O vento leve bateu em meus cabelos e seu suave perfume o acompanhava. Me aproximei alguns passos.

- Tem certeza? – não. Era o que eu queria que ele dissesse, mas sabia que não o faria. - Não gosto da ideia de voltar lá...

Ele se virou, os belíssimos olhos azul-céu brilhavam como duas estrelas.

- Tenho sim, Ellie. – respondeu, a voz mansa e rouca me atraía mais para perto. – É necessário...

Minha resposta foi um sorriso fraco de insatisfação. Eu definitivamente não queria ir até lá, mas eu sabia que era meu dever como anjo supremo. Os olhos percorreram a imensidão gelada. O intenso branco me doía aos olhos, apesar de eu estar acostumada com as nuvens, o branco do gelo era irritante.

Meus olhos claros desceram até a fenda que formava o desfiladeiro, a neve a invadia de tal modo que não era possível ver nada mais do que algumas colunas de rochas negras que nos enganavam como se fossem homens. Mas eu sabia que eles estavam ali...

Senti a mão quente de meu amigo pegar a minha e descemos esconderijo abaixo.

Fechei os olhos. Não era possível mantê-los abertos sem que a neve os invadisse. Eu tinha frio. Encolhi os braços, apertando-os contra meu corpo. Talvez aquilo me trouxesse mais calor. Me amaldiçoei por ter dispensado mais agasalhos.

“Então senti a pancada na cabeça que fez tudo se apagar...”