“My dear Cassandra,

I’ve read your letter and just have to say that we belive in you. Do what you use to, just be the best and conquest it.

Thank you,

H344, 000-00-0001, Base

Lillian Spencer, 99th grade, Home Agent

‘It’s good as it’s a piece of the hell’”

Quando meus olhos revisaram as últimas letras da carta, ouvi a porta de metal sendo aberta e Derek entrou.

– Bom dia. – cumprimentou e eu imediatamente escondi a carta sob o travesseiro.

– Oi... – respondi, tímida, ou talvez nervosa. Ele não parecia ter percebido.

Arrastou a cadeira para trás ruidosamente, jogando-se nela como um preguiçoso e pondo-se a me encarar.

– Como passou a noite? – perguntou e eu dei de ombros.

– O mesmo de sempre. Pesadelos.

– Ah... – suspirou em concordância e voltou a fitar o chão de gelo. Os olhos acinzentados que brilhavam como um par de estrelas se apagaram por alguns instantes.

– O que foi? – perguntei, a minha voz saía preocupada e eu me assustei quando percebi isso, mas fora inevitável.

– Não... Não é nada. – quando sua voz falhou mais uma centelha de preocupação descabida acendeu em meu coração que a muito não batia.

Larguei a carta sob o travesseiro, dentro da fronha que um dia fora de um branco encardido, hoje era marrom escura. Depois a queimaria juntamente com a resposta. Agarrei a barra da grade, o rosto espremido por entre duas delas, os cabelos sujos e soltos embolados logo atrás.

– Conta? – pedi e sua feição se contorceu. Ele se aproximou, segurando as mesmas barras que eu segurava, suas mãos logo acima das minhas. Seu rosto se aproximou perigosamente do meu, seu coração batendo tentadoramente do outro lado.

– Não... – sussurrou, a voz era apenas um sibilo baixo e rouco, porém me atingiu logo em memórias que para mim eram vergonhosas. As do dia em que estávamos ainda no prédio hoje incendiado e ele me ajudava com o machucado das costas. Suas mãos foram levadas à minha cintura e, mesmo sobre a camisola branca, me causaram arrepios. Meus olhos se fecharam completamente por instinto. – Como eu queria que você me entendesse...

– Mas eu entendo. – respondi em tom igual ao seu, mas ele rapidamente se afastou.

– Que pena.

Eu continuava observando-a. A grande bola prateada que flutuava entre os pontinhos brilhantes e algumas maças de ar, como fazia toda noite. A lua. Ela era tão... Mágica, bela e diferente para mim! Eu não mais me lembrava dos detalhes, mas podia recordar das noites em que as observava com Gabriel. Ele me ensinava seus nomes e das constelações. Ursa Maior e Ursa Menor, Alcione, Touro...

– Hora de dormir. – anunciou ele, tirando-me de meus profundos pensamentos, como se ele fosse meu pai.

Me deitei, cobrindo-me com o pesado cobertor, mas não sem antes pegar o caco de telha que estava no chão e fazer mais uma marca. Apalpei a fronha. A carta ainda permanecia lá.

– Boa noite – murmurei, fechando os olhos e sorrindo, mas sem dormir ainda. Por mais horas, apenas permaneci lá, parada, fazendo os meus cálculos complexos, até que ouvi seus murmúrios.

Alec. Fogo. Pai. Mãe. Comunidade. Texas. Eram as palavras que ele mais repetia, dentre outras, a maioria inaudíveis.

“Foi minha chance.”