Bleeding escrita por caiquedelbuono


Capítulo 30
Luta.




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A terça-feira amanheceu tão clara e ensolarada que os primeiros raios de sol daquela manhã entravam facilmente através da janela fechada. Logan havia dormido profundamente e não se lembrava de ter tido nenhum sonho que incluísse zumbis, sangue ou morte. Pela primeira vez em muito tempo ele podia dizer que estava descansado.

Ele sentou sobre o colchão desarrumado e passou o dorso da mão sobre o olho inchado. A sonolência estava tomando conta do seu corpo e a vontade de deitar novamente e dormir até que o sol ficasse a pino ia ficando cada vez maior. Mas, a julgar pelos raios solares iluminando o quarto e pelo silêncio estarrecedor naquele ambiente, ele sabia que provavelmente deveria estar atrasado.

E suas desconfianças foram confirmadas quando ele olhou em volta e percebeu o dormitório completamente vazio. Ele estava tão acostumado com isso que nem se importava, mas não teria se incomodado se um deles tivesse se dado ao trabalho de despertá-lo.

Logan espreguiçou-se por completo e levantou do seu recanto confortável. Por mais que ele quisesse esquecer, os acontecimentos do dia anterior não haviam sido nada agradáveis e saber que o colégio estava nas mãos de um zumbi sanguinário era motivo suficiente para que pudesse pensar em entrar em pânico. Mas ele sabia que manter-se calmo era a melhor coisa que poderia fazer.

Não havia tempo para tomar uma ducha, então a única coisa que fez foi trocar o pijama por uma camiseta vermelha com uma estampa no peito e uma calça jeans básica e sair do quarto sem ao menos arrumar ou pentear os cabelos desgrenhados. O corredor estava vazio o que indicava que todos deveriam estar na cantina tomando o café da manhã. As paredes de pedra que ainda lhe causavam arrepios estavam brilhando intensamente e Logan percebeu que alguns feixes de luz conseguiam atravessá-las.

Depois de alguns breves minutos de caminhada pelos corredores labirínticos de Shavely, finalmente chegou ao seu destino e ouviu o coro de vozes dos alunos conversando como se estivessem distantes o suficiente para precisarem gritar.

— Olhem, a margarida apareceu! — Logan pôde reconhecer a voz de Helena por entre os outros.

Ele nunca comia de manhã então nem se deu ao trabalho de ir até as bancadas para pegar a comida. Apenas sentou-se na cadeira ao lado de Sophia, que estava comendo seus usuais potinhos de salada de fruta.

— Seria pedir demais que na próxima vez vocês pelo menos tentassem me acordar? — ele perguntou depois que deu um selinho em Sophia.

— E quem disse que não tentamos? — respondeu Tommy revirando os olhos — Chamamos você umas oitocentas vezes e apenas resmungava algumas coisas inaudíveis e depois virava o corpo para o outro lado. Sabe, uma hora cansa.

Logan torceu o nariz.

— Já estive mais atrasado. Lembro-me de um dia que eu cheguei e já tinha gente se levantando da mesa.

A risada sarcástica de Helena pôde ser ouvida e a garota apontou para dois garotos que estavam levantando da mesa e indo em direção à porta da cantina.

— Acho que você perdeu. — ela disse tentando parecer decepcionada — E, a propósito, sei que é inútil perguntar, mas você por um acaso não viu o que estava pregado no quadro de avisos, viu?

Logan nunca prestava atenção nos papéis que geralmente eram colados no quadro de avisos do corredor das salas de aula. Ele sempre ficava sabendo o que havia lá por outras pessoas e dessa vez não seria diferente.

— Não vi. — ele disse dando de ombros — O que tinha lá?

Helena abriu a boca para falar, mas Sophia foi mais rápida.

— Acredite ou não, mas as aulas foram mudadas drasticamente. Agora será uma espécie de maratona de aulas seguidas e cada tempo terá a sua matéria. Terça-feira será o dia das aulas mais chatas, o que inclui uma manhã inteira somente com aulas de matemática e uma tarde inteira somente com aulas de química. — a menina deu um suspiro tão grande que Logan chegou a pensar que ela tinha perdido o fôlego — Janeth está ficando louca!

Helena revirou os olhos.

— Não é Janeth. É Mark! Já se esqueceu?

