Eu suspirei pela sétima vez e cruzei meus braços.  Eu realmente não vi como Charlie não percebeu minha impaciência, pois pra mim estava bem aparente. Ele apenas tomava tranquilamente seu café e olhava sem parar para a droga televisão que mostrava os voos que estavam chegando.

Já estávamos duas horas nessa mesmice, eu já estava farta daquela interminável espera, mas parece que meu querido pai não. Eu já ia me levantar e fingir dor de barriga, quando ele se levantou e abriu um anormal sorriso, Charlie nunca sorri.

Merda!  Foi o meu primeiro pensamento.

Eu queria e torcia para que Edward não viesse, mas parece que quem quer que seja que fica ouvindo meus pedidos mentais, está de folga hoje... Só pode! Por que eu pedi tanto para que aquele delinquente não viesse...

Meu pai começou a andar e eu notei que eu deveria acompanha-lo. Pus minhas mãos no bolso do meu casaco e comecei a me arrastar, olhando para baixo e mascando chiclete que já estava sem gosto pelo tempo. Por isso, eu nem olhei para o nosso novo “convidado de honra” quando ele se aproximou da gente.

-Oi Ed! – Meu pai gritou alegre.

-Oi Charlie! – Ouvi a voz masculina aveludada próximo de mim. Era tão bonita que eu levantei meu olhar, tomei um belo de um susto.

Edward não é feio como eu pensei, nem tinha tatuagens pelo corpo todo, como pude notar. Ele era bem... Ah, a quem tô querendo enganar? Ele é um gato e ponto. Daquele com cara de modelo de pasta Colgate... Humpft.

Bem pior pra mim. Pois, se já é ruim ter um ex presidiário na minha casa, imagine um ex presidiário com uma cara perfeitamente esculpida por anjos dormindo no mesmo quarto que eu?! Eu tô tão ferrada...

-Ah, nem acredito que está aqui, Ed! – Meu pai deu aquele meio abraço meio aperto de mão nele. – Como está Carlisle, Esme e Emmett ainda está na faculdade?

-Todos estão bem, Charlie. – Falou sorrindo.  –Minha mãe mandou lembranças pra você e pra sua filha...- Parou pra lembrar o meu nome, mas como não fazia a mais remota ideia, perguntou disfarçando:  -Onde ela está?

Aff, eu quase levantei meu indicador e fiz meu típico comentário sarcástico e mal humorado, Mas meu pai virou abruptamente e me derrubou sentada no chão.  Edward me olhou sério e estendeu a mão, oferecendo-me ajuda.  Ah,  se ele risse... Eu juro que esqueceria que ele acabou de sair da prisão e acabaria com a raça dele!

É lógico que eu recusei. Posso muito bem me levantar sozinha, como das últimas outras milhões de vezes que eu cai esborrachada no chão. Ele fingiu que não notou minha falta de educação, mas ainda me olhou com desprezo quando voltou a falar com Charlie.

-Então Charlie, onde está sua filha? – Perguntou, procurando pela pequena multidão que era o aeroporto de Seattle.

 -Aqui. – Charlie apontou pra mim, já com medo da minha reação. Ele sabia que eu não estava gostando nada, nada dessa visita conosco durante um ano inteiro.

-Ah! – Ele realmente ficou surpreso em me ver, idiota... – Edward, prazer...

Eu dei de ombros e girei nos calcanhares andando para saída, mas fui parada pela sua mão no meu ombro. Eu parei, não pela força, pois se eu quisesse eu poderia jogá-lo no chão num só golpe, mas... Sei lá, parece que uma carga elétrica desceu sobre meu corpo assim que ele me tocou.

-Qual é seu nome, docinho? – Perguntou, tentando parecer simpático, mas como eu, ele também não era muito bom em esconder quando não estava afim de ser legal com uma pessoa.

-Eu não sou bala, pra ser docinho.  – Comentei bem seca. – E seu interesse no meu nome não é tão grande assim. – Acusei fria dando as costas a ele, novamente.

-Ela se chama Bella, Edward. – Meu pai disse, suspirando.

Ouvi os passos deles bem atrás de mim, mas eu nem me importei. Estava mais preocupada em achar a droga do meu Ipod no bolso do meu casaco grande demais pra mim. Eu juro que nunca mais peço roupas de Jake emprestadas, é sério!

-Aham, mas ela é sempre assim? –  Ouvi quando ele perguntou como se me reprovasse. Há, a última pessoa que poderia me reprovar era esse... Criminoso!

-Infelizmente, sim. – Charlie respondeu derrotado.