Estar vestida com roupas de homem mas sem usar peruca me dava uma liberdade estranha.

A manhã inteira fiquei jogando vídeo-game com Taemin, enquanto Minho, Key e Onew tinham lugares para ir. Jonghyun foi o último a acordar mas passou direto pela sala e foi para a cozinha sem nem ao menos olhar para nós.

– Ele está com raiva da gente? - perguntei, dando pause no jogo.

– Nah. - Taemin olhou para mim, sorrindo. - Hyung não guarda raiva no coração.

Ouvi a geladeira abrindo e logo se fechando. Em apenas alguns segundos, Jonghyun já estava sentado no sofá comigo e Taemin.

– Tão jogando o quê? - ele perguntou, dando um gole no suco que ele tinha pego.

– Luta. - respondeu o outro, voltando a jogar. - O Luca é horrível.

Eu realmente não era nem um pouco boa em vídeo-games mas achava extremamente divertido jogá-los. Taemin tinha um cara grande e forte e eu um canguru estranho com luvas de boxe - e de, alguma forma estranha, eu ganhei.

O garoto ficou se lamentando e dizendo que eu tinha roubado enquanto Jonghyun e eu apenas riamos.

– Quem era horrível mesmo? - falou o dinossauro, pegando o controle das mãos do mais novo. - Minha vez.

Fiquei nervosa ao saber que jogaria com Jonghyun e acabei perdendo e ele rindo vitoriosamente, mas não me importei. Passei o controle para Taemin e vi Jonghyun perder feio.

Aquele clima calmo que estava entre nós três era realmente bom - seria legal se pudéssemos ser assim sempre, sem ter esse sentimento idiota me atormentando sempre que vejo aquele garoto sorrir. Mas isso passaria com o tempo. Tinha que passar.

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– Ah.. Luca. - Jonghyun começou, olhando para mim. - Seu cabelo..

– Hm?

Jonghyun passou a mão na minha cabeça, bagunçando meu novo corte de cabelo.

– Nunca tinha percebido que seu cabelo era tão fino e macio assim. - ele riu, naturalmente, enquanto ainda pegava no meu cabelo. - E você mudou o corte também? Ficou legal.

– Lerdo. - falou Taemin, entrando no meio e me abraçando, afastando o seu hyung de mim.

O garoto me abraçava de uma forma carinhosa e protetora enquanto o outro só ria.

– Ah, eu quero abraçá-lo também.

Na porta, Minho tirava os sapatos e logo vinha na nossa direção. Tirou-me dos braços de Taemin e me abraçou fortemente.

– Yah! - gritou Jonghyun. - Se for assim, também quero!

E novamente fui puxada e ganhei outro abraço, mas dessa vez, me encolhi. Rapidamente, senti alguém me puxando outra vez.

– O que vocês acham que tão fazendo? Ele é um urso de pelúcia, por acaso? - reconheci a voz de Key.

– Parece com um. - e também reconheci a voz de Onew, mas um pouco mais distante que a anterior.

Olhei ao redor e vi todos os membros do SHINee em uma roda, enquanto Key segurava meus ombros, me deixando no meio. Acho que algumas fãs matariam para estar no meu lugar.

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Calcei os sapatos e me preparei para descer o elevador, mas alguém me segurou.

– Onde você vai passar o Ano Novo? Faltam três dias. - Minho me olhava com seus olhos gigantes.

– Hm?

Não que eu não gostasse do Minho, mas ele era o membro do SHINee que eu menos falava, então era meio estranho ele me fazer esse tipo de pergunta.

– Quando você tá com a gente, de alguma forma, brilhamos mais que o normal. - ele começou. - Queria que a Lucy passasse mais tempo com a gente.

E ele sorriu. Não que eu não esperasse que Minho não soubesse do meu segredo, mas ver ele falar dele tão naturalmente era meio estranho e me surpreendia.

– Eu acho que vou passar com a minha mãe.. - comecei e logo vi o sorriso dele desaparecer um pouco. - Mas eu acho que posso vir aqui no dia seguinte!

Eu não sabia do que eu estava falando, mas eu não queria ver aquele garoto triste.

– Perfeito. - ele sorrio. - É uma promessa, viu?

E com isso, Minho me empurrou para fora do dormitório e fechou a porta. Estranho.

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Entrei em casa e fui logo atacada por Dong Yul chorando.

– Lucy-ah! - ela falava no meio de choro e eu não entendia nada.

Olhei para minha e vi que ela também não parecia muito feliz. Só então notei as malas no chão.

Afastei Dong Yul de mim e fui para minha tia.

– O que tá acontecendo?

– Nós vamos voltar pro Brasil, óbviamente.

Minha mãe saiu do banheiro e me olhou com uma cara de "dã", como se eu conseguisse prever qualquer movimento que ela fizesse.

– Nós já ficamos tempo demais abusando da hospitalidade da Sun Hee.

– Eu já disse que adoro a presença de vocês! - minha tia interrompeu.

– Não minta, Sun Hee. - minha mãe pegou as malas e me deu. - Vamos, me ajude.

– Mãe.. - pela primeira vez, eu quis discutir com a minha mãe. Ela apenas me lançou um olhar mortal e me fez engolir a seco.

– Vamos rápido. O nosso vôo é no fim da tarde. Temos quatro horas.

A realidade ainda não tinha me atingido, tudo que consegui prestar atenção era no rosto choroso da Dong Yul e na expressão decepcionada da minha tia ficando para trás.