— Acho que ainda não me acostumei com essa ideia. — respondeu Sophia enfiando o último pedaço de fruta na boca — Quero dizer, não sei mais se devo chamá-la de Janeth ou de Mark ou de Kofuf.

— Prefiro chamá-lo de assassino nojento. — disse Logan com a língua fora da boca numa expressão de nojo.

— Essa também é uma boa definição. — concordou Helena — Mas pelo visto ele não estava brincando quando disse que ia tocar o terror. Poxa, uma tarde inteira só com aulas de química é tortura!

Os amigos assentiram, mas ninguém disse nada. O pensamento de Logan começou a ficar vago e ele já podia imaginar o que Mark poderia fazer agora que comandava a escola. Trocar o horário de aulas desse modo era fichinha perto do que ele já havia mostrado ser capaz de fazer e ele tinha medo que mais alguém morresse. A vida de Brian, Ashley e Janeth já haviam sido tiradas de um modo tão brutal que ele já não sabia mais o que sentiria se mais alguém morresse por causa disso.

Logan notou que os amigos haviam iniciado uma conversa novamente, mas a única voz que conseguiu captar de imediato fora a de Helena:

— Eu não sei vocês, mas eu não vou ficar aqui para ter minha mente dilacerada com essas aulas insuportáveis.

Um brilho surgiu nos olhos de Tommy.

— Será que você está pensando no mesmo que eu?

— Considerando que você provavelmente deve estar pensando em se esconder no pomar para que possamos ficar sozinhos... bem, creio que não. O que eu estou querendo vai além. Algo que já deveríamos ter feito há muito tempo.

Os garotos franziram o cenho imediatamente.

— O que está pensando em fazer? — perguntou Sophia.

Helena olhou para os dois lados como se estivesse se certificando de que ninguém além dos amigos estaria lhe ouvindo e esfregou a palma das mãos.

— Topam fugir do colégio e curtir um dia longe de aulas, professores, zumbis, sangue e ameaças de morte? — sua voz estava tão baixa que Logan teve que forçar os ouvidos para entender.

— O quê? Fugir? — perguntou Sophia em um tom de voz elevado o suficiente para que algumas pessoas na mesa ao lado olhassem para ela.

Helena revirou os olhos e esticou a mão para dar um tapa na cabeça da garota.

— Por que você não fala um pouco mais alto? Acho que ainda não te ouviram na Austrália.

Sophia olhou para Logan como se esperasse que ele se prontificasse. O garoto abriu e fechou a boca tentando falar, mas a única coisa que conseguiu emitir foi um ruído inaudível.

— Vocês dois são fracos demais. — Helena voltou o olhar para Tommy — Você vem comigo, não é?

Um sorriso resplandeceu nos lábios do garoto.

— Claro!

Até que fugir não seria uma má ideia, pensou Logan, considerando tudo o que estava acontecendo naquele colégio. Espairecer a cabeça longe do ambiente mortífero o qual ele se encontrava seria a melhor coisa que ele poderia fazer. Queria esquecer por algumas horas que ele estudava em um internato onde assassinatos ocorriam com frequência e apenas curtir uma tarde com seus amigos e sua namorada, livres de qualquer coisa que pudesse ameaçá-los.

Helena assentiu e eles já estavam flexionando o corpo para levantarem da mesa, quando Logan interrompeu-os.

— Vocês simplesmente não podem ir sem nós. É claro que topamos!

Um sorriso de triunfo se formou nos lábios de Helena e Logan também se levantou e juntou-se ao grupo de rebeldes.

Sophia foi a única que continuou sentada e todos os outros olhavam para ela com urgência no olhar.

— Eu... tudo bem, não precisam me olhar desse jeito. — ela deu-se por convencida e levantou da mesa — Eu vou com vocês.

Helena exprimiu uma exclamação de comemoração.

— E o quarteto fantástico está em fim reunido! — ela disse começando a andar em direção à porta e fazendo um sinal para que os outros a acompanhassem — Seguinte, iremos esperar o sinal tocar para que todos entrem nas classes. Quando percebemos que tudo estiver limpo e for seguro sair, pularemos o portão e iremos andando até um ponto da cidade que não seja tão deserto. — ela colocou a mão no bolso da calça e retirou o celular — E vai ser aí que essa máquina super linda entrará em ação e eu chamarei um táxi para nos levar aonde quisermos.

