Pequenas fendas. Foram o máximo que meus olhos conseguiram fazer. E, mesmo assim, a luz que os invadiu foi demasiado forte a ponto de faze-los arder, mesmo eu estando acostumada com tamanha luminosidade.

Uma sombra cobria parte da luz. Demorou algum tempo até que eu distinguisse a silhueta como o corpo inerte de Gabriel.

Alguns sons chamavam a atenção à minha volta. E, aos poucos, meus olhos iam se acostumando com a luminosidade. Passos. Eu sabia que estava rodeada deles. Lentamente, o pensamento foi clareando e eu me lembrei onde estava. Os renegados.

E aqueles olhos estavam encima de mim novamente.

Não adiantava. Eu poderia ficar deitada ali naquele chão duro e frio até que o mundo acabasse e algum dos lados da guerra a vencesse. E eu tinha vontade de fazê-lo. Porém sabia que, caso ficasse, o lado vencedor não seria o meu.

Sentindo um terrível formigamento no corpo, apoiei minhas mãos no chão, levantando-me. E senti todos os olhos voltando-se em minha direção.

Com Gabriel não foi muito diferente. Meu amigo se despertou alguns segundos após eu me levantar. O homem alto, negro e careca, vestido de peles pesadas riu.

– Mais alguém espera que eu forneça da minha erva? – perguntou, irônico. Obviamente era uma pergunta retórica. Apenas o ignorei enquanto sentia aqueles olhos sobre mim. Os meus correram pelo local, à procura destes. Mas sabiam que não os iriam encontrar.

– Sabe por que estamos aqui. - respondeu meu amigo, uma vez que eu nada disse. – A aliança. Com eles.

Mais uma alta gargalhada foi ouvida.

– Como sabe disso? – perguntou. – Não somos burros. – então ele parou. – Mas... E se estivermos? – perguntou, levemente interessado no assunto. – O que diriam para nos fazerem desistir.

“- Diria que Derek sobreviveu.”