Minha vida no Brasil não havia mudado em quase nada. Estou no último ano do ensino médio e continuo sendo mais amiga dos professores do que dos alunos.

– Mas você realmente está diferente, Lucy! - disse, Sean, meu professor de inglês.

– Eu sei! Eu cortei o cabelo. Sério que você não percebeu? - brinquei.

– Não é isso! - ele disse, bagunçando o meu rabo-de-cavalo.

Apesar da diferença de cinco anos entre nós, Sean ainda tinha a personalidade de um adolescente - muitas alunas eram apaixonadas por ele. Ele era alto, bonito, inglês e muito divertido - e ainda tinha olhos verdes. Além de que me tratava como uma irmã mais nova - ele era meu melhor amigo.

– Antes, você era mais timida mas depois que voltou da Coréia.. - ele me analisava, olhando-me debaixo para cima. - Sei lá. Você não só está mais bonita.. Você está mais "viva".

"Mais viva" ele disse mas isso não mudava em nada a minha relação com os outros alunos.

E com isso, o sinal informando o final do intervalo tocou e fui forçada a ir para a próxima aula. As três últimas aulas passaram voando e eu logo fui para casa.

A onda de calor que atacava a minha cidade só me fazia sentir ainda mais falta da Coréia. Fui para casa e por impulso, olhei o correio. Estava vazio, como o esperado. Suspirei e fui fazer a lição de casa.

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Sábado e eu acordando as sete da manhã. Realmente não tenho vida social.

Levantei da cama e fui para a cozinha tomar café, mas percebi que minha mãe havia deixado uma nota na geladeira.

" Saí para trabalhar. A lista de compras está no balcão. O dinheiro em cima da geladeira. Não compre besteiras! "

E novamente, ela me obriga a fazer coisas sem nem me deixar falar.

Tomei café, me arrumei e saí para comprar as coisas. Precisava estar de volta antes do almoço. Felizmente, o supermercado era bem perto da minha casa.

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Com três sacolas enormes, saí do supermercado e olhei o relógio.

– Ainda onze da manhã...

Aproveitei que tinha tempo e passei em uma loja de CDs. De alguma forma, meus pés logo me levaram para a seção da letra S mas não me surpreendi ao não achar o que eu procurava. Suspirei e me virei para a porta, mas algo me impediu.

Ouvi vozes extremamente familiares e olhei ao redor, esperando ver rostos conhecidos. Meu coração acelerou com o pingo de esperança que havia brotado em mim, mas isso não durou muito. Ri de mim mesma ao perceber que as vozes vinham da TV.

Um programa de música entrevistava um grupo pop coreano sobre seu novo mini álbum chamado Hello. Todos eles brilhavam e pareciam bem felizes. Perto da TV, um pequeno grupo de garotas gritava.

– Haha. Que orgulho de vocês. - e com isso, saí da loja e fui para casa.

De alguma forma, ao passar pela porta, meu coração se sentiu apertado. SHINee agora já estava produzindo seu novo mini álbum e estavam ficando famosos no mundo inteiro. Mudaram o visual e pareciam mais felizes do que nunca.

Eu não deveria estar feliz por eles? Eu queria estar feliz por eles, mas vê-los sorrindo só me faz sentir que tudo que vivi com aqueles cinco garotos tinha sido só um sonho. Desde quando eu sou tão egoísta?

Senti um nó na garganta e decidi apenas apressar o passo e ir para casa o mais rápido possível, mas acabei esbarrando em alguém.

– Desculpa. - respondi sem olhar para a pessoa.

– Que mania horrível que você tem de esbarrar nas pessoas. - reconheci a voz e também o idioma.

Olhei para cima e reconheci aquele sorriso e aqueles olhos felinos.

– Oppa..

– Quanto tempo, Lucy. - Key sorriu e meu mundo novamente pareceu se iluminar.