Todos concordaram que o plano de Helena era perfeito e seguiram excitantes até chegarem à parte exterior do colégio. Alguns alunos olhavam estranhamente por notarem que eles estavam indo na direção contrária às salas de aulas, mas isso não seria problema desde que Mark não os visse.

Por mais que ainda fosse manhã, o sol lá fora já estava escaldante e Logan se arrependera por não ter vestido uma camiseta sem mangas. Eles se aproximaram do portão e esperaram até que o sinal ensurdecedor ecoasse por todos os cantos do colégio.

Havia chegado o momento e Helena foi a primeira a dar um sorriso de satisfação e ir em direção ao portão enferrujado a fim de pulá-lo.

— Espere. — pediu Sophia — E se Mark aparecer?

— Deixe de ser tolinha. — respondeu Helena já com as duas mãos nas grades — Ele com certeza está dentro da sala de Janeth fingindo ser ela.

Sophia assentiu, mas seu olhar não parecia estar transmitindo calma.

Logan observava que Helena tinha uma destreza incrível para escalar aquele portão, talvez porque já tivesse fugido do colégio antes e feito aquele procedimento outras vezes. Ela já estava no topo com as pernas viradas para o lado exterior, pronta para pular, quando um pigarro fez com que todos eles se retesassem e virassem o corpo apenas para verem Janeth parada com um sorriso no rosto.

Helena exibiu uma exclamação e desequilibrou-se, caindo para a parte interior do colégio e atingindo com as nádegas o chão coberto pela grama. Ela fechou os olhos fortemente e provavelmente estava sentindo uma dor horrenda, mas Tommy foi até ela e ajudou a garota a se levantar. Logan e Sophia ainda permaneciam paralisados olhando fixamente para os olhos faiscantes de Janeth.

— Que ótimo! — a falsa diretora exclamou — Era apenas disso que eu precisava para poder fazer o que tenho em mente.

Se Helena não estivesse se contorcendo de dor provavelmente teria rebatido aquilo, então coube a Logan dizer alguma coisa.

— Agora é a hora que você nos puxa pela orelha e nos arrasta até sua sala? — com certeza a garota teria dito algo melhor.

Sophia esticou o braço para que sua mão pudesse encontrar a de Logan. Ele a agarrou e sentiu que a garota estava tremendo e já tinha em mente o tamanho da encrenca que haviam encontrado.

— Sentir o cheiro do medo de vocês é reconfortante. — Janeth deu um leve riso que fez os pelos dos braços de Logan se arrepiar — Agora, que tal virem até a minha sala para que pudéssemos conversar melhor? Adoraria saber o que os quatro amiguinhos iam fazer fora do colégio.

Janeth apenas fez um sinal com o dedo e começou a caminhar em direção à porta do prédio. Logan e Sophia ainda de mãos atadas a seguiram relutantemente, seguidos por Tommy envolvendo o pescoço de Helena com seus braços.

A cabeça de Logan estava fervendo. Ele sabia que se Janeth quisesse podia matá-los ali mesmo, sob a luz do dia, mas ela era a diretora do colégio e mesmo que agora fosse um zumbi disfarçado, as outras pessoas não sabiam disso e ela deveria agir como se ainda fosse normal. Era confuso tudo isso para Logan, saber que o seu antigo amigo, Mark, agora estava metamorfoseado em Janeth. Nem sabia como chamá-la e isso era assustador.

Eles seguiram pelo colégio completamente em silêncio até chegarem à sala de Janeth. A porta estava fechada e a diretora foi a primeira a abri-la e entrar.

O queixo de Logan caíra completamente quando atravessou o vão que se formou entre a porta e a parede e ficou mais do que perplexo por simplesmente não mais reconhecer aquele lugar: as paredes de tijolos haviam sido pintadas com um preto extremamente escuro, o que fazia com que o ambiente ficasse completamente sombrio. A janela estava cerrada e a única iluminação provinha de velas acesas que estavam espalhadas por todos os móveis da sala. A mesa de centro estava livre dos objetos que usualmente a preenchiam e sobre ela havia uma faca prateada com algumas manchas vermelhas sobre a lâmina e três potes de plástico tampados repletos de um líquido vermelho e viscoso que Logan reconheceu como sangue; apertando os olhos ele pôde perceber que havia fotos dos corpos mortos de Brian, Ashley e Janeth atrás de cada um dos potes e outro pedaço de papel estava grudado na parte superior da mesa, no qual se podia ler: “coleção sanguinária”.

