sakura tenha acordado.

- Hã... arigatou. - Disse meio desnorteada, pois se deu conta de quem era aquela pessoa ao seu lado pelo tratamento usado pelo soldado. Aquele só podia ser o rei Codan... seu pai verdadeiro.

- Ótimo, diga - lhe que já irei. - Ordenou recebendo com resposta uma reverencia e o distanciamento imediato do rapaz, olhou para a rosada que o fitava agora cheia de interesse. - Pelo jeito já sabe quem sou.

- Hum... Hai... majestade. - Devolveu vendo - o arquear uma sobrancelha.

- Não é preciso esse tratamento para comigo Sakura. Você é minha filha.

- Claro... gomen... é tudo meio novo... - Explicou não entendendo aquele distanciamento, não era para ele ter abraçado - a logo que a viu? Afinal ficaram quinze anos separados não ficaram? Será que ele a culpava por alguma coisa? - Onde... Onde esta Sasuke?

- Na enfermaria dois andares abaixo de nós. Os curandeiros já trataram dele, mas como disse ele ficara um tempo em repouso. Até lá aconselho a não sair de dentro do castelo com ou sem companhia, logo Kimimaru estará de volta ao nosso mundo. - Comentou e com um suspiro cansado dirigiu - se a porta ao que parecia iria até o tal comandante, pelo menos até ser detido pela voz de Sakura.

- Então posso vê - lo ao menos? Ele se arriscou muito pra me trazer pra cá e...

- Uchiha Sasuke cumpriu com o dever dele e é sua honra ter escapado de um inimigo tão mortal quanto o que os estava perseguindo com você viva.

- O senhor não me respondeu. - Não deixou de notar esse detalhe.

- Não nego que gostaria de mante - lá nos andares superiores onde é mais seguro, mas se quer vê - lo pode ir. - Ao fim de sua frase a rosada sorriu puramente pela primeira vez desde que a vira e aquele simples ato o fez se lembrar de sua Keiko pois ela sorriu daquele jeito também. - Você é igual a sua mãe.

            E com essa constatação o rei saiu do aposento deixando para trás uma princesa confusa, mas feliz na medida do possível afinal estava viva e seu guarda - costas que estivera tão fraco a viagem toda estava a salvo dois andares abaixo de onde se encontrava.

"Ainda não acredito que estou aqui... Calaleão o meu 'verdadeiro lar' é tão estranho, se Kimimaru não existisse teria me criado nesse castelo e teria o rei Codan como pai, nunca conheceria minhas irmãs e meus pais do mundo humano, nem imagino como seria isso. Assim que essa fraqueza passar irei ver Sasuke na enfermaria. Tenho que conferir com meus próprios olhos que nós dois escapamos." Foi tudo que pensou antes do sono voltar a abate - lá e quase instantaneamente desabar sobre o colchão macio voltando para o mundo dos sonhos, ainda meio confusa e intranquila com tudo que estava acontecendo, sabendo que pela primeira vez desde que nascera não estava sendo protegida por um rapaz de olhos negros que apesar de ser apenas cinco anos mais velho que ela mostrou - se capaz de coisas que nunca imaginara serem possíveis.