Bile já estava subindo à boca de Logan e ele se esforçou muito para não vomitar. Virando a cabeça para a parede ao lado da janela, ele percebeu que todas as plantas que enfeitavam aquele canto da sala haviam sido arrancadas e substituídas por simulações acrílicas de cabeças humanas completamente ensanguentadas e imersas em uma expressão de terror, as quais estavam presas em estacas que saíam do chão. Na parede escura ele também podia ver escrito em letras garrafais e vermelhas: “próximos alvos”. Provavelmente havia sido escrito com sangue e embaixo daquelas palavras ameaçadoras havia uma foto dos quatro adolescentes presentes naquela sala com uma faca presa a cada figura, apontada bem para o centro de seus peitos.

Logan levou a mão à cabeça e sua preocupação apenas aumentou quando viu Janeth sentando na cadeira giratória e exibindo um largo sorriso. Ele olhou para os amigos, mas eles estavam tão perplexos quanto ele e olhavam a tudo como se estivessem com medo da própria sombra.

— O que acharam da nova decoração? — perguntou a diretora — Linda, não é?

Logan tentou abrir a boca para dizer algo, mas simplesmente não conseguia. Seu olhar estava fixo para a sua foto colada à parede; aquela faca apontada para o peito, rente ao seu coração, causando-lhe arrepios imensuráveis.

— Que falta de educação. — Janeth esticou o braço e pegou a faca que estava sobre a mesa — Será que terei que usar métodos mais ousados para fazer vocês perderem a timidez a ponto de conversarem comigo?

— Por que você está fazendo isso? — perguntou Helena com a voz abafada e Logan percebeu que ela estava prestes a chorar — Será que não basta tudo o que você já fez? Ainda quer mais? Quer causar mais mortes, mais destruição? Por quê? — agora as lágrimas já eram mais do que evidentes — Por favor, pare.

A única coisa que Janeth fez foi gargalhar. Ainda com a posse da faca, ela se levantou da cadeira e ficou imóvel ao lado do objeto.

— Você lembra quando eu te chamei de monstro, Helena? Eu sei que, apesar de você não admitir, você ficou chateada, mas você deveria ter tomado aquilo como um elogio. Todos vocês aqui são monstros nojentos que merecem morrer. Os seres humanos se acham superiores e ocultam a nossa raça zumbi porque simplesmente somos considerados aberrações. Apagam nossa existência como se vocês fossem a única raça existente no mundo.

— Pensei que estivesse aqui por uma questão de sobrevivência e não para ser um visionário ridículo. — disse Tommy com amargura em sua voz.

Janeth gargalhou gelidamente.

— Eu poderia sobreviver em qualquer floresta comendo apenas animais. Mas o mundo precisa de um choque de realidade e começarei por esse colégio porque é a única coisa que tenho ao meu alcance no momento. — um sorriso se formou em seus lábios e ela começou a caminhar pela sala escura — Descobri que há alguns zumbis antropomórficos habitando uma das pequenas florestas aqui por perto e vou convidá-los para virem até Shavely. Onde mais eles poderiam achar um ambiente repleto de corações pulsantes prontos para serem devorados?

— Você não pode fazer isso! — gritou Helena enxugando com o dorso da mão as lágrimas que ainda escorriam dos seus olhos.

— Tanto posso como vou. — respondeu Janeth — Mas não se preocupem. Eu faço questão de matar vocês com meus próprios dentes antes que isso aconteça.

Ela abriu a boca e seus dentes começaram a se transformar em estacas finas, pontiagudas e amarelas, que chegavam a tocar os seus lábios. A pele da diretora começou a ficar cinza e enrugada e seus olhos logo eram dois espaços negros e vazios. Agora ela havia se metamorfoseado completamente e quem estava ali presente era Kofuf em sua verdadeira forma de zumbi. A faca ainda estava em suas mãos e ele a levantou levemente apenas para que um brilho pudesse emanar da lâmina.

— Qual de vocês quer ser o primeiro?

Logan engoliu em seco e olhou para os amigos. Não sabia o que deveria fazer naquele momento. Deveria aceitar que o fim havia chegado e se entregar às garras de um zumbi? Ou deveria lutar com todas as forças para defender o colégio e todos os outros alunos que estavam correndo risco de vida e nem ao menos sabiam? A segunda opção parecia ser a melhor, mas ele não tinha forças para cumpri-la.

— Ótimo, então eu mesmo escolherei.

Kofuf começou a andar a passos largos e foi em direção aos garotos. Analisou atentamente cada um deles e se lançou até Sophia, segurando-a pela cintura e praticamente a levantando e a jogando até o outro canto da sala. A menina soltou um grito profundo e bateu com as costas no chão frio.

— Deixe-a em paz! — Logan berrou, correndo em direção a Kofuf, mas ele o empurrou com a mão livre e o garoto cambaleou até que tropeçasse e caísse ao chão.

O zumbi deu um sorriso e foi em direção à Sophia, que estava caída no chão e provavelmente paralisada pelo medo. Ele abaixou-se frente ao corpo dela, apontou a faca para o ar e logo em seguida passou-a com toda a força sobre o ventre da menina, que emitiu um grito fino e começou a chorar de desespero.

Helena e Tommy haviam ajudado Logan a se levantar e o garoto foi correndo até Kofuf. Pulou sobre suas costas e agarrou o seu pescoço, o que fez com que o zumbi soltasse a faca. Logan o empurrou para o lado e lutou corporalmente até que encontrasse uma boa posição para que pudesse apertar o pescoço a fim de sufocá-lo.

Sophia ainda estava deitada sobre o chão, gemendo de dor e com sangue escorrendo do ferimento feito na barriga. Helena rapidamente correu para ajudá-la a tentar se levantar.

— Tire-a daqui! — berrou Logan enquanto ainda lutava para tentar dominar Kofuf.

Helena passou os braços sobre o pescoço de Sophia e, cambaleando, foi em direção à porta da sala carregando a menina agonizante.

Kofuf ainda lutava para se libertar das garras de Logan e foi quando ele passou as unhas afiadas em um dos braços do garoto causando um corte profundo. Ele gritou e soltou reflexamente o zumbi, que rapidamente se levantou e tratou de começar a chutar o corpo de Logan que estava se contorcendo sobre o chão. Ele podia sentir os barulhos dos ossos se trincando a cada chute que Kofuf lhe acertava e o ar para respirar estava se tornando rarefeito. Tudo estava ficando turvo e de repente ele percebeu que o zumbi havia parado. Uma risada maléfica. Logan cerrou os olhos e se concentrou em reunir forças para tentar se levantar, mas cada centímetro do seu corpo estava doendo como se tivesse sido ferido por uma faca.

Ele sentiu mãos apertando o seu braço e quando abriu os olhos por alguns segundos viu que Kofuf estava com os dentes à mostra prontos para serem fincados no seu peito. Mais alguns milímetros e ele estaria morto, mas os olhos do zumbi se arregalaram e ele parou de se movimentar. Um ruído rouco foi expelido da sua boca e ele caiu no chão ao lado de Logan e permaneceu quieto e imóvel.

Logan olhou em volta para tentar descobrir o que podia ter acontecido e viu que Tommy estava parado segurando uma faca repleta de um líquido preto e pegajoso que deveria ser o sangue de Kofuf. O garoto olhou para o zumbi ao seu lado e percebeu que havia um buraco negro e sangrento sobre as suas costas. Uma mão se estendeu diante dos seus olhos e Logan a segurou para que pudesse se levantar.

— Você está bem? — perguntou Tommy quando percebeu que Logan mal conseguia ficar em pé — Apoie-se em mim.

Logan assentiu e depositou todo o seu peso sobre o corpo de Tommy. Era evidente que havia quebrado alguns ossos e ficaria impossibilitado de andar perfeitamente por alguns dias.

Ele olhou para o corpo de Kofuf no chão e não sabia se já podia comemorar tal fato. Antes de abandonar aquela sala escura e sanguinária ele olhou para Tommy e perguntou:

— Ele está morto?

Tommy emitiu um suspiro de lamúria.

— Não. Ele desmaiou por causa do ferimento, mas logo se regenerará e ele ficará curado novamente.

Logan cerrou os punhos e a única coisa que conseguiu sentir naquele momento foi ódio. No fundo, ele sabia que derrotar Kofuf não poderia ser tão fácil assim.

E em meio a tantos sentimentos ruins dentro do seu coração e às dores que se apoderavam de todas as partes do seu corpo, ele lembrou-se de que Sophia havia levado uma facada na barriga e provavelmente estava correndo risco de vida.

— Vamos sair daqui. — ele pediu — Sophia deve estar gravemente ferida.


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